terça-feira, 31 de maio de 2016

Noam Chomsky - Porque não sou um liberal

Noam Chomsky traça uma linha direta unindo liberalismo clássico e socialismo libertário.


A diferença entre o liberalismo atual (neoliberalismo) e sua origem é gritante. Inclusive um não se relaciona com o outro. Por outro lado, o que o mainstream (corrente dominante, seja na mídia, nos empregos ou nos círculos familiares e sociais) aponta como antagônico - socialismo libertário x liberalismo clássico - são, na verdade, parentes próximos. Um (socialismo libertário) é um desenvolvimento (atualização) do outro (liberalismo clássico), que considera a entrada do poder dos grandes conglomerados privados - as entidades mais nocivas e influentes nos dias atuais, a meu ver.

Estar ciente dessa realidade, desse transformismo, é pré-requisito para falarmos dizendo algo, e agirmos de modo eficaz, e portanto, unificador.

Sem mais.

Dois artigos

Dois artigos que estimulam os bem-intencionados a saírem da superfície estagnante - para mergulharem na realidade das coisas.

Tarso Genro: Os assassinos estavam no Comitê Central
http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Tarso-Genro-Os-assassinos-estavam-no-Comite-Central/4/36197

"Escolas sem partido" ou Pensamento Único?
http://outraspalavras.net/brasil/escolas-sem-partido-ou-pensamento-unico/

segunda-feira, 30 de maio de 2016

O Divórcio de dois Sistemas

Capitalismo e Democracia jamais andaram de mãos dadas. Há aqueles que, ao ler esta sentença, pulem de espanto e apontem o dedo à pessoa (eu) que proferiu a frase, acusando-a de autoritária, comunista, retrógrada e adjetivos do tipo. O sangue ferve e os argumentos são vomitados: "A aplicação das utopias provou ser um fracasso!"; "O idealismo não resolve problemas do mundo!"; "O ser humano sempre foi assim - e sempre será assim..."; "O objetivo da vida é crescer, acumular, vencer."; e por aí vai.

Primeiro ponto:
A implementação de um ideal ocorre em etapas. Essas etapas são sucessivas e intercaladas por períodos de absorção, vivência parcial e assimilação. A escala de tempo dessas etapas, para fenômenos humanos-coletivos, são lentas e devem respeitar uma dinâmica. Admitindo ou não, é assim que funciona.

Devemos nos ater a uma coisa: experiências que ocorrem restritas a um povo, um local, e sob a influência dos vícios humanos, estão fadadas a findar. No entanto, é a partir daí que podemos extrair os erros das experiências passadas e nos atentar para o que ocorre no presente, de modo que saibamos realizar uma implementação mais eficaz e robusta, que englobe mais aspectos da vida e respeite características intrínsecas do ser humano - e da natureza!

Segundo ponto: 
O idealismo não resolve instantaneamente os problemas do mundo - nem objetiva fazer isso. Ele é mais uma orientação do Além, cujo contato é possível estabelecer através de um profundo mergulho no nosso Eu divino.

A orientação expande o horizonte e aflora a sensibilidade para os problemas reais - isto é, aqueles que realmente são mazelas. Passa-se a ignorar o que muitos levam a sério - e observar o que é tido muitas vezes como vazio e sem finalidade.

Trata-se de operar com visão de longo prazo, sem deixar os aplausos e vaias do meio do caminho desviarem nossa construção (interna e externa).

Terceiro ponto:
O ser humano possui uma natureza. Mas (eu afirmo) ela não é fixa. Fosse assim nossos problemas jamais teriam solução. Porque de nada adianta criar sistemas se o nível da humanidade é o que é. Logo, é intuitivo perceber que existe a possibilidade de superação. Essa possibilidade é sentida a partir de um certo ponto da vida. Somente após um mergulho profundo em nossa dor, na dor dos outros, e na falência de nossos métodos intelectuais, é que estamos prontos para abraçar a nossa humildade com toda sinceridade.

Se nossos problemas fossem eternamente sem solução, de nada adiantaria continuar vivo, aqui, escrevendo, vivendo, trabalhando, constatando e aprendendo, em meio a grandes dores e pequenas alegrias. Logo, é necessário admitir a miséria de nossa mente para compreender fenômenos de ordem profunda. Chega-se à intuição. Esta começa a "puxar" a mente para níveis mais elevados, fazendo o ser arder de desespero e resistir. Sofrer por querer. Sofrer interiormente. Sofrer para expandir a consciência. Nada mais nada menos, pois trata-se de tudo.

Deus, sendo uma realidade viva que se manifesta na multiplicidade dos seres e fenômenos, é União e Harmonia. Se nosso mundo é segregado e caótico, nada mais lógico admitir que ele deve caminhar - por bem ou por mal - a uma meta. Isso se chama Telefinalismo.

Projetar o futuro da humanidade - e o seu futuro - tendo por base única e exclusivamente o passado, é um atestado de ignorância. 

Sabe-se que a humanidade evolui. Lentamente. Dolorosamente. Até hoje inconscientemente. Pela dor. Isso é o que revela a História. É o que sente a Religião. É o que busca compreender a Filosofia e a Ciência. A cada etapa novas configurações. As mudanças são imperceptíveis. Mas estão lá. Elas apresentam novas possibilidades. Dizem algo que apenas os sensitivos captam - mas não sabem explicar. São manifestações do imponderável - através dos fenômenos naturais e das construções materiais e mentais humanas.

Tudo à nossa volta afirma que há unidade na profundidade - apesar da superfície mostrar uma diversidade sem fim. 

Quarto ponto:
A vida não se resume a acumular matéria nem títulos nem conquistas de qualquer tipo. A vida é muito mais entrar em equilíbrio com o Universo - interior e, consequentemente, exterior. Tudo o resto vem de acréscimo. Para a matéria, o necessário dos bens e do saber. Para o espírito, o infinito das possibilidades e do amor.

Agora volto ao texto (e ao ponto!).

Não sou esquerdista (nem direitista). Sou um ser divinizável, como qualquer um, que busca se realizar ao máximo através de sua experiência humana finita, limitada e temporária. Finita no poder exercido, limitada pelos egoísmos, e temporária pela natureza da matéria.

Ontem assisti a um vídeo de um economista norte-americano chamado Joseph Stigliz*, que explica de forma clara e calma o que vem ocorrendo no âmbito econômico em nosso mundo. Meus pensamentos e reflexões vão de encontro às suas ideias, e isso indica algo.


Acabo de ler um texto do Ladislau Dowbor** que aponta para um divórcio muito mais doloroso do que a soma de todas separações homem-mulher que já houveram: o divórcio do Capitalismo com a Democracia.

Não vou me ater às explicações do porquê desse divórcio. Primeiro porque já venho demonstrando esse fenômeno ao longo de meus (quase) 250 ensaios, sob variados ângulos, e apontando para uma finalidade; e segundo porque o autor sabe melhor do que eu explicar certos detalhes. Eu realmente recomendo a leitura do texto, seguida de uma reflexão e - se construtivo - questionamento. Isso é tudo que posso fazer. Mas faço-o da melhor forma possível, sem egoísmo, pois trata-se de algo de interesse geral.

István Mészáros *** apresenta uma visão interessante. Mas novamente digo e repito: é preciso se despir dos preconceitos antes de assisti-lo. Porque ao contrário do que parece, não se trata de impor um finito - que ele aliás admite como tal e critica - a outro(s), e sim ver à fundo o que ocorre na civilização humana. 




O mercado não é um mal em si. Basta que ele esteja sob controle da sociedade. Mas para isso a sociedade deve ser minimamente consciente. De nada adianta termos 1, 2 ou 5 conscientes e atuantes a cada 1.000. A massa crítica deve ser formada a título de superarmos o estágio evolutivo atual - que nada mais nos tem a oferecer a não ser desespero e depredação.

O socialismo é um sistema que não exclui mercado, liberdade individual e direito à propriedade. Ele apenas prima pelo equilíbrio de forças (economia, estado e sociedade). Enquanto no socialismo a lógica é o capital ser subordinado ao social; no capitalismo vigora o a lógica do social subordinado ao capital. É natural que a humanidade tenha se identificado no seu íntimo com o segundo - mesmo os esquerdistas fervorosos demonstraram ter mais em conta o seu finito do que os alheios na na hora das implementações específicas. Mas chegamos a um ponto em que a produção material é alta. Inclusive extrapola os limites ecológicos. E fala-se em escassez, necessidade de produzir, consumir, vender,...

O que realmente falta a nós é um despertar da consciência. A partir dela conseguiremos combater nosso egoísmo. Admitir nossa miséria humana vai doer - e muito! Passo muito mal ao perceber as limitações de minha natureza. Mas insisto em sempre me manter em contato com ela e compreender como são as coisas. Isso tem me transformado - mesmo que minimamente - ao longo dos últimos anos. É por meio da constatação e experiência que progredimos.

Falei sobre a transformação individual. Mas como fazer a coletiva? Não sei. Mas levando a primeira à frente começam a surgir explicações para a segunda, e assim podemos refletir muito em intensidade e atuar pouco, mas eficazmente.

O divórcio Capitalismo-Democracia é iminente. Já percebemos isso na crise de representatividade, cuja culpa não está encerrada no Estado, e sim na natureza humana. A relação sempre foi fundada em falsidade. Nos enganamos ao crer que um sistema econômico utilitário pudesse se acasalar com um sistema político vasto. Essas verdades começam a vir à tona.

A Revolução Industrial terá de ocupar sua posição importante mas subordinada.
A Revolução Francesa deverá se atualizar e observar que serve a uma finalidade.
E a Evolução Humana desencadeará o processo todo.

Cedo ou tarde teremos de lidar com questões que negligenciamos...


Referências e indicações
* https://pt.wikipedia.org/wiki/Joseph_Stiglitz
** http://outraspalavras.net/brasil/democracia-e-capitalismo-divorcio-definitivo/ 
*** https://pt.wikipedia.org/wiki/Istv%C3%A1n_M%C3%A9sz%C3%A1ros


quinta-feira, 26 de maio de 2016

Quando novos sujeitos políticos sobem à cena

Edição do Café Filosófico publicado no Youtube em 2 de abril de 2014.



Nesse convite à reflexão, Vladimir Safatle mergulha em temas que o establishment - a cultura média, a grande mídia (ainda hegemônica), os "especialistas", a sociedade de forma geral - já considera como resolvidos: chegamos ao único modelo político (democracia parlamentar representativa), com uma lógica econômica de crescimento ilimitado, que deve ser defendida à todo custo para que a humanidade possa continuar a existir.

A grande questão é: décadas de crescimento global, em ritmo exponencial de produtividade, parece ser causa de crises cada vez mais agudas, impactantes e - aparentemente - insolúveis. Insolúveis dentro da lógica que nós, humanidade, insistimos em defender e reproduzir. Por mais que se busquem soluções, elas serão pseudo-soluções. Remendos que favorecem um finito em detrimento de outro; ou que suprimem uma classe social inteira, ou grupo, ou área do saber, para garantir relativa tranquilidade - uma falsa tranquilidade. Remendos que ofuscam verdades mais amplas e profundas que a média, e exaltam outras verdades, menores, menos abrangentes - e portanto mais egoístas. Isso tudo é apresentado como se fosse "o único caminho possível". Crescimento econômico, desenvolvimento do intelecto...Quanto aos desafortunados, a explicação é: não se esforçaram para "vencer". E se mostrarmos seres que realizaram esforço titânico, e ainda assim nem um degrau subiram, enquanto muitos, com todas condições, fizeram mau uso e reproduzem os métodos do mundo, resistindo à transformação, o tipo comum diz: "má sorte". Eis a pobreza humana face aos fenômenos mais cruciais.

A mente humana tem grande facilidade em aceitar o que lhe é apresentado - diante da tela, das revistas, dos jornais, das rádios, das opiniões imperantes da sociedade ou da família, dos ambientes de trabalho, etc. Qualquer idéia própria que comece a sentir resistência externa logo se retraí e procura se conformar à realidade estabelecida, aceitando-a como a certa, independentemente da inquietação interior*. Criam-se narrativas individuais, cada uma com sua particularidade, para sustentar o modo de operar do mundo. E assim só resta o caminho da reprodução - com nada de transformação

O problema é global. Ver um povo (ou cultura) como atrasado e outro como adiantado é captar superficialmente, estaticamente. Não absorvemos o dinamismo que rege o caminhar da humanidade. Captamos os relativos que nos convêm, reproduzindo-os para nosso conforto. Reproduzimos palavras sagradas ao léu, mecanicamente, seja por imposição familiar-cultural, seja por vontade de nos sentirmos bem, parecermos boas pessoas - e só. Viver o Evangelho, o Bhagavad Gita ou o Tao-Te Ching é para loucos que perderam a razão. No entanto é para esses escritos que muitas das pessoas mais marteladas, humilhadas e ofendidas, recorrem e encontram algum conforto.

Existem aqueles que, sem necessariamente passarem por situações extremas, começam a sentir a manifestação do Infinito e Eterno em nosso mundo finito e transitório. E os conceitos sobre a vida começam a mudar. Com isso a atitude frente aos desafios se torna plástica, adaptando-se (mas jamais se conformando!) a certas situações, e buscando no mundo os meios para se defender das irracionalidades do racionalismo solteiro e doentio, e transformar a si mesmo, influenciando o entorno com o transbordamento de seu novo ser nascente. Recorre-se aos estudos, a saúde, a posição, a influência, as habilidades. Todos finitos se submetem a algo maior. Algo além de qualquer coisa sistematizável, admitida. 

A interconexão que conhecemos por globalização, foi restrita: unificou-se o capital financeiro, o acesso aos bens de consumo - muitos deles completamente supérfluos - para quem pode pagar algo; e a informação que, em sua maioria, mais desorienta do que orienta o Ser em busca da ascensão**.

Essa tríade de conexão sozinha se torna ferramenta daqueles que detêm o poder - ou a ambição de conquistá-lo, sejam pobres ou ricos. Sem a unificação de conceitos não obteremos o avanço vertical - que é o único que realmente interessa***. Deve-se globalizar os Direitos Humanos em sua integridade, submetendo a economia, os mercados e quaisquer interesses particulares a essa legislação fundamental, que o mundo tem plenas capacidades de cumprir.

Em termos materiais, energéticos, científicos, tecnológicos e de organização social, a humanidade pode organizar-se de modo a garantir a todos uma condição de vida decente, não só materialmente, mas também em termos de liberdade de livre manifestação e de desenvolvimento individual. O único empecilho a essa realização é a forma mental humana, cujo egoísmo é tão rígido e agressivo que inviabiliza qualquer tentativa de melhoria.  

Não precisamos ser santos para termos um mundo melhor. Basta desenvolver o equilíbrio, nos atendo ao necessário. Para isso é essencial que tenhamos a coragem de seguir nossa consciência, ao invés de sermos arrastados por tendências coletivas - algo que o neoliberalismo estimula anonimamente, discretamente e lentamente.

Safatle nos introduz possibilidades. Não apresenta soluções. Estas serão edificadas à medida que demonstremos coragem em transcender a realidade presente, cada vez mais deplorável. A rigidez do intelecto é a causa da ruína humanitária. Não devemos ceder à erudição sem orientação, por mais sedutora e fácil que seja. Sedutora intelectualmente ou materialmente...

A consciência diz que há algo além. A civilização da intuição sintética, pautada pela conexão integral, quer nascer. Mas os partos sempre são dolorosos e difíceis, e muitos defendem partes do velho, já apodrecendo, por medo. Medo vem da ignorância. Ignorância gera separatismo. Separatismo é causa da dor. E é daí que devemos buscar o início da ascensão: da dor. 

Sou professor e pesquisador. Busco esclarecer e me colocar na arena do mundo para esclarecerem meu ser. Estudo e aprendo. Me arrisco na medida das possibilidades, para assim criar terreno para a gênese de novas perspectivas, que possam garantir sustento para novos seres conscientes.

Esse trabalho pode ser feito por qualquer um, de várias formas.

Isso é o que conta: atuar conscientemente dentro de suas possibilidades. E seguir sua consciência!


Referências
* http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2013/10/adaptacao-versus-conformacao.html
** http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2014/11/um-ciclo-duas-fases-piramide-expansiva.html
*** http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2014/11/o-absoluto-englobando-o-relativo.html






Entrevista com Marcia Tiburi

Publicado em 18 de mai de 2016

"O Senge-RJ entrevistou a filósofa Marcia Tiburi, falou sobre atual momento político do Brasil e sobre a manipulação das nossas consciências, principalmente pelos meios de comunicação dominantes que ajudaram a executar o golpe em andamento."




Ressalto que não se trata de pregação, e sim de um convite à reflexão.

Rezo para que um número mínimo de pessoas tome consciência e comece a tomar as rédeas de suas próprias vidas, servindo de exemplo aos outros - e assim por diante. Essa é a única forma de colocarmos a nossa civilização rumo à evolução - não ao abismo.



terça-feira, 24 de maio de 2016

Indo ao cerne da questão

O seguinte artigo do OutrasPalavras pode ajudar as pessoas a se orientarem melhor diante do caos que se agita no país.

http://outraspalavras.net/brasil/romero-juca-sintese-de-um-sistema-falido/

Através de um personagem central - e seu pouco destaque nos meios de comunicação influentes - é possível perceber o que sempre ocorreu, e ocorre, por baixo dos panos. São temas pouquíssimo tangenciados pela mídia, e consequentemente pela maioria da sociedade - mesmo aquela que se considera instruída e culta.

"Seja qual for o partido no poder, ele funciona, essencialmente, para ampliar a dominação da aristocracia financeira, expandir a predação da natureza e manter um oligopólio de mídia que esconde do país seus problemas essenciais."

"ele" se refere ao sistema político dominante no Brasil, desde sempre, independentemente de quem ocupa o cargo dos três poderes. Na verdade existem Poderes que mandam nesses (três) poderes...deixando-os reféns de um esquema muito mais influente, silencioso e nefasto. Trata-se do poder: Financeiro-Corporativo e Midiático. Eles controlam os minérios, as fontes de energia, as mentes, os costumes, os valores, ditam tendências, arregimentam pessoas,...perto deles o poder do Estado brasileiro é pequeno e cada vez menos influente. E mais: esses poderes não estão interessados nos interesses das pessoas, apesar de usarem muito o nome do povo e setores da sociedade, exaltando-os, para justificarem seus atos ilícitos.

Podemos entrar em breve nessa Nova Era vislumbrada por
Pietro Ubaldi. Ou podemos atrasar nossa entrada, em muitos
milênios...

A pior das mazelas é a falta de liberdade. Eu senti isso quando estava empregado numa empresa privada. O autoritarismo era implícito - jamais explícito. Ele se forjava através da arquitetura do ambiente, da formação continuada de consenso. No aprisionamento em locais fétidos, sem vida, sem diversidade substancial, e portanto sem possibilidades. Na penetração de uma forma mental na nossa mente racional, usando nossos instintos mais basilares como fenda para penetração (infecção).

Ressalto que o maior mal de todos é a forma mental hodierna. E que as instituições que melhor alimentam ela são aquelas vinculadas aos dois poderes citados. Elas sustentam um sistema que deve se transformam profundamente, tanto em suas premissas quanto em suas finalidades (objetivo). E consequentemente teremos um novo sistema coletivo, adequado à sobrevivência da espécie, ou melhor, à possibilidade de manutenção de uma vida decente para as pessoas, e da criação de meios para que possam ser exercidas novas habilidades. 

É claro que o egoísmo, a vaidade e a inveja estão em todas esferas: Estados, Igrejas e Corporações. A questão é:

1o) os dois primeiros já foram - e vem sendo - suficientemente malhados por todo coletivo humano, mas o último é visto como uma divindade, apesar de todas mazelas diretamente relacionadas estarem vindo à tona (vide os Panama Papers, os escândalos do HSBC, o Suiçalão, entre muitos outros);

2o) Enquanto os dois primeiros (Estado e Igreja) oferecem um ideal (Justiça Social e Moral, respectivamente), mesmo que até hoje pobremente implementado, o último (Corporação), apesar de importante (mas não essencial, a meu ver) para viabilizar riqueza, não oferece um ideal, o que reflete numa ideologia desprovida de ideal. Isso é o que muitas pessoas (paradoxalmente) creem ser "ideal".

Gostaria de destacar que o Discernimento é, de longe, a qualidade mais importante a ser adquirida por um indivíduo. Especialmente nos tempos atuais, Era de erupções perigosas para nossa espécie.

Quem desejar seguir os velhos métodos de impor um finito a outro - ignorando a mensagem deste blog - fique à vontade. Não serei eu que ficarei decepcionado ou inquieto. A Lei de Deus será aplicada indistintamente a todos(as). Cada um receberá, individualmente, o que semeou no íntimo.

Quanto aos que compreendem esses dizeres, não parem aqui. Saiam e busquem por si. Questionem, criem, reflitam e vivam o que até hoje pouquíssimos tem vivido. O máximo que este espaço pode ser é uma plataforma para isso. Você é quem deve atravessar a porta. Cada um de nós. 


sábado, 21 de maio de 2016

Noam Chomsky full length interview: Who rules the world now?

Entrevista atual (postada em 14/05/2016)  feita pela BBC a Noam Chomsky.



Nessa altura do campeonato creio ser muito mais prático e eficaz apontar para seres com alto grau de consciência e intelectualmente capazes de esmiuçar o que ocorre no mundo concreto.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Cafezinho entrevista com Marcia Tiburi, escritora e filósofa

Ela percebe e expõe muita coisa que alguns não querem ver.



Jorge Furtado - sobre a mídia

Observações e reflexões de um cineasta que admiro a respeito da mídia.



É preciso tomar muito cuidado. As ideias e (pré) conceitos que formamos a respeito do mundo recebem influência massiva dos meios de comunicação. Poucos tem o discernimento de refletir. Isso demanda tempo e trabalho mental - o que poucos tem e pouquíssimos querem fazer, respectivamente.



Eu não posso resistir...

É realmente triste ter que chegar ao nível do combate corpo-a-corpo para defender uma forma mental que tentou se construir ao longo de várias décadas. Trata-se do desenvolvimento de um Estado nacional soberano, que sirva à população, com uma ampla rede de serviços universais, básicos e de qualidade - saúde, educação, segurança, cultura, transporte, habitação, crédito para pequenos produtores, ciência e tecnologia, entre outras -  e auxilie os mais necessitados que, por serem passíveis de servir de mão-de-obra escrava (ou quase) devido à sua situação de vulnerabilidade, seja ela psíquica, econômica, física ou geográfica, alimentam um sistema perverso e ilusório.

http://outraspalavras.net/brasil/de-boulos-a-temer-vai-ser-na-marra/

Mas a circunstância pré-catastrófica demanda que se desça do mundo abstrato, místico-religioso, para o nosso mundo concreto, político-econômico-social. É preciso passar pela filosofia, e daí para a ciência, até chegar ao concreto.

Quando os ideais descem à Terra, devem assumir, nem que em pequeno grau, a forma terrena, com parte de suas fraquezas e vícios. Eis o risco que se corre ao fazer a luta no terreno onde as coisas se transformam. Luta tão desagradável quanto necessária. Quem sabe e não ousa corre risco de contrair dívida.

Espero que o leitor - que não é apenas leitor, mas ser de reflexão, capaz de sentir e até de criar novos conceitos, vivendo-os em certo grau - possa compreender o que de fato vem ocorrendo no mundo, com todas suas nuâncias e implicações. Quem acompanhou esse blog desde sua gênese possui condições de saber do que se trata.

Ás vezes devemos defender um finito com nosso silêncio, nosso olhar, nossa atitude. Porque esse finito é uma fenda para outros finitos mais próximos do infinito. E geralmente esse finito é o mais atacado pelos poderes do mundo. Essa é a Verdade vista no campo mais abstrato.

À medida que descemos para o concreto, a verdade se inidivdua, e com isso devemos ter o cuidado para atingir uma individualização capaz de servir de ferramenta resiliente e plasmante. Caso contrário corre-se o risco de entrar numa guerra santa entre finitos egoísticos. 

O artigo de Guilherme Boulos é um alerta para quem realmente deseja começar a pensar como realmente resolver os problemas - não só do Brasil, mas da Humanidade. Não é o ponto final, mas um ótimo ponto inicial: algo que pouquíssimos são capazes de fornecer na atual situação.

As massas deliram, adotando relativos e se fechando a eles; os poucos que veem em profundidade estão quietos, temerosos, rezando para que surja uma personalidade com magnetismo nunca antes vista em nosso mundo contemporâneo. Um ser simples como as pombos e sagaz como as serpentes.

Mas trata-se de uma possibilidade que depende da força dos pequenos operários conscientes, que devem preparar o terreno, com muito esforço e luta, de forma a se melhorarem e servirem de membros para o agente aglutinador. 

Ver como loucura ou não é um direito e opção. Ignorar completamente os ditos acima face à Real situação do mundo, numa crise que só se amplifica, é preguiça espiritual.


Um erro ardentemente bem-intencionado e reto, visando criar algo novo e englobante, sintético, supera todos os acertos vazios e sinuosos, cujo escopo é apresentar uma solução "fácil" - para um grupo restrito, para uma forma mental restrita, para uma filosofia de vida já em seu estado terminal. 

Esses escritos são para poucos. Feliz ou infelizmente. Mas são esses (poucos) que apresentam as possibilidades. São os potenciais operários. São aqueles que, independente de sua posição, sabem submeter seus finitos (corpo, intelecto, recursos, tempo, energia, emoções) ao Infintio.

Iniciar-se-á uma Batalha - contra nós mesmos, contra a forma mental hodierna. Uma Batalha que começa a se manifestar na insatisfação do ser com sua condição; com os povos em relação aos seus representantes; com os humanos em relação às suas instituições econômicas.

Vencer o ego luciférico em nós para nos unirmos coletivamente para resistir à forma mental neoliberal. E assim criar condições para um primeiro despertar do Logos Crístico.

Compreenda-o quem o puder.










quarta-feira, 18 de maio de 2016

Causas da violência no Brasil (e no mundo)

O seguinte artigo, do GluckProject, aponta de forma mais precisa, sistemática e racional para o Infinito que venho versando neste blog há 3 anos, ininterruptamente.

http://www.gluckproject.com.br/tudo-que-voce-sabia-sobre-a-violencia-no-brasil-estava-errado/

Existe no mundo um movimento - muito discreto - em curso para mitigar os cursos da área de Ciências Humanas, e tornar a Arte um mero apêndice da indústria "cultural". Vide a sugestão de um ministro japonês em cancelar os cursos de humanas [1], ou um governador que afirma publicamente que fomentar pesquisa em sociologia é um desperdício de recursos [2].

O ego intelectual que satisfaz os instintos mais nefastos não quer resistência alguma para avançar e se estabelecer no terreno humano. Qualquer possibilidade de questionamento; qualquer ideia que oriente a pessoa para outro plano, fazendo-a se libertar das "necessidades" e "obrigações" do mundo, é uma séria ameaça a essa tentativa de estabelecer um reino robótico, utilitarista, sem reflexão, onde existem mil máscaras para cada ator, e contribui-se para que incrementemos mais superficialidades ao indivíduo já afogado na mesma.

Eu já discorri muito sobre essa questão. Quem acompanha e mergulhou na essência das palavras, compreender do que se trata. É a esses que pretendo atingir. Pois deve-se semear para todos, mas a semente só irá florescer com todo seu vigor, beleza e força em terreno fértil, já preparado.

Se o ódio e a desordem vêm crescendo nos últimos anos, isso se deve e não se deve ao fato de estarmos iniciando um processo de transformação profunda. Forças do imponderável agem através de indivíduos e grupos específicos para iniciar esse processo, e com esse dinamismo humano-social inicia-se a revolta do mundo, que em sua maioria inconsciente grita, se remexe, agride e ataca, usando como desculpa aquele que iniciou o processo tão necessário quanto doloroso. 

Muito cuidado...é preciso ter discernimento profundo para não ser refém de forças egoístas - individuais e coletivas !

A História, à medida que ganha volume e se renova, de acordo com interpretações mais conscientes, e portanto abrangentes, revelará cada vez mais. 

Mas podemos ser mestres de nosso destino se decidirmos por "perder nosso tempo" nas causas profundas, situadas no imponderável.


Referências
[1] http://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/governo-japones-pede-cancelamento-de-cursos-de-humanas-em-universidades-17506865

[2] http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2016/04/1765028-alckmin-critica-fapesp-por-pesquisas-sem-utilidade-pratica.shtml

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Produção e Distribuição - Parte 2

Os momentos são de grande tensão. A conjuntura mundial demanda esforços incessantes. Poucos compreendem a gravidade dos acontecimentos presentes. Muitos ignoram previsões sérias, de mentes compenetradas e responsáveis*. Isso leva a uma vida de indiferença perante o planeta, as espécies e a própria sociedade. Muitas famílias estão divididas. As mais abastadas, num certo nível de conforto, não manifestam a mesma natureza involuída do que aquelas que não possuem recursos mínimos nem cor e culturas adequadas. Mas trata-se apenas de condições exteriores. O tipo humano, em sua grande maioria, é o mesmo, e se em uns estratos não se vê violência física-verbal é porque estes podem aliviar suas miséria repassando para o andar de baixo, até se chegar à base onde, num desespero crescente, onde não há oportunidades mas abundam vícios, - alimentados pelos altos estratos - se trava uma guerra de desentendimentos e violência. 

Os modelos econômicos diferem apenas em superfície: capitalismo e socialismo podem ser analisados sob um prisma transformista. A partir daí, num estudo de dinamicidade, podemos fazer definições mais precisas e portanto maduras. Não se trata de sistemas, e sim de uma batalha titânica entre formas mentais presentes nos seres humanos. 

Podemos simplificar sem perder o cerne da questão ao vincularmos capitalismo com produção e socialismo com distribuição. Dessa forma, a partir desse ponto, irei resumir o problema material humano - em sua superfície - ao binômio fundamental Produção-Distribuição (PD).

Quando abordei a questão da gravidade das políticas da Educação a serem alteradas em nosso país**, comentei brevemente sobre os tópicos que seriam levantados. São estes:

1) Tributação
2) Sistema político
3) Modelo econômico

Os três se relacionam Portanto um influencia outro, ora com mais intensidade, ora com menos. E vice-versa. Trata-se de um sistema de três elementos com comportamento híbrido (ativo-passivo), no qual cada um desempenha um papel cujo objetivo final e supremo é gerar ordem e harmonia sem necessidade de força externa.  

A tributação se relaciona ao Estado. É seu papel coletar recursos (1) e administrá-los (2) de forma adequada. Vê-se que isso depende de interesses humanos, e portanto do sistema político vigente. Esse sistema político opera segundo uma lógica econômica basilar (paradigma), aceita por ampla maioria, - consciente ou inconscientemente - que deve ser satisfeita para manter seu funcionamento. Com essa concatenação começa-se a sentir a ligação entre essas três grandes questões de nossos tempos - e país.

A Lei que engloba todas as outras,
coordenando-as perfeitamente.
Por que temos tanta dificuldade
em aceitar algo assim?
Podemos dizer que (usualmente) pessoas que visam distribuição se preocupam com a questão de alterar o sistema de tributação em função dessa distribuição; ao passo que aqueles que visam produção querem mantê-lo ou permitir uma maior concentração por parte daqueles que "produzem". Aí começa a grande questão.

O sistema político puramente representativo já demonstrou estar em franca decadência***, na qual existe uma crise aguda de representatividade, em meio da qual os governantes eleitos não são capazes de implementar políticas públicas por estarem imersos numa estrutura na qual o poder financeiro dita e desfaz as regras do jogo de acordo com interesses escusos e difusos. Isso indica que o Estado, nesse contexto, operando segundo uma lógica que não é mais capaz de evitar a penetração de interesses privados, erode. Essa erosão não deve ser confundida com a falência da função do Estado no desenvolvimento da humanidade, e sim observada como uma necessidade urgente de reforma estrutural. Essa reforma, ao contrário do que a mídia propaga, deve partir da população - jamais dos ditos especialistas.

Os intelectuais que estão em sintonia com questões de base, populares, tanto de minorias quanto de maiorias, e que fazem esforço em difundir sua ideia numa linguagem simples e direta, podem ser aceitos como especialistas desvinculados do poder. Posso citar Noam Chomsky como exemplo.

O sistema político é a base que a sociedade pode usar para influenciar (e alterar) o modelo econômico e seu sistema de tributação.

Mas voltando ao tema PD, posso dizer uma coisa: o mundo de hoje (2016) gera muito mais riqueza do que o mundo de 1916, que gerou muito mais do que o início da Revolução Industrial (lá em 1780). Vê-se uma curva exponencial de produção que extrapolou sua capacidade de manter o planeta em equilíbrio desde a década de 80 do século passado ****. Isso indica que estamos há 35 anos produzindo (e usando...forçosamente em muitos casos) recursos naturais. Alterar o ecossistema além de seus limites implica submeter o planeta (solo, água, minérios, florestas, atmosfera), com sua fauna e flora, a regimes não-naturais, que gerarão reações bruscas que seremos incapazes de administrar. Além disso, com a nossa psicologia de consumo, nosso nível de dependência acompanha uma curva que forçosamente deverá cair - por bem ou por mal. Como nossa mentalidade está vinculada fortemente a essa curva, estamos diante de um iminente colapso material sem precedentes na história humana, da qual os únicos vencedores serão as utopias realizáveis mas não realizadas. 

Chegando até aqui começa a ficar claro (para o Ser seto e sincero, pelo menos) para qual lado deve pender o foco do problema PD - que se tornou problema sério a partir da Revolução Industrial.

Não se trata de eliminar um em função de outro, e sim de manter um operando num nível adequado (produção), enquanto dá-se condições adequadas para que o outro possa se desenvolver saudavelmente (distribuição), sem grandes atritos.

É forçoso admitir que o nosso problema material foi, no fundo, resolvido há décadas [5*]. O que impediu sua solução de se efetivar permanentemente foi nossa ganância. Esta apóia um sistema econômico que prega o crescimento ilimitado, defendendo-o com unhas e dentes, por mais que os fatos apontem para a falência da lógica (des)atual.

Para justificar a não-distribuição, muitos adeptos recorrem ao argumento da proliferação de vagabundos com assistência do Estado atuante; ou à necessidade do bolo crescer antes de distribuir. Mas este bolo, se continuar crescendo, levará a humanidade a uma escassez de recursos, pois o planeta é finito. Os combustíveis fósseis decaem a cada década ao passo que o consumo cresce segundo a lógica da competitividade. Alterar a matriz energética não nos garantirá um desvio do abismo. É mister mudar radicalmente a mentalidade hodierna, se não vivendo pelo menos apontando para o ideal franciscano.

Volume escrito em Gubbio, 1950. Ubaldi
trata das grandes questões humanas, sem
se ater aos finitos relativos-transitórios.
Por outro lado os vagabundos existem. No entanto eles não estão onde muitos creem estar. Eles constituem a grande maioria da humanidade, que escapa ao trabalho de ascensão, mesmo que isso implique em rejeitar modos de vida e de pensar falidos, demonstrando seus defeitos, propondo alternativas e vivendo corajosamente de acordo com princípios de equilíbrio e diálogo - com o outro e com a natureza. Muito mais nocivo é um vagabundo que lucra U$ 20 milhões anualmente à custa do esforço de uma superestrutura corrompida pela sua própria lógica do que outro que recebe R$ 400 de auxílio mensal para sobreviver. Além disso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU [6*], assinada por Democracias Ocidentais, deixa bem claro que é uma obrigação das entidades Estatais garantir, acima de tudo, direitos fundamentais para sua população, independente do que façam ou não façam. Propor uma lei supranacional que não se cumpre é motivo suficiente para vergonha. Condições existem, apesar da mídia não tratar esse tema de forma madura. Resta às pessoas mergulharem a fundo nas suas dores para gerarem novas ideias e ganharem a força para enfrentar essa realidade lamacenta e difusa.

É claro que o ser humano deve trabalhar, mas os empregos devem ser compatíveis com as potencialidades humanas e não violar os direitos humanos. Além disso, num mundo em profunda transformação, cada vez mais desesperado por ocupações construtivas - que são poucas, muito poucas - e gente disposta a criá-las, - se dado o devido tempo e condições financeiras - faz-se necessário redefinir profundamente o conceito de "trabalho", e colocar no circuito econômico atividades vistas como inúteis.

Além disso, é importante - segundo a ONU - remover gradativamente do circuito monetário atividades relacionadas com saúde, medicamentos, educação, cultura, transporte, alimentação, higiene, habitação, saneamento e vestuário. Isso não é criar privilégios, e sim garantir Direitos que muita gente no íntimo reconhece como essenciais (e plenamente implementáveis a partir da segunda metade do século XX).

Com isso aponto para um sistema político novo, com democracia representativa e direta se articulando; para um modelo econômico baseado em desenvolvimento humano com crescimento zero [7*]; e para uma sistema tributário que taxe grandes fortunas, caindo gradativamente até as pequenas fortunas - sem atingir com força classe média, muito menos os pobres.

A democracia 100% direta demandaria demasiado trabalho de todos com questões coletivas. Eu por exemplo não teria tempo de me dedicar minimamente ao meu blog, questões humanas e espirituais, à minha ginástica e assistir meus filmes e ouvir minhas músicas, além de me dedicar à família. Portanto é mister que haja participação popular, na qual a sociedade dê a palavra final em temas cruciais na área jurídica, legislativa e executiva, delegando atividades operacionais para políticos. Estes, por sua vez, devem ser conscientes de que são servidores do povo e do meio ambiente, e jamais de interesses privados. Para isso é necessário apoio da população e profundidade de reflexão. Não cair em jargões neoliberais será uma mentalidade a ser incorporada ao ser que pretende edificar uma nova civilização.

Crescer zero é possível desde que se estruture um sistema independente de crescimento físico. Porque a dinamicidade continuará no nível físico, mas irá apenas oscilar em torno de uma assintota saudável, na qual a pegada ecológica seja inferior à unidade [****]. Isso só será possível com uma profunda transformação na mentalidade hodierna, na qual o ser humano deve entrar em contato com sua essência e definir de forma substancial o que é necessário e o que é supérfluo. Como todos temos Deus em nossa essência (imanência), as visões irão se unificar e tudo irá se moldar adequadamente. Quanto ao desenvolvimento humano, sabe-se estatisticamente que a partir de um patamar de renda o índice de felicidade começa a decair [8*], revelando que a questão do conforto material é assintótica - como eu sempre senti.

Finalmente, a questão da distribuição é complexa: economia regional, nacional e internacional se relacionam. A dívida histórica dos países (ditos) desenvolvidos para com sociedades que foram desestruturadas, exploradas e escravizadas é uma das causas profundas de pobreza no mundo. Essa dívida deve ser paga de uma forma ou outra. Porque não se trata de um problema de gerações passadas, e sim de fluxos culturais que se propagaram por eras e se desenvolveram de acordo com uma lógica pouco disposta a se equilibrar, e sim em se satisfazer, tentando se desconectar do passado com discursos de fato consumado.

As coisas não são tão simples e devemos englobar História e Possibilidades dentro do nosso Presente (Realidade), e trabalhando adequadamente com todos elementos, criar um Futuro melhor, que nada mais é do que a Utopia que anima as almas sinceras, retas e ardentes de hoje.


Observações e referências
* Noam Chomsky, Zygmunt Bauman, Viviane Mosé, Domenico De Masi, Thomas Piketty, Amit Goswami, Leonardo Boff [destaques para: P. Ubaldi & H. Rohden & T. Chardin]
**   http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2016/05/anti-propostas-para-educacao.html
*** https://www.youtube.com/watch?v=NYI-PHukQ44
      https://www.youtube.com/watch?v=um02I6Fkv2s
****  http://donellameadows.org/archives/a-synopsis-limits-to-growth-the-30-year-update/picture-4-2/
5*      http://www.geocities.ws/luso_america/KeynesPO.pdf
6*      http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2016/04/declaracao-universal-dos-direitos.html
7*      https://pt.wikipedia.org/wiki/Serge_Latouche
          https://pt.wikipedia.org/wiki/Nicholas_Georgescu-Roegen
8*       http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/noticia/2013/12/paises-com-maior-pib-capita-nao-sao-os-mais-felizes.html

Produção e Distribuição - Parte 1

Eis que chegamos a uma das questões mais agudas da humanidade: a econômica. 

Tudo indica que existe suficiente recursos em forma de tecnologia, conhecimento e memória para erradicarmos por completo problemas que nos assolam desde o nascimento de nossa espécie. Tecnologicamente porque, observando as Ciências Naturais, sentimos a aproximação de uma faixa delimitada e intransponível - ao menos pela forma mental hodierna. Um crescimento assintótico, cujos efeitos esperados (gerar equilíbrio, harmonia e bem-estar para nós) diminuem a cada ano, e portanto geram cada vez menos fascinação por parte de pessoas. Pelos mesmos motivos, a Tecnologia, cujo alicerce é a Ciência, apresenta-nos novidades cada vez mais irrelevantes em sua essência, com pesquisas cada vez mais voltadas para si. O único objetivo é gerar mais novidade para que as pessoas continuem fascinadas e portanto consumam os novos inventos sendo criados. Tudo isso ocorre em prol do crescimento econômico, cujas premissas são claras: "deve-se crescer indefinidamente, e de preferência cada vez mais, para que seja gerada riqueza e evitemos a pobreza". De fato, é isso o que ocorre: sem crescimento econômico não há desenvolvimento humano. E assim tangenciamos a questão econômica. Mas esse fato não está fechado em si, pois o mesmo só permanece real enquanto a mentalidade humana se mantêm servidora dessa lógica. Em suma: a forma mental humana está por trás do poder da lógica econômica "infalível".

A natureza humana é fixa ou superável?
Ao andarmos pelas ruas e mercados e feiras e shoppings e casas e apartamentos e escolas e locais de trabalho e etc, afirmaremos com uma firme certeza de que ela é fixa. Ou seja, sempre seremos assim, e portanto devemos lidar da melhor forma possível com nossa miséria humana, gerenciando-a individualmente e coletivamente.

Tecnologia: apêndice humano. Em tese deveria
gerar bem-estar para a sociedade, tanto em
termos qualitativos quanto quantitativos. 
Por outro lado, nos deparamos com seres de natureza peculiar e diversa que nos dizem algo diferente. Seja pelos livros, seja por melodias; seja por imagens, seja por vídeos; seja por palavras faladas, seja por palavras escritas; de uma forma ou de outra é comum o contato com aquilo que chamamos de irrealizável. É belo mas é exceção. Isso concluímos após ver esses casos singulares e observar o mundo e nossas vidas. Logo, trata-se de algo que não é para nós nem para o mundo - apenas, no máximo, para nossos sonhos e utopias. 

Mas a Utopia de ontem é a Realidade de hoje.
E a intuição diz que a Realidade de amanhã é a Utopia de hoje.

É, porque tudo é simultâneo para quem opera no Infinito, para o Infinito, com o Infinito.

Mesmo porque, caso contrário, estaríamos negando nossas próprias afirmações de melhoria incessante. Estaríamos nos reduzindo a vagabundos que se contentam com o estado presente da humanidade, com suas lógicas, sistemas, instituições e culturas, apenas reproduzindo mais do mesmo, com medo de ousar e esperança de consumir. Mas o medo de ousar se transforma em pavor de se transformar - porque dói - e a esperança de se consumir se transforma em ânsia de consumir - porque ilude docemente. 

Mergulhando nessas questões nos tornamos inquietos e inquietantes. Nos cremos loucos e maus, a princípio. Mas a perseverança começa a pender o lado da balança cósmica a nosso favor, e com isso vem o estímulo do imponderável - para que compreendamos as mazelas do ponderável. Eis o início da jornada multimilenar pela superação, na qual muitos se consomem para ascenderem.

Com a inquietação nos familiarizamos um pouco mais com a Utopia. Vemos ela mais próxima, mais realizável, mais realista. Começamos a amá-la e observar o mundo com uma mentalidade dinâmica, abandonando a visão estática de tudo e de todos. Começamos a formar na mente uma nova mentalidade, que elaborará uma nova lógica, primeiro inconsciente, depois consciente. Todo esse esforço, todo esse trabalho, é feito subterraneamente, sem manifestações visíveis, no silêncio do Sagrado. É o que o mundo chama de "tempo perdido"...

Conhecimento: imprescindível para o progresso humano.
No entanto, a partir de certo ponto ele necessita de um
guia poderoso, sem o qual não conseguirá cumprir sua
missão redentora. Esse guia: a sabedoria.
Com o dinamismo vem o transformismo. Este considera, além das mudanças de forma na matéria e energia, as metamorfoses humanas - sejam elas físicas ou espirituais. Eis que o campo de possibilidades aumenta enormemente, e o que era necessário passa a ser visto como supérfluo e até nocivo - para ti e para os outros...incluindo a fauna, a flora e a nossa Mãe Terra.

O Pai que tudo vê, tudo reconhece, e portanto provê o pequeno filho com os meios, viabilizando os recursos necessários para seu trabalho. Esse filho se provou esforçado e iniciou a superação do mundo, apesar de todas dificuldades e vitupérios. Eis a Providência Divina abraçando a Previdência humana*. 

Pois bem. Até o momento desenvolvi a cadeia partindo do problema da tecnologia. Com base nela realizei uma escavação, passando pela ciência, chegando na economia, e daí atingindo a mente humana com toda sua psicologia. 

Tecnologia > Ciências naturais > Economia > Psicologia humana (atual)

Daí podemo partir para a questão humana, mais profunda, ou seja, que se avizinha mais das forças do imponderável, e assim mergulhar no conhecimento.

O nosso conhecimento é ímpar. Nunca antes na História chegamos a desenvolver tantas áreas do conhecimento. E até certo ponto relacioná-las e aplicá-las em diversos contextos. Jamais imaginamos que o mundo estaria interconectado pela internet, e que sistemas sofisticados pudessem operar com certa segurança e grande autonomia (robôs). Dificilmente aceitaríamos a utopia de produzir riqueza suficiente de tal modo que, se fôssemos dividi-lá igualmente entre os habitantes do planeta, cada um receberia uma soma capaz de lhe prover uma vida confortável**. Aumento de conhecimento teoricamente implica em melhoria de bem-estar geral. Essa afirmativa é verdadeira se restringirmos nossa análise no tempo e no espaço, considerando o período pós-guerra (1945-1975) na Europa Ocidental e América do Norte - e em alguma medida em outros países ocidentais, como América Latina. No entanto, trata-se dum hiato de 3 décadas que se iniciou tão rápido quanto acabou. Dessa forma não podemos nos basear nessa afirmativa, restrita a certos povos, certa época, delimitada por uma conjuntura global especial.

O conhecimento se relaciona ao intelecto luciférico. Assume-se que quando o ser humano adquire certa informação, e com ela crie teorias e ideias, algo a mais deva surgir para que ele (conhecimento) não seja aplicado e se reproduza sem orientação. Ou seja, é mister brotar um senso de ética paralelamente à expansão da inteligência humana. Essa ética nada mais é do que uma fenda - um meio - para uma nova "inteligência", cujo nome é intuição

A ética desenvolvida culminará em novos focos. Com isso o centro de gravidade começa a se deslocar do conhecimento para outro local - ainda desconhecido. Esse local eu denomino de sabedoria.

Memória: a humanidade possui uma memória individual e
coletiva consciente. No entanto ela só é usada em nível
superficial. O que armazenamos é o que nos interessa no
momento. Com isso fazemos uso viciado do que poderia
ser uma importante ferramenta de ascensão humana. Faz-se
necessário chegar à sabedoria.
A sabedoria não nega o conhecimento. Usa-o, submetendo a mente humana a fins mais elevados, na medida das suas possibilidades.

Quem chega a um certo grau de sabedoria vê a questão da memória como algo crucial. Porque uma pessoa sem memória é refém do passado que ignora. Estará condenada a repetir os mesmos erros de maneiras diferentes. A memória deve ser no aspecto substancial, universal. A história sempre deve ser revista, pois ela é viva: à medida que o tempo passa a consciência individual e coletiva expande, e com isso novas interpretações para fatos velhos são gerados. O horizonte do tempo é usado de forma mais madura, seja você engenheiro, advogado, médico, fazendeiro, operário, estudante, dona de casa, cientista, estadista, comerciante, etc. Com isso nos tornamos menos reféns das emoções imediatas e mais racionais. Ao mesmo tempo, nos abrimos mais, tornando-nos humildes. Aí se inicia o contato com o místico-religioso. Não precisamos frequentar nenhuma igreja ou seita - basta admitirmos nossa finitude humana frente às maravilhas divinas manifestadas através da Natureza.

Compreendida a questão tecnológica, do conhecimento e da memória, estaremos aptos a iniciar um estudo de mais elevado grau na questão Produção-Distribuição, que tanta cisão tem gerado.

(continua)

Observações
*http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2015/10/a-providencia-divina-abracando.html
** Essa divisão é apenas para dar uma idéia das possibilidades. Não se trata de uma coisa a ser implementada à risca.






Dizendo muito. Falando pouco. Viviane Mosé.

Viviane Mosé* diz muito em apenas 16 minutos de fala. Com uma capacidade de síntese e envolvimento intensa, ela discorre sobre a questão humana, envolvendo todos os pólos - desde que receptivos à mudança - através de uma espiral que explica, coordena, convence e encanta, apontando para um plano mais próximo do Infinito.

Mais do que nunca a humanidade precisa de pessoas assim. Pessoas despertas, conscientes de seu corpo, de suas responsabilidades, de sua realidade, da interconexão entre tudo e todos, de sua vida, de seus saberes. Mas acima de tudo, a humanidade precisa de seres humanos perspicazes como essa mulher. Mulher integral, que percebeu que o problema não está em um ou em outro, e sim no Ser humano que não se torna receptivo à FONTE INFINITA. 

A mentalidade hodierna analista tudo de acordo com a dualidade. Isso implica na esquematização da cisão: homem-mulher, pobre-rico, matéria-espírito, etc. Mas como tudo se interpenetra e interdepende, nada será resolvido por definitivo. Enquanto isso o planeta responde e nós agonizamos com crises crescentes, que nos induzem a soluções ineficientes - mais para nossa espécie do que para o planeta.

Muitas (se não todas) palavras externalizadas por ela correspondem exatamente aos meus pensamentos e sentimentos a respeito do mundo interior e exterior. É verdadeiramente uma mulher monista - melhor dizendo, um SER humano monista. 

Há pessoas que estudaram muito, tiveram condições materiais excelentes, viveram e viram muitas coisas, e no entanto se tornaram absolutamente profanas, falando muito e dizendo nada - ou muito pouco. São alguns intelectuais à serviço do poder, que vomitam dados e teorias para justificar a eliminação de um partido, um grupo, uma ideologia e uma forma de vida nova (tentando florescer, de um modo ou de outro). Seu discurso é inflamado de desespero e ódio. Para fazer contraponto a pessoas desse tipo, que se deixaram dominar pelo seu ego luciférico, nada melhor do que as palavras e atitudes de Viviane Mosé, cujas palavras reforçarão mentes retas e sinceras, que no entanto ainda não desenvolveram uma perspicácia plasticamente guiada e intensamente criativa.  



É fantástico ver o desencadeamento dos fatos sob uma ótica universal e profunda. É intensamente doloroso ver a Realidade e abraçá-la para compreendê-la; mas é igualmente intensa a alegria de ver ressurgir desse caos as pessoas mais sublimes, orientadas e destemidas, realisticamente idealistas e idealmente realistas. Isso é o que me faz seguir firme e forte, ora me chacoalhando, ora chacoalhando os outros.

O que Huberto Rohden e Pietro Ubaldi, grandes iluminados de nossos tempos, já viam claramente, está começando a ser visto por nós, meras criaturas em busca do auto-descobrimento que colimará na nossa auto-realização.

Resta saber se a eclosão desse processo de conscientização mínima se dará antes de um colapso social, de civilização, ou será necessário passarmos por uma grande dor antes que se dê essa maravilhosa eclosão. 

A questão ambiental se alia à falta de reflexão (cultura) da sociedade. A ridicularização do místico e do sagrado ainda é uma força que ameaça. Despertaremos de qualquer forma. Isso poderá se dar por bem - esforço nosso - ou por mal - ação inexorável da Lei de Deus através da reação da Natureza.

O neoliberalismo prega tanto o esforço pela melhora, pelas dificuldades, pelas superações. Está na hora dele demonstrar estar à altura do que tanto apregoa em suas propagandas - eu já sei que ele não o fará...pois suas bases axiomáticas estão erodindo (o princípio de que o ser humano só que para si e está separado do Universo) e suas finalidades destruindo (acumular infinitamente num mundo finito).

A sapiência se constrói na vida (aqui ou em outro plano), através da dor, perdendo tempo com coisas inexistentes (ainda!).

Isso eu constato. Isso eu propago.



* https://pt.wikipedia.org/wiki/Viviane_Mos%C3%A9

sábado, 14 de maio de 2016

Tudo o que muda com os secundaristas

Excelente artigo. Aponta para um futuro possível.

http://outraspalavras.net/brasil/pelbart-tudo-o-que-muda-com-os-secundaristas/

"Em todo caso, tudo indica que a ocupação das escolas não visava e não visa exclusivamente a elevação do nível de ensino, o respeito aos espaços de aprendizado, às modalidades de consulta e decisão, para não dizer gestão, sem falar das coisas mais elementares como a garanta da merenda, mas de algum modo, nessa experimentação vieram à tona muitas outras coisas. Se os protestos tangenciaram uma recusa da representação (ninguém nos representa, ninguém pode falar em nosso nome, nem sequer alguém de nós que pretendesse ser nosso representante), talvez também expressaram certa distância em relação às formas de vida que se tem imposto brutalmente nas últimas décadas, no nosso contexto bem como no planeta como um todo, e que atravessam a escola, fatalmente: produtivismo desenfreado aliado a uma precarização generalizada, mobilização da existência em vista de finalidades cujo sentido escapa a todos, capitalização de todas as esferas da existência — em suma, um niilismo biopolítico que não pode ter como revide senão justamente a vida multitudinária posta em cena, nas escola, nas ruas, nas praças, na Assembléia Legislativa, na autarquia estadual que administra as Escolas Técnicas de São Paulo, etc."

Peter Pál Pelbart

sexta-feira, 13 de maio de 2016

As Dez Estratégias de Manipulação das Massas de Noam Chomsky

As dez estratégias para manipulação das massas pode parecer assunto de esquerdista que detesta meritocracia, à primeira vista, para muitos. No entanto algo me leva a crer que a cada dia que passa mais e mais gente - de bom senso, que realmente quer superar uma realidade miserável e desagregadora - está disposta a ouvir vozes que expliquem em profundidade o que ocorre no mundo e quais as causas.

Da minha parte, vindo de Chomsky, o valor que dou para o vídeo é enorme. Não porque eu cultue esse intelectual ou sua "ideologia" (se é que ele tem) vá de encontro à minha, mas porque ele é capaz de desmistificar várias idéias impressas em nossas mentes pelos meios de comunicação e pela sociedade, incluindo em muitos casos a nossa família. Ele é ponderado, sério e vê a longo prazo. Sua reflexão é orientada para resolver mazelas permanentemente e unificar conceitos (mal vistos ou mal entendidos). 

Até o momento não encontrei nenhuma observação vazia ou presa a uma corrente mental da parte dele. Isso não significa que ele não assuma posição a respeito de grandes temas. Significa apenas que, antes de chegar às suas opiniões, faz uma profunda reflexão, não apenas usando as ferramentas dadas pelo mundo, mas se guiando por uma intenção de elevar a humanidade - isso ele não expõe, o que de certa forma comprova sua humildade. Quanto à dedicação, basta saber que aos 87 anos esse homem continua a fazer conferências, estudar, ouvir os outros, questionar e viver plenamente. Viver no sentido de dar significado à sua breve existência. Viver no sentido de ocultar suas (elevadas) intenções para que o mundo mais se preocupe em acordar e atuar do que em cultuar desperdiçar.

Eu gosto da seriedade deste homem. Não sei o porquê, mas ele me passa a imagem de uma pessoa modelo: paciente, esforçado, compenetrado, equilibrado, humilde, persistente. Ele dá ideia de que não chegou ao ponto final, e portanto continua sua jornada sem preocupações particulares (egoísticas). Ele é ciente do trabalho que deve ser feito e cumpre tudo que sua consciência lhe pede, da melhor forma possível.

Todas estratégias de manipulação fazem sentido. Não sou estudioso do caso, mas uma coisa que tenho feito de forma consciente e frequente há mais de duas décadas é observar a vida, com todas suas nuâncias: olhares, gestos, ideias que vão e voltam, ideias que se transformam, discursos, momentos históricos, relações entre pessoas, fenômenos, teorias, saberes,...E isto, somado à marteladas, me despertou um senso de urgência para assuntos que muitos (ainda) não veem como tal. Loucura ou não, esse é o meu caminho, e quanto mais constato mais me convenço. Tentando me abrir para tudo e todos. O monismo simplesmente é capaz de explicar os últimos problemas sem uso de artificialismos humanos. Isso me assusta e me encanta - simultaneamente!

Estar ciente do que estão fazendo com a gente já nos afasta de correntes de pensamento vazias e temporárias. Também evita que caiamos em muitas das armadilhas da vida, sejam elas amorosas, familiares, profissionais, financeiras, entre outras.

Não deixaremos de sofrer, mas saberemos evitar o sofrimento inútil e nos lançaremos ao sofrimento útil (a bela tristeza), sabendo eliminar os caminhos do mundo que levam a uma horrorosa alegria, que só leva a tristeza e degradação.

Focar em temas irrelevantes;
Repetir notícias incessantemente;
Tratar interlocutores como crianças;
Criar problemas, doenças, violências para justificar medidas de restrição de liberdade;
Criar circunstâncias que induzam pessoas a adotarem decisões pré-definidas "livremente";
Recompensar indivíduos que adotem formas mentais "boas" discretamente;
Remover direitos gradativamente, para não causar revoluções;
Criar discursos eloquentes e científicos para direitos se transformarem em privilégios.

Tudo me indica que isso ocorre e existem grupos poderosos atuando para que tudo fique sob controle. Para que o mundo continue se degradando e desagregando.

A mídia tem grande responsabilidade mas a sociedade também deve despertar para a realidade. As grandes empresas privadas, transnacionais, portadoras do estandarte neoliberal, são as instituições que mais desejam conduzir o "progresso" humano por vias que lhes agradem. Como a ideologia (corrente mental) se identificou com o corpo (empresas privadas), tem-se uma hidra com um poder imenso. Nossa única salvação é nos conscientizarmos e nos unirmos contra esse binômio mente-corpo, cujas finalidades tem curto alcance: lucrar cada vez mais, explorar mercados, e submeter o mundo humano e espiritual a interesses particulares.

Não se trata de negar ou reduzir os males de ideologias passadas; nem sequer retomá-las em pleno século XXI. Trata-se de fazer uma reinterpretação dos eventos históricos, pois sabe-se que a História só começa a ser compreendida ao ter seus eventos contextualizados, ou seja, à medida que o tempo passa nossa interpretação se torna mais profunda e portanto passamos a admitir o que era o "demônio" como uma simples implementação prematura, infantilíssima e violenta de ideais extremamente elevados, sejam eles de Justiça Social, de Moral e até mesmo da Ciência.

De uma coisa eu sei: precisamos colocar em pauta temas como esses, levando-os a todos lugares que pudermos.








(Anti) Propostas para a Educação

O seguinte artigo apresenta a proposta do PMDB para a Educação, chamada de Travessia Social.

http://www.cartaeducacao.com.br/reportagens/conheca-as-propostas-do-pmdb-para-a-educacao/

Como professor posso dizer que o que li me preocupa por dois motivos:

1) Em nenhum momento, segundo o autor do texto pelo menos, é citado o Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em unanimidade em 2014 pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. É de se estranhar essa omissão, já que se trata do próprio grupo que está prestes a pegar as rédeas de direção do país. 

2) A bonificação por metas é uma tentativa de inserir um germe de uma meritocracia superficial, que se interessa mais em hiper responsabilizar o professor pelo sucesso/fracasso do aluno do que em melhorar as condições de trabalho dos professores(as) e auxiliar o aluno a progredir.

Vamos ao ponto: a bonificação é algo inerente à forma mental hodierna, que ignora explicitamente, serve ativamente e louva implicitamente uma corrente mental conhecida como neoliberalismo, que não tem nada de novo nem é liberal - em seu mais amplo aspecto, pelo menos, como já disse Noam Chomsky. Não se trata de fugir do serviço de melhoria do aprendizado, e sim de apontar as implicações que esse tipo de "projeto" trarão para o ambiente de trabalho dos docentes, e consequentemente para a vida dos alunos e da própria instituição escola.

Nas empresas privadas vem se tornando cada vez mais comum a bonificação. Aparentemente trata-se de algo que induz o ser humano a buscar o melhor de si. E com isso os outros serão estimulados a darem o máximo de si - para a lógica produtiva, claro. Por outro lado, para fazer isso o mecanismo citado implementa no ambiente de trabalho a competição. Somos humanos e portanto passíveis de termos o pior de nós (ego físico-mental) despertado - especialmente quando estamos em situações de alta tensão e vulnerabilidade psicológica. Como o sistema vigente nos força a usar 99% de nossas energias, tempo e intelecto à serviço de manutenção, não nos resta tempo para reflexão, nem é permitido questionar o que se apresenta de forma impositiva. Isso é uma restrição real, e portanto não pode ser ignorada como abstração, por melhor que uma pessoas encare as coisas e por mais consciência que ela possua. Ainda assim, o indivíduo que deseja se absorver em trabalhos de ordem elevada se verá diante do desafio titânico de degradar sua saúde e colocar sua vida financeira, afetiva e profissional em risco para fazer um mínimo de esforço útil para elevação da humanidade. Pietro Ubaldi explica e exemplifica muito bem isso ao longo de sua monumental Obra de 24 volumes. Obra cuja escrita penetra nas almas já despertas, pois cada palavra foi sofrida, sentida, refletida e vivida até suas últimas consequências. Isso é a aplicação do Evangelho no terreno da vida.

De qualquer forma, a bonificação induz à competição, e esta ativa em nossas mentes os mecanismos de comparação constante com o outro. Mais: começa-se a suspeitar de que cada atitude feita pelo outro esconde algum interesse, como se garantir num emprego miserável, muito aquém de suas aspirações, por motivos de sobrevivência. Não admitimos isso verbalmente, no entanto observando o modo como as pessoas conduzem suas vidas e falam e apoiam certas correntes de pensamento e consomem bens e concebem o binômio matéria-espirito, podemos extrair e concluir muitas coisas. 

Como eu já disse num ensaio anterior, devemos competir com nós mesmos (Intuição espiritual dominando Intelecto humano) e cooperar com o mundo, começando pelos mais necessitados. Se isso não começar a ocorrer logo, um processo de degradação irreversível se iniciará, do qual só iremos nos recuperar ao longo de muitos séculos ou milênios. Começará pelo colapso do sistema econômico (que muitos defendem com unhas e dentes...), que puxará o campo político-social (miséria generalizada), cultural (já estamos em processo de degradação cultural) e ambiental, do qual todos dependemos. Isso tudo parte da forma mental hodierna, incapaz de conceber formas de vida mais elevada, sustentável e simples. Elevada por se orientar pelo místico-religiosa; sustentável por se organizar de forma verdadeiramente eficiente, subordinando economia, tecnologia e ciência ao equilíbrio budista; e simples por se conscientizar de que crescer na horizontal material, dos prazeres, das aparências, dos títulos, das novidades, do físico, do vazio da forma, é o que leva à Queda.

Condições para melhoria brotam espontaneamente. Assim sempre foi e sempre será. Porque trata-se de algo divino - e portanto imutável porque perfeito, diferente de nossas manias humanas, sempre em mutação.

O interesse de implementar essa bonificação está muito mais em prosseguir com a ideologia neoliberal, onde tudo é meta e produtividade (para quê? para quem? que tipo de "produtividade"?...) e competição, do que realmente possibilitar condições de florescimento de projetos, planos e visões. No entanto a ideia é fácil de ser acatada pelo tipo médio do mundo atual, que devido à uma vida perturbada e superficial, abraça e apoia soluções óbvias e fáceis. O caminho da conscientização sempre será sofrido...

Quanto ao primeiro aspecto, acho preocupante como certas coisas são ignoradas. Mais preocupante ainda é saber que isso é pouco colocado em pauta por parte de setores abastados da sociedade:

"Entre elas, estão a erradicação do analfabetismo, o incentivo à formação de professores, a ampliação na oferta de Educação Integral e Infantil, além do aumento gradativo da destinação de 5,3% para 10% do PIB no ensino público. “No Travessia, se ignora totalmente o que foi aprovado no Congresso Nacional, aliás, por um partido que naquele momento tinha a presidência da Câmara e do Senado”, aponta Rezende."

(grifos meus)

Podem pesquisar a respeito. Aqui vai um link para ponto de partida:
http://www.cartaeducacao.com.br/reportagens/o-pne-foi-so-%E2%80%A8a-largada/

Relembrando que crescer infinitamente num mundo finito é um atestado de ignorância das mais fundamentais leis da vida. Estamos diante da questão Produção-Distribuição, que deverá ser abordada de forma suficientemente madura para que possamos ter alguma chance de não inviabilizar a vida de nossos filhos e netos e demais gerações - por muito tempo.

Pretendo desenvolver algo acerca da questão Produção-Distribuição, partindo do princípio da Consciência e do Equilíbrio. Esboços fundamentais me vieram à mente, mas sinto que o nível de maturação alcançado ainda não permite que venha à tona algo verdadeiramente útil (novo).

Por enquanto deixo registrada minha preocupação e alerta.

A questão de viabilização da vida tratará de temas como:

1. Tributação (eliminação de desníveis escabrosos)
2. Sistema político (representativo e direto devem se articular)
3. Modelo econômico (evolução humana com crescimento zero)

Todos são interdependentes. Parte-se da forma mental, que deve progredir com o despertar da consciência.

É questão de sobrevivência ao que me parece. 

Tudo que venho observando (à fundo) me indica que estamos diante de um momento crítico de bifurcação. Escolher o caminho que nos levará a ascensão depende de nosso esforço em nos melhorar. 





quarta-feira, 11 de maio de 2016

Intolerância fomentada pela forma mental contemporânea

As palavras de Márcia Tiburi atentam para problemas atuais.

A ideologia neoliberal é terreno fértil no qual o fascismo vê ambiente propício para brotar. 

Enquanto nosso mundo não se orientar pelo imponderável, "perdendo tempo" com questões profundas, iremos nos degradar cada vez mais numa vida espiritualmente miserável que gera condições materialmente miseráveis - para os outros e, em última instância, para nós mesmos.



O aquecimento global está aí. Os riscos de uma ameaça nuclear, idem [vide Chomsky, James Hansen, Michael Lowy]. Nosso cotidiano foi invadido pela falta de ideais, de perspectivas, onde queremos gozar os pequenos prazeres viciantes dos shoppings, bares, academias, corpos, sensações, falatórios superficiais, garantia de empregos bem ou mal remunerados que nenhum progresso trazem ao nosso ser e a humanidade - muito menos ao planeta.

Mas nos ofendemos com as afirmativas acima. 

Para superarmos nossa miséria animal-humana devemos estar dispostos a ver a mais profunda (e triste) realidade consolidada pelo nosso ego físico-mental. Devemos ir no fundo do poço, onde estão nossas misérias, reconhecê-las e resgatá-las através de um questionamento profundo de nossos pré-conceitos, transformando-os em conceitos elaborados pelos mais altos valores filosóficos e por uma vida de equilíbrio e profundidade. 

Perdemos o contato com a verdadeira arte - o Cinema que propõe reflexão, por exemplo...ou a música que desperta sentimentos - e nos tornamos cada vez mais robóticos. A ciência e tecnologia não servem à evolução, e sim a interesses corporativos que explicitam o pior de nós: egoísmo, ganância e inveja.

Devemos rever nossos postulados e transcender nossas finalidades. Para isso é mister abrir o coração para o Sagrado, o místico, sem no entanto nos tornarmos fanáticos. É preciso superar a ciência atual, afirmando-a como necessária porém não suficiente. É preciso admitir que o capitalismo-neoliberal é incompatível com a sobrevivência da nossa espécie, e que esse desejo de satisfação tem muita facilidade em brotar e sair de controle. 

Nos tornamos monstros por muito pouco. Precisamos acordar interiormente e atuar eficazmente no meio externo. Mesmo que sem falar; mesmo que sem agir muito. Pois a atuação mais eficiente é aquela intensa, sincera e imperceptível, a princípio. Trata-se de um trabalho que extrapola os, limites da vida orgânica, e portanto que exige fé titânica e visão poderosa.

Compreenda-o quem o puder.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Informação: uma faca de dois gumes

Um tópico de grande importância - mas que raramente é encarado como fator influente no processo de mudança da sociedade e suas instituições - é a difusão e intensificação das tecnologias de informação. Nisso o artigo abaixo pode iniciar uma reflexão por parte das pessoas em busca de esclarecimento:

http://outraspalavras.net/capa/nas-guerras-de-quarta-geracao-o-inimigo-somos-nos/

A oligopolização da economia anda de mãos dadas com a oligopolização da informação. Grandes empresas como Microsoft, Google, Facebook, entre outras - se não me engano mais duas grandes - possuem bancos de dados capazes de saber tudo sobre qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. Pelo simples fato de conhecer seu IP o Google, por exemplo, baseado nas suas buscas - que podem ser secretas para seus familiares, filhos, pais, amigos, namorado(a), etc, mas são abertas para esse grande olho virtual - é capaz de traçar o que você consome, com que frequência, onde, seus gostos e aversões e até mesmo até que ponto (físico, material, intelectual, financeiro) você estaria disposto a ir para adquirir um determinado produto ou serviço. Isso é algo a se discutir em nossos dias de informatização crescente da sociedade..

A informação é neutra, mas nós estamos
transformando-a em algo destrutivo. Aqueles que
mais possuem (corporações) mais dever tem
de se auto-controlar e melhorar o planeta.
Mas o povo também deve agir - e logo.
Devemos antes de tudo mergulhar no nosso interior.
Por outro lado, a vida é (obviamente) inviável se evitarmos fazer qualquer coisa que possa expor nossas informações pessoais. A verdade é que recebemos centenas e milhares de propagandas e informações de mega-empresas e bancos que jamais sequer ouvimos falar ou tivemos algum tipo de ligação. Isso se dá provavelmente porque: (a) as informações que somos obrigados a fornecer para instituições de grande envergadura vazam entre instituições. Como a legislação estatal não atinge quem possui mais (poder) do que o Estado, ela não é capaz de ser implementada nem à força, e assim ficamos reféns das circunstâncias do sistema operante. Por outro lado (b) nosso ego humano tem uma enorme necessidade de participar de atividades sociais, e nosso íntimo Eu espiritual quer ser parte de "algo maior". Mas buscamos (quase) sempre esse "maior" nos lugares errados...Dessa forma acabamos fornecendo informações a estranhos além-da-conta, nos tornando reféns de nossos próprios instintos de participar.

Eu vejo tudo da seguinte forma: querendo participar excessivamente do mundo externo, submetemos nossos maiores tesouros - nossos valores, nossa consciência, detalhes íntimos e pessoais - em maior ou menor grau a assaltos por parte daqueles dispostos a se aproveitar. Isso é humano e está dentro de você, de mim...e de instituições. A questão central é estar consciente desse fenômeno e reconhecê-lo. Sem esse primeiro e imprescindível passo dificilmente daremos outros - que resolverão esses problemas, gradativamente, sem necessidade de dor.

Nossa descrença em nosso poder interior nos torna reféns das circunstâncias impostas pelo sistema.

Nossa intuição espiritual aceita essa verdade simples.
Nossa mente intelectual não compreende essa frase complexa.

Mas não precisamos sistematizar uma idéia para guiarmos nossas vidas a partir dela. Basta parar um momento e refletir sobre tudo. Crer que existe algo a mais que nos sustente. E a partir daí viver uma vida um pouco mais consciente. Trata-se sobretudo de conquistar a intuição e, a partir dela, chegar à análise. Uma análise mais elevada que a atual. Dessa forma o caminho geralmente seguido pela humanidade (análise -> intuição) pode ser facilitado por um caminho mais eficaz, porém árduo (intuição -> análise).

Devemos guiar nossos estudos, nosso trabalho, nossas relações, nosso cuidado com o corpo, as finanças e vida a partir de um conceito que transcenda todas nossas finitudes humanas. 

Ao sermos mais conscientes estaremos menos sujeitos aos males que assolam a humanidade, podendo servir de exemplo e guia para outros. Pessoas equidistantes das: suspeitas-sobre-tudo e das abertas-a-tudo. 

Devemos denunciar e combater qual a finalidade do aumento dessas tecnologias. Mas ao mesmo tempo não devemos destruí-las, mas sim usá-las na medida do necessário para nosso bem-estar e para promover transformação social. 

A informação, imaterial, assim como os objetos, materiais, é algo neutro. Inconsciente portanto. Quem dá a ela a faceta de boa ou má somos nós, humanos, conscientizáveis (mas ainda não-conscientes). O que devemos superar é essa tendência de usar informação para satisfazer desejos vazios. Especialmente por parte de grandes corporações poderosíssimas, que interagem com poderes militares de governos poderosos em vistas de interesses de mercado. É um dá-cá-pega-lá sem fim: um tem interesse no controle e imposição de uma ideologia/cultura (governos poderosos em conjunto com outros países), outro se interessa "apenas" no controle do seu mercado e da vida individual das pessoas (mega-corporações). Enquanto a sociedade, reproduzindo isso em menor escala, de forma menos profissional e mais inocente, nem sequer reconhece essa realidade.

Bastaria pararmos de "ganhar tempo" com "assuntos importantes" (banalidades transitórias) e começarmos a nos abrir para "perder tempo" com "questões inúteis" (profundas), e o mundo começaria a se transformar efetivamente - para melhor!

Agora um ponto é verdade: essa transformação gera dor e incômodo. Mas ele é necessário para a dilatação da consciência individual-coletiva. É o método de aprendizado que nos garantirá as ferramentas (teorias, tecnologias, idéias, sistemas políticos-econômicos, instituições) que podem construir uma sociedade verdadeiramente sustentável, equilibrada e em paz - não apenas consigo mesma, mas com todas espécies e todo planeta. 

Devemos nos subordinar à Realidade antes que esta nos subordine à força. 

Porque a evolução das circunstâncias indicam contradições e limitações de nosso modelo atual - seja ele mental-individual ou sistêmico-coletivo.

Eis a grande questão.



segunda-feira, 2 de maio de 2016

Michael Löwy sobre Ecosocialismo

O artigo abaixo é de Michael Löwy, um pensador brasileiro marxista radicado na França. Através da leitura minuciosa do texto pude perceber que esse pensador de esquerda é capaz de se deixar reger pelo transformismo: seu ensaio aponta defeitos e contradições nos modelos estatais do século XX, mas ao mesmo tempo sugere que temos muito a aprender com os erros do passado; e sobretudo que devemos ser capazes de atualizar a visão de socialismo, levando em consideração a - mais importante - questão ecológica. 

http://outraspalavras.net/posts/razoes-e-estrategias-do-ecossocialismo/

O Planeta Terra, com toda sua fauna e flora, nos tem inspirado a desenvolver tecnologias e descobrir o como (Ciência) e o porquê (Filosofia) do funcionamento do Universo. Ele alimenta nossos pulmões com sua atmosfera adequada - a nós e aos seres que consumimos; ele nos fornece terras para obtermos os alimentos e lençóis freáticos, rios, geleiras e lagos para bebermos a água (ainda) potável; igualmente temos os materiais brutos e energia disponível (convertível) que nos tem dado relativo conforto e servem para todas nossas atividades econômicas. Nossa Terra inspira poemas, músicas e investigações científicas. Em suma, ela nos dá tudo e por isso nos garante a vida. 

A humanidade depende na Terra - mas esta não depende da humanidade.

Se nosso planeta fosse um ancião de 100 anos de idade nós seríamos um bebê de duas semanas. Isso nos diz muita coisa. A começar pelo fato de que essa Grande Mãe sempre se virou muito bem sem a gente. Nós, por outro lado, desde o primeiro abrir de olhos, sempre nos vimos dependentes dessa formidável massa planetária, abrigo de tantas espécies e mestra em equilibrar correntes de ar e de águas; em equilibrar climas e espécies; em criar e destruir na medida do necessário. E nos últimos 240 anos nossa espécie vem se tornando exponencialmente dependente da Grande Mãe. E o problema é que extraímos cada vez mais e evoluímos cada vez menos. Desperdício que nos coloca rumo a um (grande) abismo...


Ecologia e Socialismo usando
o capital para possibilitar
desenvolvimento humano, garantir
direitos fundamentais e integrar
o Homem com a Natureza.
Mas a questão ecológica em si, apesar de crucial, não exclui o aspecto social que devemos incorporar em nossa mente e espírito. Uma sociedade minimamente saudável pode iniciar um processo que freie um colapso provável e aponte para o Infinito possível. 

Uma sociedade doente é uma sociedade altamente desigual em patrimônio, em renda, em oportunidades, em condições elementares; ela é uma sociedade que iguala e distribui em abundância o que existe de mais degradante: programas de televisão vazios e viciantes, modelos de aprendizado engessados, mercadorias perecíveis que pouco ou quase nada acrescentam de valor ao Ser, idéias que excitam instintos e tornam a mente escrava dos mesmos - nos levando a acumular, explorar, falar, aparecer, encenar...em função da satisfação de vícios degradantes. 

Uma sociedade doente é uma sociedade que diferencia as oportunidades e iguala as dependências. Ela fica em descompasso com o ritmo natural do planeta porque seus membros criaram e sustentam um sistema econômico e político que apresenta sinais de falência há décadas. Trata-se de uma lógica que não avança em linha reta rumo ao destino final, mas se curva sobre si mesma, andando em círculos. Uma lógica que está dentro do Ser. Uma lógica edificada pelo ego luciférico, que se arma contra qualquer possibilidade de surgir uma lógica mais elevada (uma supra-lógica), que a englobe, a explique, a compreenda....mas que mostre suas limitações e aponte para o mais. 

A dilatação da consciência é expansão que leva a criar cada vez mais valor com menos recursos. É contentamento com o essencialmente necessário. É equilíbrio poderoso, equidistante do abuso e da recusa. É ascensão humana. É chegar um pouco mais próximo do divino. É a construção de conceitos profundos que abraçam a vastidão do Universo. É luta titânica contra seus conceitos - para parir novas idéias. É tornar o Ideal mais próximo do Realizável. É verdadeiramente vulcânico, vulcanicamente valoroso, valorosamente vivo, vivamente vertedor de verdades voluptuosas. 

A humanidade começa a se despertar lentamente. Sente-se o anseio pela integração e orientação. Integração entre seres da espécie, depois entre espécies, depois com o planeta. Orientação de conceitos, de inteligências, de finalidades. 

O Ecosocialismo visa integrar a ecologia com o socialismo. Ele nega o socialismo burocratizado, estático, materialista, autoritário, - que no fundo é um pseudo-socialismo - oferecendo um conceito mais profundo de sistema social justo, capaz de forjar um Estado que legisle a favor do povo, favoreça a diversidade e forneça as condições plenas para o desenvolvimento de tudo e todos. Ao mesmo tempo, ele nega a ecologia que quer se forjar num mundo capitalista-neoliberal, porque o paradigma do crescimento ilimitado e da liberdade do mercado representa tudo aquilo que a verdadeira ecologia deve combater: o consumo conspícuo e o trabalho alienado que leva a ele. Deve-se portanto transcender o modelo atual.

Não basta alterar a matriz energética - passando do não-renovável para o renovável. Precisamos diminuir a produção e o consumo. Mas para isso precisamos voltar a conciliar o mundo físico-mental com o universo do espírito. Devemos retomar a visão mística da vida, nos abrindo para possibilidades. Essa abertura é a força que inspirou os grandes artistas e cientistas, os excelsos estadistas e corajosos progressistas, o homem trabalhador e a mulher cuidadora. 

As possibilidades vão mudando à medida que progredimos na maturidade. Tudo se reordena com o tempo. E com isso brotam novas combinações. Assim como surgem novos seres. Se abrir para essas possibilidades desconhecidas, nunca nem sequer ensaiadas, é simultaneamente doloroso e magnífico. É como renascer em vida.

É cada vez mais evidente que existe um Logos Crístico ansioso por nascer dentro de muita gente. Ele começa a brilhar cada vez mais por dentro de milhares de camadas de nosso ego luciférico. E assim percebemos sinais sutis que dizem: "tem alguém querendo nascer" "algo dentro de mim quer falar, quer atuar, quer realizar". Mas como nos sentimos dependentes de ilusões, calamos essa voz interior que tanto nos consola nos momentos de desespero e perdição. No entanto é ela que nos dá esperanças. É nela que está a Salvação. 

Negamos o que tememos.
Tememos o que desconhecemos.
Desconhecemos o que ignoramos.
Ignoramos por preguiça. 

Quem afirma o menos e oferece um mais é mais.
Quem nada teme e nada espera é indiferente a elogios ou vaias.
Quem melhor sabe conduzir um povo é o que menos o deseja.
Maravilhoso paradoxo! 

De nada adianta criar culpados - sejam eles idéias, partidos, países, povos, pessoas, áreas do saber - se antes não mergulharmos na nossa essência. A partir daí poderemos atuar no mundo de forma potente, sendo firmes por motivos mais certeiros e deixando de nos desgastar por superfluidades.

Quanto mais constato, mais confirmo.