domingo, 16 de fevereiro de 2014

O PODER DA GRAVIDADE

É incrível como fenômenos aparentemente desconexos de nossa realidade são ignorados por muitos durante a vida inteira. Mais incrível ainda é termos pessoas tituladas em áreas específicas que jamais se encantaram pelas coisas que estudaram, vendo-as apenas como um obstáculo para atingir fins materiais.

Claro, não devemos culpar essas pessoas. Afinal de contas, poucos são suficientemente loucos para deixarem de lado a realidade onipresente, onipotente e impiedosa, e lançarem todas suas energias em estudos aparentemente sem finalidade prática. Apenas pelo simples prazer (ou dever) de compreender a fundo um fenômeno, e assim começar a estabelecer relações com outros (fenômenos). E até com sua própria vida! Porque é fato: o modo como a economia, as cidades e – consequentemente – as relações sociais estão estruturadas desencoraja qualquer busca pela verdade. E pela ciência. E pela arte. E pela filosofia. E pela espiritualidade.

Eu estudei engenharia e portanto tive uma pequena necessidade de estudar mais a fundo temas correlatos. Muita matemática. Muita lógica. Muitas ciências naturais. E nesse emaranhado de conceitos e teorias e experimentos e equacionamentos e simplificações existem fenômenos tão fundamentais, tão elementares, que nem nos damos conta que graças a eles muitas outras coisas existem. Um exemplo disso é a (força da) gravidade.

Antes de explicar a importância dessa tal de gravidade, vou começar contextualizando a dita cuja.


A gravidade é uma das quatro forças fundamentais da natureza* (além dela temos a força forte, a força fraca e o eletromagnetismo). Ela define uma relação de atração entre objetos que possuem massa. Ou seja, trata-se de uma força do mundo material, ditada por Leis materiais.

A força gravitacional foi compreendida e documentada matematicamente pela primeira vez por Isaac Newton, no século XVII. A partir dessa época veio o Iluminismo (séc. XVIII), a Revolução Industrial (séc. XVIII – XIX) e a aplicação maçica da tecnologia para diversos fins (séc. XX e adiante). E todos esses acontecimentos posteriores fizeram uso dessa documentação (entre outras) para criar diversos aparatos tecnológicos, dentre os quais os foguetes, responsáveis por colocar satélites em órbita, que dão uma visão global dos fenômenos climáticos terrestres e espaciais, permitindo estudos abrangentes sobre os mais diversos fenômenos naturais, sociais e (por que não) filosóficos e espirituais.

Mas o simples fato de passarmos a conhecer essa força, e projetarmos milhares de aparatos com finalidades diversas (benéficas e maléficas) baseada nela, não é nada comparado a cadeia de fenômenos desencadeados pela gravidade.

Vamos lá...

O fato de nosso planeta possuir massa numa quantidade adequada permite que os objetos – tudo...inclusive pessoas como eu e você – caiam no chão quando sejam soltos. A uma aceleração aproximadamente constante. E isso permite que fiquemos no chão, caminhando ou correndo, e que possamos consequentemente construir edifícios e casas.

Se a massa da Terra fosse muito maior, a aceleração da gravidade seria muito maior, e nosso organismo seria presnsado contra o chão, ou as cargas seriam tão altas que nossa fisologia seria seriamente afetada em poucos anos. Provavelmente uma forma de vida diferente – se houvesse – deveria estar em nosso lugar. Mais robusta fisicamente. Ou menos suscetível às leis da matéria.

Por outro lado, se a massa da Terra fosse muito pequena, uma série de consequências impossibilitariam a nossa existência.

Primeiro: um planeta pequeno e leve não teria força gravitacional suficiente para reter as moléculas que constituem nossa atmosfera. Como somos seres dependentes de ar para sobreviver, não haveria uma forma de vida semelhante à nossa;

Segundo: a pequena aceleração impossibilitaria a fixação no solo, e (mesmo sem ar) uma pessoa teria sua estrutura óssea seriamente debilitada;

E outras vantagens dessa força podem ser sentidas ao longo do ano.

Terceiro: nosso próprio planeta, e o Sol e todos outros corpos só foram formados graças a força de atração, que permitiu uma aglutinação de elementos em diversas medidas;

Quarto: graças a gravidade nosso planeta (todos planetas) mantêm uma órbita que permite a existência das estações do ano e dos dias e noites. Na medida adequada. Porque, sem essa medida – compatível com nossa fisologia – a vida como conhecemos seria insustentável (dias seguidos de sol torrencial sobreaqueceriam os oceanos e o solo, enquanto um frio glacial congelaria outra parte do globo...pura constância).

Enfim, o que quero dizer com tudo isso é que aquele gezinho (g) que muitos estudam e não compreendem e não querem compreender e até mesmo tem raiva de quem compreende (ou quer compreender)....aquele gezinho tem um significado Homérico por trás. Um significado que, a meu ver, deveria ser revelado nas escolas. Porque essa é sem dúvida uma das causas da vida material nesse mundo. Que desencadeou milhares de consequências, numa cadeia infindável que ainda está longe de chegar ao fim. E enquanto esse fim não chega, creio que vale a pena passar um pouco de tempo filosofando sobre os caminhos da existência.

Uma introdução adequada num assunto tido como chato ou difícil pode ser o pontapé inicial para o ser humano encontrar o seu caminho e desenvolver suas habilidades, sejam elas artísticas, filosóficas, sociais, religiosas ou científicas.

Pode ser o início da busca pela Felicidade. E a sala de aula é o campo de batalha no qual essa verdadeira revolução deve ocorrer.





* Nesse caso deve-se considerar apenas a natureza exterior ao ser humano. Porque nós possuimos forças imensuráveis por qualquer instrumento, como a Esperança e o Desespero, por exemplo.

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