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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

ÍMPETO INTERIOR


Cada dia superado reforça uma crença que vem me acompanhando desde que iniciei este trabalho de auto conhecimento profundo, quase coincidente com o de escrita. Na verdade trata-se do mesmo fenômeno. A diferença: enquanto de um lado se vivencia, de outro se reporta. É nesse duplo aspecto (vivência e propagação) que a palavra ganha força e a vivência é transmitida para aqueles receptivos – pessoas passando por uma experiência similar na substância.

A crença que antes era difusa vem se metamorfoseando em certeza a cada mês que passa. E a percepção – uma conscientização de meu ser e de tudo à minha volta – se torna mais intensa, mais aguda, de modo que existem verdades que se tornam tão claras que não é mais possível ignorá-las. E me parece se tratar de uma dilatação de consciência exponencial.

Diversas vezes procurei parar, respirar fundo e pensar antes de seguir minhas atividades. Fiz uma avaliação honesta me perguntando se tudo isso não passa de uma embromação de uma mente frustrada, anisosa de atenção e/ou desocupada. Esperava obter uma resposta do mundo. Uma indicação de que eu era egoísta ou infantil ou algo do tipo. Mas quanto mais honesto eu era com as pessoas e demonstrava levar a sério minhas atitudes, apresentando argumentos com uma solidez mínima, menos repreensões eu encontrava. O máximo era um afastamento. Mas não do tipo comum. Me parecia que algumas pessoas que conviviam comigo mas mantinham uma distância exerciam uma profunda admiração pelo que eu era. Sentia isso no olhar, na vontade de cumprimentar, na diposição em me escutar – mesmo que não muito. O afastamento era por outros motivos. Era não desejado mas necessário. Não desejado porque o contato trazia à tona o inconcebível, as possibilidades e via os problemas (ditos) normais sob uma ótica mais ampla e profunda.

Quando somos incapazes de lidar com o diferente expressões formidavelmente reveladoras tomam conta de nossa face. Desviamos o olhar. E transladamos o assunto. Ou eclipsamos o difusor se nos sentimos seriamente incomodados. Sem explicação satisfatória. Medo, incompreensão? E a média pega carona e passa à frente. Mas o diferente, seja uma idéia ou esta encarnada numa pessoa, sempre assombra todos de tempos em tempos. Queiramos ou não, é a realidade da vida.

Um problema só será resolvido quando estivermos prontos para lidar com ele. Muitas vezes julgamos ter resolvido um, mas após um tempo (dias, meses, anos, décadas,...) ele volta. Mais ameaçador e mais difícil de ser evitado. E aí uma mente sensata deveria concluir que ele não foi resolvido, e sim apenas coberto. Isto é, ignorado. A isso o dicionário tem uma palavra: procrastinação.

Chegar-se-à num ponto em que a humanidade não mais poderá ignorar questões tidas como infantilidade, atraso ou subversão. Adquirir-se-à uma concepção dinâmica do Universo físico e mental. Isso possibilitará a retomada de idéias do passado sob uma nova forma, mais adequada à mentalidade humana. A própria mente humana se revela ansiosa por descobrir MUITO MAIS, negando o que muitos “pensadores” parecem desejar incuclar na mente das pessoas – e nas suas próprias: a de que “não existem alternativas a isso ou aquilo” ou “não há mais nada a fazer”. Mas por outro lado muitos pesquisadores estão retomando conceitos do passado:

a fè está sendo vista com novos olhos, e a ciência inconscientemente está confirmando muitas profecias de personalidades do campo da fé;

e esta, que se impôs ao mundo por 2 mil anos, percebe que deve se atualizar, começando a aceitar a ciência e adaptando-se ao ideal que tanto propagou;

por outro lado, estudiosos percebem as limitações da democracia, e retomaram seus conceitos, aprofundando-os e traçando um caminho evolutivo;

e surtos experimentais vem surgindo ao redor do mundo (democracia direta na Islândia / acesso gratuito a um conhecimento confiável na Wikipedia / prática da medicina voltada para mente com o intuito de prevenir e remediar doenças físicas / uso da matemática e programação para compreender fenômenos complexos como os sociais, não determinísticos).

A tecnologia ainda nos brindará com mais conforto. Mas o progresso efetivo da humanidade consistirá no início de um novo ciclo. Este se realizará no campo mental, das idéias e sentimentos. Campo mais vasto, causa de todo progresso precedente. Mais profundo e portanto mais difícil de ser desvendado. Mas igualmente mais fascinante para a mente e apaixonante para o espírito. Campo ainda difuso, mas que a cada ano se torna mais promissor. Eis a verdadeira superação pela frente. Trabalho difícil, de aceitação.

A própria tecnologia trabalha para a edificação de um novo mundo. A exaustão criativa de ramos específicos do saber começam a demandar uma cooperação com outros ramos, atestando a necessidade de estabelecer pontes. Entram as relações sociais, a comunicação, a lei da analogia, entre outras.

O objetivo de toda descoberta e criação é facilitar a vida, tornando concreto o investimento livre do tempo, de acordo com nossas experiências, sentimentos e conhecimentos. “Louco”, alguém dirá. “Veja no que isso deu no passado.” E eu concordo com a sua afirmação. Mas igualmente digo que o passado está lá enquanto o presente é totalmente outro e o futuro esconde milhares de possibilidades. A mentalidade mudou, a tecnologia é outra, as relações mudaram, os conceitos estão sendo revistos. Ou seja, uma idéia que chega prematura pode ser testada e fracassar. Mas isso se deve devido à natureza ainda infantil dos seres que a aplicam, e não da idéia em si.

Acredito que as próximas expansões tendam a ser cada vez mais conduzidas por seres de natureza diversa. A mentalidade racional-analítica continuará tendo sua função, mas para melhorar o mundo a ciência deverá adentrar no campo da intuição para conduzir suas pesquisas. E a religião deverá resolver seus separatismos e unir as diversas seitas. Ela deverá mostrar que a fé do futuro, para sobreviver, deverá ser raciocinada, consciente e profunda. Uma fé não escandalosa, mas silenciosa. Fé profunda.

Eis a minha visão.

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