sexta-feira, 25 de maio de 2018

Cap. 7 a 9 - Constituição e Telefinalismo do Universo

O Universo é um todo que pode ser percebido em três aspectos essenciais: como estrutura ou forma (matéria); como movimento ou vir-a-ser (energia); como princípio ou lei (espírito). Daí se segue que todos eles são contíguos e se inter-relacionam através de transformações, seja no sentido evolutivo, da matéria ao espírito, quanto no involutivo, do espírito à matéria. 

Esses três aspectos diferentes (na forma) de ser são denominados de estático, dinâmico e mecânico

"O aspecto estático nos mostra o universo em sua estrutura e forma; o aspecto dinâmico, em seu movimento e vir-a-ser; o aspecto mecânico, em seu princípio e em sua lei. Mas esses aspectos são somente pontos de vista diferentes do mesmo fenômeno. Os três coexistem sempre, em toda parte, e os encontramos conexos." AGS, Cap. VII

O "fenômeno" é Ômega, ou Deus. Por serem manifestações de algo além de sua abrangência, são coordenados por essa força que tudo rege. Assim explica-se que de um ponto de vista universal, tudo é ordem. Estar conceptualmente acima das barreiras do mudo sensório e da mente garante domínio sobre os sentidos e o pensamento, garantindo a orientação na vida.

"Se podeis mover-vos, agir e conseguir qualquer resultado, é porque tudo em torno de vós se move com ordem, de acordo com uma lei, e nessa lei tendes sempre confiança, porque só ela vos garante a constância dos efeitos e das reações." AGS, Cap. VII

Tudo que fazemos é baseado nessa confiança. Somos movidos baseados pelo que conhecemos. Nossas metas e nossos atos são restritos e balizados pelo conhecimento próprio do universo. Não apenas o físico, desde as nebulosas aos átomos, mas igualmente às formas de vida, relações, culturas até ao campo moral. Esse conjunto que conhecemos por 'universo' engloba o tangível e o intangível, o determinístico e o livre. É o que é em termos sensíveis e no pensamento. 

O que não tem preço está além das quantificações humanas.
Por estar em outro plano, não exige recompensa. É graça
na contemplação. É glória na conquista.
Toda desordem está contida numa ordem maior, de forma que o caos só ganha tal denominação para as mentes presas ao mesmo plano no qual aquele se manifesta. Quem ascende em consciência vê o determinismo maior que guia as caóticas vias e vidas humanas, repletas de tentativas e erros - o método de aprendizagem típico do plano racional-analítico, que tateia num mundo de fenômenos vistos de forma isolada. Nossa ciência ainda caminha para a fusão entre infra-humana e humana, que colimará na aceitação do supra-humano. Assim a divisão entre mundo natural e mundo humano será menos demarcada por convenções que satisfaçam egos de estudiosos e interesses de grupos, e mais vista como uma simples ferramenta para compreensão instantânea de uma mente (ainda) limitada. As religiões serão permeadas do monismo, que não apenas vê unidade mas permeabilidade total de Deus no universo. Um Deus imaterial, não-manifesto, além do bem e do mal, além das relatividades humanas, que no entanto se manifesta nelas e usa ora uma oura outra para nos aproximar cada vez mais do absoluto. 

"A ordem, vo-lo disse, não é rígida, mas apresenta espaços elásticos, contém subdivisões de desordem, imperfeição, complica-se em reações, mas permanece ordem e lei no conjunto, no absoluto." AGS, Cap. VII

A elasticidade da Lei não é fraqueza, porém respeito às criaturas. Respeito é a prática de atitude que evidencia o Amor. Entre o determinismo da Lei divina e o livre-arbítrio humano existe uma arena de experimentações fantástica que nos deixa completamente perplexos. É aí que o humano se vê diante de um abismo. Pouquíssimos ousam avançar, percebendo pontos de apoio. São os construtores da via mestra. Ousam inteligentemente. Suam e sangram. Choram e gritam. Mas que belo grito! E que choro doce! É a melodia da dor que se transmuta em experiência interior - conquista apenas individual. É a glória despercebida. É o tesouro inalcançável por quem se nega a subir de plano. 

Quem não vê riqueza nos valores internos não irá reconhecê-los. Enquanto estes forem vistos como um mero objeto de uso, elogio ou agradável admiração, o tempo é perdido e a dor se intensificará. Aquele que ascende deve ser o alerta que nos obriga constantemente a seguir o caminho. Admiração silenciosa, trabalho discreto e potente. 

Glorificar não é fazer ruídos exteriores e criar eventos enfastiantes, mas enxergar a própria alma no espelho da vida e seguir a consciência sem se afetar pelo ambiente. É viver de acordo com princípios superiores, que só mostram os frutos após muitos anos e decênios. 

Resumidamente temos que:

Matéria pode ser denominada ação, estrutura ou forma.

Energia pode ser denominada vontade, movimento ou vir-a-ser.

Espírito pode ser denominado pensamento, princípio ou lei.

São três aspectos do nosso universo trifásico. De cada um deles podemos obter vários constituintes. Da tabela periódica sabemos dos múltiplos elementos fundamentais (átomos), que se agregam e moléculas. Dos tipos de comprimentos de onda sabemos as diversas manifestações energéticas (luz, calor, eletricidade, som, gravitação,...). Das leis que determinam as relações entre o mundo biofísico e humano temos uma ideia do que é a lei. Estamos descobrindo cada vez mais a natureza dos elementos, chegando a perceber na especificidade dos estudos a ponte que une as manifestações da substância. Assim se progride, assim se encanta. 

"O universo resulta constituído por uma grande onda que de α, o espírito (puro pensamento, a Lei, que é Deus), caminha num devenir contínuo, movi-mento feito de energia e vontade (β), para atingir seu último termo, γ, a matéria, a forma. Dando ao sinal “→” o sentido de “vai para”, poderemos dizer: α→β→γ." AGS, Cap. VIII, A Lei

A Voz usa três letras para denominar cada fase. E mostra o primeiro semi-ciclo, que vai do pensamento à sua materialização. Posteriormente diz que nosso universo, no seu conjunto, está em sua fase evolutiva, ou seja, γ→β→α

Estamos em trajetória ascensional, demandando pelo reequilíbrio da descida involutiva. É a segunda onda (evolução, ou espiritualização da matéria), compensadora da primeira (involução, ou materialização do espírito). Toda atitude humana alinhada com esse grande progredir universal tende a se tornar referência dos séculos e inspiração das mentes e corações. 

"A segunda onda, de regresso, é a que vos interessa e viveis agora, refere-se à evolução da matéria até às formas orgânicas, à origem da vida; com a vida, tem-se a conquista de uma consciência cada vez mais ampla, até à visão do Absoluto. É a fase de regresso da matéria, que, por meio da ação, da luta, da dor, reencontra o espírito e volta à ideia pura, despojando-se, pouco a pouco, de todas as cascas da forma." AGS, Cap. VIII, A Lei

Todo transformismo orbita em torno do eixo diretor da
evolução. Deus é o centro que tudo atrai e coordena. 
Após estabelecer esse quadro universal, desconcertante para a (imensa) maioria das mentes, presas ao imediado dos seus problemas profissionais e ao lufa-lufa cotidiano de sensações, Sua Voz finca o "pé" em nosso mundo concreto, antecipando a descoberta da energia atômica, isto é, o meio adequado de se converter matéria em energia (γ→β).

"Estas simples indicações já esboçam a solução de muitos problemas científicos, como o da constituição da matéria, ou como o da possibilidade de, por desagregação, extrair dela, à semelhança de imenso reservatório, a energia, que não seria senão a passagem de γ→β. A energia atômica que procurais existe, e a encontrareis.AGS, Cap. VIII, A Lei

Isso foi escrito em 1932 - seis anos antes da descoberta, por Otto Hahn e Fritz Straßmann, em Berlim [1].

A Grande Equação da Substância é a ilustração simbólica desse ciclo involução-evolução. É um ciclo que orbita em torno do Todo (Ômega), em várias escalas que se ordenam em escalas maiores, e assim por diante. O movimento menor é regido pelo maior. Cada queda aponta para uma ascensão. Cada pico atingido requer uma queda para assimilação. Isso será retomado adiante.

Referências:
[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_nuclear

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