A cura da humanidade pode estar na loucura. |
Já me falaram (ou pensaram) certa
vez, sem me conhecer:
“Você é louco!”
E eu, refletindo, calmamente,
respondi (em pensamento):
“Sou louco sim. Mas SOU FELIZ e
NUNCA fiz mal a ninguém com minha “loucura”.
E me senti melhor, mais solto e
livre e feliz.
E ao mesmo tempo tive pena (muita
muita muita pena) da pessoa que proferiu (ou pensou) essa frase
ferina e ácida, porque
Ele (ou ela) – infelizmente –
não FAZ A MENOR ideia dos SONHOS e PLANOS e IDEAIS e IDEIAS que
estão inculcados em minha mente, porque
Ele (ou ela) jamais disponibilizou
uma fração infinitesimal de seu tempo para conhecer universos
diferentes como o meu (ou o seu ou o de qualquer pessoa “diferente”),
porque
Ele (ou ela) estava preso a uma
rotina repetitiva e com aparente sentido de progresso, que eu não
conseguia ver como tal, mas que ele (ou ela), no entanto, via como
tal, porque
Ele (ou ela) foi “ensinado”
forçosamente a seguir um rumo padronizado durante anos e décadas,
porque
Ele (ou ela) viu os outros tendo
“sucesso” ao seguir esse rumo padronizado e pensou “então
basta seguir a receita que a humanidade me apresenta e serei feliz”,
porque
Ele (ou ela) jamais teve a coragem
(creio eu) de se libertar da inércia que impregna a alma da grande
massa da humanidade deste globo, porque
Ele (ou ela) percebeu que se
libertar dessa inércia seria muito doloroso e exigiria muito
esforço, que não seria recompensado enquanto sua saúde estivesse
em ordem e sua condição social estivesse “em cima” e tudo mais.
Portanto, o caminho mais fácil foi
escolhido.
E eu, “louco”, sinto ter
escolhido o caminho mais difícil. Da condenação, aparentemente.
Mas ALGUMA COISA LÁ DENTRO DE MEU
SER diz que devo CONTINUAR.
Porque a Eternidade opera
lentamente, mas com uma força colossal.
E apesar de sua força e grandeza,
ela é muito DISCRETA.
E diz que devo confiar nela, ou
melhor, em minha CONSCIÊNCIA – que estão intimamente
relacionadas.
E eu, na minha “loucura”,
aceito e sigo o conselho.
E eu, apesar de não ser inclinado
para o jogo, estou fazendo a maior e mais arriscada das apostas, ao
levar adiante minha “loucura”,
Minha teimosia questionadora,
Meus hábitos fora do padrão
médio,
Minha vontade sobrenatural (para
alguns) de seguir meu caminho e expor minhas ideias.
Por que?
Porque até hoje ninguém foi capaz
de me convencer de que haja algo melhor, mais útil ou construtivo
para ser feito.
Portanto...
Continuo escrevendo,
Continuo aprendendo,
Continuo estudando,
Continuo mudando,
Continuo me inconformando,
Continuo buscando um significado
para tudo que me rodeia.
E (engraçado) não me canso.
Às vezes me sinto como um
instrumento ecoando em descompasso com a orquestra da qual faço
parte.
Mas quando estou prestes a me
AJUSTAR ao coro, eis que me deparo com outro instrumento, ecoando em
SINTONIA com os meus sons,
E aí REPENSO na mudança. Me sinto
encorajado a seguir minha trilha original. Natural.
E quem sabe, um dia, num futuro não
muito distante, eu (ou outro instrumento) possamos unir esse conjunto de instrumentos dissonantes e formar um coro harmonioso.
Talvez mais harmonioso que todos
outros existentes.
E daí, se tal dia for possível e
se concretizar, haja menos problemas nesse mundo.
E mais felicidade.
Quem sabe...
E isso tudo, só porque um dia uma
pessoa um dia falou pra mim
“Você é louco!”
E escrevendo esse texto hoje, eu
agradeço pela sinceridade dessa pessoa.
Porque querendo dar um golpe,
talvez esperando uma reação de mesma espécie, foi gerado um texto
cheio de ideais e sentimentos.
Talvez isso seja aquilo que Pietro
Ubaldi* tanto explica em suas obras, que é transformar o Mal em Bem.
Dessa forma talvez seja possível
começarmos a construir um mundo melhor, com mais pontes e menos
muros.
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