sábado, 19 de agosto de 2017

Telefinalismo

Existe uma função para tudo. Cada coisa do Universo, desde dos elementos atômicos aos anjos, possuem uma determinada finalidade. Quando se trata de entidades sem poder de decisão (livre-arbítrio, liberdade), dizemos que ele possui uma função. Tijolos, paredes, pontes, carros, estradas, computadores, dinheiro, roupas,...e mesmo animais. Quando se trata de seres com grau de consciência capaz de começar a refletir sobre sua própria existência, sobre a finalidade de tudo, sobre a gênese das mazelas, sobre a natureza do bem e do mal, sobre o processo evolutivo (que vai muito além daquele teorizado na superfície orgânica), temos um propósito. No fundo é a mesma coisa. No 1º caso, numa forma determinística. No 2º, numa forma livre, elaborada. Inicialmente caótica. Posteriormente ordenada. Finalmente harmônica.

É interessante constatar diversos acontecimentos ao longo do tempo. A evolução das personalidades. A que podemos ver mais detalhadamente sem dúvida é a nossa própria. Mas poucos tem a paciência de compreender como se transforma um ser humano: entidade viva, conscientizável, em busca de mais liberdade - no sentido mais amplo do termo. É disso que se trata. Só isso. Tudo isso.Porque isso engloba tudo e todos. Em todos momentos, em todos lugares, de todas as formas, por um motivo: evoluir. O objetivo da vida - aqui e do outro lado.

Qual é o problema? É não agirmos conscientemente orientados por esse princípio. Isso torna a subida mais lenta, as dores menos eficazes. O uso dessas é de baixa intensidade. A reação a elas (dores) é direcionada para os lugares errados - consumo conspícuo, trabalho alienado. Deve-se eliminar o primeiro e transformar o segundo: consumo necessário e trabalho evolutivo. E precisamos lembrar que emprego não é trabalho - e vice-versa. Todos esses conceitos estão sendo introduzidos por seres iluminados com algum grau de alcance nos meios de comunicação, iniciando um trabalho de semeadura que leva certo tempo para começar a florescer de forma autônoma e inteligente, em pontos diversos - chegaremos lá.

Muitos se perguntam "o que eu, pouco influente, sem poder político e econômico, com pouco tempo, posso fazer diante dos problemas - cada vez mais insuportáveis - do mundo?" . Eu digo: tentar escutar coisas que, à primeira vista, pareçam absurdas e perigosas, mas que, se perseverarmos na escuta e regarmos o que colhermos com reflexão, teremos o início do pensamento. E isso é muito, se muitos estiverem com essa orientação. Deve-se desprender de tendências coletivas para buscar ouvir o que a nossa consciência diz, no fundo, de forma sutil - quase imperceptível - e tremendamente elegante. Desenvolver uma antena que possuímos mas até hoje não foi usada para construir no campo da ética e moral - e conduzir no campo das ciências e tecnologias. Sensibilização biológica. Substancial. Efetiva.

Os eventos se ligam através de relações muito sutis. Observamos o comportamento de estruturas - físicas ou mentais. Mas fazemos isso apenas na superfície, com uma psicologia de efeitos que ligam a possíveis causas, que não sabemos explicar - com a mentalidade atual. 

Podemos esboçar uma síntese dos sistemas. Eles possuem três atributos: elementos, interconexões e propósito.

  • Os elementos estão para os processos da Ciência e a Tecnologia;
  • As interconexões estão para a visão Sistêmica;
  • O propósito está para a vivência Filosófica-Teológica.

É uma subida lenta e firme, se observarmos bem. 

A humanidade parece ter chegado ao ápice do desenvolvimento a nível de ciência e tecnologia do ponto de vista racional-analítico. Para continuar seu desenvolvimento, deve saber se submeter a uma lógica maior: a sistêmica, pautada pelas interconexões. É nessa ligação (1º com 2º nível) que as humanidades passarão a ter papel efetivamente transformador, criando uma "tecnologia humana" da mesma forma que as ciências naturais possibilitaram a explosão tecnológica dos séculos XIX e XX. 

A vivência do 3º nível não implica no estudo pormenorizado das filosofias e religiões. Trata-se de algo mais abrangente e - particularmente - profundo, de cunho íntimo, que pode ser potenciado pela erudição - mas não atingido por ela. Apoia, mas não é imprescindível.  

"A letra mata. O espírito vivifica."  [Paulo de Tarso]

As coisas mais importantes começam a ser tratadas por alguns. Para que cheguemos às coisas "sérias" de forma orientada. Essa é a glória de nossos tempos: início do 3º milênio. Destruição do homem antigo. Gênese do homem novo. Parto cheio de dores. Dores indescritíveis. Dores que matam, agitam, inquietam, desesperam e ardem desesperadamente. Para os grandes, dores que, além disso, elevam os sentimentos ao vértice da paixão; a mente ao vértice do pensamento; a alma à unificação com Deus. E assim criam novas formas de vida. 

Precisamos de grandes números para transformar o mundo de forma efetiva. Mas só necessitamos de nós mesmos para nos libertarmos das dores mais agudas. Esse é o pontapé inicial. Uma onda coletiva arrastada pela condução da própria consciência. 

Me libertei de um local por crer ardorosamente que aquele modo de vida estava me impedindo de trabalhar e crescer. Todas alternativas foram vistas para tentar encontrar uma finalidade para aquele modo de vida. Não aceitei o que se apresentava à minha frente. Quando fui punido por isso (revelar consciência), nenhum ato de desespero. O tempo passou e a calma imperou. Aceitei o meu destino, fosse qual fosse, com leveza de consciência e firme convicção. Sintonizei com o conto da vida, buscando refletir sobre os últimos anos. E engrenagens poderosas começaram a operar...

Á medida que executava as atividades e vivia minha vida, diversos fenômenos foram se alinhando de forma a me auxiliar. Claro, eu deveria me esforçar e manter a paz interior. Sem desespero. Sem expectativa. Apenas a sensação de estar seguindo uma trajetória. Construindo seu destino - fosse ele qual fosse. E assim, dia após dia, mês após mês, chegou a tão esperada Salvação. Em duas partes complementares: um humano-afetivo, outro econômico-profissional. Não teria sentido receber uma sem a outra. 

Mutos não admitem a existência de fenômenos que são incapazes de explicar - ou ao menos ver. Mas eu digo: eles atuam incessantemente para quem tem merecimento e sinceridade na alma. 

Mas tudo isso impõe uma responsabilidade enorme sobre o ser. Tudo tem uma finalidade. 

Depois de um período de incerteza e desânimo, meu doutorado segue. As ideias para mais cursos começam a ficar mais claras em minha cabeça - coisas que estão por aí mas nunca foram reunidas, difundidas e trabalhadas intensamente. Tão simples, tão difícil...

O espírito sempre está em atividade. Especialmente aqueles que se desconectaram de grande parte das coisas do mundo. Eles precisam buscar mais do Alto, ver mais longe. 

Continuo constatando e buscando.

Convido a humanidade a fazê-lo também - cada um do seu modo, no seu tempo.

2 comentários:

  1. Caro Amigo,

    Estava lendo A Grande Batalha, quando resolvi pesquisar na internet alguns significados sobre o termo "telefinalismo", por ser citado em diversos momentos nas obras de Ubaldi, e eis que me deparo com seu texto. A similaridade das tuas palavras com o pensamento do Prof. Ubaldi é impressionante. A vida é um eterno vir-à-ser; é transformismo fenomênico, e a dor é um grande instrumento de evolução. Sem ela, o que nos faria movermo-nos atrás das respostas para as Grandes Perguntas (de onde viemos, para onde vamos, o que somos, qual é a finalidade da vida, da existência)?

    Parabéns pelo doutorado.


    Fred.

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    1. Querido Fred,

      Essa similaridade pode ser explicada por uma intensa sintonia que senti (sinto) ao ler as palavras do Ubaldi. Sou influenciado por ele, mas ao mesmo tempo os conceitos que despejo saem de meu íntimo de forma natural, sem planejamento prévio.

      Fico contente por você estar entrando em contato com essa obra tão vasta e profunda. Confirmá-lá através da vida é o mais belo.

      Obrigado pelas felicitações.

      Abraços fraternos.

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