Estamos
diante de uma era de incertezas. Sim, claro. Nós sempre passamos por
épocas assim. No entanto, sempre era possível perceber que diante
da queda de um modelo (de comportamento, político, científico,
entre outros), outro estava em gestação.
Acredito
que pela primeira vez nos vemos diante de uma situação que aparenta
ser um beco sem saída. Pelo menos para aqueles que sempre apostaram
na (aparentemente) boa e velha fórmula: siga as fórmulas
consolidadas que você não terá problemas.
Muitas
personalidades ilustres acreditavam que a tecnologia seria capaz de
resolver os problemas mais substanciais do ser humano. Ela faria
todos felizes, pensávamos – boa parcela das pessoas ainda
acredita nessa fórmula. E aqueles que estão descrentes se vêem
diante de um abismo aparentemente intransponível: sentem um vazio
profundo cuja causa desconhecem. E numa sociedade falocêntrica e
materialista como a nossa, naturalmente se vêem envergonhadas e
temerosas em admitir isso. Mas ao mesmo tempo essas pessoas são, em
sua maioria, incapazes de vislumbrar algo além do estado presente,
tanto no mundo coletivo quanto no individual. Logo, nada melhor do
que seguir a velha e boa fórmula. Certo? Acho que não...
Seguir
uma receita imposta ao longo dos anos por mera comodidade é admitir
que a nossa natureza individual está equivocada. É a negação do
nosso Ser espiritual. Quando isso acontece, impomos algo (uma ideia,
um modo de vida, uma opinião) que vem de fora sem a filtragem
adequada. Internalizamos sentimentos que não temos, enterrando os
verdadeiros. E deixamos nossa essência tão soterrada em nossa
psique que deixamos de saber quem realmente somos. E consequentemente
o que desejamos. Em suma, nos desorientamos.
Eu não
acredito que seja possível resolver o problema coletivo da
humanidade sem antes resolver o problema individual.
O que
quero dizer com isso?
Quero
dizer o seguinte: se você percebe que o modo como as coisas
funcionam no ambiente (seu planeta, país, comunidade, grupo, classe,
etc) estão em descompasso com sua natureza, ao invés de se
desgastar tentando mostrar aos outros que tudo pode ser muito melhor
(ou mais decente), procure agir – sempre que possível – de
acordo com seu Ser. VIVA O SEU IDEAL. Se ele for realmente uma
alternativa universal, ele te propiciará alimento e distração
espiritual eternamente. E o entorno, ao longo dos anos (muitos
anos...) perceberá essa força e passará a se aproximar de sua
pessoa.
Para
compreender;
para
apreender;
para
aprender;
para
vivenciar;
para
evoluir.
Com uma
postura firme e determinada – ousada – é provável que algumas
pessoas com sensibilidade relativamente desenvolvida passem a se
aproximar, desejosas de saber o porquê daquelas atitudes. A partir
daí, abre-se um horizonte de oportunidades que, se bem conduzido,
permitirá ao ser diferenciado expor sua visão de mundo. Esse
processo é lento e demanda uma boa dose de energia aliada à
vontade. Portanto, o único modo de se obter sucesso com esse modo de
vida é ACREDITAR nas suas idéias – sem no entanto impô-las.
Uma vez
que estejamos firmes e convictos de que (quase) tudo neste mundo pode
(e deve!) ser melhor, teremos segurança ao imprimir nossas idéias.
Eu diria que a determinação em defendê-las é proporcional ao grau
de conscientização atingido.
Como
eu dizia, a resolução do problema coletivo deve passar pelo
problema do indivíduo. O autoconhecimento levará as pessoas a
adquirirem uma orientação adequada na vida [O que eu quero? Por
que? Isso é realmente importante? E aquilo é tão inútil? Ele é
chato mesmo? Ela é tão má quanto dizem? Ele é tão bondoso como
propagam?...].
Problemas
que envolvem uma rede de entidades inter-relacionadas entre si (a
Terra, por exemplo) são insolúveis à primeira vista. Mas após
reformarmos nossa mentalidade – e à medida que adquirimos
experiência com aos erros – começam a ser esboçadas inconscientemente, em nossa mente, possibilidades. Uma vez germinadas,
essas possibilidades devem ser trabalhadas com o intuito de
aumentarmos a probabilidade de termos SOLUÇÕES para os problemas do
presente.
Em
suma, não devemos temer ou nos arrepender pela escolha de um novo
caminho. Ele provavelmente será doloroso e levará a uma série de
erros. Mas – novamente – o fato de estarmos interligados pode
explicar os fracassos pontuais, onde pessoas que já se
conscientizaram e ousaram aplicar novas formas de vida foram
rechaçadas pela inércia da maioria, que se autodesigna sensata. E
que (ainda) crê que a única alternativa para as crises é aplicar
as velhas fórmulas.
Fórmulas
que a meu ver não mais se adequam ao Ser humano do Século XXI.
Nenhum comentário:
Postar um comentário