Páginas de meu interesse

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Solidão, Coragem e Ascensão

Apenas quando algo é escasso é que existe valorização desse algo. No momento em que saboreamos aquilo que nos foi negado durante muito tempo - algo necessário, essencial para nos alimentar, fisicamente ou espiritualmente -   a sensação é plena. Não há maior satisfação do que saborear aquilo que nos foi impedido durante um bom tempo. Ou seja, o distanciamento (=proibição de algo ou alguém ou uma atividade) nos dá uma perspectiva mais ampla das coisas. Da vida. Da nossa missão neste mundo.

Fig.1: Todo ser tem valor infinito diante do Absoluto. A vontade de unificar acompanha a visão da Realidade.
A capacidade de transformar dependerá de uma combinação dos princípios eternos. Não há receita. 
Cada ser é único. Mas a meta é suprema e substancialmente idêntica.

A falta do outro só é sentida com a ausência dele. Aquilo que não era valorizado torna-se de valor. De repente percebe-se quão grande foi o rombo causado pela partida de uma pessoa. É uma marca muito profunda na alma. Um impacto muito forte que abala profundamente uma ou mais criaturas que conviveram próximos a esse ser e nunca perceberam o que ele estava fazendo. Qual era sua real função? Sua missão? Seu significado? Por quê ele veio para cá? Por que ele estava fazendo tudo isso?

Quando percebemos o significado das coisas que ocorrem começamos a agir de modo mais firme. Num ser em vias de se tornar evoluído (tipo biológico do futuro), a bondade, a inteligência e a coragem andam de mãos dadas. 

Bondade é ter intenção pura, seguir os princípios imutáveis (amor, imortalidade, cooperação, etc.), querer uma solução que seja sustentável e abra brechas para o reino da liberdade com responsabilidade do futuro;

Inteligência é saber associar, ponderar, perceber as limitações dos métodos e a necessidade de integração (e posterior fusão) dos saberes. É ter uma percepção de longo prazo na hora de esquematizar diretrizes gerais e agilidade competente no curto prazo, para lidar com as misérias e desafios do cotidiano;

Coragem é alinhar sua mais íntima vontade, provinda da consciência latente, com o modo de lidar com o mundo. Com os outros...É encontrar maneiras criativas de imprimir o pensamento de Deus nas ações do dia-a-dia, através de seu metiê (profissão), de seu modo de existir e atuar. É ousar. É demonstrar firmeza e serenidade diante de dez ou vinte ou quarenta ou cem que discordem de você.

É a combinação harmônica, intensa e dinâmica dessas três grandes características que forjam um ser invencível. Um ser invencível que é derrotado n vezes, mas que se levanta n+1 vezes. E a cada recuperação, o ser se ergue mais belo, mais experiente, mais ágil, mais determinado.

É sem dúvida uma invencibilidade diferente daquela passada por filmes modernos que só querem arrecadar público consumidor de superficialidades. É uma força que parece fraca. É uma inteligência aparentemente pouco séria, pois não se ancora firmemente nas referências e busca resolver o problema do conhecimento por vias intuitivas, de maturação interior - via experiências.  

Nós somente iremos saber do que somos capazes se atingirmos as fronteiras de nosso concebível. Se ousarmos ir além das convenções externas impostas a nós (a todo momento, sutilmente, sob várias formas). Se enfrentarmos os nossos fantasmas. Se soubermos lidar com o inesperado. 

Fig.2: Ascender é trabalhoso. É tão mais arriscado quanto mais pioneiro se for. 
A conquista do cume libertador é tão mais gloriosa quanto mais determinada e cheia de barreiras mundanas. 
Quem não enxerga não compreende nada. E muitos não enxergam. Não compreendendo, agem como agentes do diabo,
inserindo barreiras inconscientemente. 

Sem equações mastigadas prontas para serem inseridas. Sem métodos prontos. Sem suporte das equipes de RH, psicólogas, pedagogas, TI, chefia, pseudo-gurus ou coisas do tipo. Apenas apoiado no Absoluto - único ponto de apoio verdadeiramente poderoso. Um centro que não é espacial, nem mental, mas espiritual. Esse é o único ponto de apoio que jamais nos deixará decepcionados. Não nos abandona jamais. Porque ele transcende tudo que conhecemos e não conhecemos - mas ao mesmo tempo permeia tudo que conhecemos e não conhecemos. 

"Since a highly spiritual person lives by their inner truth, they will follow that path regardless of social conditions. Human behavior tends to follow the latest fashion, topics, mentality, and so on. However, a spiritual person realizes all these trending lifestyles are not meant to last so they have adjusted their mentality to things that are timeless."

Fonte: TUGMAKVU (grifos meus)

Pessoas espirituais vivem sua verdade interior (1°grifo). Isso aponta para subjetividade. Algo único e ao mesmo tempo real, importante, essencial para o progresso de do indivíduo e do universo. É nesse domínio - o domínio da consciência, do Eu Superior - que reside a potência que nos permite perseverar, criar e desfrutar das coisas realmente valorosas da vida. Coisas que não envolvem fama ou drogas ou dinheiro ou fofocas ou títulos ou coisas do tipo. Nada do mundo deve ser colocado como de máxima importância - apenas usado em prol de princípios superiores, eternos. 

Uma pessoa desperta, já ligeiramente espiritualizada, percebe que as tendências do mundo não foram feitas para durar (2°grifo). É de sua natureza serem transitórias. Ou melhor, existirem temporariamente. Logo, não possuem valor intrínseco. Então a mentalidade dos despertos estão voltados para as coisas perenes

Não é difícil compreender isso. O desafio é implementar essas visões profundas em vida. Permear nossas sistematizações, teorias, metodologias, obras, relacionamentos e tudo mais com essa substância. 

O barulho ensurdecedor das relações sociais impede o contato de cada pessoa com a essência da vida. A sociabilidade se tornou uma tara. E com isso a sensibilidade social virou apenas artigo a ser usado para as pessoas aparentarem se importar. A propaganda e até mesmo as implicações das incompletas teorias do presente - apoiadas nas aparências e num conforto insustentável e egoísta -  nos induzem a fazer cada vez mais, conectar mais, publicar mais e coisas desse tipo. Mas sem orientação, sem reflexão. As normas e a cultura dominante, produto da forma mental moderna, do tipo médio, um medíocre, penalizam a qualidade e viabilizam as quantidades. Como resultado, os mecanismos de freio ao progresso funcionam bem - e a tarefa de transformar o mundo se torna árdua. 

O autor já sentiu, viveu e percebeu à fundo tudo isso. Essas dores tem implicações muito profundas no modo de se comportar perante o mundo. É uma mudança de atitude radical. Passa-se a ter uma política de atuação integral, com mais energia vital do que a média. Muito vigor porque o Espírito muito está demandando do organismo físico. Age-se no mundo de forma ativa (=incessante, energizado) e altiva (=digno, ilustre, com brio), respeitando o ritmo de cada criatura. 

Resta ainda alguns pontos a serem melhorados. Talvez a dor auxilie o autor a perceber melhor. Isso será muito bom para o seu progresso espiritual. Não esperar absolutamente nada do mundo para assim poder oferecer o melhor de si mesmo é o ponto supremo nos próximos anos. 

Nada esperar do mundo, 

Viver no mundo,

Não ser do mundo...

Não tenha vergonha do seu Eu Superior. De sua Consciência Crística. Ela é sua evolução e salvação.

No fundo, evolução e salvação são o mesmo fenômeno.

Um sob a perspectiva científica - o outro, sob a perspectiva religiosa.

Referências:

TUGMAKVU, Muang'Akili. Why Highly Advanced Spiritual People Prefer to be Alone. Link: <https://medium.com/broaderinsights/why-highly-advanced-spiritual-people-prefer-to-be-alone-b37c1a1932ca>

A Consciência Crística | O despertar do DEUS INTERIOR. Link: <https://www.youtube.com/watch?v=FaTanU0Whh4&ab_channel=PODERDOEUSUPERIOR>

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Monismo Substancial (parte 3)

No ensaio anterior terminei citando a necessidade de adicionarmos dimensões adicionais ao estudo de nosso Universo. Aqui irei continuar do ponto em que parti, tendo por norte o ensaio-referência de Gerald Baron. 

Fig.1 Tudo que conhecemos é um caso particular do Todo infinito e eterno.

O que nos interessa inicialmente é a questão das dimensões. A física estadunidense Lisa Randall aborda essa questão de um ponto de vista estritamente materialista. De modo bem simplificado, ela atesta a necessidade de uma quinta dimensão para explicar os fenômenos que a ciência desconhece. Sabemos que existem três dimensões espaciais (x,y,z) e uma dimensão temporal (t). Elas formam o nosso tecido espaço-tempo. Mas muitos fenômenos que ocorrem nesse palco dualístico tem uma natureza misteriosa. Por exemplo: por quê duas das forças fundamentais, a gravitacional e a eletromagnética, possuem magnitudes tão diferentes, da ordem de 10^40 (dez elevado a quarenta)?

Sua Voz em A Grande Síntese (AGS) nos dá orientações supremas para abordar esse desafio. A ciência ainda não considera esse livro como algo sério, digno de conduzir toda a Física Quântica e Relativística. Apenas um ou outro grande cientista teve contato com a obra e (ao menos) percebeu que se tratava de algo fora do normal. Algo maravilhoso do ponto de vista espiritual e moral e ao mesmo tempo a ser levado em consideração pelas mentes mais científicas. Um desses grandes nomes da ciência foi Enrico Fermi, conterrâneo e contemporâneo de Pietro Ubaldi, que chegou a escrever três longos e aprofundados artigos sobre os três primeiros livros do Apóstolo de Cristo. Um deles sobre AGS, cujo trecho transcrevo abaixo.

"No caso de Ubaldi, resta explicar um fato estranho. Um homem que, depois de haver estudado leis, de má vontade, de ter viajado para ver o mundo e aprender línguas, dedica-se a ensinar inglês num pequeno ginásio de província, e deixa de ocupar-se com estudos e leituras científicas; este homem, de improviso, toma a pena e escreve Mensagens impressionantes, que ele assevera que lhe foram sugeridas por seres superiores. Dois anos depois, e sempre acusando a mesma proveniência, escreve um volume de 400 páginas — do qual fiz a apreciação — perfeitamente orgânico e coerente, que, pode dizer-se, enfrenta todos os problemas mais delicados pertinentes à ciência e à vida, e se mostra bem informado (mas por caminhos extraordinários) dos últimos resultados seus, acha conexões inéditas e antecipa descobertas teóricas. Tudo isso, numa forma literária irrepreensível, lúcida e elegante; com um tom elevadíssimo, uma espiritualidade cálida e pura, e uma humanidade palpitante."

Enrico Fermi, da revista Gerarchia. Milão, abril de 1938. (grifos meus)

Fig.2 Enrico Fermi (1901-1954). Físico teórico italiano naturalizado estadunidense. 
Participou do Projeto Manhattan.

O volume em questão pode ser lido aqui. Para quem realmente vê e sente o que eu (sinto e vejo), os outros livros de Ubaldi se encontram nessa página aqui

Voltando à questão das dimensões, o que se percebe é que o trabalho da Dra. Lisa Randall é muito importante do ponto de vista intelectual-científico. No entanto (e aqui relembro que sou leigo em alta física), eu não posso deixar de sentir em meu íntimo que o caminho sendo esboçado é um beco sem saída. Por quê? Simplesmente porque ela tenta explicar uma realidade mais profunda sem sair do âmbito da matéria e das dimensões conhecidas. Ela quer, pelo que vejo, encontrar mais dimensões no espaço - sendo que elas inexistem, de acordo com Sua Voz. 

O aspecto ternário continua guiando minhas investigações, pois me parece o mais coerente - apesar de eu não saber demonstrar o porquê disso com todo ferramental intelectual. É uma questão de intuição

Quando falamos de outras dimensões além do espaço-tempo, é comum encontrarmos na ciência hipóteses que apontam que essas dimensões ocultas estariam empacotadas de tal forma que é dificílimo identificá-las. Como as ondas gravitacionais, que por ter comprimento de onda infinitesimal, só foram detectadas em 2015 (sendo que AGS falou sobre sua existência em 1932, quando a ciência nem aventava a possibilidade delas existirem).

A questão é: por que estariam essas dimensões dobradas, ocultas, escondidas, em nosso universo? Elas parecem não se manifestar plenamente, se interpretarmos todas as averiguações da ciência. 

Será, então, que isso é natural

Será que houve um processo responsável por essa contração (dessas dimensões)? 

Será que nosso universo espaço-tempo seria um resultado (manifestação) dessa contração? 

Será que todas essas perguntas tem algum sentido?

E quando falamos em tudo isso, não podemos deixar de lado as escrituras sagradas quando se fala na Queda. Vejamos um trecho do artigo em questão.

"The first humans who became aware they had the gift of mind lived in a cosmos that included the full dimensions of the created universe. They were given charge over it by the Spirit/God but in willful disobedience to the directions of the Spirit, they lost their access to the full dimensions. The cosmos did not change, but their senses and abilities were changed so that only four dimensions of space and time were accessible to them."

Fonte:  BARON (grifos meus)

Vejam: está sendo dito que tínhamos acesso a todas as dimensões do universo criado (que não seria este aqui exatamente). Mas desobedecendo as diretrizes do Espírito, que poderíamos traduzir por Lei de Deus, acabamos perdendo o acesso pleno às dimensões (trecho grifado). Então o cosmos original, pleno ou infinito, não mudou, mas sim nossos 'sentidos' e 'habilidades', de tal modo que apenas quatro dimensões (espaço e tempo) fossem acessíveis a nós, diz Baron.

Mitologicamente, anjos com espadas foram colocados na fronteira entre nosso mundo limitado, ilusório, em perpétua transformação (AS) e o mundo original, livre, infinito, ilimitado, perene (S). Esses anjos podem ser vistos como o mecanismo de proteção imanente no ser decaído que o impede de viver num 'local' melhor devido ao seu estado decaído. Ou seja, nos tornamos não-merecedores de viver plenamente. A vida que era una foi despedaçada em incontáveis existências, nas palavras de Ubaldi. 

"The Unus Mundus lies outside time and space including the full dimensions of creation. It is creation but not the same as our cosmos. Eden and heaven are interchangeable. These are ancient names of the full dimension of the cosmos intended for humans, the world which they were charged with the responsibility to steward or manage on behalf of the creator-king. The Unus Mundus is not heaven because it is the dynamic movement of the whole from which all creation emerges. Heaven is also created but, unlike the four dimensional cosmos we experience, heaven is the unlimited dimension where God has chosen to rule directly."

Fonte:  BARON (grifos meus) 

O 'Unus Mundus' está fora do espaço e do tempo. Ele é criação, mas não a mesma de nosso cosmo (1° grifo). Seria ele então o Sistema de Ubaldi. Logo depois, ele afirma que Céu e Terra são intercambiáveis. Isso nos remete à Grande Equação da Substância (GES), que mostra que Espírito, energia e matéria são contíguos. Isto é, estão presente em tudo e todos em nosso universo, a todo momento. E se transformam um no outro (ou seja, possuem uma natureza comum).

Logo depois ele afirma que o 'Unus Mundus' não é o Céu porque ele é o 'movimento dinâmico do Todo a partir do qual a criação (nosso universo, o AS) emerge'.

Interessante...

Talvez ele esteja querendo dizer que O 'Unus Mundus' seria o S-AS, isto é, o Universo Divino (S) em coexistência com o (nosso) universo decaído (AS).

Ele também diz (último grifo) que o Céu também foi criado. Seria então o momento em que se deu a 1ª criação, na qual Deus, sozinho e homogêneo, se particionou em infinitas individuações - porém permanecendo no centro, no controle - que denominamos criaturas, de mesma natureza porém potência inferior à do Criador. Cada criatura com um 'tamanho', gerando uma diferenciação que aponta para um sistema hierarquizado. Foi criado assim o Sistema (ou Céu). Essa é a dimensão na qual Deus rege tudo diretamente. E indiretamente, ele rege o nosso universo, fazendo-se imanente.

"In all versions of the Unus Mundus we reviewed, this unitary world of energetic and informational reality stood outside time and space. The fifth dimension as explained by physicist/philosopher Tim Andersen requires timelessness. This fits the definition of heaven particularly if eternity is considered timeless versus endless time. One of the consequences then of the Fall, the restriction of humans to four dimensions, was the loss of timelessness and the imposition of time on the four dimensions. Andersen pointed out that entropy is different or missing in the fifth dimension so it may be that entropy is the meaning of death in the punishment meted out to the disobedient early humans. They and the entire cosmos they were limited to were subjected to entropy and therefore certain death."

Fonte:  BARON (grifos meus) 

A quinta dimensão (consciência) requer ausência de tempo (1° grifo). Usando a GES sabemos que o Espírito puro (alfa) pertence ao universo em que o movimento é não-vibracional, ou seja, intrínseco. Como ele opera a partir da consciência pura, então essa dimensão não necessita da dimensão tempo - característica da energia (beta). Nossas três dimensões espaciais, que formam o volume ou espaço, são o palco em que a matéria (gama) existe. E também, graças ao tempo, se transforma.

Fig.3: A GES resume toda a odisséia dos seres de nosso universo. Nela pode-se ver todos os fenômenos.
Ela será o Tao Te Ching da ciência - quando esta evoluir, se despindo de seus pré-conceitos.

O autor atesta (2° grifo) que a entropia estaria ausente na quinta dimensão, o reino do Espírito puro (alfa). Por quê? Porque no S não há matéria nem energia em estado manifesto - apenas como algo latente ou estado potencial. Sendo a grandeza entropia associada ao fluxo geral do tempo, dando direção única a ele, então ela cessa de existir num 'local' em que inexiste essa dimensão. E conclui dizendo que ela (entropia) seria o castigo aos espíritos desobedientes - que ele chama de humanos. 

Eu só trocaria 'castigo' por 'mecanismo retificador da Lei'. Soa mais científico, lógico e condizente com a natureza de Deus. 

Posteriormente iremos abordar algumas questões sobre como escapar dessa prisão em que nos metemos. 

Até lá.


Referências

BARON, Gerald B. Personal reflections on the concept of dual aspect monism. Link: <https://medium.com/top-down-or-bottom-up/personal-reflections-on-the-concept-of-dual-aspect-monism-95500891b97c>

Ciência Hoje. Lisa Randall: muito além das tres dimensões  Link: <https://cienciahoje.org.br/artigo/entrevista-lisa-randall-muito-alem-das-tres-dimensoes/>