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sábado, 19 de outubro de 2013

O Milagre de Berna

Alemanha. Verão de 1954. A União Soviética está enviando para casa mais uma leva de seus prisioneiros de guerra. Entre eles Richard, pai de Matthias, um garoto de 11 anos apaixonado por futebol que não perde um comentário no rádio e passa o tempo livre nas ruas jogando bola com os amigos. O menino tem irmãs e irmãos, vive com a mãe, tem uma vida tranqüila e sossegada numa cidade mineradora, mas nunca conheceu o pai, que teve as amarga experiência de ser enviado ao front russo e ser capturado.

O mundo do menino é abalado com o regresso do pai que, após doze anos de ausência, estranha tudo e todos, e logo começa a impor regras na casa, tentando controlar a vida de todo mundo, principalmente de seu filho mais novo. Claro, o homem foi acostumado a isso. Logo, nada mais natural que reproduzir esse comportamento em seu Lar.


Por ter visto o horror da guerra e ter passado fome e humilhação, Richard não consegue ver diversão na vida. Para ele o único futuro é a disciplina e o trabalho duro. Nada de brincadeiras ou lazer. Esse sentimento é agravado quando o governo alemão recusa pagar a aposentadoria dos ex-soldados somente porque eles “roubaram” comida de um acampamento por estarem com fome – mais uma vez é reforçada a tese de que nenhum governo presta, seja ele de país desenvolvido ou não – Gol!

O menino é reprimido pelo pai e sofre. A Copa do Mundo, que significa tudo para o garoto, não passa de uma bobagem para o pai. A família toda sofre, mas ninguém ressente tanto quanto o pequeno Matthias.

Mas a obstinação do menino pelo futebol acaba reacendendo a compaixão do pai e seu amor à família, e aos poucos ele começa a entender o que significa o futebol para seu filho mais novo.


Quando a grande final da Copa do Mundo chega, Richard decide dar um presente para o filho que nunca conheceu: mostrar o jogo da Alemanha contra a Hungria...ao vivo, na Suíça. Ao ver a felicidade do filho Richard sente feliz. Não há mais amargura. Todos voltam a ser uma família.

Um final tão comovente e emocionante quanto o de “O Milagre de Berna” é extremamente difícil de se atingir num filme. Primeiro porque, ao longo da projeção, vemos a lenta e dolorosa adaptação de um homem semi-acabado pela guerra e o choque da família. Não é fácil compreender a realidade do outro. Segundo pelo fato de que em nenhum momento o filme apela para a pieguice ou clichês do gênero, tirando verdadeiras lágrimas de alegria do público no final.

A trilha sonora é bem dosada e a direção de Sönke Wortmann é muito delicada – como deveria ser para uma história de família. Essas características, aliadas às boas interpretações do pai e do pequeno Matthias, tornam “O Milagre de Berna” uma experiência agradável e profunda. Sim, é um drama, mas um drama com vida.

No final das contas, o verdadeiro Milagre de Matthias não foi ter visto ao vivo o seu país golear a seleção da Hungria numa virada fantástica, e sim ter ganho um grande amigo: seu pai.

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