sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

O PROBLEMA INVISÍVEL E INSISTENTE

Ensaio de 2014

De nada vale o que é escrito aqui se não for minimamente vivenciado no sentir e no agir. A teoria, para ser elaborada conscientemente, deve se apoiar numa série de vivências. É necessário um longo período de constatações (anos ou décadas), acompanhadas por tentativas criativas de mudança, antes de colocarmos em pauta algumas causas de problemas fundamentais e enumerarmos possíveis soluções. Estas devem ser criativas o suficiente para integrar. Esse é um trabalho individual, solitário e não perceptível.

Anteriormente, em outro texto, eu tangenciei alguns aspectos da teoria esboçada por Ubaldi a respeito de nossa queda no Anti-Sistema (AS), o mundo da matéria, no qual a realidade do espírito é declarada uma ilusão infantil, enquanto a matéria (os bens, o dinheiro, o corpo, os títulos) é a realidade que conduz ao triunfo. É com uma visão desse tipo que a humanidade, em sua esmagadora maioria, adota religiosamente uma forma mental que colima numa série de comportamentos e condutas semelhantes em substância – apesar de grande variabilidade na forma.

Libertação é iniciada pela Conscientização.
Segurança é iniciada pela Conscientização.
Consciência traz liberdade segura, sem desequilíbrios,
 e segurança livre, sem amarras. 
A dinamicidade horizontal buscada pela massa de seres presos ao campo gravitacional do AS cria uma ilusão de evolução que é confortável acreditar. E ao mesmo tempo confiamos nelas, vendo nossos semelhantes adotarem as mesmas atitudes – cada qual do seu meodo – e declararem que se sentem transformados (será?). Além disso, eles “vencem”, mas apenas por fora. Por dentro a guerra continua no mesmo nível – ou até abaixo – antes dessa pseudo-vitória. Trata-se de mudanças que não trabalham a substância do ser. Apenas alteram a sua forma. E como em nosso plano encaramos forma como substância, nos declaramos vencedores de nós mesmos. Isso significa que a ilusão da matéria venceu a realidade do espírito.

É preciso ter muita coragem para adotar uma nova postura de vida. Quem se arriscaria em seguir sua consciência durante anos e décadas, restringindo seu meio social, oportunidades afetivas e profissionais, sem garantias de retorno à curto prazo? No entanto surgem na Terra biótipos 'à la' Sócrates, Arquimedes, São Francisco, Cristo, Kant, Beethoven, e por aí vai, que parecem edificar um edifício invisível cuja magnificência sempre sonda e aconselha as mentes mais perdidas e sinceras em busca de uma real solução aos problemas. Mentes que já tentaram os caminhos práticos e fáceis sem nada conseguir de efetivo.

Nós, com toda informação e tecnologia, não somos capazes de trabalhar a própria substância (e a adjacente). Isso se traduz na falta de vontade em tratar de assuntos delicados e/ou polêmicos. É sensato fugir do diálogo profundo, sincero e laborioso, e partir em busca de alguém mentalmente mais próximo para reafirmarmos nosso modo de vida. E assim tudo caminha suavemente – e estaticamente...

A fronteira imposta pela sociedade através das normas de conduta tornam escandaloso o investigador da alma. No entanto essa mesma sociedade anseia secretamente e fervorosamente por um novo modo de vida, baseado em novas relações e oportunidades, sem as quais o mundo poderá ter a paz tão desejada. Como solucionar algo sem abrir a mente para novas formas de ver, sentir e pensar?

O risco é grande. Mas quem já percebeu e analisou tudo cuidadosamente, adotando múltiplos pontos de vista, começa a ganhar um ímpeto. Este é elevado ao quadrado com a aquisição de experiência, adquirida dolorosamente com os choques de mentalidades que não se comunicam. Uma percebe os acontecimentos globalmente e busca diálogo. A outra percebe os mesmos localmente e tende a se entrincheirar.

À medida que a marcha do progresso avança por terrenos inimagináveis,
Revelam-se os contextos que nos fazem - cada vez mais - olhar para dentro.
Dentro de nós, dentro de tudo.
E assim escutar a sinfonia da vida, que de tempos em tempos clama
por uma evolução que rompa os véus dos velhos paradigmas.
O fracasso em (não) transformarmos nós mesmos e nosso entorno ao longo dos anos reside no excesso de medo. Por medirmos tudo em curto prazo, as humilhações aparentes e momentâneas são ampliadas (negativismo cresce quantitativamente) e pioradas (negativismo cresce qualitativamente), dando uma sensação de que a melhor maneira de lidar com a vida é adotar uma astúcia hiper-maquiada e amenizar vícios buscando outros vícios. Inicia-se assim uma ciclagem que dá uma falsa sensação de melhora.

Um choque de idéias bem conduzido – sem preconceitos e visando um eixo diretor comum...a evolução – é temeroso a princípio. Mas se as partes forem sensatas e sentirem a boa intenção dos outros a gênese dos laços espirituais se inicia. Pura emoção. Emoção subterrânea, sólida e restauradora da crença em si mesmo e no universo ao redor.

Todo esse ciclo não é mera abstração que o autor busca imprimir na mente de seus leitores. Cada palavra e sensação trazida por ela é a transmissão de uma vivência recente. Um caso vivido, temido (à princípio) e praticado, até suas últimas consequências. Com a crença de que estando na verdade e num ambiente receptivo à evolução nada poderia acontecer de mal. E assim sucedeu.

Eis o caminho da dinamicidade vertical. Um caminho de subida rumo ao Sistema (S). De depuração material através da conexão espiritual. É mais estreito? É. É mais trabalhoso? É. É demorado? É. Você será reconhecido pelos métodos avaliativos deste mundo? Não. Vale a pena? SIM. Por que? Simplesmente pelo fato de isso trazer libertação. E ela é só o início de um longo processo que jamais deve estacionar. Até atingirmos a espiritualidade absoluta e nos fundirmos com o S.

Quando (quase) tudo está engessado por uma forma mental predominante de dinamicidade horizontal, qualquer atitude de autoconhecimento será encarada como perturbação.

Mas (felizmente) idéias não morrem. Apenas são ignoradas pela ignorância, sendo recorridas assim que o anseio por evolução se torna irresistível. 

Será que nós, humanidade, estamos perto de atingir tal anseio?

Link interessante:
https://portal2013br.wordpress.com/2016/06/09/4-metodos-que-o-sistema-usa-para-tentar-bloquear-o-nosso-despertar/


sábado, 24 de dezembro de 2016

Uma Observação

Extraído de um iluminado (UBALDI, P.)

"Antigamente, as revoltas dos subalternos eram todas ilegítimas, porque era inconcebível que eles tivessem direitos. 
Isto produziu um inevitável estado de desconfiança, sobretudo por parte dos dependentes em relação aos dirigentes. 
Por isso não existe colaboração entre os dois extremos, mas sim um antagonismo dificilmente sanável. 
Pudemos observar na Europa casos em que o velho instinto de revolta do servo contra o patrão  voltando à tona  induziu os primeiros a não aceitarem propostas para sua própria vantagem, oferecidas a eles por patrões inteligentes. 
Estes as ofereciam porque tinham compreendido que, nos próximos anos, ver-se-iam constrangidos a concedê-las à força. Então, antecipando os tempos, tinham decidido oferecê-las por sua espontânea vontade, em vista de seu interesse futuro 

A vantagem, para eles, consistia em assegurar à sua própria indústria um longo período de paz, o que significa uma produção maior e portanto uma utilidade maior, pelo fato de eliminar a dispersão de energias provocada pela luta, associada a greves, vandalismos, sabotagens, escasso rendimento de trabalho, discussões com sindicatos etc. As concessões queriam prevenir tudo isso e os consequentes prejuízos, procurando resolver o problema da violência através da eliminação de suas respectivas causas, para instaurar assim um regime de justiça. É seguindo este exemplo que os dirigentes demonstram ter compreendido o quão mais conveniente é darem prova de justiça e generosidade  concedendo aos seus dirigidos espontaneamente aquilo que estes, mais tarde, conseguiriam pela força  do que continuarem a explorá-los e a oprimi-los. 


Pois bem, nestes casos pudemos observar que os dirigidos recusaram estas pacíficas ofertas, realmente vantajosas para eles, preferindo palmilhar o método da ofensiva e da sucessiva extorsão pela violência. 

Isto porque foram induzidos pelo seu instinto, fruto de longa experiência no passado, a desconfiar da oferta, que foi interpretada então como uma enganosa armadilha. 


Este instinto os leva, portanto, a não aceitar tal proposta, porque eles acreditam que, somente conseguirão algo de verdade extorquindo-o pela força. 

Nem é possível se esperar uma atitude diferente de indivíduos habituados a desconfiar durante milênios. 

Até ontem, os servos nem sequer conheciam quais eram os seus direitos. Sabiam apenas que o mais forte os tinha todos e que o mais fraco não tinha direito algum, sendo qualquer reclamação sua julgada e punida como uma revolta."

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O Social deve liderar o Capital. Não o contrário.

Para despertar...



Adiciono o último pronunciamento de Noam Chomsky a respeito do quadro geopolítico atual.

A meu ver, trata-se do diagnóstico mais maduro e realista de nossos tempos. Pode-se dizer que o homem é um dos profetas de nossos tempos. Um profeta não mais místico, mas lógico-intuitivo. Realiza um trabalho incansável, persistente e paciente, para alertar o mundo sobre o estado atual - em todas esferas.

 Infelizmente o poder continua se comportando - em larga medida - da mesma forma que se comportava na época dos profetas místicos: ignorando-os.



O bom-senso é a única coisa que pode auxiliar a nossa espécie nesse momento histórico. A sorte já foi lançada. Resta nos prepararmos para um futuro completamente diferente do que imaginamos. Um futuro imprevisível, mas que sempre pode ser melhorado aqui e agora, no presente, para que lá na frente um trabalho de reerguimento possa ser menos árduo, e nossa civilização possa realmente vir a ser o que sempre colocou nas leis e princípios, no dia-a-dia.




domingo, 4 de dezembro de 2016

Religião do Futuro: Científica e Unitária

Ser religiosamente científico e cientificamente religioso.

Ser religiosamente científico até as fronteiras do nosso mundo.
Ser cientificamente religioso ao caminhar além das fronteiras de nosso mundo.

O dualismo oferece um progresso lento. São choques intermináveis. Contrapontos. Vive-se em contrassenso. O monismo - uma vez alcançado - dá o Caminho Direto. Mas este engloba aquele. Sempre está guiando os choques. Se tomarmos consciência dessa força que guia no caos, ordenando-o, poderemos entrar em sintonia com ela.

A ideia é simples: a ignorância age com força e rapidez insuperáveis em nosso mundo, esmagando o bom senso, a reflexão, a vida. Ela está encerrada no espaço-tempo, e portanto possui pressa. A sapiência age de outra forma: ela compreende o passado, absorve as complexidades do presente - com suas contradições - e se projeta no futuro. Se projeta sem meramente repetir o antes, ipsis literis. Há semelhanças, mas mudanças substanciais que preparam a humanidade para ascensões em todos níveis e esferas. A sapiência age quase sempre lentamente - às vezes rapidamente. Não é prisioneira do espaço-tempo. Engloba-o com a consciência. Consciência que dá paz. Paz que possibilita acúmulo de energia.

Há pouco a se fazer enquanto a massa crítica não se forma. Resta nos alimentarmos com o alimento sólido vindo das altas correntes de pensamento*. E tentarmos nos melhorar dentro de nossas vidas cotidianas, olhando para nós mesmos. Nos ouvindo e trabalhando 24 h por dia para nos tornarmos seres mais coerentes, capazes e pacientes.

O vídeo abaixo dá uma ideia do que realmente se trata:


Tudo aponta para a necessidade de despertarmos a consciência num certo grau - o que é muito trabalhoso!

Sem isso não seremos capazes de continuar.

Quanto ao nosso modo de vida presente, há uma má notícia: segundo Dennis Meadows não há mais tempo para revertermos as catástrofes ambientais (e o combo que vem junto: catástrofe social, econômica, cultural, existencial, etc,...algumas já se revelando) que semeamos nas últimas décadas, com nosso modelo de "desenvolvimento" baseado em crescimento físico exponencial, tendo o consumo como meta absoluta d vida. Isso é muito triste se paramos para refletir bem.

https://www.youtube.com/watch?v=zmjG7tBL_Dg

Se o diagnóstico for correto, resta focarmos nossa mente em aprender a viver de forma mais simples e começar a ter um modo de vida adequado a uma Era de Reconstrução (material, mas, sobretudo, Interior). Uma Era longa, muito longa - à perder de vista. Aí teremos chance de nos reformarmos.


* Ver UBALDI, P.; ROHDEN, H.