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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

LIVRE-ARBÍTRIO

Somos livres ou não?

Os materialistas afirmam que tudo é caos. Veem o caos da vida ao redor, da sua vida, e concluem sem hesitar. Dizem o seguinte: somos livres sim, mas as consequências dependem de nossa sorte. É possível fazer o errado, praticar o mal, sem sofrer na consciência ou no mundo. E observando os fatos atentamente tendemos a concordar com esse raciocínio - por mais doloroso que seja. Mas o desejo de algo mais profundo existe e persiste. Falta aos materialistas a capacidade de ir além do real. Falta o ímpeto sofredor-transformador...

Esses sabem viver no mundo sendo do mundo.

O homem: primeira criatura capaz de escapar da
força gravitacional do determinismo.
Os espiritualistas puros afirmam que tudo é ordem. No entanto, para a grande maioria, sua ordem é baseada no monoteísmo: Um Deus transcendente que criou fora de si um mundo marcado pela dualidade eterna. Bem e Mal se combatendo intermitentemente. Um Deus com atributos materiais. Um Deus concebível pelo nível médio. Um produto de nossa limitada concepção de mundos elevados. Uma ordem punitiva da qual eles se julgam estar protegidos e o restante deve colher o que semeou. Estão certos em parte. Mas falta-lhes a capacidade de integrar o real com o ideal...

Esses não sabem viver no mundo sendo de outro mundo.

O ser integral já sabe: O Universo é ordem! Mas ele se encaixa humildemente nessa ordem, nessa Lei - a Lei de Deus. Um conjunto de leis que garantem nossa evolução e orientam cada ser. Leis físicas e morais. Em todos campos, descobertos (ponderável) e por descobrir (imponderável).

Esse ser percebe o dualismo mas sabe que o Todo é Uno. Existe um princípio único, irredutível, no infinito, para o qual caminhamos indefinidamente e irresistivelmente. Eis a concepção monista! A analogia nos revela a incrível ligação entre os mais diversos fenômenos e circunstâncias. Um método de captar a essência de milhares ou milhões de manifestações ou pessoas, díspares em sua forma, mas próximas em sua substância. Seres que no fundo possuem um mesmo objetivo comum, cada qual com sua individualidade cósmica, inimitável. Uma função específica. Uma hierarquia.

Esses sabem viver no mundo não sendo do mundo.

Somos livres!, esse ser afirma. Mas nossas ações nos prendem a consequências. Nosso pensamentos (idéias, sentimentos) viram ação (energia) que se materializa (obras). Segundo Pietro Ubaldi, três fases: alfa - beta - gama (espírito-energia-matéria).

No infinito passado, presente e futuro se fundem.
Nada foi nem será. Tudo é. Esse conceito fica cada
vez mais claro com o estudo das obras de
 Pietro Ubaldi e Huberto Rohden.
Cada vez que nos lançamos numa trajetória assumimos um compromisso. Nos prendemos às suas consequências. O grande trajeto foi traçado, podendo ser alterado minimamente. Apenas após a exaustão das forças que o causaram poderemos dar novo rumo às nossas vidas*. E as consequências assumem várias formas, podendo passar despercebidas para aqueles pouco dotados de sensibilidade. 

Quantas vezes na vida não encontramos explicações lógicas para alguns acontecimentos, atribuindo-os à má sorte? Mas eu afirmo: são consequências de ações passadas. 

O imponderável pode não ser visível, mas sua atuação é real, consistente e justa. Seus efeitos podem vir como uma erupção capaz de abalar nosso mundo "concreto". O desencadear de efeitos forma uma atmosfera que toma forma lentamente. Pode demorar anos, décadas, existências...mas não existe causa sem efeito.

Admitir simplesmente ao acaso certos comportamentos é deixar a luta da vida. Uma luta de descobertas, aceitação e dores. Uma luta na qual as descobertas exigem paciência; a aceitação compreensão; e as dores uso sábio. 

Sem dor não há salvação!

Não que devamos buscar gratuitamente o mal-estar. Mas usá-lo para nos elevar. Moldar o nosso espírito. Construir a única riqueza. Aquela 100% segura. Impossível se ser roubada por exploração ou agressão. Riqueza individual, a ser conquistada duramente em nosso mundo, com uma mentalidade de outro mundo.

Ser livre verdadeiramente é obedecer a uma Lei superior conscientemente. 


* Esse fenômeno é muito bem descrito na obra A Técnica Funcional da Lei de Deus.

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