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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

O ABSOLUTO ENGLOBANDO O RELATIVO

Existe um motivo profundo para toda atitude humana – e também a animal, vegetal e mineral. Essa motivação profunda pode vir de dois campos distintos: o instintivo (do subconsciente) ou o intuitivo (do superconsciente).

Atitudes instintivas são mecânicas. Feitas sem raciocínio prévio. Porque já se tornou hábito, adquirido por automatismos constantes no passado. Assim o ser humano mantém seu organismo biológico em funcionamento e toma atitudes no dia-a-dia tidas como naturais, mas que a ética tem a função de controlar (a fome, o sexo e todos demais excessos). E essa ética, cuja finalidade é colocar fronteiras via religião ou leis civis, serviu de elemento balizador ao progresso da humanidade.

Se não houvesse um código de leis a tendência do ser humano seria permanecer num patamar puramente sensório. Se não indefinidamente, por um longo tempo. O que retardaria nossa jornada rumo à felicidade. Basta observar. O progresso em todos campos tem a mesma base: imaginação, ousadia, para e pensar e repensar. Importar do passado , observar o presente e se projetar para o futuro. Atender aos anseios do íntimo das pessoas. Perceber o mundo à sua volta e – no caso mais sublime – o mundo interior. Autoconhecimento.

Ao mesmo tempo, para concretizar um progresso não basta simplesmente respeitar as normas (religiosas, civis). Com isso somos meros executores. Permanecemos no presente – o melhor atingido até o momento. Realizamos obras projetadas para o futuro, mas a uma taxa quase nula, que justamente por isso desafia a paciência de alguns. Esses alguns começam a ser cada vez menos alguns e mais muitos. Lentamente, mas determinadamente.

Cristo, Sócrates, Giordano Bruno, Hipátia, Beethoven, Teilhard de Chardin, Pietro Ubaldi,...Vidas sofridas. Existências não reconhecidas. Vidas usadas como estandarte de impérios após a extinção corpórea de seus “fundadores”. “Fundadores” estes que jamais desejaram criar grupos, e sim apenas revelar verdades profundas. Ir além. Questionar. Dar o exemplo até as últimas consequências.

Como eu vinha dizendo, não basta sermos bons cidadãos para gerar progresso efetivo. Precisamos ir à fundo no trabalho de pesquisa e sentir os fenômenos mais sutis e profundos que lemos durante a vida. É preciso SENTIR – nem que minimamente – a experiência dos grandes autores para podermos realizar um processo de transformação profunda. Um processo que culminará na gênese de um ser completamente diferente. Um ser mais seletivo nas atividades, mais compreensivo aos golpes, mais previdente nos atos e palavras. E sobretudo: mais confiante diante do que o mundo vê como abismos.

As personalidades citadas no penúltimo parágrafo foram assassinadas, afastadas, excluídas, colocadas de lado ou coisas do tipo. Na época em que viveram. E muitas outras tão grandiosas quanto tiveram destinos parecidos. Eram tidas como radicais, loucas, idiotas, desestabilizadoras. Mas basta abrirmos a famosa Wikipedia e começarmos a investigação. Ver-se-à um conjunto de seres que eram fervorosamente a favor do cumprimento das condutas éticas de seu povo. A diferença: queriam viver e não apenas aparentar; queriam ir à fundo nos porquês; queriam revelar o que o íntimo do povo sentia; queriam demonstrar uma verdade universal: que a ética é relativa e progressiva. E que portanto nenhum povo, partido, religião, área do saber, grupo, etnia, pode afirmar superioridade em relação ao universo. Apenas isso. E por realizar esse trabalho foram condenados. Era demais para a forma mental da época.

A grande maioria é movida pelos instintos e não reserva (quase) nenhum tempo para se deixar levar pela intuição. Explica-se: esta ainda não foi desenvolvida. É o desconhecido, o imponderável. Para a grande maioria. Portanto não-existente. Assunto de louco. No entanto as maiores realizações começam com a projeção de alguns seres ao infinito. Síntese para se chegar a uma análise nova. O poder da visão. E após verem a concretização de algo baseado em algo imperceptível, as pessoas começam a rever seus conceitos. É o início da mudança.

Diagrama gráfico do fenômeno Queda-Salvação.
Para compreendê-lo devemos antes sentir a realidade
profunda do Todo.
A humanidade está numa era de transição profunda. Essa transição será lenta mas efetiva. Pessoas começam a sentir que existe algo saturado e passam a crer cada vez menos nas velhas fórmulas. Percebem que (talvez) uma revolução no campo mental esteja prestes a se iniciar. Por que nele? Tudo parte do cérebro. A própria biologia demonstra através de sua teoria da evolução: o sistema nervoso se torna cada vez mais sofisticado, possibilitando uma manifestação concreta de pensamentos cada vez mais complexos e sublimes.

A tecnologia? Ela continuará importante e gerando conforto. Basta não depositar todas emoções e expectativas nela. Ela é meio e não fim. O próximo carro-chefe da evolução tem um nome e se chama MORAL. Ela será o norte de progresso. Seus aliados de base: as ciências humanas e interdisciplinares, auxiliadas pela ciências naturais e linguagem matemática. As artes continuarão, mas cada vez mais conscientes de sua função construtora. Não se trata de eliminar uma coisa e inserir outra. Se trata de dar o peso respectivo a cada ramo do saber.

Quando colocamos uma idéia numa arena sujeita a críticas e observações, já revelamos boa intenção e segurança. Especialmente se a arena estiver permeada de profundidade investigativa. Se essa idéia, após constantes (digamos) assaltos continua inabalável, sendo a negação a única “crítica” a ela, tem-se um porto com um mínimo de segurança. Após várias rodadas (pontos de vista), se a tendência de solidez continuar, – e se quem a defende estiver consciente do poder da mente – descobre-se um elemento de poder incomensurável. Poder abstrato mas presente em cada gesto. Do micro ao macro. Da arte à ciência. Afirma-se o mundo mas concebe-se mais. Isso é visto de forma emborcada pelo mundo. É encarado como negação. Porque o tipo biológico predominante - tido como exemplo - é incapaz de conceber além. Sem intenção, o investigador desnuda a crua realidade contraditória. E demonstra possibilidades. De forma criativa, construtiva, respeitando as diversas relatividades e demonstrando o transformismo. Iluminação.

Quando consegue-se vislumbrar mais e vivê-lo – nem que em grau reduzido – um sinal é sentido: as portas do passado foram fechadas. O presente é incerto. Resta seguir em frente, rumo ao futuro desconhecido. Uma névoa que, se adentrada com sinceridade e vontade, se revelará cada vez menos densa, mostrando um novo mundo.


Sinceridade e Vontade !

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