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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Os Miseráveis: uma obra universal e atemporal

Uma das obras mais marcantes de toda História humana não poderia ignorar as questões mais fundamentais de nossa espécie: a justiça, a busca pela paz interior e a capacidade de mudança da mentalidade humana. Essas questões são cumpridas e desenvolvidas com louvor na mais célebre obra de Victor Hugo, “Os Miseráveis”.

Jean Valjean é um personagem atemporal e universal. Daí a sua imortalidade e a admiração causada pela sua pessoa, respectivamente. Se trata de uma figura marcante não só na literatura, mas também por todos aqueles que estudam artes, ciências humanas ou sentiram necessidade de identificação com uma pessoa próxima à sua realidade.

"Os Miseráveis", de Billie August (1998)
Após ser preso por ter roubado um pão (sim. um pedaço de pão!) para alimentar sua irmã e seus sete sobrinhos passando fome, Valjean fica 19 anos preso – cinco por ter roubado o pão e o restante por suas inúmeras tentativas de fuga. E quando acaba por ser libertado, é constantemente rejeitado por todos, que se recusam a lhe oferecer qualquer possibilidade de reinserção na sociedade por ter sido um ex-presidiário (uma situação muito familiar ao nosso “desenvolvido e ordenado” Estado de SP...).

A grande guinada na vida desse troncudo ex-detento se dá quando é acolhido por um benevolente bispo (Bispo Myriel) – um cristão no verdadeiro sentido da palavra. No entanto, apesar de se mostrar grato pela hospedagem, Valjean rouba-lhe os talheres de prata à noite e foge. Quando na manhã seguinte os policiais o capturam e o levam à presença do bispo, este, ao invés de puni-lo, salva o homem alegando que a prata foi dada de presente. E após essa promessa o bispo “lembra” da promessa (que Valjean não se lembra) de que ele se tornaria um bom homem após esse ato de bondade.

Após mudar seu nome e se tornar um próspero industrial e prefeito de uma pequena vila francesa, vemos um novo homem. No entanto, o seu maior pesadelo continua e continuará lhe perseguindo, independente de sua melhora ou não. É uma luta eterna e intensa. Um pela captura, outro pela paz. E ambos vão usar todas suas forças para atingir seus objetivos. É aventura, suspense, drama e comédia.

Valjean é um personagem fictício mas factível. Ele é uma síntese dos instintos mais fundamentais do ser humano e ao mesmo tempo das virtudes mais sublimes como perseverança, honestidade, lealdade e trabalho. Ele é pura vontade. Pura busca pela melhoria interior. E talvez por reunir características tão sobresalientes ele se torna alvo de um dos mais rígidos, metódicos e incorruptíveis personagens da literatura mundial: o inspetor Javert.

Me lembro de ter assistido no cinema a versão do diretor Billie August em 1998. Tinha 13 anos, mas apesar disso fiquei maravilhado com a riqueza de cada cena. O impacto dramático capturado pelos atores e pelo diretor foi ímpar. Melhor mesmo só lendo a obra – que ainda não tive a ocasião de ler.

A luta de Jean Valjean é a luta de todo ser humano que busca se melhorar. É uma luta sem fim e árdua e cheias de obstáculos.

Mas o desfecho da obra é o que ela tem de mais glorioso. Vemos aí o clímax do suspense, seguido por um verdadeiro milagre aos olhos de Valjean. O Bem praticado por ele tão perseverantemente (a tudo e a todos) ofuscou a ignorância de Javert, resultando na verdadeira libertação de ambos: de Valjean da perseguição e de Javert de sua mentalidade rígida.

Dificilmente a humanidade será capaz de produzir uma obra mais sublime do que “Os Miseráveis”. 

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