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sábado, 27 de junho de 2015

UM ALERTA, UM CONSELHO, UM CONCEITO UNIFICADOR

Estamos adentrando num período de inflexão conceptual em nível global. Se trata de um fenômeno singular que está (muito) além da economia, da política, da ciência, da psicologia, da sociedade, etc - apesar de seus efeitos se manifestarem em cada uma dessas vertentes da vida. Ela afeta a essência de tudo e todos, apesar dessa alteração se manifestar de variadas formas.

Estamos chegando num ponto em que os postulados "invioláveis" adotados devem ser revistos a título de continuarmos a jornada evolutiva que sempre permeou a matéria e todas as formas de vida, desde o minério até o ser humano.

Aquilo que serviu de alicerce para o florescimento da vida; para o desenvolvimento da ciência, da tecnologia, das filosofias, das artes, das religiões; para a manutenção e compreensão das relações afetivas e sociais, todos esses apoios "sólidos" devem ser revistos e - possivelmente - superados.

O tempo passa, as descobertas aumentam o conhecimento, as tecnologias trazem (teoricamente) conforto e tempo livre e energia para o Ser se dedicar a trabalhos de ordem superior. Concepções de Deus evoluem, e com isso o elenco de conceitos secundários que orientam a vida de cada ente humano desse mundo.

As maiores verdades são paradoxais justamente por transcenderem sua época. Elas escapam à lógica compreendida (e portanto estabelecida). São inassimiláveis pela mentalidade analítica-sistematizadora - que se julga o ponto final da evolução. Trata-se de uma supra-lógica diagnosticada como "delírio" pela mente intelectual. Uma mente balizada por tempo e espaço que disseca o fenômeno (quer ele seja natural, humano ou "sobrenatural") para estudá-lo. E não percebe que ao dissecá-lo para analisá-lo, não capta a essência - pois violou para sistematizar...

Amar o fenômeno é o único meio de assimilá-lo integralmente.
Disso sabem os grandes gênios da ciência, da arte e de todas outras áreas.
Disso sabem os santos, místicos e profetas.

Quem lê e estuda apenas conhece.
Quem sente e vive sabe.

Conhecer está para inteligência.
Saber está para intuição.

É chegado o tempo em que o vetor de desenvolvimento desta humanidade não mais será aquele que muitos creem que será.

A tecnologia é boa e útil e deve continuar a nos brindar com seus inventos.
No entanto de nada adianta uma invenção sem aplicação sábia...

A evolução orgânica é assintótica, assim como o desenvolvimento técnico.
A estrela mais próxima se encontra a 4 anos-luz, e nossos meios de propulsão mais modernos levariam séculos para nos levar até lá.

Einstein demonstrou teoricamente que todos os (aprox.) 92 elementos do Universo são lucigênitos. Toda matéria provém da luz. E no mundo material (material...) nada é mais veloz do que a luz. Isso não significa que tudo acaba aqui. Porque o que a matéria é incapaz de superar é facilmente abraçado pelo pensamento. E isso é uma característica intrínseca do ser humano.

O Ser humano foi pouco compreendido até hoje. Ele é auto-causante e não alo-causado. Ele possui a potencialidade capaz de mover montanhas. Basta estar sintonizado com a Fonte Infinita. Para realizar esse feito basta se conscientizar de sua natureza.

Fenômenos humanos são mais complexos do que fenômenos infra-humanos (ditos naturais). Daí a nossa falta de habilidade em lidar com as ciências humanas - e a Filosofia e Religião. Mas são essas que abrirão as portas para ascendermos. Porque nós evoluímos sempre no longo prazo, e com isso revemos nossos conceitos e sentimos que o poder do 

Universo Interno dos Valores é superior ao 
Universo Externo dos Fatos.

Disse Einstein:
"Do mundo dos fatos não se chega ao mundo dos valores.
Mas do mundo dos valores podemos chegar ao mundo dos fatos."

Técnica analítica é facticidade. É talento.
Reflexão intuitiva é valor. É gênio.

Poucos admitem isso porque se prendem à sua formação;
assim como se prendem ao seu corpo, se identificando este com sua essência;
assim como se prendem a ideologias inconscientemente;
assim como se prendem aos bens materiais além da conta (e assim se tornam escravos de circunstâncias e de uma forma mental);
assim como se prendem ao pensamento coletivo que impera.

Seguir o Ideal interior é a mais profunda consciência da Realidade.
Ser arrastado pela realidade exterior é o mais radical culto à Ilusão.

Compreendam se puderem.
Vivenciem se compreenderem.
Se realizem como consequência da vivência.

E depois, difundam a Realidade Universal.

Isso pode demorar anos, décadas, séculos ou milênios.

Mas trata-se de um Trabalho de longo prazo, cujos frutos são Absolutos e Eternos.

Acho que vale a pena...

quarta-feira, 24 de junho de 2015

REFORMA ÍNTIMA INTEGRAL

Pode parecer contraditório para muita gente o termo "psicologia-social". Não pelo fato da sociologia ou psicologia serem antagônicas por definição*, e sim porque ao longo das últimas décadas a aplicação de cada uma dessas ciências vêm revelando um caráter exclusivista - e não inclusivista, como deveria ser. Logo, não posso deixar de perceber uma postura dualista estática incorporada pela maior parte da sociedade ao adotar uma filosofia de vida.

Após ler, refletir, sentir e (em pequena dose) vivenciar as obras de Ubaldi e Rohden, me tornei incapaz de não perceber a Unidade do princípio e do fim nas Diversidades dos meios. No momento em que leio um artigo começo a pensar e repensar sobre o assunto, relacionando com outros temas e vivências próprias. Vou a fundo e sinto o transformismo que rege o psiquismo humano e os fenômenos infra-humanos. Enquadro tudo numa ordem universal. Eis a gênese de uma idéia.

Muitas pessoas afirmam e defendem com unhas e dentes a reforma íntima. E sem dúvida trata-se de uma grande verdade que, se conscientizada em experiência mística (auto-conhecimento), e posteriormente experimentada em vivência ética (auto-realização), libertaria a humanidade de seus erros. Mas esse não é o cerne da questão aqui. Isto é, a reforma íntima possui dois lados que devem ser vividos para que essa reforma seja vívida e efetiva.


Reforma íntima é transformação.
Transformação deve ser integral, unindo experiência
mística individual com atuação ética social.
Quando nossa vida vai mal tendemos a procurar culpa no outros, seja família, sociedade, sistema, fenômenos naturais ou qualquer circunstância - que é externa. Sem dúvida essas externalidades influem e podem ser empecilho grande para o nosso progresso. E também pode se tratar de sistemas ou comportamentos que devem ser superados e alterados - respectivamente.

Mas, primeiro: raros são os indivíduos que conseguem formar um diagnóstico sintético e profundo, após realizarem profunda autocrítica para não caírem em autoengano. Portanto aí está o porquê de muitos debates coletivos serem mal vistos por muita gente - as pessoas não estão prontas para lidar com a sua substância, se transformando intimamente para conseguir transformar o entorno.

E segundo: muita gente, percebendo a ineficácia do passado e se prendendo às aparências dos sentidos e às armadilhas do concebível humano, ignoram a conscientização intuitiva. Com isso elas adotam uma postura que conduz a uma reforma íntima unilateral, acreditando que jogar todos os males para si e evitar a todo custo questões sociais seja o caminho integral para o progresso. Isso é um erro e explicarei o porquê.

Aqueles que seguem a filosofia do segundo ponto adotam uma visão e - consequentemente - vivência unilateral, se esquecendo de que grandes iluminados eram atuantes no âmbito social. Mas o eram de forma sábia**.

Se uma pessoa sofre um mal e procura ver a sua postura para compreender a causa daquele mal - que pode ser sua interpretação errônea de um bem - ela estará a meio caminho da iluminação. A questão é: do mesmo modo, quando essa pessoa vê uma calamidade pública, a miséria de outros ou a falta de liberdade (religiosa, política, econômica ou em emitir opiniões acerca de administração, ciência ou temas afins), ela se vê responsável - e portanto relacionada - com aquilo; ou simplesmente adota uma postura que joga um discurso pré-moldado dizendo: "eles devem se esforçar. eu não fiz nada para que fosse assim e nada posso fazer."?

Percebam que somos unidirecionais em aplicar um princípio que é, por excelência, bidirecional.

Eu me sinto responsável por muitos males que ocorrem no mundo - mesmo que indiretamente. Porque a simples postura que adotamos ao falar com as pessoas, ao difundir verdades, ao adotar um modo de vida, ao escrever um artigo, ao atuar por meio de uma profissão, ao buscar nosso Ser, ao ver determinados filmes, ler livros,... todas essas posturas pessoais causam efeitos coletivos, que se alastram subterraneamente, sustentando uma forma mental, que leva a manter um sistema operando. E assim hábitos e conceitos são mantidos. É claro que há casos - e cada vez mais - em que existem atuações conscientes que combatem a inércia espiritual de um mundo dinamicamente material-mental, e causam menos males em sentido coletivo (a longo prazo).

Muitas pessoas que encontraram a solução só viram uma faceta dela. Apenas metade do caminho foi percorrido nesse Drama Milenar que assola a humanidade há muitas Eras.

Devo ter autocrítica ao receber algo indesejável do meio externo antes de questionar.
Devo me responsabilizar pelas mazelas do meio externo que não me afetam antes de lavar as mãos. 

A reforma íntima envolve autocrítica e responsabilidade.

A primeira leva a uma incubação em forma de experiência mística interior.
A segunda conduz a uma eclosão de atuação ética destrutiva-construtiva exterior.

Destroem-se os conceitos saturados - e cada vez mais degradantes - para se construir conceitos novos, mais abrangentes, baseados em visão mais vasta e experiências mais profundas. A atuação se adensa.

Fala-se menos, diz-se mais.
A tensão psíquica é dedicada a causas universais.
O espírito gera e domina as tempestades mentais, que conduzem a ações materiais. 

Não é possível continuar crendo que a simples não-intromissão - ou a não atuação completa no meio social - irá gerar o novo mundo. Isso é se eximir da responsabilidade em apontar contradições a serem superadas por um novo modo de pensar. Um novo modo de conceber a Vida e as relações. Um novo modo de fazer ciência e debater idéias. Um novo modo de fazer política. Um novo modo de conceber o Além.

Renascer pelo corpo é um fenômeno natural, cada vez mais comprovado pela nossa ciência, e mecânico, devido ao nosso aprisionamento conceptual no plano da matéria e dos sentidos e mente.

Renascer pelo espírito é mudar sua concepção do mundo e vivenciar isso. Seja nessa existência presente, seja em estágios entre existências, seja em outras existências.

A questão é que a Vida não morre, pois ela é essência e portanto infinita em suas capacidades expansivas conceptuais e eterna em sua propagação.

Renascer pelo espírito em vida é a manifestação do maior dos milagres***.

A Reforma Íntima não exclui atuação ética no mundo.

Devemos unir o questionamento à auto-crítica.

Devemos englobar as antíteses para formar uma Grande Síntese.


Observações
*https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia
  https://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia
** Sócrates, Cristo, Pascal, Spinoza.
*** a palavra milagre, em sua acepção original, significa "coisa admirável".

quinta-feira, 18 de junho de 2015

MONISMO

Trabalhar sob inspiração é compensador por si só. Aliás, é gratificante trabalhar sob e em prol da inspiração. Porque esta tanto influencia o canal (autor) quanto se faz tangível para o receptor (leitor/a) capaz de extrair o significado subliminar das palavras.

Ubaldi: homem integral. Venceu o mundo, superando-o.
Uma nova concepção do Evangelho. Atualização necessária
para nosso mundo continuar o progresso.
Este blog, prestes a completar 2 anos, já possui quase 200 ensaios que falam sobre Tudo, Nada ou algo entre esses limites. O julgamento demonstra a natureza daquele que recebe a mensagem - seu grau de consciência individual, sua história, seu meio e sua constituição genética definem a capacidade de seu recipiente finito.

Eu ainda tenho dificuldade em compreender como funciona o processo inspirativo que rege essa espiral ascensional construída em formas de palavras. É tão gratificante quanto imprevisível sentar aqui, diante do computador, mãos no teclado, mente vazia e ausência de sentimentos, e descarregar uma visão profunda sobre um tema simples - em poucos minutos. Fornecer uma nova visão para temas desgastados mas - ao mesmo tempo - cada vez mais inquietantes. Temas metafísicos que influenciam tanto o mundo metafísico quanto o mundo físico. Sem nenhum planejamento ou revisão bibliográfica detalhada. Baseado apenas na sinceridade e vontade de cumprir um dever - o imperativo categórico.

É gratificante, pois o próprio ato de escrever é imprevisível, desafiador, incerto e exigente. É um princípio potente que se lança num abismo enorme e constrói apoios e auxílios sem essa intenção. E com isso chega-se ao fim da idéia-base de forma satisfatória. Conclui-se com uma nova visão, mais vasta, construída após um mergulho numa realidade profunda - A Realidade. Toda satisfação já é recompensa - de dever cumprido, perante o Espírito e o mundo. Aquele reconhecendo o valor hoje, este reconhecendo o valor amanhã.
Com a alma abraçamos e amamos o Universo.
Com a mente concebemos o Universo.
Com a matéria atuamos no Universo.

É imprevisível pelo simples fato de não se tratar de métodos da mente. Nada de sistematização inicial - que pode até ser gerada no decorrer da idéia. Nada de desejo de recompensa. Nenhum medo de errar ou ofender - pois tudo se baseia num desejo ardente de unificação e de eduzir a verdade da própria alma. Trata-se de um trabalho de auto-descobrimento, ou melhor, auto-conhecimento.

O autor escreve para si mesmo. Ele se conhece e se realiza em seus textos. Textos vividos ou a serem vivenciados. Textos vívidos e intensos justamente por brotarem de uma experiência interior vulcânica. Nada de fórmulas, receitas ou formalismos. Nada de técnicas ou seguir tendências coletivas. Nada de se basear continuamente em "casos de sucesso" - exceto quando reconhece-se conscientemente a universalidade e imparcialidade de um método. Em suma, a profundidade da vivência leva ao transbordamento das palavras.

Há muitos meses escrevi sobre o Monismo. Minha concepção ainda era limitada. E por isso me sinto estimulado a (digamos) parir um novo ensaio sobre o assunto.

Para começar, devo esclarecer alguns pontos que devem estar se cristalizando em algumas mentes.

O monismo não é uma seita, ou partido, ou corrente filosófica (apesar de alguns "gênios" terem transformado o termo nisso), ou etnia, ou raça, ou sistema político/econômico/social ou pessoa. Ele é (simplesmente) um estado de consciência que engloba tudo e todos, e portanto capaz de transformar a vida de qualquer ser humano disposto a sair do labirinto físico-mental-emocional que se encontra. 

Segundo a Wikipedia:

Monismo (do grego μόνος mónos, "sozinho, único") é o nome dado às teorias filosóficas que defendem a unidade da realidade como um todo (em metafísica) ou a identidade entre mente e corpo (em filosofia da mente) por oposição ao dualismo ou ao pluralismo, à afirmação de realidades separadas.

O Ser realmente consciente se dará conta de que o monismo engloba o dualismo, sendo mais vasto e portanto potente do que esse último estado de consciência. Logo, o verdadeiro monista jamais será separatista e segregador em sua essência - ao contrário do dualista ou pluralista, que deseja impor um finito de interesse a outros finitos.

Um Ser integral é Corpo e Espírito.
Monismo é submissão do ego finito ao Ser Divino que reside dentro de ti (Deus).
Dualismo é ignorar o Ser Divino dentro de ti e (por isso) submeter os egos adjacentes ao seu ego.

Monismo é integrar o bom das diversidades.
Dualismo é desconsiderar as diversidades.

O monista tem uma concepção metafísica da Divindade.
Ele vê Deus no diabo e o diabo em Deus - apesar de Deus ser muito mais do que o diabo.

"Eu e o Pai somos um. Eu estou no Pai e o Pai está em mim. Mas o Pai é maior do que eu."
Jesus, o Cristo.

Cristo era monista, admitindo a Divindade Transcendente e o Deus Imanente. Deus imanente em cada Ser - em estado potencial, latente ou dormente na imensa maioria dos indivíduos desta humanidade. Mas atualizável, realizável. Basta a conscientização da Verdade Libertadora. Nada mais, nada menos...

Existem pessoas simples que são monistas sem o saberem. Percebem a unidade do mundo nas inúmeras diversidades. Não há oposição, apenas complementação.

O monismo considera o Além, e por isso o "Deus dos monistas" é intangível, inominável, indescritível. Porque quem atingiu a consciência monista (que todo ser humano, se quiser se salvar, irá atingir) iniciou o cultivo da humildade profunda, que admite que o ego humano é incapaz de conceber algo além dele. O intelecto e os sentidos não levam à vivência da Realidade Eterna e Infinita. Apenas a intuição é capaz de superar o labirinto de problemas e infelicidades que (aparentemente) governam nosso mundo e nossas vidas pessoais. Porque ela nasce da bondade.

A intuição é a base para se chegar a uma consciência monista do Universo. E antes dela, retidão convicta e sinceridade ardente, independente dos vitupérios ou elogios - circunstâncias sem importância para o sapiente que colocou o intelecto e os sentidos a serviço da Fonte Infinita de bondade.
Spinoza: visão integral, vivência
integral.

Quem leu, refletiu e vivenciou "Queda e Salvação" de Pietro Ubaldi percebeu que o dualismo (Anti-Sistema, AS) rejeita o monismo (Sistema, S); mas este engloba aquele, e justamente por isso triunfará.

O monismo afirma o mais e reconhece o menos.
O dualismo afirma um menos e ignora o mais.

Quem se interessa por Ciências Humanas (carro-chefe do futuro, a meu ver*) nota claramente que a humanidade progrediu do politeísmo para o monoteísmo, e este conviveu com um hiato materialista (séc. XIX e XX) ainda presente em muitos meios eruditos. E nesse desenvolver "nasceu" e se difundiu o conceito de monismo, capaz de eliminar rivalidades e resolver os problemas últimos da humanidade atual, afogada em aparências, consumo, tecnologias e tecnologismos.

POLITEÍSMO --> MONOTEÍSMO DUALISTA --> MATERIALISMO --> MONISMO --> ?

O "?" significa que provavelmente haverá mais. Uma concepção tão vasta e profunda, com um poder cósmico, que escapa a qualquer tentativa de descrição.

Por ora nos contentemos em compreender o monismo e permear a nossa vida com ele, transformando o nosso Ser de hoje no Novo Ser de amanhã. E com isso superando: 1o) a forma mental atual e; 2o) o sistema atual.

O monismo é tão simples que se torna complexo para a mente hodierna**.

Para compreendê-lo devemos ser:
Sinceros na vivência.
Reto no agir.

Nada mais, nada menos.


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* http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2014/08/e-chegado-o-tempo-das-ciencias-humanas.html
** hodierna: atual, moderno.
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sexta-feira, 5 de junho de 2015

MATRIX: UMA VISÃO CÓSMICA

Me lembro muito bem. Assisti Matrix pela primeira vez aos 14 anos, no cinema. Meu corpo de adolescente estava muito desenvolvido em termos de vigor e força física. Minha mente era bem sucedida nas tarefas escolares regulares - apesar de que nessa época eu via pouca relação entre a teoria das salas e o mundo circunjacente. Minha intuição, meu espírito, ainda estava adormecido por completo, sendo incapaz de detectar conscientemente qualquer nuance da Grande Realidade no mundo que se apresentava nas telas ou no dia-a-dia.

Matrix (1999). Visto há 16 anos.
Compreendido e sentido integralmente ontem.
E quando será vivido pela humanidade?
Todas mensagens Eternas, Infinitas, Místicas, Verdadeiras, manifestada por meio de gestos, diálogos e concatenamentos sutis e poéticos, iam diretamente para a zona inconsciente; enquanto os efeitos sonoros e visuais, as ações repetitivas, a forma, eram captadas diretamente pelo meu consciente. Até a trama superficial interessava. Ela era passível de interesse intelectual e estimulava a concatenação das ações dos personagens. Será que eles eram alienígenas? , eu pensava a princípio; Tratava-se de uma trama de dominação global de robôs? Como vencê-los?...Várias perguntas do tipo, mas sem adentrar no aspecto místico-filosófico que permeia essa superprodução do dinheiro que consegue ter mensagens super-profundas para a alma capaz de captá-las. Todas "qualidades" percebidas na época pelo adolescente de 14 anos eram pequenas mensagens usadas para passar uma Grande Mensagem.

Ontem eu revi o filme com um novo olhar.

Após passar os próximos 16 anos por experiências diversas e intensas (como todos), mas optar por caminhos - aparentemente - ilógicos e loucos, persistindo em "erros" e estudando as dores e suas causas (como pouquíssimos), não pude deixar de perceber o quão sublime é a Grande Mensagem transmitida por esse filme sincero, profundo, questionador e profético.

Oráculo: sapiência sem exibicionismo.
O poder da sensibilidade intuitiva.
Matrix é classificado como ficção-científica pelo mundo presente - possivelmente por causa das tecnologias e situações anormais. Mas ao mesmo tempo, através da ficção, o filme trata da mais profunda realidade metafísica que permeia a vida humana. Mais: é profético, ao apontar para as tendências da civilização exacerbadamente tecnológica-neoliberal, na qual a inteligência artificial, IA (robôs) dominará a inteligência natural (humana).

Se você observar com uma mentalidade transformista [1] perceberá o seguinte: quase todas pessoas (inclusive você mesmo e eu) adotam comportamentos robóticos, são - ou buscam ser - produtivas em termos financeiros-materiais, e procuram podar ou esconder sinais de sentimento por assuntos metafísicos do imponderável. E com isso gera-se uma onda psíquica a nível global que plasma uma forma mental coletiva capaz de sustentar estruturas (instituições de qualquer natureza) e sistemas (modo de operação coletivo de estruturas ou sociedades) inconscientemente. Esse comportamento, por estar preocupado com a execução e resultados imediatos e visíveis, delega indiretamente, via leis (regulamentos oficiais) ou normas de conduta (leis sociais), a reflexão, o sentimento e a orientação universal a segundo plano, sendo essa atitude e filosofia de vida mero lazer - ou seja, distração - do ponto de vista deste mundo. Pode ser até que muitos considerem esse lazer como assunto de suma importância no discurso. Mas na prática individual e social do cotidiano pouco se realiza, sendo mais importante criar uma forma agradável do que mergulhar na substância quase sempre dolorosa da vivência.

Um lazer à serviço do intelecto luciférico que quer satisfazer os desejos instintivos.
Um lazer à serviço desse intelecto luciférico que cria medos instintivos.

Matrix procura trazer essas reflexões à tona, preenchendo a Realidade Ponderável dos Efeitos especiais e Tramas com a Realidade Imponderável do Amor e dos Valores.

Em Matrix os nomes dos personagens e suas características físico-mentais-espirituais sintetizam a natureza dos mesmos: Morpheus é o deus dos sonhos, capaz de mimetizar qualquer forma humana para aparecer nos mesmos. Ele é a Voz da Verdade se manifestando no mundo da Ilusão; Trinity é a moça com atitudes cirúrgicas, pensadas e diretas, que aparentemente não exibe sentimentos, mas que possui grande fé (fidelidade) com uma finalidade superior (Amor, Salvação da humanidade); Neo é o Novo, o Escolhido, o veículo de Salvação. É aquele que é resgatado da sua inconsciência infeliz para atuar de forma eficaz na realidade pequena e ilusória da Matrix. Ele tem a Vontade de desvendar o mais desconhecido, que o leva a seguir o misterioso Morpheus, apresentando a Realidade. Abrem-se os horizontes. Choro, dor e espanto, à princípio. Adaptação depois. E futuramente reorientação.

Trinity e Neo realizando o irrealizável.
Cada cena do filme traz uma mensagem subliminar, ou implícita, para o Ser ainda profano (sensitivo-intelectivo), mas explícita para o Ser místico (intuitivo-sintético).

Os humanos que vivem adormecidos, produzindo milhares ou milhões de zeros na ilusão da Matrix, são canais que permitem aos agentes (máquinas, robôs) atuarem e investigarem tudo e todos, nada escapando aos seus olhos e ouvidos ou superando suas habilidades e potência. Nada...até que Neo é despertado...

O oráculo é uma mulher negra simples, que fuma sem culpa e vive seu cotidiano com a leveza de um fazendeiro rural. Ela não se preocupa com aparências ou erudição profunda. Diz coisas aparentemente sem nexo, mas que com o desenrolar dos acontecimentos formam uma cadeia de eventos evidentemente imprevisíveis à princípio, pelos ouvintes, mas claramente previsíveis pela vidente. Neo é especialmente refratário a essas coisas do Além à princípio - do espírito, do imponderável, do não-demonstrável e etc - mostrando uma incredulidade no olhar e gestos. Mas eis que o desencadear feio e caótico de muitos eventos forma um mosaico belo e harmônico.

A vidente diz o que as pessoas precisam ouvir para se auto-realizarem.

Morpheus tem grande fé no mais. Ele atua no finito mas crê no Infinito. Isso lhe dá força e vontade e ânimo para aguentar a luta de cada dia. Não possui o dom de Neo mas tem a Fé para despertá-lo.

Fé que fará morrer o Sr. Anderson, funcionário de uma empresa de software comportado e obediente, e nascer Neo (o Novo), Sujeito consciente e atuante, transformador da realidade.



"Quem não renascer da água (corpo) e do Espírito (consciência) não poderá entrar no Reino de Deus (Salvação, Felicidade)."

Jesus, o Cristo

Neo é duvidoso. Tem muita energia e capacidade, mas vê a crença no Infinito como mais um meio de ilusão. Ele aceita, mas não incorpora o espírito místico, a princípio. Por isso a vidente faz afirmações fortes ("Você não é o escolhido. Sinto muito garoto...") e ao mesmo tempo prevê um dilema: haverá um momento em que ele deverá decidir entre salvar sua vida em prejuízo da de Morpheus, ou salvar a vida de Morpheus à custa da sua.

A Fé move montanhas.
O Amor ressuscita almas e corpos.
Tudo ocorre normalmente. E concorre para o grande desfecho, imprevisível pelos protagonistas, sentido pela vidente, temido por Neo.

O que leva Neo a decidir voltar para a Matrix, sabendo que ninguém nunca conseguiu vencer os Agentes - encabeçado pelo Agente Smith - frios, metódicos, velozes, fortes e (aparentemente) insuperáveis, é um imperativo categórico. O dever de salvar alguém útil que lhe despertou, ajudou e até deu sua vida por um pseudo-Escolhido. Porque ele, Neo, acredita nisso.

Agora a grande questão:

Se a vidente houvesse dito a Neo que ele era o Escolhido, será que, diante desse dilema (esse Drama Milenar), esse Escolhido consciente de seu Destino arriscaria sua vida para salvar um simples humano?

Será que a consciência de ser a centelha de acionamento de um grande fogo libertador não o faria arrogante e temeroso de arriscar sua vida para salvar qualquer pessoa ou objeto?

"She told you exactly what you needed to hear, that's all. Neo, sooner or later you're going to realize, just as I did, there's a difference between knowing the path and walking the path."
(Morpheus)

Conhecer o caminho é muito diferente de caminhar pelo mesmo.

Erudição é intelecto, que geralmente leva ao preconceito, divisão e distanciamento.
Vivência é intuição, que leva à libertação, união, compreensão.

Saber está acima do conhecer.

Quem sabe não prova, sente.
Quem conhece prova, mas não sente.

Quando Neo começa a acreditar, sente-se um espasmo de poder - da Verdade.
Quando ele é dado por morto, Trinity, com fé (fidelidade) no Mais, nas Grandes Mensagens, chora e busca orientação interior. Ela lampeja sua sinceridade para o Neo morto e demonstra o seu Amor, beijando-o intensamente. Tamanha é a retidão, perseverança e sinceridade dessa moça, que ela passa essa vontade infinita para aquele que aprendeu a amar. E eis que Neo renasce completamente pelo Espírito. E consequentemente, pelo corpo. Eis o milagre da verdadeira Ressurreição. Um milagre a ser operado pela humanidade vindoura, dentro de alguns milênios.

As balas são metafísicas. Elas são os vitupérios para intimidar
ou os elogios para viciar. Nós podemos freá-las com o poder
da Verdade Libertadora. Basta sintonizar com o Infinito e Eterno.
Emoção e comoção Infinita que se converte em atuação de potência máxima.

Sr. Smith é tomado por ódio e ataca com todas suas potencialidades robóticas, mas de nada adianta: Neo só sente. Ele não mais pensa. Ele vive e atua na mais profunda Realidade.

É a pequena potência Infinita da humanidade mística superando a enorme potência finita da robótica intelectual-sistematizadora.

A inteligência humana perde da inteligência robótica.
Mas a intuição humana, uma vez despertada, sempre vencerá qualquer inteligência artificial.

Choro e emoção.
Porque sinceridade e busca pela Verdade demandam tais reações.

Reflexão e Amor.
Porque dúvidas e insatisfações com o presente clamam por isso.

Glória e Salvação.

Matrix: filme que realiza a síntese impossível do misticismo conceptual com o materialismo atual.

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Referências:
[1] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2015/03/nocao-de-transformismo.html

Trailer recomendado:
https://www.youtube.com/watch?v=m8e-FF8MsqU
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