Páginas de meu interesse

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Sinceridade Consciente

Todos desenvolvimentos previstos tomam seu curso. Parece ser irrefreável a engrenagem materializada pela forma mental humana hodierna. Me refiro ao Neoliberalismo em todas suas vertentes: a vida afetiva (com a mercantilização dos nosso corpo, nossa aparência, nossa posição social, nossos títulos e publicações e etnia e crenças); a vida laboral (com pressões cada vez mais injustificadas e resultados cada vez mais sem sentido. sem sentido para um mundo que clama por novos paradigmas, com novos parâmetros e novas prioridades); a forma como lidamos com temas coletivos e ecológicos. Nesse último quesito vejo o quão impressionante é a (in)capacidade humana em compreender a necessidade do choque entre os opostos, lidando com o outro, absorvendo o bom dele, e eliminando o ruim dele. E vice-versa: nós, adquirindo habilidades e vontade e tempo e energia para conduzirmos nosso ser a um ponto em que ele abandone o seu menos e abrace o seu mais.

Já desenvolvi o tema do Absoluto e relativo*, revelando que ambos devem ser compreendidos à fundo, e trabalhados ininterruptamente. O sistema imperante usa do relativismo para impedir a unificação dos conscientes - ou daqueles prestes a atingir um grau de consciência crítico. Ele impede que os explorados cheguem a um consenso e comecem a implementar medidas de ajuda mútua, que levaria a uma resistência consciente e influente à lógica atual. Os explorados, quem são? Minorias e maiorias. Mulheres, negros, pardos, índios, crianças, pobres, ricos conscientes, instruídos sapientes,...Qualquer pessoa que mergulhe a fundo em sua dor e não caia num pessimismo mórbido, mas que gere uma realismo potente e orientado - por vezes vulcânico - com o intuito de se impulsionar sempre para o alto.

O texto do Negro Belchior expõe qual é o mal do século:

http://negrobelchior.cartacapital.com.br/abaixo-ditadura-neoliberal/

Todos regimes autoritários anteriores são leves perto do que toma corpo. Não apenas aqui no Brasil, mas no mundo.

Não me refiro necessariamente a uma gangue de corruptos (apesar desses serem parte dessa grande corrente mental egoísta), capatazes de senhores muito mais poderosos, nem a uma determinada instituição. Nada disso...Trata-se de um mal que permeia a espécie humana: o ego luciférico. Este é melhor encarnado pela lógica financeira-corporativa atual, cuja única finalidade é o lucro. Para isso valem todos os mecanismos: propaganda, violência "justificada", manipulação midiática nos jornais, nas propagandas, nos programas. E a própria Arte se torna serva desse Leviatã, que dita o que ela deve dizer, como deve dizer, se deve dizer...

Estamos presos numa casa prestes a desabar.
Fora há chuva. Chuva torrencial...
Dentro há o que vêm crescendo: calor...
O fogo se alastra e achamos normal.
Não queremos sair.
Nos prendemos a uma forma mental.
Que está prestes a nos trair de vez...
Há uma degradação do Cinema nos últimos 10 ou 15 anos. O que antes já era raro em Hollywood, hoje é praticamente inexistente. Julia Roberts, por exemplo, afirma que se ela quisesse filmar "Uma Linda Mulher" hoje em dia, nenhum produtor apoiaria: o público simplesmente não gostaria. E todos mecanismos alimentam esse afastamento Ser-Arte.

Tudo é movido pela lógica de comercialização, que nada mais serve a não ser interesses egoístas de uma minoria. E muitos, explorados em seu tempo, em suas oportunidades, em suas mentes, ainda optam por apoiar uma lógica que lhes causa mal. Porque não compreendem o grande quadro, que grita a cada dia o grito do desespero. Um grito constante e intenso. Um grito do planeta Terra. Um planeta que vive e quer auxiliar todas espécies - especialmente a nossa. Um planeta que nos provê tudo na medida, cabendo a nós apenas adquirimos um mínimo de consciência. 

No neoliberalismo impera a seguinte lógica: deve-se manter todos distraídos e "felizes", num estado que impossibilite questionamentos. Reflexão apenas na superfície. Nas palavras. Na forma. Jamais em seu aspecto prático, de aprofundamento, de introspecção, de descoberta interior...

Da consciência vem a sinceridade. Devemos despertar a sinceridade consciente. Somente assim conduziremos nossos finitos de modo ordenado. Nossos estudos científicos, nossos trabalhos diários, nossa conduta com os familiares, nossa postura política, nossa visão de economia, nossa capacidade de dialogar não apenas com o semelhante, mas com todos os seres desse planeta, a fauna e a flora.

"As árvores são nossa amigas", disse eu um dia para minha querida esposa. Elas merecem nosso abraço não apenas por equilibrar nossa atmosfera**, e sim por suportarem amorosamente tamanho desrespeito à sua função. Não valorizamos porque elas não falam, não produzem. Só as vemos como algo mercantilizável, extraindo significado financeiro pelas raízes. Assim iniciamos nossa extinção.

Muitos engessaram no tempo. Estão com a mentalidade na (e da) década de 80. Não percebem o transformismo que aponta para onde devemos seguir***. Deixaram de perceber que o ideal vai e volta sob várias vestes, como ideias. Ideias cada vez mais refinadas, resistentes, flexíveis e racionais. Ideias capazes de unir mais ideal com real. Ideias cada vez mais fortes quanto mais sinceras forem com o Ideal que representam.

Crescimento e Desenvolvimento não são sinônimos.
Trabalho e Emprego não são idênticos.

Ou comecemos a diferenciá-los, ou seremos vítimas de nossas ilusões.

Trabalho alienante e consumo conspícuo é o que alimenta o sistema capitalista-neoliberal.

Trabalho consciente e consumo essencial é o que o ameaça...

Não é à toa: todos grande iluminados e iluminadas foram perseguidos ou ignorados ou tiveram sua missão dificultada do início ao fim de sua existência terrestre.

Podemos mais...muito mais...


Referências, Comentários e Recomendações
* http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2014/08/desmistificando-ideias-quase-arraigadas.html

** em termos respiratórios, as árvores constituem um sistema coletivo que é o inverso-complementar dos seres humanos: elas absorvem CO2 e liberam O2 através da fotossíntese - nós inalamos O2 e liberamos CO2. Um necessita do outro.

***http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2015/03/nocao-de-transformismo.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário