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sábado, 19 de julho de 2014

Reflexões na natureza (texto para provocar)

Quanto mais se pensa menos se tem certeza sobre qual é o caminho certo para atingir fins que sabemos ser os únicos importantes. Ou...Quanto maior nosso conhecimento, maiores nossas dúvidas.

Um pesquisador fez uma comparação interessante um dia desses. Disse que o conhecimento é como uma esfera: quanto mais sabemos (volume), maior contato temos com o desconhecido (superfície). Parece ser verdade.

Daqui a mil (dois mil, três mil, quatro mil, sei lá quantos...) anos todas essas abstrações filosóficas e espirituais que são levadas pouco a sério hoje serão a regra. E enquanto isso não se concretiza algumas pessoas com concepções diferentes terão de ficar por aqui esperando e suportando e nos distraindo construtivamente - dentro da medida do possível - e tentando fazer algo de realmente útil - que pode ter certeza não será remunerado, ou na melhor das hipóteses será miseravelmente remunerado.

Milhares de anos...(oh!)

A sociedade se dará conta de quanto tempo foi perdido; quanta energia foi desperdiçada; e quantas oportunidades boas jogadas no lixo. E de como havia pouca reflexão apesar de rios de informação.

Muitas pessoas creem saber o que deve ser feito baseando-se apenas na opinião dominante. Melhor dizendo: muitos, por medo de serem taxados de insensatos, adotam as idéias do momento (da moda) e passam a criar todo um sistema de justificativas ao redor dessa opinião. Mas fazendo uma análise profunda percebe-se a fraqueza dessas opiniões.

Julgar X (empresa, partido, governo, pessoa, igreja, etc) e querer puni-lo quando Y, Z, W e etc agiram (ou agem) de modo tão reprovável ou muito pior - só que de do mais astuto, de modo a não gerar desaprovação - é um pensamento que não solucionará NADA. Pior: dará carta branca para que os ASTUTOS pratiquem sua exploração maquiadamente.

Somos uma sociedade que não admite sua própria natureza atual:
punimos quem rouba mas acaba sendo pego pela lei; e admiramos (às escondidas) quem rouba mas sabe escapar dos mecanismos da lei. Ou rouba de um modo tão discreto (mas causa mal MUITO maior) que nossa falta de estudo e reflexão e bom senso vê nesses tipos heróis que deveriam assumir o comando - ou continuar comandando.

Isso me assusta.

Mas...voltando ao futuro...

O progresso científico-tecnológico real não será alcançado enquanto os problemas humanos forem colocados de lado.

A conjuntura política, econômica e social atual CONCENTRA CONHECIMENTO e DESPREZA A SABEDORIA. Ela apenas passa informação. E as pessoas, maravilhadas com ela (informação), recém-adquirida, passam a crer que detêm a chave para o sucesso. De fato teriam - se soubessem fazer uso da mesma. E passam a viver em função desse suposto poder. Usam dela (informação) para obter vantagem individual em todos os campos da vida (social, afetivo, laboral, educacional,...). No entanto, falta lhes uma coisa: ORIENTAÇÃO.

A humanidade parece uma criança de cinco anos. Diante de uma série de brinquedos novos, crê que eles serão a solução definitiva de suas angústias e sofrimentos. As pessoas creem que o objeto em si é a solução, e por isso tendem a viver em função deles [o mesmo vale para idéias e posturas de vida irrefletidas]. E quando os brinquedos já deram tudo que tinham para dar, são descartados. E partimos para uma nova "solução definitiva". Ad infinitum. Em círculos...

A relação de posse é (infelizmente) aplicada às pessoas. Trata-se de uma expansão da mentalidade consumista que o neoliberalismo conseguiu internalizar firmemente na mente dos indivíduos, fazendo as pessoas acreditarem que muitos de seus "sonhos" são pensamentos originais.

Dentro de mil anos o nosso século (talvez) será visto como aquela época de transição. O ponto em que a humanidade se saturou de ciência e tecnologia e velocidade e prazeres imediatos e consumo conspícuo e cultos e busca pelo que nunca será objetivo da existência (imortalidade carnal, posse de matéria, satisfação dos sentidos).

A atuação está chegando ao seu limite. E seus resultados não estão condizendo com a intensidade do esforço.

A sensibilidade vem sendo experimentada discretamente por alguns - pessoas loucas o suficiente para propagarem o bom senso. E trazendo com isso resultados, mesmo que imperceptíveis inicialmente. Mas nesses momentos os pioneiros devem se recordar da máxima (já comprovada pela História) de que grandes feitos tem origens insignificantes.

Viver como será o futuro no presente é um suicídio dependendo da intensidade dessa vivência. Então, para o tipo evoluído conseguir sobreviver neste mundo é preciso saber atuar minimamente. Atuar nos dois sentidos: no de representação e nas ações firmes e concretas.


Quanto mais se sabe como serão (e devem ser) as coisas, mais difícil é a tarefa de ser orientado para o futuro. Atuar será uma tarefa dolorosa. Porque ao mesmo tempo que se garante a sobrevivência aqui e agora, abdica-se de auxiliar seus semelhantes com ações e palavras que podem ativar o processo de descoberta interior.  

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