Entrevistado: Ladislau Dowbor.
Ladislau Dowbor é doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP e da Universidade Metodista de São Paulo – Umesp. Além disso, é consultor de diversas agências das Nações Unidas.
http://www.ihu.unisinos.br/?id=559920
Alguns trechos da entrevista (grifos meus):
"Para se ter uma referência, o PIB mundial em 2012 é da ordem de 75 trilhões de dólares. Os 28 grandes bancos manejam no conjunto cerca de 50 trilhões de dólares, e criaram um mecanismo de extração de mais-valia financeira diferente do que se dava no capitalismo produtivo, o proprietário da fábrica que pagava mal aos seus trabalhadores e extraía uma mais-valia empresarial. Este sistema continua. Stiglitz mostra que, nas últimas décadas, a economia americana teve um avanço de 161% na produtividade do trabalho, mas apenas 19% foram para os trabalhadores."
"O novo sistema, de mais-valia financeira, em que à exploração empresarial se acrescenta a exploração via crediários, juros sobre pessoa física e jurídica e juros sobre a dívida pública, permite uma apropriação em escala muito mais ampla, menos transparente nos seus mecanismos, e leva a este absurdo de 62 bilionários que detêm mais riqueza do que a metade mais pobre da população mundial. É um desastre em termos sociais, era do lucro improdutivo."
"O mesmo desvio dos recursos gera o desastre ambiental planetário. Uma Samarco [6] sabe que deveria investir nas infraestruturas da mineração e reduzir os riscos, mas quem manda na Samarco é o Bradesco e a Billiton. Ambos exigem retorno financeiro, e entre a pressão dos grupos financeiros que detêm o capital e o engenheiro que diz que a barragem vai romper, a opção é óbvia."
"Para completar o tripé da crise civilizatória, os recursos financeiros, que deveriam financiar a inclusão produtiva para reduzir a miséria e a desigualdade, bem como financiar a reconversão tecnológica (em particular energética) para reduzir o ritmo de destruição do planeta, não só não são aplicados produtivamente, como sequer pagam impostos, ao migrar para paraísos fiscais. A Apple paga na Europa 50 dólares de impostos para cada milhão de dólares de lucro, ou seja, 0,005% de impostos. Eu, professor da PUC, vejo o meu imposto descontado na folha. É mais do que 0,005%. Nos paraísos fiscais, estima-se um total de 21 a 32 trilhões de dólares, para um PIB mundial de 73 trilhões (2012)."
Ladislau Dowbor - A crise é sistêmica quando gera uma engrenagem emperrada simultaneamente social, ambiental e econômica.
...
E por ai vai.
Recomendo a leitura e estudo do artigo na íntegra - para quem quiser saber um pouco mais profundamente sobre O problema de nossa espécie.
Outro artigo recomendado:
http://www.ihu.unisinos.br/562693-argumentos-contra-a-pec-241-55-tem-que-ter-autocritica-do-pt
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