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domingo, 12 de outubro de 2014

REFLEXÕES SOBRE TEMAS (1)

A proposta desse tópico é expor a público textos que eu desenvolvi baseados em temas (frases simples, provérbios, ensinamentos sujeitos à interpretação de quem os lê). Esses textos foram sendo desenvolvidos ao longo de um curso que eu participei. Se bons ou não, acredito que seja útil expô-los neste espaço. Nada há de pessoal nem sigiloso. Além disso, nenhuma ideia demonstra espírito de cisão ou expõe detalhes sobre particularidades do próprio curso.

Gostaria de expô-los aqui porque as idéias que desenvolvi neles são minhas, portanto coincidem com a pirâmide de ideias sendo edificada neste blog. Um blog que não é um simples despejar de sensações particulares, mas uma tentativa de construir uma moradia de compreensão para leitores – e autores – das mais diversas tendências. A preocupação é com o Todo, e não apenas comigo (pelo menos é o que tento...). Porque o egocentrismo expandido ao máximo se torna altruísmo. É uma preocupação SUA – sim, sempre seremos assim – mas se relacionando com o Universo, por percepção de que o Todo e o Eu são integrados.

Ao todo foram dez. E aqui vai a primeira reflexão.


Nas lutas habituais não exija a educação do companheiro, demonstre a sua.”

Sim. Não devemos exigir essa educação – nem qualquer outra atitude que julgamos elevada – das pessoas porque o alcance de nossas palavras é limitado. E o desgaste seria muito grande para nós, gerando outro desgaste no lado oposto.

Eu acredito que a melhor forma de atuarmos para transformar a sociedade (ou grupo, ou família e governo) seja através de nossos afazeres cotidianos. Pois convivemos 24 horas por dia conosco. E existem incontáveis atividades interessantes e úteis e poéticas e belas (sem custo, ou baratas) que expandem nossa mente e contatos e amizades. E portanto nos deixam em melhores condições de saúde. Isto é, menos preocupados com a vida dos outros e mais com a nossa própria. Uma comparação-compreensão do nosso Ser através do tempo, ao invés de uma comparação-competição do nosso Ser com o mundo.

É claro que atingir esse nível de percepção da vida exige tempo. Eu chutaria dez anos de trabalho duro de maturação interior. Assimilação de experiências e tentar encontrar uma lógica coerente no mundo, pesquisando as diversas correntes filosóficas, concepções religiosas do mundo e aspectos científicos da realidade. O natural será das duas uma: depois de uma busca curta estacionamos naquilo que mais nos agarde, nos satisfazendo em viver no mundo e ignorar os problemas últimos e fundamentais – que um dia, nesta vida ou nas outras irão nos martelar; ou traçamos um caminho cada vez mais solitário, nos conectando à nossa essência divina (nosso interior), tão preenchedora para quem se dispõe a realizar uma investigação até as últimas consequências.

Mente aberta e paciência são as características de uma personalidade que atingiu um grau supraconsciente. Isto é, não se prender dogmaticamente a nenhuma corrente de pensamento (abertura mental), seja ela uma ideologia, uma religião, um nicho da ciência, uma corrente filosófica ou qualquer outra coisa que apresente antagonismos – diga-se: tudo em nosso mundo. Isso não significa que defender uma visão de mundo e adotar um lado veementemente te transforme num defensor radical de um modo de vida. O valor de defender uma posição reside na capacidade do seu defensor expor suas idéias de forma clara, revelando contradições nas anteriores, mas ao mesmo tempo revelando verdades relativas em cada uma delas, moldando uma nova, mais completa, mais integrada, capaz de atender todos anseios e explicar todos conflitos aparentes.

A paciência é consequência de uma compreensão profunda da realidade das pessoas. É um entendimento da mecânica das relações sociais, do desenrolar da história individual (sua) e coletiva (seu povo, sua nação, a humanidade). É um autoconhecimento. Sabemos separar nosso subconsicente, nosso consciente e nosso superconsicente. Temos clara noção quando um tenta manipular o outro e passamos a respeitá-los e controlá-los na medida adequada ao nosso desenvolvimento. Isso significa que nem tentamos suprimir por completo nossos baixos instintos, com medo de gerarmos uma distorção e possivelmente gerar futuros traumas – desnecessários – nem deixamo-los livres para se manifestar completamente, causando repressão por parte da sociedade, via leis. Ao mesmo tempo, deixamos nossa intuição agir na hora certa, revelando pensamentos profundos para as pessoas certas (se houverem) e ambientes apropriados, conforme nossa capacidade de exprimir sentimentos e idéias.

Devemos dar menos peso para as particularidades da vida alheia, para os bens materiais e para as vaias e aplausos do mundo. Isso é o que levará a pessoa a se preocupar mais consigo mesma do que com os outros. E levará cada um a conduzir o seu trabalho de modo concentrado, possibilitado atingir o máximo de si. Se o mundo responder com indiferença, com condenações ou com bonificações é problema dele. O único julgamento realmente válido virá de outro plano, no qual a concepção é (infinitamente) mais vasta e a compreensão é (infinitamente) mais profunda.

É entre Eu e Deus. É entre Você e Deus. É entre cada Ser e Deus.

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