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quinta-feira, 26 de maio de 2022

Você, que está seguindo O Caminho: qual é a sua missão?

A existência das pessoas parece ser um caminhar sem rumo. Como um barco sem timoneiro, a maioria dos seres humanos vive o dia a dia da forma que lhe foi ensinada, sugestionada ou imposta - pelas leis e costumes humanos. Não se desvia do rumo estabelecido pela quantidade das massas que, com sua imensa força bruta e barulho ensurdecedor, dita o que é adequado e o que é inadequado. Dita os limites e os objetivos - pequenos objetivos...diminutos...quase ridículos frente aos desafios que o momento atual nos impõe.

Para avançar na esteira evolutiva é necessário abandonar tudo que nos foi ensinado. É preciso tornar secundário tudo que nos foi imposto como mais importante: ferramentas, métodos e paradigmas. E colocar em primeiro lugar - prioridade absoluta digna de receber todo nosso tempo, energia, atenção e, acima de tudo, criatividade. 

Fig.1: Todos possuímos uma razão de ser. Muitos estão expiando ou sendo provados. Alguns estão em missão.
Quando atinge-se esse ponto, em pouco tempo é possível descobrir qual o motivo de ter vindo ao mundo.
Quando você sabe por que veio, tudo ganha significado. Cada atividade é preenchida de substância Divina.

As pessoas tem medo. Isso as impede de acionar das 'engrenagens superiores' a favor do ser - e consequentemente, da coletividade que será impulsionada pela criatura destemida. Essas 'engrenagens' são poderosas porque atuam através do espaço-tempo, usando a energia e a matéria, os seres vivos em todas suas experiências multifacetadas, em todas suas escalas e potencialidades; e suas construções coletivas tangíveis e intangíveis (ideias), para realizar a Vontade de Deus. Que no fundo, também é a vontade de toda criatura deste universo. Isso só é percebido quando alinhamos a nossa vontade (relativo) com a Vontade de Deus (Absoluto) - que quer o nosso bem.

"Não seja feita a minha vontade, mas a tua!" (Lucas, 22, 42b)

Enquanto houver vergonha em realizar nosso potencial; enquanto houver medo das ameaças humanas; enquanto houver sofrimento no ato de trabalhar; enquanto houver falta de sentido na vida, nas relações, no estudo, no serviço, nos acontecimentos da vida; enquanto houver temor de sofrer represálias; enquanto houver vergonha de proferir a palavra 'Espírito', 'Deus', 'Infinito', 'Absoluto', 'Ressurreição', 'Reencarnação' e 'Amor'; enquanto tudo isso ocorrer, sempre haverá desentendimento, inteligência desorientada, guerra e sofrimento crescente. 

A imensa maioria das pessoas causa seu próprio sofrimento. 

A coletividade humana, em seu modus operandi, sustenta um sistema que lhe esmaga as oportunidades e afoga os seus sonhos mais sublimes. Isso ocorre porque a média (o tipo normal, que dita a ética e os costumes e as leis) está sintonizado com um paradigma que não mais é adequado ao transformismo evolutivo em nível de coletividade humana. Isso é evidente ao percebermos a falência dos métodos e ferramentas hodiernas. Métodos e aparatos que somente escondem os problemas. Esvaziam de lixo um local para colocá-lo em outro; criam eruditismos novos (leia-se filosofias de vida humanas) para uma parcela suficientemente (e temporariamente felizarda) que pode segui-la; aumentam as funcionalidades de aparatos para manter as pessoas (e os próprios criadores dessas engenhocas) suficientemente iludidas com a tecnologia. Creem que a redenção virá através da tecnologia e do crescimento econômico - os tipos que o mundo mais valorizam e seguem. Seguem porque muitos valorizam e valorizam porque muitos seguem. E assim preparamos a Lei para atuar com sua máxima intensidade - através da natureza infra-humana...e humana.

A inquietação do ser é cada vez maior. Mais desesperadora. Os artifícios aumentam exponencialmente para se manter a par desse tsunami de alucinação e desespero. 

Poucos sabem qual é o objetivo da Vida. Porque não conhecem a gênese a a estrutura de nosso universo. Porque desconhecem uma teoria capaz de jungir as diferentes religiões, correntes filosóficas e teorias científicas. Porque não percebem a unidade presente nos recônditos da diversidade. Porque estão adormecidas pelo consumo conspícuo e pelo trabalho alienado. A mente humana está em constante estado de alucinação, deixando-a cega para a realidade mais profunda - a única que interessa, pois tudo dirige e causa.

Não se trata de deixar de viver no mundo, com o mundo - mas de viver no mundo sem ser do mundo. Estar para além das aparências. Saber usar cada oportunidade terrena como uma brecha para manifestar o Infinito das possibilidades e o Eterno da potencialidade - e assim revelar a imanência do Absoluto benevolente, poderoso e majestoso em nosso relativo confuso, barulhento e humilhante. É preciso realizar uma Grande Síntese interior para começar a se alinhar com as mensagens superiores.  

Quando alguém descobre para quê veio a este mundo, ou seja, qual é a sua missão de vida, tudo se transforma radicalmente. Aí, meu amigo, tudo passa a ter um significado supremo. Nada irá impedi-lo de cumprir seu objetivo porque seu destino foi traçado em parceria com forças superiores. O Alto lhe assiste a todo momento. Porque o ser (por mais inerme que seja) está cumprindo a Vontade Suprema. 

Qual é a sua missão?

Queres parar de sofrer? Queres se desgastar menos? Queres ter mais efetividade em suas ações? Queres se sentir bem consigo mesmo, no silêncio de teu Eu? Então vá, viva e descubra qual o seu script cósmico! Seu roteiro. 

Observando a maioria das pessoas vejo claramente o desperdício. Um desperdício de oportunidades que conduz a um empobrecimento. Uma necessidade constante de estar se esforçando loucamente para conseguir manter a 'peteca no ar'. Uma obsessão por desempenho. Obsessão que atinge grau doentio em alguns casos. Pessoas enfermas porque não tiveram a visão. E, se lhes foi apresentada (a visão), não atingiu o âmago da alma. Esses são os que mais precisam ser ajudados - e tratados. E há muitos que julguem essas criaturas que se movem sem parar em busca de desempenho como exemplares...Pobres criaturas cujo discernimento ainda inexiste. 

A todos que estão presos a essa realidade louca; às imposições; às aparências; ao medo de querer se manter colado ao rebanho, digo: deixe tudo pra á. Let It Go.

Porque precisamos atingir a essência de nós - e consequentemente, da fenomenologia universal...Precisamos deixar as coisas para sermos. Let It Be. 

Deixar de ter - para começar a ser.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

V's Virtuosíssimos

Fig.1: Vórtice virtuoso vetorizado pelo verbo vivo.

Venha, velho você.

Vamos versar verdades verídicas, verbalizando o verbo valoroso.

Vivamos os valores vulcânicos, ventilando as virtudes vívidas.

Vençamos as verborragias vacilantes, via verbalizações vetorizadas.

Vamos vencer. Vamos viver. Vamos vigiar.


Venha, velho você.

Venha voar o voo virtuoso visando o vértice, vencendo o vácuo.

Vicissitudes virão, vazando o valor da vida que vacila.

Vença-as pelo verbo!

Vosso vigor vara os vadios vacilantes;

Vadios verborrágicos em vales de vômito viscoso. 

Vossa virtude velada, vestida com verniz, vergasta ao ver vícios.

Vá, viva e vença!

Vossa virtude virá ao vértice, vívida e vertical; 

verdadeira e voluptuosa; 

valorosa e vorticosa - como a vida.


Vórtex volátil, mas vivo;

Vórtex volumoso, mas vetorizado;

Vórtex vulcânico, mas vivificante;

Vórtex valioso - como um violino.


Venha, venha, velho você. 

Viajemos nos veleiros velozes pelas vísceras dos vales vergastados.

Viajemos nos veleiros vetorizados pelas verborragias dos ventiladores vacilantes.

Viajemos pelos vales vicinais, mas vivamos na verticalidade valorosa;

vencendo o vício pela verdade do verbo.

Viajemos verdadeiramente para vencer definitivamente.


Vim, vi e vivi;

Vivi para vergastar as vísceras;

Vergastei para valorizar o valor vívido;

Valorizei para vetorizar o verbo;

Vetorizei para verbalizar a verdade.


Vitória é o destino dos valorosos que vivem e verbalizam.

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Da crença vacilante à sapiência vetorizada

É difícil. É dificílimo. Quase impossível. Para os inconscientes, que gozam nos baixos planos da vida meramente sensória, feita de repetições sem pensamento, é impossível. Impossível porque é seu desejo. Porque se for minimamente realizável um ideal, seus gozos serão interrompidos. E eles (inconscientes) não estão prontos para viver uma realidade mais séria e sincera. Uma realidade em que é possível falar sobre as coisas mais fantásticas sem fugir do tema central, dando uma orientação suprema e um dinamismo vitalizante. Potência e direcionamento.

Quanto mais dificuldade vemos em realizar algo bonito e inteligente, mais comprovamos a nossa preguiça em ascender rumo a planos superiores de vida. Ansiar pela verdade mas ser incapaz de vivê-la é um atestado de bestialidade que um mundo em transição planetária não pode mais aceitar. Em breve essas criaturas, que vivem em perpétuo estado de negação, escapismo, estagnação e rodeios sem fim, deverão assumir uma postura perante a vida - ou as forças da vida irão colocá-los numa posição de obediência.

Fig.1: A individuação pode ser vista como um vórtice (ou vortex). Ela ocorre na natureza a todo momento. 
É o que nos permite perceber fenômenos como distintos, seres como únicos, ideias como singelas 

Aqueles que foram ridicularizados, desvalorizados, oprimidos e excluídos, assumirão a dianteira do processo evolutivo da coletividade humana. Serão destacados das multidões por circunstâncias globais que clamarão por Profetas Modernos. Quanto mais se avança no caminho imposto pelo paradigma moderno, mais o cético materialista se sente desesperado, e dá seu grito desesperador através das mais escabrosas elucubrações argumentativas, visando negar o inegável. Mas o momento decisivo está chegando.

As forças do AS lançam sua última ofensiva contra a nova empreitada do espírito do S. Dessa vez o ideal renasce com uma couraça. Está munido de astúcia, inteligência, dinamismo e vontade. Usa dos métodos do mundo para conduzi-lo ao belo, ao bom e ao supremo. As brincadeiras são sérias sem parecê-lo. Dosa-se magistralmente tudo. O ritmo se intensifica e a vontade explode. Não há tempo a perder. Qualquer oportunidade para inserir os princípios da nova civilização será aproveitada, mesmo que isso abale os corações e perturbe as mentes. Estamos num momento de transição, em que todas as crenças serão colocadas em xeque, com o objetivo de filtrarem suas impurezas e se irmanarem num Absoluto que é imaterializável, inominável. São os relativos que se despem de preconceitos e se impulsionam com o combustível espiritual. Rumo ao Absoluto, situado na não-localidade, na não-temporalidade. O Reino do infinito e do Eterno que está nos recônditos de nossa bolha espaço-tempo, retificando-a através de Sua Lei. Lei que se adapta ao nível evolutivo em que nos colocamos por livre e espontânea ignorância.  

A partir do momento em que o viajor solitário percebe qual a sua missão de vida, tudo ganha sentido e o tempo passa a ser preciosíssimo. Ele vive em Deus e para Deus. Nada irá impedi-lo de marchar cada vez mais destemidamente. Os golpes são elegantemente convertidos em combustível espiritual, dando mais criatividade e reforçando a couraça. O estofo se torna maior. A blindagem não é material, mas interior - a mais poderosa de todas e única que pode realmente garantir o avanço contínuo num oceano de descontinuidades quânticas. 

Fig.2: A melhoria não se dá por rearranjos exteriores sofisticados, mas por percepções interiores mais profundas.
É assim que as pessoas se transformam - e transformam o mundo. 

A estratégia é simples: falar sem medo. Tudo que se sente e se pensa. Isso é perigoso apenas para o involuído que possui pensamentos fragmentados e sentimentos obscuros em seu imo. Para o evolvido, não é necessário ponderar as palavras - pois tudo em seu íntimo é belo e coerente. Ou seja, não existem barreiras para quem já teve a visão do Absoluto; para quem viveu as realidades mais sublimes e se sensibiliza com os grandes acontecimentos, em todos campos. Quem percebeu a Lei de Deus atuando em sua vida não tem motivo para negar. Está tudo evidente e claro. Até mesmo as questões mais complicadas da ciência e das filosofias passam a ser percebidas em sua essência. Conquista-se uma nova dimensão. O domínio íntimo dos mecanismos do Alto torna a atuação exterior das especificidades do baixo mais potentes. Sabe-se mais técnica sem se esforçar tanto nos estudos; compreende-se a origem das coisas, suas limitações, e seu destino final na ordem cósmica; todas criaturas são amadas e queridas. 

O autor está descobrindo verdades profundas e registrando-as da melhor maneira possível para que seres já em busca possam perceber que sua "loucura" é, de fato, a salvação. E salvação vêm através da evolução - que é um fenômeno substancial que se manifesta em seus últimos estágios no plano físico. Esses seres (em busca) possuem uma doença: a doença que cura. E assim, ser saudável nesse mundo é sinal de perdição. Genialidade e neurose andam juntas por serem causa fantástica que traz como efeito um distúrbio - pois o organismo, em todos seus níveis (físico, emocional e mental), é forçado a acompanhar o ritmo de um Espírito desperto. É fantástico. Verdadeiramente fantástico.

As pessoas que não são sapientes ou não creem com força suficiente, escondem suas crenças e valores, como se fosse uma chaga. Não praticam o que acreditam ser o certo. Não implementam as realidades de um mundo mais vasto, pleno de complementaridades e criatividade, porque possuem vergonha de serem taxados de anormais por seus pares - sejam estes colegas de trabalho, membros da família, ou terceiros. E assim estão em sofrimentos intermitentes e agudos, evasões constantes e reclamações que não levam a lugar nenhum - exceto aumentar o nível de estresse. Essas pessoas estão perdidas e só irão aprender através da dor. Tão maior esta será quanto menor o grau de percepção da realidade do ser. 

Querer resolver um problema da vida sem se perguntar o que o levou até um contexto incômodo é sinal de cegueira. Reconhecer a doença é o primeiro passo para a cura. Mas para isso é imperativo enxergar o que jaz sob a superfície das aparências. 

Os eventos que pipocam nada mais são do que consequências finais de uma série de comportamentos. Esses comportamentos foram reproduzidos baseados numa forma mental que está ancorada na visão de mundo do indivíduo. 

Fig.3: Tudo que acontece em nossa vida foi criado por nós mesmos, através de vários atos. Nosso contexto 
se torna sólido através de nossas práticas. Práticas ancoradas em uma forma mental. Se vemos diversamente e vivermos 
de acordo, nosso mundo irá se transformar. Mas a imensa maioria não quer se dar ao trabalho de ascender.
É preciso muito sofrer, muito pensar e muito amar para praticar sem medo o que se sofreu, se amou e se pensou...

Se inexiste uma ordem mais profunda por trás do caos que se manifesta, a tendência é viver de acordo com a sorte e o acaso. É aproveitar as situações para gozar o máximo;

Se se crê que inexiste a reencarnação, ou seja, a vida se resume a uma existência terrena, os dias serão cada vez mais agressivos para consigo mesmo e para com os semelhantes. Os projetos de vida serão reduzidos e limitados a períodos de tempo curtos;

Se se crê que a consciência é uma secreção do cérebro corporal - e não aquilo que molda a mente e o corpo físico - então é o inferior que comanda o processo evolutivo. Como o âmago da matéria é repleto de indeterminismos, seríamos um produto do caos;

Se a subjetividade do evoluído que vê mais longe é simplesmente delírio de um ser, então a objetividade do tipo médio irá podar livremente os impulsos evolutivos daqueles que, por maturação íntima, conseguiram ver mais longe e sentir mais profundamente, freando o progresso da coletividade - inclusive o seu próprio.

É, no final das contas, apenas uma questão aceitar a Realidade.

Deixo a dica de uma música relaxante, de ondas longas (baixa frequência, 432Hz), que ajudam a colocar a mente em estado de contemplação para que assim você, que ainda dúvida de todos esses escritos, possa compreender que o que estou tentando passar é a chave para a redenção da humanidade.



sábado, 7 de maio de 2022

La Otra Mirada - quando as mulheres entram em cena

"O progresso da arte reside em manifestar, com evidência cada vez mais límpida e com maior profundidade, a beleza do pensamento divino na lei que governa o universo."

A GRANDE SÍNTESE, Cap. 100 - A Arte

As melhores séries (e filmes) são aquelas que tratam da questão humana. Porque é a que mais precisamos absorver para desvendarmos o mistério dentro de nós. Sejam histórias reis ou fictícias, o importante é que elas estejam vinculadas aos aspectos mais próprios da condição humana. Questões que nos diferenciam no mundo mineral, vegetal e animal. 

Humanos: equidistantes entre o micro e o macro nas escalas de tempo e de espaço. Seres contraditórios, capazes de barbaridades horrendas mas, ao mesmo tempo, com criatividade insuperável e capacidade dos gestos mais belos. Uma personalidade e um corpo que é um misto de anjo e demônio. Seres com  rotinas equidistantes do Reino Divino e dos abismos infernais. Seres capazes de muito (fazer) sofrer e amar. Seres em busca da coerência e da paz; de unificação das diferenças; de coordenação das especializações; de síntese do saber e de vivência dos mais elevados conceitos. 

A Arte, expressão mais sublime no Divino no plano humano, é a fronteira das capacidades expressivas de nossa espécie. É elogio ao amor, conflitos emocionais profundos e criatividade em expressar o pensamento diretor do universo. Através de formas, histórias, fenômenos e transformações. Nos tempos modernos, os meios audiovisuais foram atingiram uma capacidade de permear muitos lares. Há muito conteúdo bom sendo produzido nos dias atuais - apesar de uma decadência horrenda que se manifesta sem medo ou vergonha. Quem está desperto (ou despertando) sabe captar esse conteúdo. Sabe valorizá-lo porque compreende seu significado. Sente a obra e depois enxerga em seu quotidiano as questões tratadas. Vive a ideia porque sente sua importância.

Novamente a Espanha parece estar na dianteira quando se trata de temáticas humanas. Além de nos brindar com as magníficas séries históricas Isabel e Carlos, Rey Emperador, agora temos La Otra Mirada.


A série orbita em torno de uma academia para senhoritas (leia-se, escola para moças de famílias abastadas de Sevilha) e as quatro professoras principais - uma delas, Manuela, a nova diretora da academia.

O primeiro episódio nos dá ideia de um suspense. Observamos uma festa de figuras importantes na cidade de Lisboa. Muitos aristocratas, homens importantes com seus cargos políticos e/ou negócios. Algumas mulheres - importantes apenas por estarem acompanhadas de seus maridos. Mas uma delas, desacompanhada, se faz importante não pelo seu vínculo com um homem, mas pelo que ela é. Essa é Teresa. Uma mulher que, apesar de posteriormente descobrirmos ser filha de alguém muito importante, conquista sua posição por si mesma. 

Um assassinato ocorre e Teresa é a primeira suspeita. Ela foge para Sevilha, na Espanha, encontrando um local adequado para esquecer (e pensar) sobre o que ocorreu. Esse local é a academia para senhoritas, cuja direção acabara de mudar: de  uma mãe conservadora e alinhada com os métodos do mundo, para uma filha progressista e em busca de novas maneiras de fazer as coisas. E graças a essa fortuita transição Teresa consegue ser contratada para dar aulas de Artes para as moças.

À medida que o ano de 1921 transcorre, observamos os costumes dessa época na Espanha. Um século atrás - enormes diferenças sociais e culturais. Diferenças tão ou mais impactantes do que as tecnológicas. 

Um mundo em transformação do ponto de vista da ciência, mas também dos costumes e da forma de perceber a realidade. Na série vemos o embate entre o velho que não quer morrer e o novo que anseia por nascer - e florescer. Esse embate - uma grande batalha - se inicia assim que o elemento catalisador (Teresa) entra nas engrenagens escolares. Manuela se identificou com essa mulher mais experiente do que ela (=mais idade) e decidiu dar uma chance para ela. Isso apesar de todas outras candidatas terem as formações exigidas e a experiência requerida. Mas o que acabou falando mais alto na hora da decisão foi essa intuição da nova diretora pelas possibilidades de transformação. E eis que Teresa entra no grupo composto por quatro mulheres muito diferentes em suas vidas pessoais, mas profundamente irmanadas em suais dificuldades existenciais.

Fig.1: Luísa, Manuela, Teresa e Angela (da esquerda para a direita).

Junto a esse par de mulheres temos Luisa, uma mulher mais madura cujo marido faleceu e tem um filho que não quer saber de nada exceto nada fazer da vida; e Angela, mulher casada com cinco filhos que se vê em conflito consigo mesma quando conhece uma outra mulher, mãe de uma das alunas, colocando em cheque sua vida familiar. 

Ao longo da série os personagens vão se moldando às circunstâncias e influenciando o ambiente. Cada episódio traz uma temática, sendo todas elas centradas num eixo comum: a posição de subserviência das mulheres na Espanha do início do século XX. Como se trata de uma escola com moças que estão começando sua vida social e profissional, com uma diretora ainda inexperiente porém muito apaixonada e com visão de futuro, basta uma centelha para que toda essa comunidade passe a marchar numa direção diferente. Essa centelha é justamente Teresa, que 'cai' lá. Não por acaso, mas por destino. 

As moças, assim como suas professoras, são diversificadas em seus costumes, inclinações afetivas, aptidões cognitivas e tendências evolutivas. São o futuro a ser projetado a partir de um passado cristalizado por costumes cada vez mais rudimentares e engessantes; e um presente tempestuoso e desafiador, cheio de incertezas e possibilidades. 

Fig.2: Candela, Macarena, Maria Jesus, Margarita, Robertta e Flávia (da esquerda para a direita). 

A série é fenomenal. Uma demonstração de que os espanhóis, com sua TVE, sabem produzir verdadeiras preciosidades audiovisuais, tratando de temas humanos com um toque se sentimento e uma percepção madura da realidade histórica, cultural e do mundo profissional. Isso tudo sem deixar de conseguir nos brindar com cenas engraçadas, emocionantes e que nos fazem repensar diversos costumes. 

A evolução de cada personagem é evidente quando passamos de episódio em episódio - especialmente os mais marcantes. E da primeira para a segunda temporada. Um grande evento irá marcar o fim de uma; e outro, relacionado a ele, irá marcar o início e desenvolvimento da segunda. Isso trará novas questões.

É dificílimo não se envolver com os julgamentos que a sociedade (e mesmo parte de suas colegas inicialmente) fazem de Roberta; ou com os dramas de Flávia, cuja vida é comprimida em função de interesses comerciais (fusão de famílias donas de um negócio comum); ou com Maria Jesus, que em sua ingenuidade se deixa levar por pessoas de má fé. 

Temos Candela, companheira de quarto de Flávia, que está perdida nas disciplinas, não obtendo desempenho bom em nenhuma, mas com uma vontade muito grande de se tornar bióloga. E Margarida, companheira de quarto de Roberta, que é meticulosa, eficiente, mas demasiada ansiosa e centrada em si (ao menos inicialmente), mas que amplia sua percepção a partir de uma pessoa que deseja ajudar. 

Há também a Macarena, uma moça com características ligeiramente diferentes, centrada em aspectos da realidade mais masculinos, que se identifica com Inés, a nova estudante que aparecerá na segunda temporada. 

Cada moça é um mundo. Cada uma apresenta um potencial, um conjunto de possibilidades, um modo de vislumbrar, de pensar, de sentir e de agir. Atitudes ímpares em suas manifestações femininas - idênticas em seu anseio por descobrir sua verdadeira natureza...de atingir uma felicidade mais plena. 

Cada moça pode ser traduzida por um poema singelo. Ou por uma sonata de dramas interiores expressos por uma cantata de atitudes determinadas (por crenças e valores) e determinantes (de destinos). 

Não direi mais nada. Mais do que ler a minha sensação da série, é preciso assisti-la com os próprios olhos e senti-la com o próprio coração.