quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Ben-Hur e a Natureza Crística Subjacente

Pouco se conhece sobre o muito. Muito se conhece sobre o pouco. Esse é o estado atual da humanidade desde o advento da Civilização. Houveram clarões e algumas comunidades ou ordens edificadas como consequência - muito restritas. Mas não conseguiram causar o impacto necessário para nos transformar. Essas foram tentativas de finitos humanos trazerem o caminho para a integração com o Infinito Divino. No entanto, existe uma Lei que age incessantemente, indicando através de nós (nossas ações, nossas "criações") que há um telefinalismo.

Já discorri sobre isso. Não falo nada de novo. Os Últimos Problemas sempre fascinaram porque tudo objetivam explicar, e nada intencionam ignorar. E pessoas em contato sincero com suas dores e angústias conseguiram concentrar essa alta voltagem por tempo suficiente em seus espíritos, ordenando-a, compreendendo-a, assimilando-a, integrando-a em seu ser. Enfim, amando-a por ser a fenda para a Evolução.

Reduzido à escravidão por não trair o que sua consciência
dizia, Ben-Hur se mantém firme, sem arrependimentos,
apesar das muitas dores da injustiça humana.
A Vida fala todo dia. Em certos momentos históricos, ela difunde uma sinfonia que nos convida a participar do momento atual de forma consciente e vigorosa. Os mais sapientes sentem-na a todo momento, se integrando ao presente para atingir a eternidade; e qualificando suas poucas (ou muitas) quantidades, integrando-se ao Infinito. Os iniciados precisam de mais estímulos: Cinema, música, belos ensaios, ideais e ideias; outros ainda buscam pela afetividade; e há aqueles que buscam nas ocupações mundanas. Mas todos caminham para a mesma meta: Deus. Ou melhor, a integração completa com sua Lei.

Ben-Hur é um filme que capaz mostrar o que é: mais do que um excelente filme. Mais do que uma excelente obra de arte. Ele apenas possui essas qualidades - reconhecidas - porque traz subjacente um portal para um outro mundo: o da retidão e sinceridade. Um mundo dentro de nós e de todo esse mundo ilusório.

Desde a trilha sonora, ora dramática, ora suave, ora mística, ora reflexiva; passando pelo roteiro (a alma de um filme) que respeita o tempo, desenvolvendo o personagem principal; até a atuação de seus personagens e todas cenas, Ben-Hur é uma experiência a ser vivenciada na tela grande, com imersão total do Ser em sua história, sua música, seus personagens...e seu significado profundo.

A cena abaixo dispensa comentários. Ela demonstra a natureza de Cristo.

Nela todos elementos estão em harmonia. A música transmite a tensão explosiva e intermitente de Judah Ben-Hur. Não há perspectivas. A vida escorre por um fio. Não há justiça nem amor à vista. Nada se fez para merecer aquele destino, exceto seguir sua consciência e abraçá-la, trabalhando em conjunto com seu Logos crístico. É o mundo esmagando aqueles que ousam ir além das reticências - muito além.

O golpe doloroso e pouco suportado revela que até então
a simplicidade das pombas estava sozinha. Faltava a
experiência do mundo par a ganhar a sagacidade - sem no
entanto perder a bondade...
No entanto o desespero é sincero. Tão forte quanto a vontade em buscar uma realidade mais englobante. Dilatação e consciência. Redução das necessidades. Maturação mística gerando explosão ética. 

Com certos pré-requisitos cumpridos à rigor, uma Lei começa a atuar de forma a enquadrar todas as outras leis (conhecidas, relativas) numa Ordem Superior, auxiliando alguns seres a realizarem suas vidas, sofram o que sofrerem pelos poderes do mundo - poderes ignorantes, mas também construtores diante de algo maior, nunca antes visto ou sentido. Poderes que se curvam perante outra natureza.

Ubaldi discorreu com rigor e paixão sobre essas condições em seu livro Queda e Salvação. É um relato ardentemente lógico e sincero - um casamento de outro mundo - que convence nos dois campos: o místico e o racional. Porque é integral.

Todas palavras deixadas aqui são intensas, derivam de uma ardente vontade de ascensão, e devem cumprir uma função muito além do que se é usual. Caso contrário estarão mortas ao amanhecer.

Sem sinceridade não há intensidade no falar.
Sem intensidade no falar não se diz nada.
Sem dizer nada, tudo se desperdiça.
Todo desperdiço atrasa a evolução.

A sinceridade intensifica a fala que transmite os dizeres sagrados de forma simples, sem desperdiçar tempo, energia e conhecimento com coisas mundanas. Isso leva ao equilíbrio, que ecoa os dizeres: nem abuso, nem recusa: apenas uso. O equilíbrio nos mantêm na reta vertical ascensional, qualquer que seja o nível evolutivo em que nos encontremos, induzindo nosso Ser a evoluir, evoluir, evoluir...

Todos evoluem a seu tempo, a seu modo. Ninguém escapa à Lei, que funciona a longo prazo e dá ao ser liberdade de escolha nas causas, mas atrela-o às consequências da colheita logo após terem sido lançadas as sementes - sejam elas do amor ou do medo.

Transformou minha concepção de mundo.
Um dos grandes místicos do século XX.
Intuição que superou a razão...
Imortalizar-se é ir além das aparências. É atingir em vida um grau de percepção fora do comum, para libertar-se das amarras das misérias do mundo das aparências - que de tanto levarmos a sério acabamos nos tornando seus servos. Imortalizar-se é fundir-se ao momento, fazendo sua atividade com vontade, intensidade e finalidade. Vontade de ser mais amanhã do que ontem; intensidade para persistir e suportar as monumentais barreiras que se impõem; e finalidade para nos orientarmos em todas circunstâncias, sejam críticas ou suaves.

Já vi diante de meus olhos a atuação de uma Lei que ainda sou incapaz de explicar. Recusei o que o mundo aceita sem muito questionamento. E quanto mais me entrosava numa realidade pobre e autoritária, mais difícil era a recusa. Mas eu recusava. Recusava sinceramente. Nessa época comecei a imaginar como seria um outro mundo, com outra organização. Com outras finalidades. Com outra lógica. Uma lógica que plasmase um novo sistema, capaz de dar mais liberdade ao Ser - em seu mais amplo aspecto. Liberdade que nos desobrigasse a ser falsos para sobreviver, para garantir algo necessário. Liberdade para usarmos nosso tempo para desenvolver nossas potencialidades latentes. Liberdade para descobrir o que realmente é a Vida. Eis que começaram a surgir as ideias e todas teorias.

As ideias eram geradas porque eu arranhava os limites do mundo - seu teto - até as unhas sangrarem e os dedos gritarem de dor. E começava a brotar ideias e mais ideias, que se desdobravam em vários assuntos. Elas acabavam por tangenciar diversos aspectos da vida. Com elas apareceu, inexplicavelmente, uma vontade ímpar em transmiti-las. Não estudei nem planejei. Apenas comecei a descarregar as palavras num jato. Eis a gênese desse blog. Desde então eu me dedico a transmitir - mesmo que de forma pobre, com palavras - a Unidade atuando nas diversidades, e estas interagindo para chegar à aquela.

Vida é ilusão, é dor, é sofrimento, é transformação, é superação. Para se chegar a uma ilusão mais próxima da Realidade. E assim sucessivamente.

Nada quero. Tudo posso. 

A face do Cristo em Jesus é indescritível. Ela se revela
através de nossas reações a ela. Cada um de acordo com sua
natureza...
As palavras surgem à medida que estou pronto - assim como as portas da vida se abrem seguindo a mesma lógica. É de uma beleza indescritível. Ascensões humanas...

Assistir Ben-Hur após uma dilatação de consciência me encanta. E isso indica que estou no caminho certo..

Espero Ser melhor a cada dia.
Assim farei sempre mais e melhor.

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