quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Mergulhando na Substância. Tocando o Infinito. Amando o Fenômeno.

Analogia é uma identificação que podemos fazer entre fenômenos. Identificação substancial. Coisas podem ser incrivelmente diferentes em sua forma, mas revelam uma identidade perfeita se abstrairmos um tipo de lógica que leva a um comportamento.

Na aerodinâmica existe um tópico em que estudam-se os regimes de vôo - velocidades - relativas ao som. Basicamente temos três zonas: sub-sônica, trans-sônica, e super-sônica. A primeira expressa o comportamento para velocidades baixas, inferiores à do som numa dada condição, onde existe estabilidade. A segunda, ainda inferior ao som, expressa um comportamento muito diferente: vibrações começam a surgir, de modo crescente, evidenciando perturbações crescentes.

"O escoamento transônico não pode ser modelado por equações diferenciais parciais lineares, devido à presença de ondas de choque relativamente fortes sobre a superfície do corpo, constituindo-se em não-linearidades importantes." [1]

Não-linearidade indica um comportamento no qual é muito difícil estabelecer uma relação analítica entre entrada e saída (causa-efeito) de um corpo ou sistema. Isso significa que não é possível sistematizar - diagramas, leis, equações, lógicas - universais, de confiança, a ponto de prever o comportamento do mesmo dada uma condição inicial.

"Não linear refere-se a todas as estruturas que não apresentam um único sentido. Estrutura que apresenta múltiplos caminhos e destinos, desencadeando em múltiplos finais. Em Teoria Geral dos Sistemas diz-se que a não-linearidade é pressuposto de Sistemas Complexos e sua intricada rede leva a caminhos distintos e inimagináveis até mesmo para os criadores do sistema. " [2]

Multiplicidade indica imprevisibilidade. Para a razão humana ao menos. Esta se torna incapaz diante de um mundo sem linearidade. O máximo que nossa mente analítica consegue gerar é uma lógica que gerencie as incertezas em certas faixas. Modelos que pouco modelam. Análises pobres, com acertos limitados no tempo, no espaço e nas condições.

"Um sistema dinâmico não-linear é um sistema não pré-determinista, em que as implicações dos seus integrantes individualmente são aleatórias e não previsíveis. Estes sistemas evoluem no domínio do tempo com um comportamento desequilibrado e aperiódico, onde o seu estado futuro é extremamente dependente de seu estado atual, e pode ser mudado radicalmente a partir de pequenas mudanças no presente." [3]

"Pequenas mudanças no presente" são atos que aparentemente tem pouco impacto por serem de pequena magnitude. Uma certa informação, vazada num dado momento histórico, contida num certo contexto, de certa forma, pode alterar significativamente o curso dos acontecimentos, gerando uma onda global dificilmente prevista (pelos especialistas) ou mesmo vislumbrada (pelos intuitivos), cujas repercussões podem sair do controle das instituições mais poderosas. Isso já ocorreu antes. Provavelmente continuará a ocorrer. De outras formas. Mas parece que continuará, pois trata-se de fenômeno universal.

O único meio de atingir-se o Infinito é o Amor.
Amor humano. Amor místico.  Mas sempre o Amor.
Ao atingir Mach 1 [4], o corpo / sistema sofre um choque. Mas essa mudança não é sentida por aquele que transcende, apesar de tudo à sua volta ser inundado por um som altíssimo.

"Quando finalmente o avião alcança a velocidade sônica, segue-se um forte estrondo sonoro quando o avião excede Mach 1; a maior diferença de pressão passa para a frente da aeronave. Esta abrupta diferença de pressão é a chamada onda de choque, que estende-se da traseira à dianteira com uma forma de cone (chamado cone de Mach). Esta onda de choque causa o “boom sônico” que se ouve logo após a passagem do avião. O piloto da aeronave não consegue ouvir esse ruído. " [5]

A partir de então volta-se a um regime suave - porém diferente do anterior. Uma suavidade diferente, na qual o seu novo patamar (velocidade) é superior ao anterior. Mesma tranquilidade, diferente atuação. Já esmiucei esse tema em outro momento [6], com outro tipo de linguagem, mais poética. Agora abordo sob outro ponto de vista, mais formal, mais técnico.

Observando a mesma coisa sob vários ângulos, nos tornamos mais íntimos dos fenômenos, sentindo-nos tocados por eles no íntimo - e não apenas tocando-os intelectualmente. Isso é algo muito importante, que poderia ampliar nosso conhecimento (e aplicações), revelando uma realidade ainda desconhecida, que influencia a presente. Esse enfoque ainda não foi assimilado pela Ciência hodierna - porque não o reconhece. Nem sequer admite qualquer pesquisa que comece a apontar nesse campo. No entanto, o desenvolvimento do racionalismo culmina na extrapolação do materialismo, beirando fenômenos energéticos. Isso levou à descoberta da energia atômica no século XX. Estes, esmiuçados, levam-nos à fronteira do saber. Percebe-se que a energia é manifestação de um pensamento - poderíamos dizer, uma informação...algo imaterial. Nos aprofundando no estudo do mundo microscópico chegamos à fronteira material.imaterial:o átomo não é algo sólido, imutável. Sua "solidez" é construída pelo movimento dos elétrons a altíssimas velocidades, fornecendo a impenetrabilidade. A partir da energia cria-se uma realidade material. Indo mais à fundo vêem-se mundos ainda mais sutis. E com isso chega-se à Mecânica Quântica.

Em A Grande Síntese sentimos essa relação:

"Esses três modos de ser estão coligados por relações de derivação recíproca. Para tornar mais simples a exposição, reduziremos esses conceitos a símbolos. A idéia pura, o primeiro modo de ser do universo, a que chamaremos espírito, pensamento, Lei, que representaremos com a letra a (alfa); condensa-se e se materializa, revestindo-se com a forma de vontade, concentrando-se em energia, exteriorizando-se no movimento, segundo modo de ser que representaremos com a letra b (beta); num terceiro tempo, passamos (em virtude de mais profunda materialização ou condensação, ou exteriorização), ao modo de ser que denominamos matéria, ação, forma, isto é, o mundo de vossa realidade exterior, representaremos com a letra g (gama)." [7]

Pensamento -> Vontade -> Exteriorização

Princípio -> Movimento -> Estrutura

Espírito -> Energia -> Matéria

No momento atual ainda planejamos nossas vidas baseados na exteriorização ou forma. A vontade é uma força presente, mas que ainda não encontrou seu meio de potencialização. Temos-a em pouca quantidade, de tal forma que qualquer empecilho do mundo é capaz de barra-lá facilmente. E encontrar seres guiados pelo princípio (portanto conscientes disso) é raro, pois sua manifestação é de longo prazo. Isso implica em paciência, sem a qual é possível manter-se orientado.

É na catarse mística que se dá a sublimação do conhecimento. O verdadeiro místico unifica-se com a Realidade a tal grau que atinge um êxtase, glorificando tudo que existe no mundo em seu aspecto Real. Isto é, vibra-se de acordo com a unificação das múltiplas dualidades, sejam elas nas questões afetivas, sociais, políticas, científicas, orgânicas, artísticas, de comunicação, etc. Anula-se a si mesmo, integrando-se à Ordem do Universo. Huberto Rohden sintetiza:

"A erótica, que é a mística da carne, perpetua a imortalidade racial da humanidade - A mística, que é a erótica do espírito, realiza a imortalidade individual do homem." [8] 

Ubaldi revela tratar-se de uma nova forma de investigação, que excede os limites do intelecto, fundindo sujeito com objeto:

"É a evolução do espírito que traça e supera os limites do conhecimento, que diversamente o situa no seu progredir, até o ponto em que a unificação com a fonte de emanação, que encontramos no vértice do fenômeno místico, se torna também unificação dos divergentes aspectos, sob que se contempla o relativo, numa única verdade humanamente absoluta." [9]

"Evolução do espírito" é conscientização. É engrandecer sua individualidade com as dores da vida, do mundo, das ilusões que desvanecem e não deixam nada mais que o terreno árido e infértil das decepções, das dívidas, das mortes, das demissões, das explorações, das mutilações. Essa evolução se dá por meios de aproximações fantásticas, sem necessariamente basear-se nos estudos, nas análises. No entanto, ela pode fornecer combustível (vontade anormal) e preparo (afloramento da sensibilidade) para realização das mesmas. Da síntese (boas intenções) desce-se ao mundo da análise (explicações convincentes e práticas).

Ubaldi desenvolve a trajetória do ser humano em seus diversos graus. Inicia-se com o selvagem, que baseia suas ações naquilo que agrada seus sentidos - e que os mesmos captam. E à medida que caminha nas vastidões do tempo, desenvolve a racionalidade:

"Em mais avançado momento, a consciência, mais amadurecida, qual tem acontecido até hoje, no seio da civilização, quer dar-se conta do valor das próprias reações, procura e exige uma verdade menos aparente e mais substancial e vai ao encontro dos fenômenos, não mais exclusivamente com a fantasia do primitivo, mas com o olhar objetivo do observador. Tem, assim, aprendido a catalogar fatos, coordena-los segundo planos hipotéticos, e tenta compenetrar-se da lógica e fixar a lei de progressão dos fenômenos, para chegar a estabelecer gradualmente os princípios, cada vez mais abstratos e gerais, que regem o funcionamento orgânico do universo." [9]

Estamos na fase sequencial de raciocínio. Mas essa não mais é capaz de lidar com as angústias do homem. Angústias geradas por seus próprios inventos, frutos de seu desenvolvimento mental para satisfações materiais-psicológicas.

"Acontece agora, neste momento da evolução humana, uma renovação tal da consciência que
seus efeitos são incalculáveis no campo psicológico e merecem, pois, particular exame. Trata-se
de nova e autêntica técnica de pensamento, de completa reconstrução dos métodos de pesquisa e
de orientação científicas." [9]

À princípio pode-se argumentar sobre a índole subjetivista do autor, anulando todo o desenvolvimento de sua obra. No entanto, percebe-se que o instintivo e o intuitivo são idênticos na forma mas díspares em suas finalidades. Enquanto o primeiro se fixa nas qualidades já adquiridas, o segundo alça vôos para regiões desconhecidas. O primeiro e o segundo são instantâneos, não-pensados, mas pensantes. Mas as ideias advindas via intuição não são do SER, e sim de outras regiões. Trata-se de uma sensibilização nervosa que leva a uma capacidade de recepção de fenômenos sutis.

Detalhação do fenômeno místico vivenciado
pelo autor quando transcreveu A Grande
Síntese.
"Como pode a ciência racional opor-me, como defeito, a arbitrariedade do subjetivismo e suas bases intuitivas, quando ela mesma se funda sobre bases axiomáticas, igualmente intuitivas e arbitrárias, porque ainda passíveis de demonstração?" [9]

Ele transmite em palavras o que já senti intensamente e no entanto não fui capaz de exprimir condignamente:

"Deixada à parte a ciência utilitária, a verdadeira ciência, abstrata, filosófica, matemática, de conteúdo conceptual, volve e revolve, reincide e apoia-se toda sobre rudimentos de intuição. Intuições mínimas, mas seguras, somente porque garantidas pelo estender-se a grande número de pessoas. Ou intuições maiores, de gênios, videntes insulados, posteriormente desenvolvidas, analítica e racionalmente, pela cadeia do raciocínio." [9] 

Para atingir-se o verdadeiro conhecimento é preciso antes de tudo amar o fenômeno. Despreocupando-se com o tempo. Fundindo-se no presente momento com tal intensidade a ponto de anular-se a sequência temporal a qual estamos presos. Tudo se torna simultâneo. Aí reside a explicação lógica pela qual o tempo passa rápido quando fazemos algo que nos agrade, e que se arrasta caso estejamos fazendo algo por obrigação / imposição. Nessa última condição, nos vemos horrorizados com o momento presente, relembrando o passado e ansiando pelo futuro desesperadamente, de tal modo que o presente se torne inferno. E todo inferno é longo, doloroso e improdutivo.

Ubaldi reforça que o Objetivismo não é o ápice - e portanto - nem solução para os problemas do Ser (e da civilização), mas apenas um estágio a ser superado por algo mais potente: o Subjetivismo. Um Subjetivismo orientado, desenvolvido a partir das fronteiras do saber atual. Um Subjetivismo que vá muito além das reticências.

"Enquanto no método intuitivo, a consciência, fazendo-se humilde, mas sensível, logra transportar-se, por vias interiores, do seu íntimo à íntima essência dos fenômenos, com o método objetivo, a consciência, permanecendo autônoma e volitiva, suprime sua sensibilidade e sufoca a voz dos fenômenos, choca-se contra eles, sem neles penetrar, detendo-se à sua superfície, por forma que não toca senão aparências e ilusões." [9]

Em sua fase atual, nada resta à humanidade a não ser iniciar-se nesses caminhos. Já tentou-se isso antes, em pequena escala, por raríssimos indivíduos. Agora devemos absorver essas experiências, sentir a finitude de nossos métodos, e transformar-nos.


Referências
[1] http://breno.freeshell.org/Aer_ts.pdf
[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%A3o_linearidade
[3] https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_din%C3%A2mico_n%C3%A3o_linear
[4] Velocidade do som.
[5] https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%BAmero_de_Mach
[6] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2014/10/rompendo-barreira-do-som-espiritual.html
[7] UBALDI, P. Cap. 8, A Grande Sìntese, 1935
[8] ROHDEN, H. O Misticismo e o Erotismo.
[9] UBALDI, P. Cap. IV - A Catarse Mística e o Problema do Conhecimento. Ascese Mística


Artigo recomendado:
http://www.collective-evolution.com/2016/08/23/we-are-living-in-the-most-important-time-in-the-history-of-our-universe-delores-cannon-discusses-our-current-paradigm/


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EDUARDO MARINHO aponta para o Infinito




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DISCURSO MONISTA (Chaplin)



UM VÍDEO QUE REVELA
Muito além das religiões e do ateísmo. 



UNIDADE na DIVERSIDADE.



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