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domingo, 22 de março de 2015

O GRAU DE CONSCIÊNCIA DETERMINA O TIPO DE INTERAÇÃO

Como definir "sério"?
Da Wikipedia temos algumas definições [1].

Conscientemente guiados seremos: intelectualmente
eficazes, sentimentalmente tranquilos e fisicamente sadios.
.ri:o Ajudamasculino
  1. que demonstra profundo pensar
    • Porque esta cara assim tão séria?
  2. de disposiçãomaneira ou caráter gravesóbrio
    • Ana é uma mulher séria.
  3. que denota sinceridade, não de brincadeira
    • Aquela multinacional demonstrou um sério interesse em adquirir ações de nossa empresa.
  4. que requer pensamentoconcentraçãoaplicação
    • Dirigir um automóvel é uma tarefa séria, devemos prestar atenção.
  5. importanteconsiderável
    • Casamento é um assunto sério, não se deve decidir apressadamente.
  6. que dá motivo a apreensão
    • Este meu plano tem uma falha séria.
  7. (Medicina) que tem sinais vitais anormais ou instáveis e outros fatores desfavoráveis (se diz da situação de um paciente)
    • O enfermo foi levado para a UTI, sua doença é séria

Observando as oito definições - que por si só já bastam - podemos dizer que a primeira sintetiza todas as outras: "profundo pensar".

Quem pensa profundamente tende a nortear sua vida pela sinceridade, se concentra muito em algo - mesmo que o mundo veja como divagação. É algo fácil de definir. Trivial.

Quando passamos para a exemplificação geral de atividades e posturas de seriedade não encontramos muita divergência. No entanto, com a especificação dessas atividades, isto é, quando revestimos essas atividades com uma pessoa e todo seu (digamos) "pacote" como profissão, história, classe social, orientação sexual, crença, fisiologia, raça, etc, as divergências começam a emergir a partir das opiniões. 

O que é sério para alguns pode não sê-lo para outros. E vice-versa. Como chegar a um consenso, ou melhor, um acordo social universal, quando o relativismo dos conceitos dá a cada um uma blindagem proporcional à sua capacidade de demonstrar força (física, verbal, econômica ou psicológica)? Mesmo que a verdadeira razão não esteja ao lado dessa força... Uma razão que demora séculos ou milênios ou mais para se firmar como verdade universal e aceita como o ideal para tudo e todos. Como, num mundo onde (em que ainda) persiste a força (em suas quatro formas) e pouco se manifesta a idéia e o ideal, pode-se ter um relativismo saudável?

Na escola, no trabalho, entre a roda de amigos ou na relação o que é "sério" e o que é "brincadeira" podem variar. Para a mesma pessoa. E de acordo com o clima / momento também. Mais dificuldades para obtenção de um consenso universal.

Consciência X Reputação.
Round one...
*Atenção: consenso universal não significa imposição de uma lei ou forma de pensar (ideologia) por força, e sim a penetração de um consentimento...uma lei biológica, via diálogo e vivência de cada um que leva o ser a adotar livremente uma regra. Servir algo maior do que conhecemos, imaterial, intangível mas atuante, por livre convicção.

Muitos veem de forma séria o que outros veem como brincadeira. Isto se deve, a meu ver, com o seguinte: nossa visão de mundo é relativa e estática. Melhor dizendo: nossa consciência se dilata lentamente, a uma taxa muito menor do que nosso intelecto, levando-nos à construção de um sistema de valores pessoais rígido. Essa rigidez, se compartilhada por um grupo forte (economicamente), pode ganhar ares de verdade absoluta e diminuir sua fluidez rumo à evolução. Efeito: outros grupos, com essa ou outra força, tendem ao mesmo enrijecimento. E num dado momento haverá o combate.

Guerra (violência física) é a forma mais primitiva de grandes grupos (culturas, nações, etc) se conhecerem. Por mais estranho e cruel que pareça, esse é um fato biológico inerente à humanidade - de ontem...e cada vez menos, esperemos. Basta estudar história e perceber que inconscientemente nossos ancestrais seguiram um curso natural que se revelou construtivo se visto sob um plano mais geral. Com isto não quero dizer que guerra seja algo bom de um ponto de vista absoluto, mas em certo estágio evolutivo é a única atividade ocupacional que o ser humano consiga conceber. Trata-se de consciência. De capacidade de conceber algo (relações, meios de progresso, melhora do bem-estar, etc).

Violência verbal é uma forma primitiva, ainda muito praticada, que também é usada por seres que não são capazes de conceber algo além de seu campo intelectual ou consciencial. Para homens ainda no campo sensório (animal-homem), a tentativa de chegar a um consenso pela análise racional é inviável. Ou seja: forçar a barra com um ser - por exemplo - da pré-história não é aconselhável e levará o esforçado bem-intencionado a cair numa arena de violência física.

A partir do ponto em que o intelecto se desenvolve e atinge um patamar elevado, a tal ponto de permitir a criação de teorias e máquinas e espaçonaves e coisas do tipo, a violência verbal ainda pode existir. Só que ela assume uma forma extremamente sutil e elegante, sendo de difícil identificação e investigação até pelos altamente intelectualizados. A humanidade se encontra na fase de consolidação do intelecto. 

Nossa sociedade (inclusive a ocidental-"democrática") se
comporta dessa forma. Sutilmente. Muito sutilmente...
Pessoas com intelecto desenvolvido podem, por um sentimento funesto de ódio a quem não vê os fenômenos do seu ponto de vista, - que pode estar emborcado por ser preso a um nicho do conhecimento e pela sua classe e corpo e forma de pensar e sentir - fomentar o ódio de outros seres contra um dado processo biológico que esteja ocorrendo. Como o processo é biológico, é natural, e no campo humano está no campo social (ou coletivo). Mas por ser natural, e portanto inexorável, faz-se de tudo para culpabilizar os agentes que servem de catalisadores desses fenômenos - mesmo que estes às vezes sejam meros representantes que pouco fazem. Nesse nível discernir o que é ou não mais universal é difícil. Igualmente difícil é perceber o transformismo e as causas primeiras dos eventos.

Ao invés de refletir (fazer o verdadeiro trabalho, ou ócio criativo) preferimos nos prender a formas mentais pré-formatadas (o ócio sem finalidade, ou trabalho institucionalizado-destrutivo).

Há alguns meses escrevi um texto sobre o fenômeno pessoal da busca pelo conhecimento via leitura e esbocei um diagrama com dois triângulos (pirâmides) cujas bases se interfaceiam [2]. Se devesse expandir o fenômeno para o nível coletivo eu diria que a nossa humanidade se encontra próxima ao zênite de sua envergadura: conhecimento à todo vapor aliado à desorientação quase total. 

No nível de intelecto avançado e consciência prestes a despertar, a violência verbal e física existem mas a causa delas é especialmente a violência "refinada", que é econômica e psicológica.

A violência econômico-psicológica é amplamente e inconscientemente* praticada. Especialmente por aqueles que mais longe foram no nível racional-analítico. Pois é muito fácil se tornar preconceituoso à medida que nos tornamos mais diplomados [3]. Com essa afirmativa não quero dizer que o estudo deve ser perseguido ou desprezado ou não-buscado, mas sim visto como um meio de auto-descobrimento que leva a auto-realização (um fim) - antes individual e depois coletiva. Independente da área. Todas tem sua importância fundamental. Todas. 

Para sairmos do(s) dilema(s) que se apresenta(m) diante de nós - seja em nível familiar, político, financeiro, energético, afetivo, religioso, etc -  devemos passar da fase de expansão inconsciente (já saturada) para a fase de seletividade consciente (ansiosa por nascer). 

A consciência deve nascer no ser para guiar o intelecto. Essa consciência, a meu ver, deve ser buscada desenvolvendo-se áreas que até o momento presente foram pouco valorizadas e reconhecidas e trabalhadas, adotando-se uma mentalidade telefinalista do Universo físico e metafísico [4]. O que é bom para o mercado pode não ser bom para o futuro de seus filhos ou do seu organismo ou mesmo da sua consciência. Com isso não quero decretar o fim do mercado e sim adotar uma visão de mundo em que o SER deve ser servido pelo mercado (TER) e não o mercado ser servido pelo SER. 

Leitura recomendada.
O TER serve o SER.

Armadilhas diversas existem para justificar a necessidade de se cultuar o TER em detrimento do SER. Afirma-se que para SER precisamos antes TER. Em doses cada vez maiores...Gigantescos combos que prometem felicidade mas nada trazem a não ser ilusões que, para não gerar depressões e decepções em larga escala, devem ser realimentados. Resultados: um combo atrás do outro. Cada vez maior, de formas cada vez mais mirabolantes. E o SER amargurando...escravizado pelo TER...atrasa sua jornada.

E eis que chego a uma definição universal de sério: 

Uma pessoa consciente, cuja consciência guia seu intelecto.

Ou, segundo Rohden:

Lúcifer seguindo Lógos é Angelos.
Lúcifer guiando Lógos é Satan.

Lúcifer é o intelecto.
Lógos é a consciência.

E a partir daqui podemos iniciar nossa razão-se-ser.

Vamos lá?


Referências
[1] http://pt.wiktionary.org/wiki/s%C3%A9rio
[2] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2014/11/um-ciclo-duas-fases-piramide-expansiva.html
[3] Para saber mais à respeito do tema recomendo fortemente a leitura dos ensaios de Michel de 
      Montaigne (http://pt.wikipedia.org/wiki/Michel_de_Montaigne) e as obras de H. Rohden e Pietro 
      Ubaldi, já amplamente citadas nesse espaço. 
[4] http://monismo.com.br/dinamevol.html

* Lembrem-se vivemos no máximo da intelectualidade, não da consciência...

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