Um blog que é tudo e nada.
Poesia científica.
Fé raciocinada.
Ciência orientada para a unidade.
Vários assuntos esmiuçados tendo por base o sentimento nas profundezas da alma e possibilidades do futuro. Deste sentimento chega-se às análises do mundo cotidiano, sentido e valorizado.
A mensagem verdadeiramente importante deve anular quem a transmite, que nada mais é do que uma ferramenta de ideias.
Grande parte do desentendimento entre indivíduos se dá pela ambiguidade presente na linguagem de comunicação adotada - seja ela qual for. Como consequência isso é estendido (e ampliado) para os desentendimentos de (e entre) grupos, religiões, partidos, corporações e nações. O resultado é uma humanidade em constante conflito, iniciando, continuando e perpetuando guerras e sanções econômicas sem sentido.
Devemos fundar uma economia solar.
Os essênios podem dizer algo sobre isso. Mas a nossa
sociedade terá um conhecimento científico e uma
tecnologia grandes. E orientadas para o progresso social.
A ideologia está presente em tudo. Trata-se de uma característica humana. Eliminá-la no estágio evolutivo atual é impossível. Somente com a maturação evolutiva do ser que, sofrendo e aprendendo a usar a dor para construções íntimas - que o libertarão das prisões da ilusão - poder-se-á começar a construção coletiva de uma nova civilização, cujos princípios: (a) coloquem a Terra e a Vida no centro dos cuidados; (b) forneça à sociedade (toda ela) todas as condições necessárias para prosperar e; (c) tenha um sistema econômico sustentável, que canalize o melhor da ciência e tecnologia para o conforto razoável (ideal) e para a evolução. Tem-se assim três entidades: o ecossistema, a humanidade e sua economia. É necessário que a economia seja una em seu princípio, sem o qual haverá tendência de desequilíbrios.
Tudo fica cada vez mais claro. O jogo de palavras (linguagens) criado pela espécie humana tem uma série de armadilhas embutidas. Daí o motivo de muitos jovens buscarem refúgio na matemática e nas ciências básicas (física, química e biologia): estas possuem uma simbologia e e conjunto de jargões claros, sem ambiguidades. O método (científico) é claro e objetivo. E (teoricamente) busca-se a verdade, estando um verdadeiro cientista/pesquisador pronto para abandonar a sua teoria em detrimento de outra que a englobe, revelando aspectos mais profundos.
Pasteur captou a essência da coisa.
O "problema" da ciência está no fato dela ser uma criação humana. Logo, está sujeita a manipulações que visem favorecer determinada visão de mundo. Os interesses permeiam todas as atividades humanas, tanto no campo científico quanto nas religiões. Essas vão sendo desmascaradas pelo ser sincero, que crê numa realidade superior, além de sua capacidade racional-analítica, mas não é mais capaz de admitir uma visão limitada da Divindade. Esse ser tem sede de uma concepção mais vasta, que converse com seu íntimo, englobando-o, fazendo-o se sentir acolhido, sem contradições e sim com uma série de unificações harmônicas e dinâmicas que apontam para uma meta tão distante quanto irresistível. Uma meta que inspira e energiza. Esse é o Deus buscado por aqueles que atingiram uma consciência monista do Todo.
Deus é transcendente e imanente, simultaneamente. Isso é o que garante que a vida brote nas regiões mais inóspitas. E que o inesperado humano ocorra num ímpeto, com precisão e elegância, contra todas as previsões de todos os especialistas. Mas voltemos à ciência...
Pascal era ousado. E único: Santo e Gênio.
Ser Santo é dificílimo. Ser Gênio é raríssimo.
Imagine ser ambos.
As pessoas vêm percebendo que a ciência é tanto objeto de interesses quanto a religião. Mas é um erro dizer que ela se tornou a religião de nosso tempo. Na verdade, uma ideologia dominante, que não se declara como tal por meio de mil artimanhas, - que venho demonstrando nesses espaço virtual desde 2013 - assumiu o domínio da ciência através do interesse de muitos que se dizem cientistas e engenheiros. Quando interesse da lógica econômica (lucro) prevalece sobre o bom senso da ciência sempre, começa-se a gerar uma dor crescente para as pessoas. O autor sente cada vez mais: o desespero para vender à todo custo, consumir vácuos, trabalhar de forma alienada, fofocar incessantemente, domina as pessoas de tal modo que não sobra espaço para a reflexão. E sem reflexão não há condições de saber quais são as armadilhas que nos cercam. O tempo escoa e a pouca energia e dinheiro restantes (para os felizardos) é desperdiçada em entretenimento. Porque o sistema atual, através de propaganda incessante, mídia e outros meios, consegui estabelecer na mente das pessoas o divórcio entre sentir-se bem e aprender. Educação e cultura devem ser a meta. Não apenas preencher o tempo livre com isso, mas ver meios de expandir o tempo para essas atividades.
Educação e cultura em seu sentido mais amplo: ler e refletir; assistir filmes que convidem a pensar fundo e sentir as emoções escondidas nas faces - mas transbordante nos olhares; estudar assuntos novos; praticar atividades novas; ouvir música; meditar; caminhar; pedalar; construir algo; escrever; tocar um instrumento; pintar um quadro; desenhar; fazer amor; conversar com a família, com amigos, com aqueles próximos em termos vibratórios; preencher de sentido as atividades laborais (se possível); se lançar a experiências novas, com determinação. Isso é o que a vida nos pede. E a recompensa é íntima, da alma. Fica segura para sempre em nós, numa região recôndita: um forte inexpugnável - por ser imaterial, mas muito real.
Eis que Jacques Fresco (1916-2017), projetista, engenheiro social, inventor e - acima de tudo - uma pessoa visionária, ágil e sincera, unifica sua visão com a de Vladimir Safatle (1973-), quando afirma que é necessário que a humanidade adote uma linguagem sem ambiguidades. Ou, em outras palavras: uma gramática comum. A forma de dizer tanto faz. O que importa é captar a ideia: adquirirmos todos uma forma de nos comunicar que não dê margem à dupla interpretação. Isso é possível? Não sei. Mas creio que podemos melhorar o que possuímos no presente. Ou passar a focar nossa forma de pensar ao redor dos jargões já existentes da matemática e das ciências. A meta: permitir a evolução de todos(as) garantindo o mínimo indispensável para que isso ocorra. A cada um conforme sua necessidade - e o resto virá com naturalidade, sem necessidade de coerção.
Einstein entra em ressonância com o autor, que vê
milagre em tudo.
Não podemos ficar presos a esquemas que satisfaçam questões do ego humano. Devemos nos desprender das palavras para mergulhar no conceito. Isso é morrer para alguns. Para outros, é reviver num plano superior.
No filme Inteligência Artificial (2001), os alienígenas que aparecem no final do filme e "resgatam" o menino-robô não se comunicam por palavras (ondas sonoras). São transmissores e receptores de pensamento puro.
A Ciência, ao contrário do que se pensa, nos aproxima de Deus. Mas ela deve ser intensa e sinceramente praticada, sem preconceitos e com ímpetos de paixão (pela unificação de conceitos, de teorias, de sistemas tecnológicos, de indivíduos). Louis Pasteur diz que "Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Mas muita nos aproxima Dele". É tudo uma questão de quão fundo vamos nos estudos, na vivência, na reflexão. Pascal e Einstein tinham uma visão semelhante. Todos possuíam consciência monista, soubessem disso ou não - provavelmente sabiam. São o ápice em termos de investigação científica. E não negam o Alto, mas apontam para ele.
A obra "Pensées" (Pensamentos) de Pascal é repleta desse pensamento humilde que se dobra perante uma realidade superior. Einstein sempre sentiu Deus, mas jamais aceitou os dogmas daqueles que professavam em Seu nome. É uma questão de foro íntimo. Muito mais profunda do que as externalidades ritualísticas que são impostas àqueles que aderem a uma religião.
Os seres do filme IA representam uma antecipação biológica
do nosso ponto de vista. Quando o nosso espírito evoluir
suficientemente, passará a reencarnar em corpos mais sutis.
Poderíamos começar a construção dessa "linguagem comum" recorrendo ao método científico e admitindo seus resultados (todos eles). Mas precisamos ter uma coerência entre o que discursamos e o que praticamos, tanto no âmbito público quanto na privacidade do lar. Como agentes atuantes na sociedade - como afetos vividos na intimidade. Para isso é necessário buscar novas ideias; deixar-se impressionar pelo novo, que explique de forma convincente, que exponha uma nova visão da velhacaria humana; transmitir a ideia; digeri-la; elaborá-la; buscar dar continuidade, de alguma forma. Apenas cessar a marcha é proibido. Cessar o ímpeto evolutivo que a consciência desperta martela de forma cada vez mais forte é se furtar da responsabilidade de evoluir.
Uma Economia Baseada em Recursos (EBR) é uma possibilidade de futuro. É uma ideia de refundar nossa civilização. Para que ela sobreviva e viva de forma nunca antes vista - ou imaginada.
A entrevista com Jacque Fresco no Larry King (1974) pode começar a dar uma ideia do que se trata.
Existe muitos poucos ambientes adequados à reflexão neste mundo. Pouquíssimas ocasiões para fazer isso de forma não-individual. Na vida, para quem é (um pouco consciente) e já busca (se conscientizar), existem lapsos de tempo - momentos especiais - em que duas ou mais pessoas entram em sinergia. É um momento em que os participantes se sentem plenamente integrados, reconhecidos e em desenvolvimento vertical. Verdadeiras raridades raras.
Nosso mundo carece de raridades raras. Ao invés, é permeado de nulidades raras e raridades nulas. Estas são as mais valorizadas pela forma mental atual, que a vê como ápice da evolução e objetivo final neste mundo, ágil dentro de suas limitações, como Rajoguna; aquela é o caso mais difícil, de indivíduos que ainda se encontram presos à Tamoguna, no qual os instintos mais basilares são foco da vida e nenhuma sofisticação para encobri-los é feita. Não há puro Rajas ou puro Tamas mas, ao invés, um hibridismo entre ambos, formando uma imensa maioria cujo centro de gravidade oscila entre instinto-intelecto. Mas já encontramos pitadas de elementos mais depurados na coletividade humana.
Meditação é ausência de ação. É entrar numa passividade
dinâmica. Esvaziar a mente para preenchê-la de substância.
As raridades raras estão para Sattvaguna. Não são plenamente intuitivas, mas já se esforçam para trazer o centro de gravidade de suas existências para um plano superior, em que predominam sentimentos mais elevados e uma forma de pensar mais sistêmica, que engloba todo pensamento racional-analítico atual. Os sentimentos não são mais sensações e emoções. Não são prazer puro traduzido por gozos como gula, luxúria ou avareza. São percepções profundas do mundo natural e das possibilidades humanas. São um todo coeso que, apesar da diversidade, se manifesta de forma múltipla mas não se contradiz. É sensibilização psíquico-nervosa, que desconecta a natureza do ser a certas vibrações pesadas, e atrai para outras regiões. Regiões que desgastam menos e oferecem mais.
A percepção do tempo muda à medida que a consciência aumenta. O que quero dizer com isso, de fato? Já se sabe, por Ubaldi, que "tempo" é dimensão da energia, assim como "espaço" é dimensão da matéria. A Mecânica Quântica já nos aponta que a consciência independe de um substrato espaço-tempo para se manifestar. Logo, para existir. Isso irá revolucionar a humanidade, e é a chave para a solução de todos os problemas que afligem este mundo em vias de destruição.
Sendo linha, superfície e volume as três dimensões da 1ª tríade, cujo termo final se manifesta na forma de matéria; e
Sendo tempo, consciência (razão) e super-consciência (intuição) a 2ª tríade, cujo termo inicial se manifesta na forma de energia;
Começamos a perceber que a superação biológica não se dá em termos de sucessão numa dimensão, mas na superação da própria com a conquista de outra, superior.
Sendo tempo e espaço relativos (Einstein), tiveram início e terão fim. A consciência, - estando acima de ambos, pode ter fim mas este (fim) está além das possibilidades de enquadramento, sendo do ponto de vista atual considerada eterna e infinita, - começa a atrair pessoas da ciência, como Amit Goswami*.
Orar vem de abrir a boca para Deus. Não precisa ser
verbal, nem ritual. Pode ser simplesmente no pensamento,
da pequena alma para a Grande Alma.
Mas não deve pedir - antes deve agradecer.
Mas na forma mais elevada, louva.
Quando começamos a nos envolver com uma atividade livremente buscada, a sensação é a de passagem rápida de tempo. Da mesma forma, quando começarmos a nos envolver integralmente com um modo de vida apaixonante, que dê sentido a todos os nossos sofrimentos, os anos e décadas passarão mais rapidamente. Porque nosso subconsciente não estará mais focado em "medir o tempo". A percepção subconsciente se enfraquece por não ser capaz de drenar energias do ser, que a joga para uma região superior (super-consciente), tornando-o engajado em construir algo completamente diferente do que tudo criado até então, seja uma nova forma de vida, um novo sistema, uma nova invenção, uma nova melodia.
Nosso subconsciente mede porque nosso consciente se cansa. Olhamos - sem pensar, automaticamente - o relógio após certo tempo de estudo, de conversa mundana, de trabalho, de gozos. Porque essas atividades exaurem a pessoa. Elas podem distrair, divertir. Mas jamais oferecem uma possibilidade se superação efetiva das dores que acabam - cedo ou tarde - atingindo a todos. Patina-se na horizontalidade ética-intelectual. No relativo. E quando a mente (rapidamente) exaure todas as possibilidades dentro de seus paradigmas, ela se cansa e joga o poder cada vez mais para um subconsciente que sabe exatamente como proceder - porque assim o faz há milhões de anos no indivíduo.
Essa não-mensuração inconsciente remete a um esquecimento do tempo (dentro do mesmo), que é um prelúdio da superação dessa dimensão.
Apesar de estarmos presos à dimensão espaço-tempo (por possuirmos um corpo físico) podemos realizar ensaios de superação através do foco contínuo em atividades que visam a harmonização, como a meditação e mesmo o exercício da reflexão num ambiente tranquilo. Não se trata de cerebralismo e desempenho mental, mas de anulação do mesmo para se esvaziar de todas impurezas que o mundo nos oferece em pacotes brilhantes e vistosos.
Nosso universo é a tríade matéria-energia-consciência. Para superar a materialidade devemos adentrar na dimensão subsequente - início de uma outra tríade, iniciada pela superconsciência cujo substrato seja a nossa consciência.
Explico melhor.
Linha evolvendo colima em superfície, que evolvendo gera volume. Este engloba as duas dimensões anteriores, porém é dependente das mesmas - existe um bond, uma ligação. E assim forma-se a matéria, 1º aspecto de nosso universo.
Espaço evolvendo colima em tempo, que evolvendo gera consciência. Esta engloba as duas dimensões inferiores, mas é dependente das mesmas. O tempo forma a energia, 2º aspecto de nosso universo. A consciência desperta o pensamento (razão), 3º aspecto do nosso universo.
Podemos fazer um exercício de progressão em regiões subsequentes.
Consciência (na forma de razão) evolvendo colima em super-consciência (intuição). Esta se desenvolvendo forja o misticismo (?).
O centro da consciência é o espírito imortalizável.
A mente subconsciente tem prazo, assim como a consciência
mental, que interage com o cérebro e nervos, que interpretam
os estímulos externos
Isso aponta que a própria razão é plataforma para construir as bases da intuição. Mas tem um porém: a partir de certo ponto - que varia de ser para ser - deve-se abandonar os métodos consolidados do pensamento para exercitar a divindade interior, única capaz de intuir e estabelecer sínteses. A partir desse ponto de vista justifica-se a fascinação de muitos indivíduos pelo pensamento sistêmico. Trata-se do trecho final da prancha do mundo racional-analítico, que sente vertigens à medida que chega-se à conclusão final. Essa conclusão final nada mais é do que o salto de fé a ser dado pelo ser. Isto é, saltar. Abandonar a prancha segura da razão para atingir a ilha da intuição, e assim despertar uma natureza ainda desconhecida.
No reino da intuição o espaço-tempo não mais domina o ser - apesar de ainda influenciá-lo. Ele acaba assim mudando os paradigmas e consequentemente os sistemas políticos e a lógica econômica para melhor poder desenvolver-se. Ele percebe a interconexão das entidades vivas e dos fenômenos geofísicos do planeta que o sustenta. A morte é apenas uma transição. O nascimento outra. E ambos se repetem indefinidamente. A vida predomina dos dois lados, pois é una - apesar de assumir formas diversas. A passagem de um para outro estado não faz de alguém melhor ou pior - isso depende do grau de consciência atingido.
A produção existe, mas não é ditada pelas restrições do tempo. A pressão dessa dimensão é fraca. A verdadeira criação se dá com a libertação - não com a restrição. É paradoxal, mas quem atinge uma consciência diversa acaba produzindo assustadoramente mais em menos tempo, sem nenhum tipo de planejamento, prazo ou ameaça.
Pensar em termos de prazo nos coloca em estado de preocupação.
Pensar livremente, por amor à descoberta, nos deixa em estado de criação.
A maioria das instituições humanas não perceberam isso - e por isso possuem um baixíssimo grau de adesão íntima das pessoas. Podem ter obediência, mas geralmente por oferecer recompensas ou ameaças que, por mais disfarçadas que sejam, continuam sendo o que são.
Finalmente chega-se a uma nova biologia do ser, supranormal, que é uma antecipação evolutiva. O despertar interior traz uma harmonização orgânica inicial. As atitudes se manifestam em atos, que vão formando uma nova cultura celular. Pietro Ubaldi é um caso de biologia supranormal. Seu organismo envelheceu como todos, mas os escritos dele mostraram claros sinais de robustez orgânica na enfermidade e na saúde. Ser capaz de se alimentar com o mínimo necessário e não se dedicar a nenhuma das inúmeras distrações que o mundo oferece. Ser capaz de saber sofrer para criar novos conceitos e viver de forma cada vez mais convicta. Isso é raríssimo para o biótipo atual.
Não recorrer a medicamentos e permitir ao organismo reagir à doença pode ser sinal de que confia-se mais no espírito da cura do que nos métodos da amenização dos males.
Fiquei doente duas vezes nos últimos dois meses. Uma vez no início de julho - outra agora pouco. A primeira era uma gripe fortíssima. Começou a manifestar-se assim que voltei para casa num domingo. Sentia frio intenso e mal-estar. Tremia tanto que os músculos doíam. O corpo estava exausto e não tinha forças para nada, exceto encolher-se e deitar-se.
Todos almejam criar (viver) algo novo fazendo o velho.
Nunca conseguirão. Somente um salto de fé é capaz de
levar o ser a outro plano, mais livre, independentemente
do caos do mundo.
A medicina afirma que a gripe dura de cinco a sete dias. Uma vez iniciado o processo de manifestação, ela inexoravelmente irá ter um período fixo, próximo a uma semana**. No domingo a noite fiquei em repouso completo. Acordei segunda-feira um pouco melhor. Decidi repousar e tomar chá quente com mel. Me concentrei em descansar. Todo o dia. Quando fui dormir, sentia que o corpo estava a mil, num trabalho intenso. Meu exterior estava calmo, mas a minha temperatura (eu não sentia frio) estava altíssima. Toda parte do corpo fervia de modo anormal, mas exteriormente eu estava sem febre e sentia uma melhoria gradual. Tinha a sensação de que as células estavam trabalhando de modo intenso, dedicadas a interromper aquele ciclo com um árduo trabalho de absorção dos agentes patogênicos. Pareciam estar se remodulando e não apenas combatendo o vírus. Só sei que na 3ª feira acordei em perfeita saúde, com disposição máxima. Em 36 horas o organismo eliminou a doença.
Se o caso citado é normal, não sei dizer. Mas me impressionou a rapidez com que a enfermidade foi embora. O fato é que nunca me lembro de ter passado por um processo tão intenso e breve relativo a contração de vírus. Isso me faz pensar sobre muitas coisas, e me deixa intrigado com certas questões da medicina.
Ter saúde não é jamais ficar doente. É assimilar e superar rapidamente a doença, uma vez esta seja contraída. Porque doente todos ficamos - e sempre ficaremos, até o dia em que atingirmos um grau de conscientização que nos torne imunes à doenças, como Jesus, o Cristo, atingiu. Seu organismo é reflexo de seu grau de conscientização. É caso único que está a ser cada vez mais sondado pela própria ciência que uma vez negou por completo a realidade integral.
Liberdade é não precisar prestar contas a ninguém - apenas à sua consciência.
Quando você contrai dívidas (= pressão = problemas = desconforto = vulnerabilidade) para conseguir viver como quer, você se tornou refém de agentes externos. Se você passa por uma dificuldade e realmente necessita de algo, mas não tem nenhuma reserva financeira, você se endivida - logo, fica preso (geralmente) aos bancos. Se você deseja coisas que não é (nem jamais será) capaz de comprar, sua mente sempre ficará dispersa e não se engajará nas possibilidades presentes. Você jamais conseguirá se comprometer de corpo e alma em algum projeto simples e original (seu e apenas seu), podendo construir algo novo, original, como um conceito, um método, um texto, uma melodia, um curso, um artesanato, uma arte ou mesmo a construção da personalidade - seu melhoramento como pessoa - sem se desprender das opiniões e julgamentos do mundo.
Nós somente conseguiremos unir o mundo exterior quando
unificarmos o nosso mundo interior. Isso significa unificar
conceitos, coordenando as (aparentes) contradições, nos
libertarmos das falsas necessidades do consumo conspícuo e
do trabalho alienado. Só precisamos dar ao mundo o necessário
para ele não nos esmagar. O resto deve ser usado para elevá-lo.
O preço de seguir as tendências da média mundial é muito alto. Mas essa angústia de estagnação não é sentida pela imensa maioria dos indivíduos. Por quê? O simples fato de estarmos imersos na inércia junto aos outros nos deixa menos desconfortáveis e "estimula-nos" a permanecer na zona de conforto, pois temos o apoio do número (quantidade). Trata-se de uma armadilha que nos atrai por apresentar-nos as mais variadas distrações, que se conectam ao nosso subconsciente, cuja força é imensa , de vontade irrefreável. Não é sentida como um golpe pontual e intenso, mas sim como uma longa caminhada que vai lhe desgastando o corpo, a mente e as emoções com distrações - e paralisa o espírito, centro das criações, eixo da evolução.
Para começar algo deve-se seguir a consciência. Buscar referências se torna cristalizante a partir de certo ponto. Cada um, claro, tem o seu ponto, o seu limite - mas o possui. Devemos assimilar o que o mundo já construiu. A seguir é necessário perceber as limitações de cada ideia, de cada teoria, de cada sistema de governo, invenção e indivíduos. Por quê? Para estabelecermos um mapa de possibilidades em nossas mentes. Por quê? Para sempre termos um campo de trabalho. Um ponto de onde partir quando estivermos nos sentindo desolados e sem nada a fazer. Uma porta alternativa, que ofereça algo mais do que o mero consumo conspícuo ou o trabalho alienado.
A diferenciação evolutiva se relaciona diretamente com a liberdade. Tudo no universo indica que a evolução traz a diferenciação - tanto das espécies quanto dos indivíduos. A anagênese (transformação de uma espécie em outra) e a cladogênese (divisão de uma espécie em duas) são processos de especiação.
Segundo estudos, todos processos de especiação já ocorreram na natureza [1], embora a importância de cada espécie e as diversas relações entre elas sejam objeto de estudo para a biologia. Sobre a diferenciação individual pouco sabe a ciência atual. Um dos primeiros a tocar no tema de forma mais formal foi Ubaldi.
A diversidade permite a interação.
Diferenciação implica novo modo de
integração. Integração nova possibilita o
desenvolvimento dos indivíduos. É uma
espiral ascensional.
"Nas formas de vida, à medida que a Substância atinge graus de evolução e diferenciação mais elevados, o princípio de individuação se torna cada vez mais evidente. Na energia, as formas já conquistam uma existência própria independente de sua fonte originária. A luz, uma vez lançada, destaca-se e existe por si mesma, progredindo no espaço."
AGS, Cap. 49
"Segundo o princípio das unidades coletivas, à diferenciação sucederá paralelamente uma reorganização em unidades mais amplas, com especialização progressiva de funções."
AGS, Cap. 58
Devemos estar atentos à evolução da substância (princípio) muito mais do que à evolução dos efeitos (orgânicos).
"Mas, como sempre, o que importa na vida é o princípio determinante das forças, sendo, por isso, fundamental acompanhar a evolução das causas, e não, como fazeis, a evolução dos efeitos (evolução darwiniana)."
AGS, Cap. 58
Ao contrário de desagregar, a diferenciação aponta para outras necessidades coletivas (ainda inexistentes), a fim de que a atividade de cada um obtenha maior rendimento.
"A diferenciação de tipos e de aptidões levaria ao afastamento das criaturas e ao desregramento social, se outra necessidade não os aproximasse e outra força não os reorganizasse em formas de convivência nas quais a atividade de cada um obtém maior rendimento."
AGS, Cap. 89
Por que (alguém pode perguntar) os indivíduos se diferenciam? Para que possa haver novas formas de organizarmos. A coletividade deve funcionar de modo cada vez mais orgânico, com a valorização das especializações, na qual a cada elemento deve receber de acordo com suas potencialidades - para assim fornecer as realizações concretas no grande organismo coletivo denominado humanidade.
É graças a diferenciação que o cinema nos
deu Gina Lollobrigida. Um biótipo pode
agradar a uns mais e a outros menos. Por
isso devem ser manifestados todos.
Quando vemos um indivíduo completamente diferenciado de nós mesmos (de nosso grupo) e se, após inquirir à nossa mente, não formos capazes de esboçar um porquê, devemos começar a nos adaptar a esse novo caso. Se inexiste medo, ódio ou arrogância no íntimo dessa diferenciação (pode haver nos efeitos, mas não na causa), há algo aí. O estudo desse caso pode fornecer as chaves para o nosso próprio.
Sabendo como funciona a estrutura de nosso mundo podemos direcionar nossos esforços para aquilo que de fato nos fará evoluir. Não é questão de desistir de certas coisas ou pessoas. Às vezes o outro simplesmente não está pronto para receber uma nova visão das coisas. Deve passar pela experiência da dor. Isso é mais compreensível quando os atos e atitudes dos outros só dizem respeito a eles mesmos. Mas se torna complicado a partir do momento em que essas atitudes individuais de manifestam no sistema (coletividade), por estar conectada intimamente ao meio político, econômico, social e afetivo. É nesse ponto que a educação entra. Trata-se do desafio de imprimir conceitos profundos a partir de qualquer aula, fala, conselho, texto, ato e atitude. Tarefa titânica para quem já percebeu qual o sentido supremo da vida - e abstrações filosóficas para aqueles mergulhados no torvelinhos das obrigações estressantes e distrações sedutoras de Maya [2].
Qual a relação entre liberdade e diferenciação?
A liberdade vem de uma forma de organização mais harmônica, evoluída. Assim cada indivíduo é capaz de se manifestar melhor. Deseja-se no íntimo um sistema de organização coletiva capaz de extrair o melhor de cada um - não o pior, como o atual aponta.
Para assimilar tudo isso é preciso superar o binômio estáticonormal-anormal para perceber a característica evolutiva, dada pelo trinômio dinâmicosub-normal -> normal -> supra-normal. É um dos pressupostos do pensamento sistêmico (dinamicidade).
O esquema humano é desenvolvido posteriormente.
No primeiro momento mostro a visão que tive.
Num segundo desenvolvo o aspecto prático, mostrando
suas íntimas relações com a nossa realidade.
Para formarmos nossos pensamentos e sentirmos, precisamos da diferença. Um mundo com uma identidade completa é monótono. A diversidade possibilita a evolução. Mas há um detalhe: essa diversidade deve ser trabalhada de modo a se obter sempre um ganho maior - tanto para o indivíduo quanto para a coletividade. Absorver de cada relativo seu melhor - e descartar seu pior.
Me parece que a trajetória multimilenar humana é composta de um ciclo e duas fases, conforme já mostrei numa visão inicial [3] e em desenvolvimentos subsequentes [4]. À medida que se ascende, se conquista poder intelectivo e ao mesmo tempo aumentam as chances (e impactos) dos erros e acertos. Somente atingindo uma maior altura, com ascensão na vertical mística, pode-se equilibrar e coordenar as habilidades da vasta horizontalidade da inteligência e cultura. Isso é ao que cheguei após vinte anos de constatação.
A dor faz parte do fenômeno para aqueles que naturalmente avançam, se destacando da nuvem da normalidade. Há resistências homéricas e incompreensões ardentes, por parte da família, da sociedade e dos mecanismos de leis humanas. É aí que o desafio começa. Cada um conseguirá avançar e se fixar até certo ponto. Fincar a bandeira das possibilidades no terreno ignoto do mistério - assombroso e fascinante simultaneamente.
De tempos em tempos a humanidade clama por indivíduos fora do comum, capazes de viver segundo princípios únicos, que possam servir de exemplo e mostrar que todos nós somos capazes de fazer o mesmo - e muito mais.
Antes de iniciar o(a) leitor(a) deve ter em mente uma coisa: a proposta desse blog é unitária. O que isso significa? Basicamente o seguinte: a busca de uma verdade mais vasta (ainda desconhecida em todos seus detalhes), capaz de lidar com um maior número de contradições, é o foco de todos os desenvolvimentos expostos aqui. Deve-se abandonar uma ideia a partir do ponto em que ela é incapaz de explicar uma realidade "nova" - sentida de forma mais intensa à medida que a espécie evolui. Portanto aqueles que vem acompanhando a linha diretora de pensamento ao longo desses anos não deve se surpreender com as questões mais específicas da política, da economia, do direito, da psicologia e da ciência apresentadas aqui.
O fato é evidente: passamos por um dos momentos mais críticos de nossa história como espécie e civilização. Essa criticidade aponta para um florescer de possibilidades, que intensificam a criatividade e coragem de indivíduos; e ao mesmo tempo alerta sobre um perigo extremo de colapso da forma de vida tal qual a conhecemos. Vê-se portanto a característica da dualidade em seu aspecto de equilíbrio que permeia o nosso universo evolutivo.
Um conceito importante é a noção de transformismo, que já introduzi em linhas gerais num texto [1]. Ele é o produto da evolução. É assim que ideais traduzidos em ideias e implementados em programas concretos (invenções, políticas, ações individuais) sempre reconquistam o imaginário humano. Os ciclos históricos são conduzidos por uma lei universal que diz: "melhore isto!"Porque sem esse ímpeto que se encarna em determinados seres de tempos em tempos o destino das espécies e da humanidade estaria fadado ao caos. É aí que entra a lei da entropia.
Posso abandonar as palavras se isso significa que nos
alinhemos no conceito. A única coisa que interessa é
isso. Uma civilização consciente, com justiça social
e economia solar.
A 2ª Lei da Termodinâmica (entropia) afirma, em linhas gerais, que toda atividade humana ou infra-humana gera desordem global. Desordem em termos de estado de coesão molecular. Em termos técnicos, ela mensura o grau de irreversibilidade de um sistema. Isto é, trabalho (em termos físicos) pode ser 100% convertido em calor, que é energia térmica. Mas esta não pode ser convertida inteiramente em trabalho, seja ele mecânico, elétrico, hidráulico, ou de qualquer outro tipo. Percebe-se então que todos processos geram desorganização crescente, o que leva a uma diminuição da qualidade da energia (constante) no Universo. Trabalho gera calor mas este não pode ser revertido integralmente em trabalho. A balança vai pendendo sempre para o lado do calor, que é uma forma de energia degradada, e portanto esse fato coloca ponto final nas possibilidades do ciclo utilitário econômico hodierno - cuja premissa é se sustentar numa eterna conversão entre formas de energia.
É possível localmente ter uma variação negativa de entropia, ou seja, diminuí-la. Mas isso ocorre às custas de um aumento da mesma no meio externo - que suplanta essa diminuição local. É o caso dos seres vivos, que "vencem" a lei da entropia durante sua existência através de mecanismos como a homeostase.
"Homeostasia ou homeostase, a partir dos termos gregoshomeo, "similar" ou "igual", e stasis, "estático", é a condição de relativa estabilidade da qual o organismo necessita para realizar suas funções adequadamente para o equilíbrio do corpo[1]. É a propriedade de um sistema aberto, especialmente dos seres vivos, de regular o seu ambiente interno, de modo a manter uma condição estável mediante múltiplos ajustes de equilíbrio dinâmico, controlados por mecanismos de regulação inter-relacionados[2]."
Fonte: [2] (grifos meus)
Sistemas (criados por seres) humanos também podem ser vistos a partir desse princípio. A ciência desse campo é ainda mais incerta do que aquela que tenta compreender as espécies em nível orgânico. Mas ambos níveis de organização (orgânico e social), por serem sistemas abertos, necessitam regular seu ambiente interno através de múltiplos e complexos equilíbrios dinâmicos, que se transformam (lembrem-se do transformismo) com o tempo. A estabilidade não é absoluta. É relativa. Esse espaço, que permite experimentação (instabilidade), é a arena na qual os embates se darão, dando gênese a novas construções sociais.
Tendo sido apresentados os conceitos universais, podemos entrar nas definições verbais:
Podemos então destacar alguns pontos interessantes sobre o capitalismo:
Primeiro, trata-se de uma ideologia, como todas as outras (fascismo, comunismo, socialismo, behaviorismo, racionalismo, empirismo, estoicismo, etc);
Segundo, ele estabelece que a propriedade dos meios de produção deve ser privada. Isso não é a mesma coisa que afirmar que a propriedade dos bens de consumo deve ser privada (apesar de ser). Bens de consumo são pessoais. Meios de produção envolvem a coletividade e portanto controlá-los significa controlar a vida de terceiros, direta ou indiretamente;
Terceiro, os pilares do capitalismo concatenam trabalho a renda (sobrevivência), permitem o acúmulo de capital (sem restrições), possui uma lógica de precificação e os mercados devem se basear na competição. Veremos mais à frente o que esses fatores produzem e quais as limitações dos mesmos.
"Socialismo refere-se a qualquer uma das várias teorias de organização econômica que advogam a administração e propriedade pública ou coletiva dos meios de produção e distribuição de bens, propondo-se a construir uma sociedadecaracterizada pela igualdade de oportunidades e meios para todos os indivíduos, com um método isonômico de compensação.[1] Atualmente, teorias socialistas são partes de posições da esquerda política, relacionadas com as atuações do Estado de bem-estar social."
Fonte: [4] (grifos meus)
Podemos também destacar alguns pontos interessantes sobre o socialismo:
Primeiro, ele pode se referir a várias teorias de organização econômicas que, por mais diferentes que sejam em suas especificidades, se irmanam no que diz respeito à administração e propriedade pública dos meios de produção e distribuição de bens. Notem: a sociedade possui propriedade e administra meios de produção - e não bens pessoais;
Segundo, o objetivo de tal conjunto de teorias é promover a igualdade de oportunidades e meios para todos. Isso é a proposta fundamental (teórica). Notem: o capitalismo, em sua definição, não se propõe a isso, apesar de muitos defensores ferrenhos afirmarem que ele dá oportunidade a todos. Notem (dentro dessa nota): "dar oportunidade a todos" diferente de "dar oportunidades iguais a todos";
Terceiro, o meio de se chegar à igualdade de oportunidades prevê um método isonômico que compense os egoísmos que possam entrar em conflito. Os governos progressistas de coalizão no Brasil aplicaram esses princípios para conseguir implementar algumas políticas de realimentação negativa visando dar mais oportunidades aos desfavorecidos. No entanto o agente compensador (presidente e seu partido) não era quem dava a palavra final, mas antes procurava se ajustar às férreas restrições da elite - dona dos meios de comunicação de massa, dos bancos, das megaempresas, das terras, das cadeias de produção, das escolas, dos pensamentos, dos convênios, etc - para chegar a essa compensação. Creio eu que o socialismo parta do pressuposto que esse método isonômico deva ocorrer com um consenso popular sintetizado e implementado por um líder com poder efetivo. Isso nunca ocorreu - até o momento.
François Mitterand (1916-1996).
Vinte anos após sua morte, os franceses
ainda sentem sua falta. Consideram-no
o último grande presidente francês.
Foi de fato o último grande estadista.
Gostaria de colocar mais dois ismos para completar:
Trata-se de uma sociedade igualitária em termos de que não hajam classes sociais, e portanto diferenças de poder. E apátrida, porque não há fronteiras entre nações - que vem causando um drama terrível a milhões de refugiados. O comunismo, segundo Marx, é a forma de organização humana final, e deve se dar a partir do socialismo. Notem: no comunismo o Estado é inexistente - assim como as corporações, que geram diferença de classes brutais (...).
O fascismo é autoritário. Ele busca unificar uma nação (não a humanidade) através do Estado - observe que o Estado é meio usado para determinado fim. Ele é hostis ao socialismo, comunismo e demais vertentes. Logo, associar fascismo a socialismo ou comunismo é erro crasso. Quem diz isso cai em equívoco desde o princípio, na etapa das definições.
A arquitetura dos centros comerciais (shoppings) reflete
o consumo-centrismo da sociedade. A mercadoria ocupa
prateleiras e é tratada como item de maior valor.
Os templos modernos são de consumo. Quase tudo de
inutilidades. Isso drena dinheiro, energia e recursos do ser
humano que suou e sangrou para conquistá-los.
Os ismos que apresentei já são velhos conhecidos. Vimos a implementação plena de um deles (capitalismo) desde fins do século XV, e que atualmente se encontra em seu clímax. Os outros três se deram dentro do domínio do primeiro, sendo que um (pela própria natureza) teve seu ciclo completo no século XX (fascismo), com os resultados que conhecemos; e os outros jamais foram aplicados de fato (socialismo e comunismo), sendo sua "implementação" ("socialismo real") restrita a uma nação, um povo, conduzido por um grupo (partido) que emergencialmente - por motivos em parte justificáveis e em parte injustificáveis - focou na produção, controle e militarização.
"Mas o que é socialismo então?" alguém pode se perguntar.
O meu último ensaio dá uma ideia do que pode vir a ser uma sociedade socialista [7]. A Europa Ocidental desenvolveu alguns conceitos de socialismo apresentados anteriormente [4] na forma de - por exemplo - o NHS (National Health Service) [8] britânico, nascido em 1948 e pai de muitos cidadãos felizes.
O NHS britânico completa 70 anos. Criar um sistema de saúde
universal e de qualidade num país como o Brasil seria um
enorme passo rumo a uma sociedade fraterna. A boa notícia
é que temos todas as condições. Só falta a vontade. Vontade
vem da consciência...
Quem deseja saber mais sobre a grandeza do NHS e a importância do SUS, recomendo o artigo de Outraspalavras:
Convido o(a) leitor(a) a relacionar os sistemas tributários, de regulação, de saúde, de educação, de pensões e etc. de alguns países com os conceitos apresentados.
Observação: Isso não significa de modo algum que a Europa Ocidental seja um paraíso. É preciso lembrar que muito do desenvolvimento militar-econômico-tecnológico europeu (Séc. XVI-XIX) e posteriormente humano (Séc. XX) se deu graças à exploração dos continentes e imposição de cultura. Logo, vê-se a violência global para se construir ilhas de locais bons. Só esse tema ocuparia um texto inteiro.
Mas como entramos (desde o século XVIII) numa nova era geológica denominada Antropoceno*, é preciso colocar um novo vocábulo no nosso caldo de termos:
Em suma, coloca-se o ecossistema no centro de tudo - seguido pela espécie humana. A engrenagem econômica viria por último, pois foi a última a surgir e a a mais distante das questões fundamentais da vida. Sabrina Fernandes do Tese Onze explica melhor:
Os modelos econômicos não levam em consideração o meio ambiente, a cultura, a diversidade humana, entre outras variáveis. Eles buscam apenas "resolver os problemas" do homem a partir de ferramentas específicas de cálculo, com modelos simplificados.
Eu acredito que chegado neste ponto é possível perceber o que de fato representa a perpetuação do modelo capitalista na mente humana - e sua manutenção sistêmica. Mas há maior necessidade de esclarecimento, então vamos começar respondendo a perguntas típicas:
1ª. Todas experiências para construir uma sociedade melhor foram catastróficas. Por quê insistir ao invés de melhorar esse sistema?
Resposta: Porque o próprio capitalismo parte do pressuposto de acumulação. Ele coloca o lucro como fundamento do progresso, afirmando que tendo lucro todo o resto de resolve. Não vejo isso ocorrer. Inclusive o lucro parece gerar uma ânsia de mais lucro. E para isso deve-se ir cortando salários, programas sociais, formas de organização, investimentos em pesquisa pública (que revertam em melhoria da vida das pessoas), etc. As faculdades particulares são um ótimo exemplo. Vem reduzindo cursos, professores, tornando os contratos de trabalho mais precários, não possuem pesquisa, não possuem laboratórios suficientes (se possuem) e equipados, não tem extensão nem cultura nem nada que não se traduza em lucro. Isso beneficia a quem de fato?
Uma ideia precisa fracassar várias vezes para ter sucesso. Sem isso ela jamais irá se consolidar no mundo. É a História da humanidade. A escravidão, o direito de voto das mulheres, a redução da jornada de trabalho, os direitos humanos, o trem, o avião, as sinfonias, as teorias científicas, o próprio capitalismo,...É preciso insistir. Porque o ideal socialista e comunista são latentes. Eles vão e voltam de tempos em tempos. Porque está dentro do ser humano. Está dentro do campo das possibilidades. Mesmo que ele ainda não saiba exatamente o que quer criar, sente que deve criar. É um ímpeto irrefreável. A cada passar de século, década e ano vemos novas pessoas fazendo cada vez melhor, com mais criatividade.
Na Alemanha o s sindicatos estão representados nos conselhos
de administração das empresas. Isso é tanto social quanto
capital - pois ter um trabalhador com direitos é ter um aliado
na produção. Nos EUA não é assim...
Há jovens que estão apontando para a evolução:
Sabrina Borges Fernandes - Tese Onze
Marcela Motta - Canal Púrpura
Devanil - Alimente o Cérebro
As ideias não morrem porque o mundo não progride com as antigas.
Melhorar o capitalismo ao máximo foi o que Lula fez. Ele mostrou os limites do paradigma - especificamente aplicado ao Brasil. E hoje percebemos que dentro dessa lógica não há para onde progredir - apenas retroceder... Guilherme Boulos aponta os defeitos e abre portas para uma nova forma de organização no país. Goste dele ou não, é difícil ser sincero consigo mesmo e negá-lo como vivência e propostas de governo.
2ª. Se o socialismo é tão bom, por que toda tentativa de implementá-lo partiu de um governo autoritário?
Resposta: Existe um filósofo húngaro chamado István Meszáros [10] que explica o porquê disso. Basicamente temos experiências socialistas, cujo pilar nº1 é o internacionalismo, surgindo num mundo permeado de capitalismo global. E o velho, altamente consolidado (capitalismo), não irá aceitar o novo, jovem (socialismo), cheio de ideias mas desprovido do poder. Logo, para fixar algum ponto e aplicar alguns conceitos - mesmo que de forma pobre - deve recorrer a ditaduras.
Cuba era um país com alto analfabetismo, muita pobreza e dominado comercialmente por interesses que não os do povo (e sim do governo dos EUA). Predominava a ditadura de Fulgencio Batista [11]. Depois veia a de Fidel Castro [12]. Autoritária, mas com várias diferenças. No entanto o mundo vê como ditadura o que a potência da época difunde como ditadura. O mundo ocidental engoliu uma narrativa incompleta e somente agora as pessoas estão começando a despertar para isso. Aos EUA não interessava esse novo governo, e por isso fizeram propaganda contra, sanções econômicas (que levaram a muita escassez após para o povo cubano após 1990) e ataques [13]. Essa atitude não é democrática, nem liberal nem humana. E foi adotada pelos EUA. Não apenas em Cuba, mas em todo mundo. E quando o grande ataca o pequeno que quer ter sua independência, o que resta a ele a não ser se cristalizar em forma de autoridade para poder sobreviver, de alguma forma deficiente, por ao menos um tempo?
No mundo, se apenas um grupo pequeno quiser adotar uma forma de vida mais coerente, para sobreviver terá de recorrer a alguma forma de força (métodos do mundo), sem a qual ele será prontamente esmagado e não poderá sequer iniciar a implementação de novas ideias.
Pode soar contraditório, mas é lógico. O bebê quando quer algo faz estardalhaço; a moça quando quer causar atenção (e ciúmes) do par sai com outros, fala com outros, não dá atenção ao moço; os trabalhadores que esperam que a empresa seja sincera e honesta ficam dominados e esmagados; o tímido que possui um oceano de conceitos mas não fala (em classe), não escreve (na internet), não se expõe à falha inicial (na vida), jamais irá crescer e influenciar o mundo.
3ª. Eu não acho certo alguém pagar por outro que não se esforçou. E alguns sustentarem outros que nada fazem. E quem teve uma boa ideia "perdê-la" em prol de um coletivo medíocre.
Resposta: Eu não apenas acho mas sei que é errado viver às custas do outro. A questão é: 1º, como a gente vê isso e; 2º, a forma como os regimes que se denominaram (mas não foram de fato) socialistas/comunistas fizeram a distribuição. Percebe-se que não foi democrática (justamente o princípio socialista) e visava reforçar a produção sem preocupações ambientais. Eu vejo as megacorporações e bancos - encabeçados pelas elites - viverem às custas de todas espécies e da sociedade. Como? Através do domínio dos governos do mundo, permeados de "doações" para campanhas e acordos de interesses candidatos-empresas; através de sistemas tributários que extraem o necessário dos pobres, tributam de forma simplória, com poucas faixas, a renda, e não encostam nos super-ricos. Viver de juros deixa rico e quem o faz não produziu nada - nem material nem intelectual. E drena do sistema-mundo e sistema-vida, forçando-os a sempre gerar mais (lixo = produtos inúteis) para acompanhar as diretrizes da Bolsa de Valores.
No ecossocialismo não se trata de desvalorizar quem produz coisas positivas, de utilidade, sustentáveis, que estejam em harmonia com as leis da vida. Trata-se de impedir a construção de narrativas pobres, que simplifiquem a complexidade do mundo, reduzindo-se justamente a questões que levam a brigas, desentendimentos e conflitos entre a imensa maioria que perde com o sistema atual. Trata-se de
Roubo de ideias é o que as grandes corporações mais fazem em nosso mundo. Internamente e intra-corporações. Já pude ver isso de perto quando trabalhei numa, na qual um funcionário, trabalhando em conjunto com outro, criou um código para automação de um processo, no qual sua contribuição intelectual, energética, e de tempo fora quase 100% - ao passo que seu "colega" quase nada fez, exceto copiar e mostrar aos outros que ele participou na gênese da criança, numa colaboração 50%-50% (ele era muito chegado na chefia). E os dois receberam o mesmo prêmio...Isso é praxe neste mundo. E esse sistema estimula essas atitudes - porque todos estão muito ansiosos em comprar e consumir e ostentar e satisfazer o ego.
Quem acha casos como esses raros que atire a primeira pedra...
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Caso restem dúvidas o Canal Púrpura pode ajudar:
Na vida é muito mais fácil estar enquadrado no número, tendo atitudes e atos que estejam sintonizados com a quantidade, do que se distanciar dele por um anseio de satisfação de dúvidas interiores. Essa é a psicologia do humano atual, com sua mentalidade racional que serve de forma sutil os instintos. Quem detêm o poder sabe disso e controla as massas - os 99% que perdem com a forma de organização atual - baseado nesse princípio.
A mídia não conta mentira. Ela apresenta fatos de acordo com seus interesses de construção de narrativas. Ela não aponta o dedo. Constrói narrativas, que vão ganhando a participação de sujeitos simples (nós), destituídos de poder real, e sugerindo ao espectador. Este começa a construir ideias baseadas na repetição, no "profissionalismo" dos especialistas que apresentam resultados de pesquisas e falam de modo eloquente e preciso. Se aliarmos a isso o modo como tudo é estruturado teremos explicação para quase tudo.
A intermitência crescente dos empregos, a ascensão do custo de vida relativo aos bens essenciais a mesma. Umair Haque aponta para o cerne da questão:
"Yet in America, the prices of all the basics of a good life — “eudaimonia” — have risen by hundreds or thousands of percent. Perhaps you think I exaggerate. Very, well, let’s review the evidence. Healthcare has risen by two thousand percent. The price of education has gone up by 1000%. Food, 300%. Rent and house prices, 400%. Childcare, 500%. Those are all conservative estimate, too, from what I reckon. You can add to that list as you see fit." Fonte: [14] (grifos meus)
As referências das percentagens se encontram na própria página. Ele mostra que os preços de saúde, educação, creche, aluguéis e imóveis e comida subiram muito mais do que os ganhos salariais médios. Isso é resultado de um domínio crescente da mentalidade do financismo sobre as corporações, que cooptam os governos e tornam o Estado seu braço direito, desregulando juridicamente tudo que possa restringir a lógica do mercado. O que deveria ser direito humano passa a ser cotado na bolsa de valores. Inflação de bens essenciais à vida sobem muito mais do que a imensa maioria dos salários. As pessoas ficam endividadas e sua rotina as impede de se organizar. A mente das pessoas pode até negar os efeitos, mas são incapazes de mergulhar às causas. Não percebem que sofreram uma lavagem cerebral e que foi construída uma falsa narrativa sobre o que é e significa de fato "Estado de bem-estar social", "socialismo", "direitos trabalhistas", "saúde universal", "tributação", "previdência", "assistência social", "direito à educação" e etc. Não sabem que de nada adianta ter carrões (relativamente) baratos, combustível barato, poucos impostos em alguns setores, estrelas de Hollywood, alimentos de plástico e gordurosos, TVs enormes de tela plana e celulares com mil e uma funções, forças armadas enormes (e custosas) se o essencial à vida lhes é negado porque não há salário que acompanhe a ânsia de lucro do mercado privado. Isso é o capitalismo que se recusa a dar lugar a um socialismo que deveria se conduzir por um senso ecológico.
A ecologia está acima do socialismo. O socialismo está acima do capitalismo. O capitalismo é útil, mas apenas como servo.
A Terra é mãe a ser respeitada. O irmão é para ser tratado de forma fraterna, pois ele e nós somos um. A ferramenta (capital) deve ser usada para viabilizar o desenvolvimento (irmão), respeitando a mãe (Terra), que tudo provê.
Chomsky fala sobre o termo "socialismo":
Chegamos ao âmago.
O socialismo não nega o capitalismo - apenas insere um eixo diretor diverso, que põe o ser humano como centro. O ecossocialismo enquadra o social ao ambiental, colocando o homem à serviço de si mesmo sem esbarrar nos limites planetários.
No ecossocialismo pode (e deve!) existir capital, propriedade privada, tecnologia, paz, liberdade, democracia profunda e mercados. Mas ao lucro não é permitido atropelar direitos humanos, princípios e colocar em risco a saúde do humano e do planeta, com todas suas espécies.
Não deu certo até o momento porque o ser humano é refém de uma doença crônica chamada confortite.
Tudo deve ter conforto para o homem moderno.
Ter um carro popular simples não é confortável. Deve-se ter um automóvel com custo 3 vezes maior, cujo IPVA aumenta na mesma proporção, cujo consumo de combustível seja maior, e reparo, e seguro e etc.
Comprar no mercado é ruim. Deseja-se comer no restaurante frequentemente.
Deseja-se viajar muito e para longe - sem às vezes aproveitar nada da cultura local.
Deseja-se livrar de tudo aquilo que apresenta o mínimo defeito por ser mais cômodo.
Deseja-se ter amizades mais fluídas, que possam ser "deletadas" sem esforço.
Deseja-se ter conversas mais "agradáveis", evitando ao máximo temas que exijam reflexão e auto-crítica.
Deseja-se relacionamentos curtos, no qual predomina-se a troca de egoísmos específicos.
Deseja-se ir ao shopping e se deixar levar pelas compras e cheiros artificiais, pelas vitrines com belezas superficiais e ambiente com comportamentos centrados na ideologia do consumo (em grande parte) conspícuo.
Não tem fim.
Luiz Marques concatena ecologia com instituições e economia, numa brilhante entrevista com Celso Loducca (confira abaixo). É uma entrevista que vale mais do que muitos cursos.
Construir um mundo melhor exige um ser humano novo. O misticismo da reforma íntima é essencial para alastrar o princípio genético da justiça social em nossas estruturas de poder.
Precisamos abandonar a briga superficial por palavras e nos guiar a partir do conceito. Isso é o que sinto. E é o que afirma Sua Voz em A Grande Síntese, desde os primeiros capítulos.
Muitas vezes as discordâncias se dão por palavras. Eu tentei definir o que entendo por socialismo, fascismo, capitalismo e outros ismos. Mas o cerne da questão é edificar uma mentalidade capaz de demandar um novo sistema político e econômico que salve a espécie humana. E extraia o melhor de cada um, sem deixar ninguém na inércia da inatividade degenerativa ou na idiotice da atividade alienada.
Meu ímpeto não é convencer ninguém. Viso expor meus conceitos e um sonho íntimo - que sinto ser o sonho de muitos. Se falo de uma forma, outro pode falar de outra. Mas que haja reflexão, troca de ideias e mergulho na vivência - ao invés de afastamentos e astúcia para buscar o melhor argumento.
Para o consciente a maior segurança é a liberdade - pois ele sabe usá-la.
* Antropoceno (ou Antropocénico em português europeu) é um termo usado por alguns cientistas para descrever o período mais recente na história do Planeta Terra. Ainda não há data de início precisa e oficialmente apontada, mas muitos consideram que começa no final do Século XVIII, quando as atividades humanas começaram a ter um impacto global significativo no clima da Terra e no funcionamento dos seus ecossistemas.