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domingo, 16 de fevereiro de 2014

POR QUE TER UMA VISÃO CÓSMICA DA VIDA É IMPORTANTE PARA EVOLUÇÃO

É difícil encontrar uma pessoa cuja vida seja um mar de rosas. Se houver alguém que aparente ter uma vida assim, posso assegurar que se trata de uma sensação temporária ou ilusória. Porque mesmo que se trata de alguém bem humorado e otimista, sempre haverão sensações de angústia inexplicáveis e inesperadas que permeiam momentos nos quais essas mesmas sensações são aparentemente inexplicáveis.

Tendo que conviver a maior parte de nossa existência num mar de espinhos – e, com sorte, com pequenas ilhas de verdadeira felicidade – é de grande utilidade saber como atuar de forma que possamos suportar períodos econômicos, sociais (e afetivos) áridos.

Somos infinitamente pequenos perante o Todo.
Materialmente, energeticamente, espacialmente e temporalmente.
Mas somos infinitamente grandes em nossa imaginação.
E esse infinito é o que importa.
É ele que deve ser explorado, descoberto, compreendido e vivenciado.
A individualidade é poderosa para quem a descobre.
Para o sábio a pequenez material acalma e anima.
Para o tolo a pequenez material deprime e enerva.
É tudo uma questão de SENTIR.
A espécie humana tem a particularidade de reconhecer sua insignificância diante do Universo. Ou melhor, ela pode não ser a única (espécie) a reconhecer isso – intuitivamente. Mas aparentemente é a única que consegue perceber isso através da racionalidade – no entanto isso não significa que muita gente seja humilde e se julgue o centro dos cosmos. E essa característica de perceber sua pequenez diante do todo lá fora (e do outro todo aqui dentro de nossas almas), ao contrário do que possa parecer, talvez seja o melhor remédio para a superação dos maiores males que aflijem a s pessoas diariamente – sem dó ou hora marcada. Males que incomodam todos no campo social, laboral, educacional, afeitvo e econômico. Males que levam as pessoas a depressões, sucídios, consumo desenfreado, homicídios e coisas do tipo.

A linha de vida de uma pessoa demonstra de forma bem clara como é difícil visualizar momentos bons ou ruins que estejam prestes a ocorrer.

Imagine que no momento sua vida esteja relativamente tranquila (relativamente). Agora, retroceda no tempo e escolha, ou melhor, se lembre, de um período ou situação breve que lhe pareceu uma eternidade devido ao incômodo ou raiva ou tudo isso causado por essa situação – acho difícil uma pessoa honesta consigo mesma não se lembrar de algo do tipo. No momento parece que o tempo passava muito devagar, certo? E às vezes, num período (podem ser dias, meses ou anos), dia após dia, uma realidade que lhe desagrade muito pode perdurar tempo suficiente para que você acredite que as coisas sempre foram e sempre serão desse jeito. E independetemente de seu desespero ou esforço, nada mudará. Mas esse momento acabou um dia, certo? (não se preocupe, se ainda você passa por um momento assim, te garanto que ele vai findar). Isso é fácil de perceber quando observamos os acontecimentos do passado. Mas é difícil – quase impossível – de perceber quando passamos por algo ruim no presente.

Muito bem. Minha receita é tão simples quanto exigente de perseverança (na verdade outros caras já diziam a mesma coisa). Trata-se de, sempre que alguém passar por um período ruim de sua vida, observar ele como um instante de perturbação certa num oceano de possibilidades incertas – e que portanto podem ser boas. Expanda as fronteiras cronológicas e pense nas milhões de criaturas que com certeza devem estar passando ou passaram ou passarão por algo semelhante ou pior. E como viver o presente só é saudável se o ser estiver orientado para o futuro e consciente do passado (eu disse orientado, não afficionado. e consciente, não melancólico), pode-se deduzir que quanto maior a amplitude sensorial de alguém, maiores as energias para suportar as dores do presente e encará-las como um breve sofirmento.

Tem dias que eu me deparo com as estrelas do céu e fico observando os detalhes. Bolas de gás quentes (quentíssimas) explodindo a bilhões de anos-luz, com mundos orbitando esse imenso corpo celeste. E são milhões e bilhões de estrelas, cada uma com alguns mundos. Cada mundo podendo ser maior que o nosso. E por mais difícil que seja agregar condições necessárias para a vida da forma que conhecemos, o número suplanta a dificuldade. E nessas horas eu penso: “Pode ser que em algum desses mundos tenha uma pessoa olhando para o infinito e filosofando da mesma forma.” “E que nesse mundo essa pessoa pode ser eu daqui a milhões de anos. E que essa pessoa daqui a milhões de anos tenha uma vida feliz (em relação a nossos padrões). E que o Universo é tão grande e diverso que nunca iremos nos deixar de nos encantar com a sua capacidade de mexer com nossa imaginação.”

Quando começamos a pensar de forma restrita e departamentalizada, entristecemos.
Quando começamos a pensar de forma abrangente e interdisciplinar, nos tranquilizamos.

Nossos ânimos se renovam sempre que nos abrimos para sentir a vastidão do todo.

É possível que muitos acontecimentos ruins do passado tenham sido a principal causa de nossos momentos felizes agora ou futuramente. “Há males que vem para o bem.” diz o ditado. É preciso passar por desvios dolorosos para chegarmos a destinos mais elevados. É a Lei da vida que devemos aceitar (religião), para não nos desgastarmos; estudar (ciência), para não ignorarmos os segredos que permitam nossa melhoria; questionar (filosofia), para sabermos qual a finalidade dela; e sentir (arte), para sempre nos divertir durante essa eterna jornada.

Isso é o que tenho a dizer por hoje.


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