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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

POR UMA VIDA MAIS HUMANA

O Progresso da Humanidade é tão lento quanto a capacidade de algumas pessoas compreenderem os problemas sociais e culturais que nossa sociedade, em sua maioria, - em todos países, em menor um maior grau...mas em todos - vem fomentando inconscientemente. Esse fomento acontece de forma lenta e contínua. É um anti-trabalho feito por muita gente que julga estar contribuindo para o progresso através de seu "trabalho". "Trabalho" este que exige muito em termos técnicos e comunicativos, mas cujos resultados é o enriquecimento de um grupo pequeno - já tremendamente rico - que afirma ser este a única alternativa da humanidade. Será?

Não devemos julgar as pessoas pelas suas atitudes. Todos (todos) temos defeitos. Não é culpa do indivíduo reprimir qualquer grupo ou pessoa diferente, "radical", "utópico", "vagabundo" (etc) que proponha uma nova visão e modo de fazer as coisas. E esboce idéias e aplique coisas simples em sua vida. Porque esse indivíduo (o repressor, parte da maioria nas idéias comuns) geralmente está tão atarefado em seus afazeres diários que não há TEMPO nem ENERGIA para que ele ESCUTE vozes dissonantes. Vozes essas ainda com alguma energia. Vozes que tiveram a oportunidade de estudar e trabalhar - no verdadeiro sentido da palavra. Trabalhar em algo que lhe permitisse DESENVOLVER seu SER, respeitando-o.

A maioria das pessoas neste planeta não pode se dar ao luxo de fazer o que gosta. Os motivos são tão óbvios - porém infundados - quanto inumeráveis:

  • Dificuldades financeiras agudas;
  • Preconceitos sócio-culturais acerca da profissão;
  • Mortes, violências ou traumas sofridos ou constantes em seu meio;
  • Preconceitos raciais durante a trajetória de ensino;
  • Falta de perspectivas educacionais.

As dificuldades financeiras agudas são causa de muita infelicidade neste mundo.

Recentemente li um artigo muito bom na revista Carta Capital que falava sobre concentração de renda. Este artigo se baseava num relatório respeitável, "Credit Suisse Research Institue" (Outubro de 2013). É o "Global Wealth Report" (Relatório de Riqueza Global) na qual inúmeras estatísticas relacionadas às condições de vida no planeta são levantadas, interpretadas e usadas para traçar possíveis políticas para a melhoria das condições de tudo e de todos.

Força sem Inteligência versus Inteligência sem Força.
ou (respectivamente)
Polícia versus Sociedade


O que mais me chamou a atenção foi o seguinte: um indivíduo que possua mais de R$ 8.600 reais disponível em sua conta corrente ou casa (ou algum lugar qualquer...mas seu) é mais rico do que 50% DA POPULAÇÃO DESTE PLANETA. Isso me fez refletir um pouco. Porque muitas coisas fundamentais nesse planeta custam algo que beira esse valor. Ou suplente em muito. Um carro, por exemplo. Ou um imóvel. Simples. Eletrodomésticos. Gasto de quatro ou cinco meses de supermercado, para uma família que deseje ter alimentos minimamente nutritivos. Etc.

Uma informação dessas pode levar muita gente a ficar agradecida pelo que possui. E igualmente - e não sem razão - conduzir ao seguinte raciocínio: não devemos reclamar nem desejar mais, pois há muita gente cuja realidade socioeconômica é muito pior. Eu concordo. No entanto, se todo mundo pensar apenas desse ponto de vista, julgando que sempre há uma pessoa ou grupo em condição pior, chega-se à conclusão de que ninguém (exceto o grupo mais pobre, que constitui um punhado de milhões) deve questionar a ordem mundial estabelecida. Mas essa multidão não tem nem sequer consciência da própria existência, e sua única preocupação só pode ser saber se irá sobreviver ao dia seguinte.

O raciocínio anterior facilita as ações de grandes grupos (no topo), que se enriquecem sem esforço real. Apenas exercendo um controle sobre todos aqueles de baixo da pirâmide político-econômica, e dizendo para essa grande massa de pessoas abaixo que devem olhar ainda mais pra baixo e para de reclamar. Bom...primeiro erro: muitos QUESTIONAM ao invés de reclamar. E segundo: todo progresso humano teve como causa a vontade de ser mais e melhor.

Os questionadores são criaturas que constituem o maior perigo para a ordem estabelecida. Eles tem fortes argumentos e falam suavemente. Convencem através da persuasão. Do diálogo. Do exemplo. E convencem aos poucos e para poucos. Porque nós, humanidade, rejeitamos em grande medida nossos sentimentos e pensamentos por muitos séculos, nos automutilando.

Poucos atingiram um patamar capaz de compreender a dinâmica evolutiva de todas criaturas desse (e de outros) globos. E de esboçar possíveis caminhos para a melhoria de suas vidas e a dos outros. E, do meu ponto de vista, me parece que esse tipo biológico não é necessariamente aquele com mais titulação nos estudos e/ou (muito menos) aquele em cargos de poder.

Podemos encontrar seres orientados para a espiritualidade e para o estudo desinteressado (ou seja, prazeroso, mas com uma utilidade de fundo ainda não perceptível nem a essa criatura) em locais simples, frequentados por muita gente. Suas ações são discretas. Tão discretas que, para uma pessoa num patamar médio se dar conta da luminosidade espiritual desse ser, seriam necessários anos de vida. Escutando-o, compreendendo-o, e trocando idéias. No entanto esse tipo de atitude é impossível nesse mundo. Mundo este estruturado de forma a impedir quaisquer tipos de contatos desinteressados a longo prazo - amizades verdadeiras, em outras palavras. Além dos problemas de comunicação, que são uma segunda barreira.

Há pessoas construtoras constantes de boas idéias. São mentes que trabalham 24 horas por dia. Em parques, centros, nas ruas. E se preocupam com a finalidade de sua aplicação. E algumas dessas pessoas ainda tem a sorte de serem de uma etnia e condição social que permita o desenvolvimento de sua personalidade em seu meio. No entanto, essas pessoas tem dificuldade em comunicar suas idéias. E por essa razão, passam boa parte (ou toda) sua existência se manifestando em vão. Por outro lado, essa vertente social deve ser analisada bi-direcionalmente.

É fato que um bom comunicador tem todos pré-requisitos conseguirá passar uma idéia para seu público. No entanto, de nada adianta o melhor comunicador do mundo (ou do Universo) lançar energicamente palavras para uma multidão pouco dotada de sensibilidade. Há evidentemente um pré-requisito a ser preenchido. Pela multidão - ou a maioria dela - nesse caso. Vê-se que o sucesso da ligação é dependente do receptor e do emissor. A relação é bi-direcional.

Portanto, as criaturas questionadoras, - que apesar de serem minoria, são cada vez mais numerosas e conscientes - passam grande parte de suas vidas isoladas e ignoradas na maioria dos meios sociais, que são muito mais receptivos do que os governamentais e corporativos. Isso torna a batalha do sensível muito dolorosa, e seu refúgio é encontrar pequenos oásis sócio-culturais. Locais com pessoas capazes de compreender sua mensagem.

Através dessas ilhas de reflexão e sentimento, criaturas evoluídas conseguem se desenvolver. Não se sentem ameaçadas e portanto dão o melhor de si. E possuem responsabilidade em alto grau. Para eles o Dever - de auxiliar os outros, de estudar, de questionar - é algo natural. Não há necessidade de se monitorar para a prática de atitudes virtuosas. Seu prazer é executar atividades diferenciadas que promovam a união das pessoas e dos povos. Atividades que interconectem as áreas. Para isso sua mente funciona constantemente. Ela é criativa em estabelecer analogias e introduzir idéias de formas diferentes. Esses seres não são necessariamente os mais desenvolvidos intelectualmente. Mas sua VONTADE supera em muito as mentes mais brilhantes.

A vontade é motor de crescimento. É fundamental para a Evolução. Um ser que tem capacidades mas carece de vontade tende a estagnar. Por outro lado, um ser com pouca capacidade mas repleto de vontade está em constante evolução. É como a fábula da Tartaruga e da Lebre. No final a vontade da mais lenta (tartaruga) triunfa sobre a capacidade da mais rápida (lebre). Assim é na vida. Só que a última palavra não foi proferida. Na verdade ela está muito longe de ser dita. Por isso valorizamos as lebres, julgando-as campeãs e exemplo de Progresso. Falta de visão. Falta de sensibilidade. Falta de estudo...

Todos ingredientes de Progresso estão aqui, neste mundo. Só resta a quem já percebe isso, divulgar a idéia. Sem medo. Sem vergonha.

É difícil? Sim, é muito difícil. Mas o encorajamento deve vir daqueles que enxergam mais longe. Se esses ficarem quietos, corremos o risco de permanecer nesse estado de terror, com entidades de terror, dominadas por mentes com dois ou três séculos de atraso.

Não tenham medo.

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