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segunda-feira, 13 de abril de 2015

A "EDUCAÇÃO" DE POUCOS FAZ A INSTRUÇÃO DE MUITOS

Por que temos uma sociedade injusta? O diagnóstico converge: caos. Mas as possíveis soluções divergem para múltiplas direções: A, B, C, D,...Porque no diagnóstico apenas os fatos são necessários (e suficientes) para chegar a uma reposta harmônica, enquanto nas soluções entram os valores. Estes dependem da história, do meio, da genética e da alma individual imortalizável do Ser. Quatro elementos influentes, sendo o último o único capaz de orientar sabiamente o sujeito.

A nossa história individual nos dá uma experiência finita,
O meio em que vivemos nos dá uma visão relativa,
Nossa genética nos brinda com características físicas-mentais-sentimentais transitórias,
E nossa alma nos dá a capacidade de intuir a mais profunda Realidade.

As três primeiras são do ego sensório-intelectivo.
A última é do Ser intuitivo-espiritual.

Um ser que vive num ambiente favorável e rico de oportunidades, goza de boa saúde física e mental, vem de uma família abastada, cuja polpuda herança passou de geração a geração, pode facilmente - sem dificuldades - adquirir erudição e conhecimento. E com isso ter um emprego bem remunerado e menos desgastante do que a maioria da população. [caso A]

Por outro lado, um ser nascido num lugar pobre e violento, sem oportunidades, com constituição genética que lhe desfavorece neste mundo (etnia, estatura, etc), pode, com grande dificuldade, atingir um patamar de vida decente. Mas em muitos casos terá uma vida sofrida, com pouca oportunidade de estudos, uma formação fraca que lhe impede ascender na vida e ter o mínimo conforto material necessário. [caso B]

É claro que existem exceções.

Enquanto o primeiro caso possui exemplares que tinham tudo para dar certo e ainda assim fracassaram profissionalmente ou socialmente ou afetivamente ou financeiramente ou uma combinação destes; o segundo possui histórias de superação, com pessoas que atingiram o topo a partir do nada e cheios de obstáculos.

Mas eu gostaria de ressaltar alguns pontos mais profundos...

Primeiro: o fato de uma pessoa com todo suporte afetivo-financeiro [caso A] simplesmente ter "sucesso" não implica no Sucesso Real dessa pessoa. O que ela faz simplesmente é, "vencendo", perpetuar um modelo que privilegia poucos em detrimento de muitos, e se ilude acreditando que "conseguiu" algo - como se comprar imóveis e carros e propriedades, casar, criar filhos, "trabalhar" 8, 10, 12 horas diárias em algo que faz a roda girar [1], aposentar e gozar o resto dos dias acrescentasse algo ao seu Ser Divino. A constatação desse fato chega ao final da vida ou quando se sofre uma grande desilusão...

Segundo: um ser de etnia desfavorecida (neste mundo), com nenhuma ou poucas condições afetivas e financeiras [caso B] que é capaz de superar todos obstáculos colocados por um sistema suicida e se tornar um "vencedor" como aqueles do outro lado do muro, deve ser visto como exceção e não como regra. Porque não se pode cobrar de todos desfavorecidos o mesmo destino. Porque o destino de cada ser é único e diz pouco sobre o sistema em que ele vive. E também revela as armadilhas deste (sistema) e as profundidades da alma.

Quem ascende do vale material ao pico material não se esforçou mais necessariamente...
Provavelmente estudou e trabalhou tanto quanto muitos outros de seu meio que "fracassaram", mas estudou a "coisa certa" e optou pela "carreira certa", aumentando suas chances de estar no "lugar certo e hora certa".

Quando digo "coisa certa" e "carreira certa" me refiro às necessidades do mercado, que paga o que lhe convém, e humilha - elegantemente e subterraneamente - o que lhe atrapalha: a busca pela Verdade.

Pode ter certeza: muitas pessoas são muito criativas e esforçadas, mas permanecem pobres. Possivelmente porque seus interesses sejam mais humanos do que financeiros; mais de longo prazo do que imediatos; mais fascinantemente elevadores do que delirantemente barulhentos.

Educação é um conceito vasto que envolve
sociedade, família e escola. O Ser deve
ter a possibilidade de desenvolver suas
potencialidades latentes ao máximo. Um Ser
plenificado ajuda outros Seres semi-plenificados.
E o mercado é (deve ser) uma mera ferramenta...
A Educação de hoje é, em grande parte, guiada por interesses econômicos. E cada vez mais. Trata-se de um autoritarismo intrínseco ao sistema educacional, que restringe cada vez mais possibilidades de manifestação de um livre pensar. Um totalitarismo que começa com um ensino de memorização compulsória que leva a uma mecanização desorientada. Seres que descobrem fatos sem realizar seus valores. 

Einstein dizia que do mundo dos fatos externos não se chega aos valores interiores. E é verdade. Esse gênio intuitivo era mais imaginação do que análise. Submetia todo seu intelecto à sua imaginação. Gostava de andar sozinho e refletir profundamente. Mais famoso por seu divagar poderoso do que seu sistematizar mecânico. Ele sabia - e sabe - da Realidade do Todo.

Quanto maior o poder, maior a responsabilidade.
Aqueles que muito podem neste mundo e pouco ou nada fazem criam dívida enorme na alma...

É uma perda coletiva ter uma pessoa com espírito evolvido e capaz ser privada de ter uma educação formal por falta de recursos financeiros. 

É uma perda de oportunidade termos muitos banhados de educação e títulos com um espírito adormecido, que nada mais fazem do que "cumprir o dever" - dever do mundo, não do Alto...

Grandes são aqueles que, tendo tudo recebido do mundo e uma "vitória" previsível e garantida, decidem abdicar de todos confortos e prazeres, títulos e posses, e mergulharem no mundo miserável para servir aqueles que podem ter dentre seus próprios exemplares seres semelhantes.

O espírito evoluído do alto da pirâmide social, se manifestando,
Mergulha na base da pirâmide, transbordando oportunidades.
E com isso o espíritos evoluídos de baixo da pirâmide, potentes mas não manifestados,
Brotam e crescem e encarnam sua bondade no corpo que o mundo vê e sente e reconhece.

E assim, cutucando o mundo engessado e egoísta, ajudam o próprio a gritar e se revoltar e sofrer e se elevar. Aos poucos.

Albert Schweitzer [2]: tinha tudo para
"dar certo" e preferiu ser feliz servindo.
Autorrealização.
Uma pseudo-Educação é "Educação" incompleta, relativa, desmoronável.

Grande parte dos "Educados" de topo se "educam" a si mesmos e instruem os de baixo. E nisso todos perdem: uns se acham superiores, outros se creem inferiores.

Poucos são aqueles de cima que realmente se Educam.
Poucos são aqueles de baixo que realmente se Educam.

Espíritos evolvidos se encontram espalhados em todos estratos sociais, em todas religiões, em todos países, em todos os sexos, em todas as idades...

Mas poucos tem a oportunidade de adquirirem o conhecimento do mundo para estabelecerem a ponte entre intuição-espiritual e análise-mental. 

Quem tudo recebeu do mundo e nada retribuiu ao mundo é um egoísta inconsciente.
Quem tudo recebeu do mundo e tudo retribuiu ao mundo é um altruísta.
Quem nada recebeu do mundo e nada retribuiu ao mundo é um egoísta consciente.
Quem nada recebeu do mundo e tudo deu ao mundo é um sábio.

A Educação é para todos.
A Oportunidade é para todos.
O Ganho é de todos.
Até dos ignorantes "educados" e "não-educados" que não creem nisso...

Conhecereis a Verdade - e a Verdade vos libertará.


[1] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2015/03/outras-rodas-devem-girar.html
[2] http://pt.wikipedia.org/wiki/Albert_Schweitzer
[3] https://www.youtube.com/watch?v=KnaDgeVPHxE  - filme recomendado

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