Apenas quando algo é escasso é que existe valorização desse algo. No momento em que saboreamos aquilo que nos foi negado durante muito tempo - algo necessário, essencial para nos alimentar, fisicamente ou espiritualmente - a sensação é plena. Não há maior satisfação do que saborear aquilo que nos foi impedido durante um bom tempo. Ou seja, o distanciamento (=proibição de algo ou alguém ou uma atividade) nos dá uma perspectiva mais ampla das coisas. Da vida. Da nossa missão neste mundo.
A falta do outro só é sentida com a ausência dele. Aquilo que não era valorizado torna-se de valor. De repente percebe-se quão grande foi o rombo causado pela partida de uma pessoa. É uma marca muito profunda na alma. Um impacto muito forte que abala profundamente uma ou mais criaturas que conviveram próximos a esse ser e nunca perceberam o que ele estava fazendo. Qual era sua real função? Sua missão? Seu significado? Por quê ele veio para cá? Por que ele estava fazendo tudo isso?
Quando percebemos o significado das coisas que ocorrem começamos a agir de modo mais firme. Num ser em vias de se tornar evoluído (tipo biológico do futuro), a bondade, a inteligência e a coragem andam de mãos dadas.
Bondade é ter intenção pura, seguir os princípios imutáveis (amor, imortalidade, cooperação, etc.), querer uma solução que seja sustentável e abra brechas para o reino da liberdade com responsabilidade do futuro;
Inteligência é saber associar, ponderar, perceber as limitações dos métodos e a necessidade de integração (e posterior fusão) dos saberes. É ter uma percepção de longo prazo na hora de esquematizar diretrizes gerais e agilidade competente no curto prazo, para lidar com as misérias e desafios do cotidiano;
Coragem é alinhar sua mais íntima vontade, provinda da consciência latente, com o modo de lidar com o mundo. Com os outros...É encontrar maneiras criativas de imprimir o pensamento de Deus nas ações do dia-a-dia, através de seu metiê (profissão), de seu modo de existir e atuar. É ousar. É demonstrar firmeza e serenidade diante de dez ou vinte ou quarenta ou cem que discordem de você.
É a combinação harmônica, intensa e dinâmica dessas três grandes características que forjam um ser invencível. Um ser invencível que é derrotado n vezes, mas que se levanta n+1 vezes. E a cada recuperação, o ser se ergue mais belo, mais experiente, mais ágil, mais determinado.
É sem dúvida uma invencibilidade diferente daquela passada por filmes modernos que só querem arrecadar público consumidor de superficialidades. É uma força que parece fraca. É uma inteligência aparentemente pouco séria, pois não se ancora firmemente nas referências e busca resolver o problema do conhecimento por vias intuitivas, de maturação interior - via experiências.
Nós somente iremos saber do que somos capazes se atingirmos as fronteiras de nosso concebível. Se ousarmos ir além das convenções externas impostas a nós (a todo momento, sutilmente, sob várias formas). Se enfrentarmos os nossos fantasmas. Se soubermos lidar com o inesperado.
Sem equações mastigadas prontas para serem inseridas. Sem métodos prontos. Sem suporte das equipes de RH, psicólogas, pedagogas, TI, chefia, pseudo-gurus ou coisas do tipo. Apenas apoiado no Absoluto - único ponto de apoio verdadeiramente poderoso. Um centro que não é espacial, nem mental, mas espiritual. Esse é o único ponto de apoio que jamais nos deixará decepcionados. Não nos abandona jamais. Porque ele transcende tudo que conhecemos e não conhecemos - mas ao mesmo tempo permeia tudo que conhecemos e não conhecemos.
"Since a highly spiritual person lives by their inner truth, they will follow that path regardless of social conditions. Human behavior tends to follow the latest fashion, topics, mentality, and so on. However, a spiritual person realizes all these trending lifestyles are not meant to last so they have adjusted their mentality to things that are timeless."
Fonte: TUGMAKVU (grifos meus)
Pessoas espirituais vivem sua verdade interior (1°grifo). Isso aponta para subjetividade. Algo único e ao mesmo tempo real, importante, essencial para o progresso de do indivíduo e do universo. É nesse domínio - o domínio da consciência, do Eu Superior - que reside a potência que nos permite perseverar, criar e desfrutar das coisas realmente valorosas da vida. Coisas que não envolvem fama ou drogas ou dinheiro ou fofocas ou títulos ou coisas do tipo. Nada do mundo deve ser colocado como de máxima importância - apenas usado em prol de princípios superiores, eternos.
Uma pessoa desperta, já ligeiramente espiritualizada, percebe que as tendências do mundo não foram feitas para durar (2°grifo). É de sua natureza serem transitórias. Ou melhor, existirem temporariamente. Logo, não possuem valor intrínseco. Então a mentalidade dos despertos estão voltados para as coisas perenes.
Não é difícil compreender isso. O desafio é implementar essas visões profundas em vida. Permear nossas sistematizações, teorias, metodologias, obras, relacionamentos e tudo mais com essa substância.
O barulho ensurdecedor das relações sociais impede o contato de cada pessoa com a essência da vida. A sociabilidade se tornou uma tara. E com isso a sensibilidade social virou apenas artigo a ser usado para as pessoas aparentarem se importar. A propaganda e até mesmo as implicações das incompletas teorias do presente - apoiadas nas aparências e num conforto insustentável e egoísta - nos induzem a fazer cada vez mais, conectar mais, publicar mais e coisas desse tipo. Mas sem orientação, sem reflexão. As normas e a cultura dominante, produto da forma mental moderna, do tipo médio, um medíocre, penalizam a qualidade e viabilizam as quantidades. Como resultado, os mecanismos de freio ao progresso funcionam bem - e a tarefa de transformar o mundo se torna árdua.
O autor já sentiu, viveu e percebeu à fundo tudo isso. Essas dores tem implicações muito profundas no modo de se comportar perante o mundo. É uma mudança de atitude radical. Passa-se a ter uma política de atuação integral, com mais energia vital do que a média. Muito vigor porque o Espírito muito está demandando do organismo físico. Age-se no mundo de forma ativa (=incessante, energizado) e altiva (=digno, ilustre, com brio), respeitando o ritmo de cada criatura.
Resta ainda alguns pontos a serem melhorados. Talvez a dor auxilie o autor a perceber melhor. Isso será muito bom para o seu progresso espiritual. Não esperar absolutamente nada do mundo para assim poder oferecer o melhor de si mesmo é o ponto supremo nos próximos anos.
Nada esperar do mundo,
Viver no mundo,
Não ser do mundo...
Não tenha vergonha do seu Eu Superior. De sua Consciência Crística. Ela é sua evolução e salvação.
No fundo, evolução e salvação são o mesmo fenômeno.
Um sob a perspectiva científica - o outro, sob a perspectiva religiosa.
Referências: