quarta-feira, 13 de junho de 2018

Como mensurar o valor?

Riqueza é algo muito mais amplo do que se imagina. Ela não é apenas possuir muitos bens; Não se restringe tampouco a possuir uma renda alta; Vai além de ter uma empregabilidade de dar inveja; É mais do que possuir um currículo que atrai o mercado; Está além de possuir acesso a bens e serviços básicos (públicos), como saúde, educação e segurança; É algo que começa a ser compreendido com uma vida mais plena de significado. Assim percebe-se que independe do país em que se mora, do grau de escolaridade, do tipo físico, do meio, das influências culturais. Apesar disso, esses fatores influenciam muito no destino do indivíduo. 

A percepção mais apurada do cosmos dá uma sensação de paz que nenhum artifício humano seja capaz de dar. É a sabedoria a verdadeira riqueza. Dificilmente mensurável por ferramentas e métodos relativos, que apenas detectam coisas do mundo. A sabedoria escapa-lhes, pois ela opera a partir de outros pontos de apoio e situa a meta da vida em outras regiões. Como mensurar esse valor supremo? 

Não podemos. No entanto é possível ter uma ideia do que se trata. Basta observar o modo como algumas pessoas conduzem suas vidas. Se for de modo refletido, sem se abalar ou animar por opiniões, "conselhos" e tendências do meio, será uma ascensão em que o produto final de cada ciclo é sempre paz maior, pelo melhor caminho possível. Se for irrefletida, deixando-se guiar pelo ego corpo-mente-emoções, será um caminho sem grandes dores de cabeças subjetivas, gozos objetivos porém momentâneos, mas cujo fim é sempre ter se chegado a um desgaste desnecessário. Têm-se a sensação de tempo desperdiçado, vida desperdiçada, oportunidade desperdiçada...Essa percepção leva anos para vir à tona. Quando vem, é tarde, e só resta ao ser amargura e (no pior do caso) desespero. Mas sempre sente-se a perda.

"Afeto não se mendiga". Ele é suprema riqueza. Além do
mérito. Livre do medo. Inteligência suprema. Intuição. 
A grande astúcia da humanidade é esconder a questão, de modo a não enfrentá-la com cara e coragem. Por essa via navegam bilhões. Com sucessos relativos e fins amargos. A inversão desse modelo mental é suicídio num mundo desprovido de proteção social e compreensão afetiva. No entanto alguns o seguem.

Tendo exaurido as possibilidades do mundo (fama, riqueza, sexo, droga e prazeres diversos), pessoas se conscientizam e começam a trilhar rumos diferentes [1,2]. Mudam de orientação. O vetor passa a apontar para outro sentido, com pequena intensidade - o que já é algo impressionante para o mundo, que vê mais os efeitos superficiais e formas de se divertir com isso do que um alerta para o despertar. Isso é verdadeiramente mágico para quem o vivencia.

Experiências místicas são vividas em vários graus. É uma experiência comum da espécie humana. Acessível a todos que estejam dispostos a sacrificar seu eu humano para um eu superior, universal, que não se identifique com seu corpo e nome e títulos e endereços. No entanto é difícil iniciar essa jornada interior - o meio dificulta, apesar de intimamente ansiar, pois sente que nesse mistério abissal reside as chaves da paz e do progresso.

A tristeza é o que nos coloca em contato
com nosso Eu superior. Ela não é ruim.
Ela deve apenas ser bem encarada, bem
trabalhada. Assim renascemos das
"cinzas". Essa é a ressurreição tal qual
Cristo nos revelou.
Perceber o que lhe ocorreu é difícil, uma vez que a memória é curta (anti-retrospectiva histórica) e fragmentam-se os acontecimentos e conceitos. Tudo se esquece ou se confunde. Resta fumaça e dúvida. Atribuímos as grandes viradas da nossa vida à sorte ou ao azar. Sempre é uma questão do acaso. Tudo que extrapola os limites de nossas capacidades é relegado ao caos que operou a nosso favor. É o que alguns denominam mistério. Aqueles que começam a sentir algo a mais em eventos que se executam ordenadamente, contra todas as possibilidades e forças do mundo. Esse mistério dá vertigens mas encanta, pois é nele que se sente a presença de um imponderável que guia todos os ponderáveis. De uma unidade que harmoniza no plano geral, criando uma ordem sempre mais alta, enquanto nós, pobres criaturas presas à razão analítica-empírica, julgamos poder ter controle sobre as forças da vida.

É nossa ignorância de uma lei superior que nos faz desobedecer constantemente princípios universais. E assim mergulhar em banhos de dor individuais e coletivos. Quem já percebeu se cala e se alinha ao esquema geral do universo. Os fenômenos já lhe falaram. O ser captou a harmonia da física nas ondas do oceano e nos vendavais do céu; já percebeu o maravilhoso dinamismo da diversidade na fauna e na flora, desde seu jardim até as grandes florestas, desertos, mares, montanhas e vales; já percebeu o porquê da gênese das organizações humanas, com seus paradigmas e sistemas; explicou o porquê das religiões e sua evolução; sentiu a divindade na arte; tocou nos mistérios da vida vivendo reta e sinceramente, independentemente dos resultados humanos. Sentiu Deus em todos momentos. Se fundiu à sua vontade. Não é possível recuar, por mais prazeroso que pareça. Sofre-se sim. Mas sofre-se cantando um cântico de rouxinol. Sofre-se diversamente, fazendo uso da dor para mergulhar mais à fundo na questão universal, da vida. Para valorizar cada vez mais o que o mundo atropela e ignora. Assim fica-se rico, pois vê se a riqueza onde as massas humanas - seja elite, classe média ou povo - nada veem. Pisam e passam sem dar a mínima atenção.

Esse bebê não transmite medo. É lindo.
Eleacaba de vir de uma região (de
consciência) em que a vida possui
menos atrito. Sua involução é o que
o faz retornar. E assim será até o dia
em que atingir a iluminação.
Como é possível mensurar aquilo que sequer admitimos como real? Aqui que não é vivido?

Até hoje o Evangelho foi apenas difundido em discurso. Pouquíssimo foi praticado. Pouquíssimo compreendido. 

Quanto mais vivo mais constato e mais compreendo os automatismos humanos. O interesse de alguns vai apenas até a fronteira de sua zona de conforto, seus rituais, seu sistema de valores e crenças. Fala-se, "eu vou", "eu quero", "quero saber mais", mas sempre a execução efetiva da palavra é adiada para uma data incerta e inexistente. Dá-se a atenção suficiente para não mostrar essa realidade. Mas nada além, pois não adianta depositar expectativas naqueles que ainda não estão prontos para atravessar o portal do auto-conhecimento. As pessoas têm necessidade de passar por suas experiências pessoais. Têm necessidade de sentir que os métodos do mundo tem um fim, e que este se apresenta como amargura e desilusão. Uma sensação de vazio. A duração é longa - portanto se você começa a perceber uma realidade mais profunda, não coloque suas expectativas na superfície, apenas viva a sua profundidade. 

Devemos cuidar dos outros primeiramente cuidando de nós mesmos. É a lei da fome e do amor que Ubaldi cita. Após termos o necessário de ambos, podemos começar a seguir a terceira lei (evolução). Essa é a mais necessária atualmente. Porque passamos por uma fase de transição que clama por uma ascensão dimensional, de consciência. É preciso difundir os novos conceitos, passar experiências de vida, não ter medo de ser quem você (realmente) é. Entrar em contato com nosso lado negativo para vencê-lo através da compreensão do porquê dele brotar. Pouquíssimos o fazem - infelizmente. E enquanto houverem métodos humanos, de sinuosidades, para serem exauridos, assim o será. Mas isso pode ser fatal e levar a problemas seríssimos para o ser.

Não se mensura valor, sentimo-lo.

Saímos do plano racional para viver de acordo com a intuição [3]. Só assim percebemos o valor. Podemos de certa forma trazer essa sensação para o plano da razão, mais baixo, limitado, segregado. Para isso devemos deformar ao máximo, no sentido positivo, nossas capacidades humanas. Ir contra a tendência que a genética nos impôs [4], contra as limitações dos meios [5], contra a história acumulada das experiências de fracasso. Por quê? Porque são essas experiências que afirmam que estamos cada vez mais próximos de cumprir o nosso destino. Que podemos estar prestes a atingir o cume da montanha, onde a partir daí o fluxo é natural, poderoso, e glorioso. A História revela a evolução humana através dos saltos de fé de pouquíssimos escolhidos, que não se infectam pela mentalidade comum. 

Todos caminhos iluminados pela sabedoria convergem para um ponto ômega.

Precisamos todos iniciar esse caminho. Caminhos diferentes, mas com um propósito comum. Ver as relações e ajudar a edificá-las é o meio.

Força e Fé.

Referências:
[1] https://www.youtube.com/watch?v=_bKQXmvdr8o
[2] https://www.youtube.com/watch?v=9l__WLzzR7E
[3]https://www.youtube.com/watch?v=OPR3GlpQQJA&list=PLMKa2lqm66pUrD3At1-kFN8LTAXKWZ4ru&index=1
[4] https://www.youtube.com/watch?v=ll5qiWa6YDk
[5] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com/2014/11/validar-teoria.html

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