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sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

O PROBLEMA INVISÍVEL E INSISTENTE

Ensaio de 2014

De nada vale o que é escrito aqui se não for minimamente vivenciado no sentir e no agir. A teoria, para ser elaborada conscientemente, deve se apoiar numa série de vivências. É necessário um longo período de constatações (anos ou décadas), acompanhadas por tentativas criativas de mudança, antes de colocarmos em pauta algumas causas de problemas fundamentais e enumerarmos possíveis soluções. Estas devem ser criativas o suficiente para integrar. Esse é um trabalho individual, solitário e não perceptível.

Anteriormente, em outro texto, eu tangenciei alguns aspectos da teoria esboçada por Ubaldi a respeito de nossa queda no Anti-Sistema (AS), o mundo da matéria, no qual a realidade do espírito é declarada uma ilusão infantil, enquanto a matéria (os bens, o dinheiro, o corpo, os títulos) é a realidade que conduz ao triunfo. É com uma visão desse tipo que a humanidade, em sua esmagadora maioria, adota religiosamente uma forma mental que colima numa série de comportamentos e condutas semelhantes em substância – apesar de grande variabilidade na forma.

Libertação é iniciada pela Conscientização.
Segurança é iniciada pela Conscientização.
Consciência traz liberdade segura, sem desequilíbrios,
 e segurança livre, sem amarras. 
A dinamicidade horizontal buscada pela massa de seres presos ao campo gravitacional do AS cria uma ilusão de evolução que é confortável acreditar. E ao mesmo tempo confiamos nelas, vendo nossos semelhantes adotarem as mesmas atitudes – cada qual do seu meodo – e declararem que se sentem transformados (será?). Além disso, eles “vencem”, mas apenas por fora. Por dentro a guerra continua no mesmo nível – ou até abaixo – antes dessa pseudo-vitória. Trata-se de mudanças que não trabalham a substância do ser. Apenas alteram a sua forma. E como em nosso plano encaramos forma como substância, nos declaramos vencedores de nós mesmos. Isso significa que a ilusão da matéria venceu a realidade do espírito.

É preciso ter muita coragem para adotar uma nova postura de vida. Quem se arriscaria em seguir sua consciência durante anos e décadas, restringindo seu meio social, oportunidades afetivas e profissionais, sem garantias de retorno à curto prazo? No entanto surgem na Terra biótipos 'à la' Sócrates, Arquimedes, São Francisco, Cristo, Kant, Beethoven, e por aí vai, que parecem edificar um edifício invisível cuja magnificência sempre sonda e aconselha as mentes mais perdidas e sinceras em busca de uma real solução aos problemas. Mentes que já tentaram os caminhos práticos e fáceis sem nada conseguir de efetivo.

Nós, com toda informação e tecnologia, não somos capazes de trabalhar a própria substância (e a adjacente). Isso se traduz na falta de vontade em tratar de assuntos delicados e/ou polêmicos. É sensato fugir do diálogo profundo, sincero e laborioso, e partir em busca de alguém mentalmente mais próximo para reafirmarmos nosso modo de vida. E assim tudo caminha suavemente – e estaticamente...

A fronteira imposta pela sociedade através das normas de conduta tornam escandaloso o investigador da alma. No entanto essa mesma sociedade anseia secretamente e fervorosamente por um novo modo de vida, baseado em novas relações e oportunidades, sem as quais o mundo poderá ter a paz tão desejada. Como solucionar algo sem abrir a mente para novas formas de ver, sentir e pensar?

O risco é grande. Mas quem já percebeu e analisou tudo cuidadosamente, adotando múltiplos pontos de vista, começa a ganhar um ímpeto. Este é elevado ao quadrado com a aquisição de experiência, adquirida dolorosamente com os choques de mentalidades que não se comunicam. Uma percebe os acontecimentos globalmente e busca diálogo. A outra percebe os mesmos localmente e tende a se entrincheirar.

À medida que a marcha do progresso avança por terrenos inimagináveis,
Revelam-se os contextos que nos fazem - cada vez mais - olhar para dentro.
Dentro de nós, dentro de tudo.
E assim escutar a sinfonia da vida, que de tempos em tempos clama
por uma evolução que rompa os véus dos velhos paradigmas.
O fracasso em (não) transformarmos nós mesmos e nosso entorno ao longo dos anos reside no excesso de medo. Por medirmos tudo em curto prazo, as humilhações aparentes e momentâneas são ampliadas (negativismo cresce quantitativamente) e pioradas (negativismo cresce qualitativamente), dando uma sensação de que a melhor maneira de lidar com a vida é adotar uma astúcia hiper-maquiada e amenizar vícios buscando outros vícios. Inicia-se assim uma ciclagem que dá uma falsa sensação de melhora.

Um choque de idéias bem conduzido – sem preconceitos e visando um eixo diretor comum...a evolução – é temeroso a princípio. Mas se as partes forem sensatas e sentirem a boa intenção dos outros a gênese dos laços espirituais se inicia. Pura emoção. Emoção subterrânea, sólida e restauradora da crença em si mesmo e no universo ao redor.

Todo esse ciclo não é mera abstração que o autor busca imprimir na mente de seus leitores. Cada palavra e sensação trazida por ela é a transmissão de uma vivência recente. Um caso vivido, temido (à princípio) e praticado, até suas últimas consequências. Com a crença de que estando na verdade e num ambiente receptivo à evolução nada poderia acontecer de mal. E assim sucedeu.

Eis o caminho da dinamicidade vertical. Um caminho de subida rumo ao Sistema (S). De depuração material através da conexão espiritual. É mais estreito? É. É mais trabalhoso? É. É demorado? É. Você será reconhecido pelos métodos avaliativos deste mundo? Não. Vale a pena? SIM. Por que? Simplesmente pelo fato de isso trazer libertação. E ela é só o início de um longo processo que jamais deve estacionar. Até atingirmos a espiritualidade absoluta e nos fundirmos com o S.

Quando (quase) tudo está engessado por uma forma mental predominante de dinamicidade horizontal, qualquer atitude de autoconhecimento será encarada como perturbação.

Mas (felizmente) idéias não morrem. Apenas são ignoradas pela ignorância, sendo recorridas assim que o anseio por evolução se torna irresistível. 

Será que nós, humanidade, estamos perto de atingir tal anseio?

Link interessante:
https://portal2013br.wordpress.com/2016/06/09/4-metodos-que-o-sistema-usa-para-tentar-bloquear-o-nosso-despertar/


sábado, 24 de dezembro de 2016

Uma Observação

Extraído de um iluminado (UBALDI, P.)

"Antigamente, as revoltas dos subalternos eram todas ilegítimas, porque era inconcebível que eles tivessem direitos. 
Isto produziu um inevitável estado de desconfiança, sobretudo por parte dos dependentes em relação aos dirigentes. 
Por isso não existe colaboração entre os dois extremos, mas sim um antagonismo dificilmente sanável. 
Pudemos observar na Europa casos em que o velho instinto de revolta do servo contra o patrão  voltando à tona  induziu os primeiros a não aceitarem propostas para sua própria vantagem, oferecidas a eles por patrões inteligentes. 
Estes as ofereciam porque tinham compreendido que, nos próximos anos, ver-se-iam constrangidos a concedê-las à força. Então, antecipando os tempos, tinham decidido oferecê-las por sua espontânea vontade, em vista de seu interesse futuro 

A vantagem, para eles, consistia em assegurar à sua própria indústria um longo período de paz, o que significa uma produção maior e portanto uma utilidade maior, pelo fato de eliminar a dispersão de energias provocada pela luta, associada a greves, vandalismos, sabotagens, escasso rendimento de trabalho, discussões com sindicatos etc. As concessões queriam prevenir tudo isso e os consequentes prejuízos, procurando resolver o problema da violência através da eliminação de suas respectivas causas, para instaurar assim um regime de justiça. É seguindo este exemplo que os dirigentes demonstram ter compreendido o quão mais conveniente é darem prova de justiça e generosidade  concedendo aos seus dirigidos espontaneamente aquilo que estes, mais tarde, conseguiriam pela força  do que continuarem a explorá-los e a oprimi-los. 


Pois bem, nestes casos pudemos observar que os dirigidos recusaram estas pacíficas ofertas, realmente vantajosas para eles, preferindo palmilhar o método da ofensiva e da sucessiva extorsão pela violência. 

Isto porque foram induzidos pelo seu instinto, fruto de longa experiência no passado, a desconfiar da oferta, que foi interpretada então como uma enganosa armadilha. 


Este instinto os leva, portanto, a não aceitar tal proposta, porque eles acreditam que, somente conseguirão algo de verdade extorquindo-o pela força. 

Nem é possível se esperar uma atitude diferente de indivíduos habituados a desconfiar durante milênios. 

Até ontem, os servos nem sequer conheciam quais eram os seus direitos. Sabiam apenas que o mais forte os tinha todos e que o mais fraco não tinha direito algum, sendo qualquer reclamação sua julgada e punida como uma revolta."

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O Social deve liderar o Capital. Não o contrário.

Para despertar...



Adiciono o último pronunciamento de Noam Chomsky a respeito do quadro geopolítico atual.

A meu ver, trata-se do diagnóstico mais maduro e realista de nossos tempos. Pode-se dizer que o homem é um dos profetas de nossos tempos. Um profeta não mais místico, mas lógico-intuitivo. Realiza um trabalho incansável, persistente e paciente, para alertar o mundo sobre o estado atual - em todas esferas.

 Infelizmente o poder continua se comportando - em larga medida - da mesma forma que se comportava na época dos profetas místicos: ignorando-os.



O bom-senso é a única coisa que pode auxiliar a nossa espécie nesse momento histórico. A sorte já foi lançada. Resta nos prepararmos para um futuro completamente diferente do que imaginamos. Um futuro imprevisível, mas que sempre pode ser melhorado aqui e agora, no presente, para que lá na frente um trabalho de reerguimento possa ser menos árduo, e nossa civilização possa realmente vir a ser o que sempre colocou nas leis e princípios, no dia-a-dia.




domingo, 4 de dezembro de 2016

Religião do Futuro: Científica e Unitária

Ser religiosamente científico e cientificamente religioso.

Ser religiosamente científico até as fronteiras do nosso mundo.
Ser cientificamente religioso ao caminhar além das fronteiras de nosso mundo.

O dualismo oferece um progresso lento. São choques intermináveis. Contrapontos. Vive-se em contrassenso. O monismo - uma vez alcançado - dá o Caminho Direto. Mas este engloba aquele. Sempre está guiando os choques. Se tomarmos consciência dessa força que guia no caos, ordenando-o, poderemos entrar em sintonia com ela.

A ideia é simples: a ignorância age com força e rapidez insuperáveis em nosso mundo, esmagando o bom senso, a reflexão, a vida. Ela está encerrada no espaço-tempo, e portanto possui pressa. A sapiência age de outra forma: ela compreende o passado, absorve as complexidades do presente - com suas contradições - e se projeta no futuro. Se projeta sem meramente repetir o antes, ipsis literis. Há semelhanças, mas mudanças substanciais que preparam a humanidade para ascensões em todos níveis e esferas. A sapiência age quase sempre lentamente - às vezes rapidamente. Não é prisioneira do espaço-tempo. Engloba-o com a consciência. Consciência que dá paz. Paz que possibilita acúmulo de energia.

Há pouco a se fazer enquanto a massa crítica não se forma. Resta nos alimentarmos com o alimento sólido vindo das altas correntes de pensamento*. E tentarmos nos melhorar dentro de nossas vidas cotidianas, olhando para nós mesmos. Nos ouvindo e trabalhando 24 h por dia para nos tornarmos seres mais coerentes, capazes e pacientes.

O vídeo abaixo dá uma ideia do que realmente se trata:


Tudo aponta para a necessidade de despertarmos a consciência num certo grau - o que é muito trabalhoso!

Sem isso não seremos capazes de continuar.

Quanto ao nosso modo de vida presente, há uma má notícia: segundo Dennis Meadows não há mais tempo para revertermos as catástrofes ambientais (e o combo que vem junto: catástrofe social, econômica, cultural, existencial, etc,...algumas já se revelando) que semeamos nas últimas décadas, com nosso modelo de "desenvolvimento" baseado em crescimento físico exponencial, tendo o consumo como meta absoluta d vida. Isso é muito triste se paramos para refletir bem.

https://www.youtube.com/watch?v=zmjG7tBL_Dg

Se o diagnóstico for correto, resta focarmos nossa mente em aprender a viver de forma mais simples e começar a ter um modo de vida adequado a uma Era de Reconstrução (material, mas, sobretudo, Interior). Uma Era longa, muito longa - à perder de vista. Aí teremos chance de nos reformarmos.


* Ver UBALDI, P.; ROHDEN, H.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Momento Crucial

Repasso o vídeo porque ele aborda a questão sistêmica, indo ao cerne dos problemas, se apoiando em fatos e calcado por uma lógica que não nos é apresentada pela mídia convencional.



Recomendo a leitura do artigo de Ladislau Dowbor para confirmar o que a Senadora fala:

http://outraspalavras.net/brasil/ladislau-quem-quebrou-o-estado-brasileiro/


quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O escandaloso processo de deformação da economia pelo sistema financeiro e o silêncio da mídia, da academia e dos institutos de pesquisa.

Entrevistado: Ladislau Dowbor.

Ladislau Dowbor é doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP e da Universidade Metodista de São Paulo – Umesp. Além disso, é consultor de diversas agências das Nações Unidas.

http://www.ihu.unisinos.br/?id=559920

Alguns trechos da entrevista (grifos meus):

"Para se ter uma referência, o PIB mundial em 2012 é da ordem de 75 trilhões de dólares. Os 28 grandes bancos manejam no conjunto cerca de 50 trilhões de dólares, e criaram um mecanismo de extração de mais-valia financeira diferente do que se dava no capitalismo produtivo, o proprietário da fábrica que pagava mal aos seus trabalhadores e extraía uma mais-valia empresarial. Este sistema continua. Stiglitz mostra que, nas últimas décadas, a economia americana teve um avanço de 161% na produtividade do trabalho, mas apenas 19% foram para os trabalhadores."

"O novo sistema, de mais-valia financeira, em que à exploração empresarial se acrescenta a exploração via crediários, juros sobre pessoa física e jurídica e juros sobre a dívida pública, permite uma apropriação em escala muito mais ampla, menos transparente nos seus mecanismos, e leva a este absurdo de 62 bilionários que detêm mais riqueza do que a metade mais pobre da população mundial. É um desastre em termos sociais, era do lucro improdutivo."

"O mesmo desvio dos recursos gera o desastre ambiental planetário. Uma Samarco [6] sabe que deveria investir nas infraestruturas da mineração e reduzir os riscos, mas quem manda na Samarco é o Bradesco e a Billiton. Ambos exigem retorno financeiro, e entre a pressão dos grupos financeiros que detêm o capital e o engenheiro que diz que a barragem vai romper, a opção é óbvia."

"Para completar o tripé da crise civilizatória, os recursos financeiros, que deveriam financiar a inclusão produtiva para reduzir a miséria e a desigualdade, bem como financiar a reconversão tecnológica (em particular energética) para reduzir o ritmo de destruição do planeta, não só não são aplicados produtivamente, como sequer pagam impostos, ao migrar para paraísos fiscais. Apple paga na Europa 50 dólares de impostos para cada milhão de dólares de lucro, ou seja, 0,005% de impostos. Eu, professor da PUC, vejo o meu imposto descontado na folha. É mais do que 0,005%. Nos paraísos fiscais, estima-se um total de 21 a 32 trilhões de dólares, para um PIB mundial de 73 trilhões (2012)."

Ladislau Dowbor - crise é sistêmica quando gera uma engrenagem emperrada simultaneamente social, ambiental e econômica.

...

E por ai vai.

Recomendo a leitura e estudo do artigo na íntegra - para quem quiser saber um pouco mais profundamente sobre O problema de nossa espécie.


Outro artigo recomendado:
http://www.ihu.unisinos.br/562693-argumentos-contra-a-pec-241-55-tem-que-ter-autocritica-do-pt



quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Renda Básica Universal (RBU)

O seguinte artigo levanta pontos interessantes a respeito de nosso mundo laboral, em que as rendas (entradas) são cada vez mais instáveis, e em declínio, e os gastos - com itens básicos - são cada vez mais certos e (exponencialmente) crescentes (saídas). Isso leva os indivíduos a gastarem toda sua psique, energia e recursos para a manutenção de uma vida mínima, levando ao desperdício da criatividade em atividades de ordem mais elevada.

https://medium.com/basic-income/why-the-changing-nature-of-work-means-we-need-a-universal-basic-income-e099118bf05b#.7wzyavesu

Universal Basic Income (UBI), ou Renda Básica Universal, é uma proposta para iniciarmos a solução de um problema que está se intensificando e generalizando.

Não podemos mais ver as coisas sob uma ótica particular. Nem aplicar teorias do século XIX - pelo menos integralmente. Precisamos considerar todos os custos, desde o financeiro (mais óbvio para a mente hodierna), passando pelo social, cultural, ecológico,...até chegar ao psicológico e espiritual.

O tempo é curto, mas evolver é um dever.

O uso da tecnologia e da ciência é mais importante que a criação de teorias e inventos. Uso aponta para orientação. Orientação nos leva a imaginar o telefinalismo da vida. Isso tudo nos leva à necessidade de elaborar A Grande Sìntese.




domingo, 20 de novembro de 2016

Eis a Questão

Para quem deseja saber sobre as causas da crise econômica brasileira - e sua solução racional.

http://dowbor.org/2016/11/dowbor-os-irresponsaveis-no-poder-desmontando-o-conto-da-dona-de-casa-novembro-2016.html/

Não é o que se fala na grande mídia, ou nas rodas sociais (pelo menos a maioria).

Eu realmente recomendo a leitura, análise e estudo aprofundado do tema, pois as decisões que poderão ser tomadas nas próximas semanas podem levar a uma regressão das políticas sociais (previdência, educação, saúde, segurança, infraestrutura, etc), cujo custo está na linha da normalidade. O que está anormal é a quantidade de recursos drenados pelo sistema financeiro (bancos), improdutivo e sem compromisso de nenhuma espécie com a sociedade - muito menos com a biosfera.


sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Noam Chomsky on Corporations

Eu passei quase 4 anos num ambiente corporativo e constatei o que Chomsky afirma.



Existem pessoas sérias trabalhando no circo (dos horrores)

São de várias correntes. Partidos diferentes em alguns casos. Mas com uma coisa em comum: bom senso. Não é apenas a Gleisi Hoffmann (PT/PR); é Roberto Requião (PMDB/PR); é (aparentemente) Hélio José (PMDB/DF); é Regina Souza (PT/PI). Entre outros(as).

O sistema financeiro trava a economia do país. A regulamentação já é frouxa no mundo de forma geral - considerando um mundo evolvido. Mas aqui no Brasil é realmente desconexa. São juros exorbitantes cobrados sobre atividades não-produtivas (em termos reais e virtuais). Isso é visível e (sobretudo) sentido.


Essas questões jamais ou raramente são colocadas em pauta pelos grandes meios de comunicação. Não se fala disso dentro de corporações. E se o assunto é tangenciado, o tema é tratado de forma unidimensional, enfocando um dado ponto de vista, tido como definitivo (anti-transformista) e ideal. E assim, as pessoas, com pouco tempo e disposição para investigar os fenômenos globais e locais, sob todos os prismas (religioso, político, cultural, social, científico, psicológico, filosófico e afetivo), se vê forçada a internalizar conceitos superficiais, prontos - como "fast-food" - e começa a falar e marchar e agir em função dessa visão insuficiente e empobrecida.

Um New Deal conforme as teorias de Keynes, aplicado ipsis litteris, no mundo do século XXI, pode não ser A solução. Mas muitos de seus conceitos deveriam vir à tona; e outros adaptados às questões ambientais e existenciais que emergem a ritmo nunca antes visto. Além disso, poderíamos dar um tempero a tudo isso: disseminação de cultura de forma criativa. Para isso precisamos colocar as pessoas com ânsia de transmitir experiências e saber a públicos ansioso por receber esse alimento sólido. No momento me parece que existem poucos canais para isso.

Há muitas pessoas que gostam de Cinema crítico, profundo, questionador e humano e não tem acesso por viverem longe de São Paulo ou Rio de Janeiro (capitais); há pessoas que gostariam de cursar uma faculdade de Humanas mas são impedidas por necessidades financeiras urgentes; há pessoas que gostariam de expor conceitos, da sua forma, no seu ritmo, com uma linguagem própria, às pessoas famintas de sentido para a vida, mas se veem afogados por um mundo que não para de gritar; há pessoas que desejam construir pontes entre saberes mas tem dificuldade em iniciar sua obra; há pessoas e mais pessoas em busca de algo a mais. E me parece que a lógica atual - forma mental humana ainda dominante -, que sustenta um sistema em desmoronamento, não está viabilizando isso. Isso é muito grave.

Donella Meadows construiu uma carreira muito bonita. Assim que puder, pretendo ler em maior profunidade seus livros. Sua carreira é bela porque ela É fantástica. Exemplo de pessoa que combina Consciência e intelecto. Logos guiando Lúcifer.

Nosso planeta está virando um circo dos horrores por não sabermos buscar a causa dos sofrimentos. Oras, se não está dando certo, por que não expandir os horizontes, aprofundar o sentimento e buscar orientação universal? Sem medo ou esperança. Indiferente ao mundo. 

Mas existem pessoas sérias trabalhando nesse circo. Pessoas que usam os finitos (meios) da melhor forma possível: para apontar os outros finitos para o Infinito (fim).

Eu procuro trabalhar da minha forma: lecionando de forma criativa; escrevendo de forma simples, com o máximo de cuidado e responsabilidade, aqui; usando o dinheiro de forma eficiente; refletindo; preparando meu curso de extensão com ânimo e seriedade; pensando no meu doutorado; dialogando e vivendo com minha esposa; negando o consumo conspícuo. E...sentindo a força diretora que coordena tudo, além de nosso Universo preso na dimensão espaço-tempo: a Lei de Deus.

Algumas entrevistas enriquecedoras:


Jorge Furtado [cineasta]

Roberto Requião [deputado federal]

Leonardo Boff [teólogo, filósofo]



Links:

http://donellameadows.org/
http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Para-Chomsky-republicanos-sao-os-mais-perigosos-da-historia-dos-EUA/6/37281


Relembrando Arendt

Recomendo: leitura, reflexão, constatação, estudo.

http://outraspalavras.net/posts/a-atualidade-brutal-de-hannah-arendt/

Já destaquei a importância dessa filósofa e a atualidade de seu tema (neutralidade perversa e fácil) num ensaio.

http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2016/04/a-perversidade-da-neutralidade_18.html

Continuo alertando para essa questão tão simples e tão complexa - ao mesmo tempo! Ela está mais próxima ao cerne da questão do que muitas soluções de especialistas - que, mesmo o sendo, carecem de visão sistêmica e de senso de transformismo.



quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Dennis Meadows - "The Limits to Growth" and the Future of Humanity

Há um ano me deparei com um livro impressionante. Foi escrito por uma pesquisadora norte-americana que possuía uma qualidade - a qualidade - essencial para fazer seu trabalho ser considerado útil (em seu mais amplo aspecto): Sinceridade e Orientação. A autora: Donella Meadows. O livro: Thinking in Systems.

Trata-se de uma iniciação a Ciência de Sistemas sem os formalismos e jargões técnicos comuns da área. Uma obra realmente útil e inspiradora. Plena de ideias e exemplos e equilíbrio, que dançam em harmonia à medida que os conceitos são apresentados e desenvolvidos.

Não sou especialista no tema, mas posso dizer com segurança que tenho a base necessária para compreender tópicos mais acadêmicos. No entanto, o que realmente me interessa é a relação dessa nova concepção da vida (das coisas, dos fenômenos,...) com a melhoria do meu Ser. Toda vida de Meadows, cuja obra transpira suas visões, é uma seta que aponta para o monismo. É um daqueles seres fora de série que dedicam todo tempo, energia e recursos ao alcance para a evolução dos conceitos, o aprofundamento das conexões, o enriquecimento das experiências, a expansão da consciência e a sistematização do belo e eterno e infinito.

Outro livro escrito por ela e um conjunto de amigos, lá em 1972 - quando ela era uma jovem moça consciente -, revela os limites do crescimento de nosso modelo econômico. Um modelo que se divorciou virtualmente, mas que está preso ao mundo físico que julga governar. The Limits of Growth é um livro que ainda pretendo ler, estudar e refletir sobre.

O diagnóstico e projeções traçados por esse seleto grupo não são nada animadores...O vídeo abaixo é uma palestra conferida por um de seus principais autores (o marido de Dana...ou Donella) a uma plateia na Alemanha, em 2012. Já adiantando: caminhamos rumo a uma parede de concreto e os esforços feitos para frear o veículo não foram e não estão sendo suficientes. Isso não é uma pessoa qualquer, sem qualificação (como eu) falando. É um cientista em seu mais amplo aspecto. Uma pessoa que simplesmente busca a verdade. Não apenas isso, mas uma verdade mais vasta do que as verdades específicas - que comumente se combatem. Isso é tão interessante quanto preocupante. Interessante por revelar que há pessoas preocupadas com o nosso rumo global e trabalham incansavelmente para descobrir se é isso mesmo e quais são as possibilidades para mitigar efeitos; preocupante porque eu vivo nesse mundo e tenho muito tempo à frente, e gostaria de ter uma vida plena, num mundo que - mesmo não sendo muito bom - apresente possibilidades de recuperação ambiental, moral, social, cultural.

A palestra é muito interessante e demonstra que é possível passar conceitos profundos de forma simples.



O livro de Dana, ou melhor, a obra de Dana, é um feixe de luz num mundo mergulhado (e se mergulhando) nos vícios da mente e dos sentidos. É um resgate dos ensinamentos de Buda - só que explicado de forma mais adequada ao mundo racional-analítico do presente. É só isso...

Donella Meadows falando
https://vimeo.com/30752926?from=outro-embed



segunda-feira, 14 de novembro de 2016

John Templeton Foundation

Essa fundação vem confirmando o que eu (e muitos!) sentem há um bom tempo. Venho tentando sistematizar muitas das idéias abstratas - difíceis de serem colocadas numa base racional compreensível - que acredito serem comuns a todo ser humano que tenha atingido um certo grau de consciência.

A vida de Pietro Ubaldi, a meu ver, é até o momento, o ápice desse grito interior. Com a implementação sensata do programa do Evangelho, esse Ser criou uma Obra de 24 volumes que tangencia todos aspectos da vida, dialogando com todos campos, unificando conceitos, ordenando ideias, respondendo às Últimas Questões à luz da lógica.

A Grande Síntese é um marco que fornece as diretrizes para a construção do Novo Ser. É o que ocorrerá, inexoravelmente, à nossa espécie - e Universo. Diversas pessoas vêm demonstrando que a última forma mental, forjadora e sustentadora do último sistema (sistema-mundo segundo Wallerstein), está chegando à exaustão. O Renascimento (séc. XVI) foi bom e abriu portas para o antropocentrismo. No entanto, tudo que nasce, se desenvolve; tudo que se desenvolve, matura; tudo que matura, se sustenta criativamente; tudo que se sustenta dinamicamente, começa a declinar; e com o declínio vem a morte. O que ocorre então? Deve-se dar lugar (criar) a uma lógica superior, que considere vários aspectos da presente, mas ordene-a e dê algo a mais, subjugando-a (Logos guia Lúcifer).

https://www.templeton.org/

Tudo venho constatando ao longo da vida. Cada acontecimento caminha e aponta, à seu modo, para a necessidade de rompermos a lógica presente, que veio se desenvolvendo no seu plano nos últimos cinco séculos. 

Os limites físicos do corpo e do planeta foram atingidos. O vazio das relações parece aumentar com o excesso de riquezas, tecnologias, (des)informação. É momento de construirmos um outro plano de vida, com lógica superior, antes que este desmorone de vez e não tenhamos edificado as bases para a nova civilização. 

A transição não será nem de longe suave. Mas devemos estar preparados para o que vier à frente. Despertar da inércia. 

Evoluir será uma palavra com significado profundo - e implicações amplas...

sábado, 12 de novembro de 2016

Quando a Roda Viva era Viva

A entrevista de Noam Chomsky no Roda Viva ocorreu em 1996, quando o programa não sofria uma visível manipulação do governo do estado - que durou até aproximadamente 2013~14.

O que ele fala é atual, se aplica a qualquer época. E revela, logicamente, o que vem ocorrendo no mundo há décadas.



Acompanho-o há anos e posso dizer que suas observações não se perdem em análises de "especialistas", que descarregam dados infindáveis (e teorias que pouquíssimas pessoas compreendem) para sustentar uma visão de mundo relativa. O que a mídia, as instituições de peso e as pessoas que controlam os recursos globais não revelam, não debatem e não estudam, é tema central dos estudos de Chomsky.

No fundo trata-se de uma questão de bom-senso em seu aspecto mais substancial.

Trata-se de uma lógica que às vezes não aparenta como tal porque supera (engloba) a lógica aceita inconscientemente pela humanidade. Uma lógica de crescimento econômico infindável, de consumo de bens e serviços cujas finalidades (para o indivíduo, para a sociedade, para a vida e o planeta) são duvidosas. Uma lógica de combater o (pequeno) terrorismo - que provêm do grande terrorismo, implementado sob o império das leis cambiantes do lucro - sem se preocupar com a fonte das misérias humanas.

O Neoliberalismo não é nem novo nem liberal. Se formos analisar em sua essência, nada há de inovador em seus métodos. Trata-se apenas de uma nova forma de exploração de oportunidades, recursos, tempo, vidas em prol da saúde de um mundo abstrato: as finanças. Muitos acabam se identificando com essa corrente porque colocam peso nos seus instintos. Logo, usam da sua razão ao máximo para defender a expansão da lógica neoliberal. Nem que seus filhos vivam uma vida sem saúde, sem educação, sem previdência, sem perspectiva por causa disso...

Percebo que há pessoas que defendem "contenção de gastos", afirmando que trata-se não de cortes, e sim de disciplina. A culpa sempre recai sobre a esfera Pública. O outro mundo (esfera Privada) raramente é tangenciado. Por quê?

De nada adianta mostrar a Verdade para pessoas que estão presas a uma lógica estática, que não se abre para a expansão. Para a superação de suas limitações. Uma lógica que não sabe lidar com contradições. Uma lógica que parou num discurso parcialmente verdadeiro: um discurso que pode ter sentido sim, mas em certos momentos, condições e para casos específicos. Essa lógica combate a "doutrinação ideológica" arduamente, usando muitas vezes frases feitas para captar o desespero das pessoas e aliciá-las facilmente. Para consumirem de acordo com suas vontades (instintos). Isso não é liberdade em seu aspecto mais pleno.

Liberdade é alguém poder passar sua visão de mundo e não sofrer riscos de não ter saúde, educação, comida, abrigo, vestimenta, higiene e voz suprimidos. Isso não há em nenhuma instituição humana, mas especialmente na grande maioria das corporações. Nas grandes, inexiste;

Liberdade é se superar continuamente, rasgando o véu de uma forma mental que explica A, B, C mas não explica D, E;

Liberdade é saber lidar melhor com as contradições;

Liberdade é estar livre de formas mentais - especialmente as que se dizem ser livres de toda ideologia...

Liberdade é perceber que ideologia é uma materialização de um aspecto dum único IDEAL UNIVERSAL, e que seu exagero é ruim;

Liberdade é abraçar uma ideologia conscientemente, por um tempo, e colocá-la a serviço da Vida.

Liberdade é perceber que a não-ideologia é uma ideologia emborcada, que deseja atuar de forma intensa e extensa, para isso usando as fraquezas humanas para aliciar facilmente seres para alimentarem um sistema em vias de extinção. Um sistema centrado no paradigma do crescimento sem fim, da tecnologia como um fim, da robotização dos sentimentos humanos;

Liberdade é um conceito tão amplo que eu nem sequer sou capaz de defini-lá. Pior é saber que uma corrente mental se diz propagadora da mesma, mas está em vias de aliciar a liberdade de bilhões em ter acesso a itens fundamentais - para o crescimento próprio e do entorno. Com o argumento de que está sendo responsável, pois irá evitar uma catástrofe. 

Pesquisem nos indicadores internacionais. O mundo jamais produziu tanta riqueza per capita.

Alguém que defende o "corte de gastos" fala sobre,

 - Taxação de grandes fortunas;
 - Sonegação dos grandes grupos privados;
 - Paraísos Fiscais (Ladislau Dowbor);
 - O que gera e alimenta o Terrorismo (Chomsky);
 - Democratização dos meios de comunicação;
 - Especulação financeira em bens sociais;
 - Diferenças entre "Trabalho" e "Emprego" (DeMasi, Russell)

?

Mudar sim. Mas mudar o quê?

Percebam: a pessoa logo procura desviar do assunto assim que começa a se aprofundar neles. Isso é muito estranho.

Há uma miríade de pessoas que caíram na armadilha de procurar o que elas querem para "resolver" o problema. Aborda-se um aspecto exaustivamente - sempre haverá muitos dados, teoria, informação e fatos para sustentar qualquer coisa, até as mais nefastas...) e repete-se à força.

É algo assustador.

A entrevista de Chomsky pode trazer luz às questões mais fundamentais.










quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Iniciando a Era da Bifurcação

https://www.facebook.com/midiaNINJA/videos/748279895330158/

http://www.cartacapital.com.br/politica/sete-pecados-capitais-da-pec-241

Sem mais...(sem tempo...)


quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O Caminho

O seguinte artigo aponta para o que está ocorrendo com a nossa espécie. Isso influencia todas outras formas de vida. 

http://www.collective-evolution.com/2016/08/25/human-consciousness-is-taking-a-quantum-leap-lifting-of-the-veil/



É importante perceber isso. Porque isso diz respeito a tudo que somos e podemos nos tornar daqui pra frente. Pessoas não mudam - elas se transformam. E para isso ocorrer é necessário o estímulo substancial, através de nossa vivência intensa, orientada e determinada em superar formas mentais que não mais satisfazem as necessidades presentes e anseios futuros.

Estamos adentrando na Era da Unificação. Unidade na diversidade. Passaremos por turbulências. Mas do ponto de vista cósmico, que abrange tudo aceito por esse mundo, - além do não-aceitável - iremos iniciar a transição. De uma época ditada pelo intelecto agressivo, luciférico, para uma Era na qual a Consciência desperta e doma esse intelecto. Não será um mundo perfeito, mas à caminho da Paz, Harmonia e Evolução - acima de tudo.

Será um mundo no qual o discurso será mais espontâneo. Um mundo no qual a intuição será admitida, e incorporada como um método de se chegar a verdades mais profundas. Verdades que se aproximam da Verdade Universal. Um mundo em que as necessidades são garantidas, o transformismo é sentido, e o acúmulo desprezado. 

Abusar é viciante - para a maioria.
Recusar é fácil - para quem vê O Caminho.
Usar é divino.

Mascaramos nossos abusos de uso. Recusamos o que é precioso. Quase nada usamos. Logo, a eficiência de nossa humanidade, no momento, é baixíssima. Porque nos prendemos a uma forma mental que se exauriu. Ela teve sua época. Essa época acabou. Se nos mantermos agarrados a ela, sofreremos desnecessariamente.

Ir além das possibilidades presentes e impotentes é descobrir as possibilidades presentes e atuantes no silêncio. Possibilidades do silêncio estrondoso. Possibilidades do silêncio magnético. Possibilidades sentidas pelo íntimo. 

O vídeo abaixo sintetiza o que muitos vem sentindo. Nada falo de novo. Tudo já foi dito. Está na Gita, nos Evangelhos, no Torá, no Corão,...Está nos grandes filmes como Ben-Hur, A Vida dos Outros, Matrix, V, Avatar,...Está nos Iluminados que apareceram, como um cometa. Iluminados que todos podemos ser. 




Ver, Refletir, Sentir, Viver...


terça-feira, 30 de agosto de 2016

Necessitamos de um Choque de Realidade

"Necessitamos de um Choque de Realidade" diz, Ladislau Dowbor [1], no último parágrafo de seu mais recente artigo em Outraspalavras [2]. Toda pessoa que adquire bom senso começa a perceber claramente isso. Começa a se dar conta de que, se não mudarmos radicalmente nosso modo de conceber a vida, não teremos uma (vida) para levar - muito menos nossos filhos e netos. Essa concepção se traduz na finalidade que vemos nas relações afetivas, no "trabalho"*, no consumo, na Arte, na Ciência. Conceber a vida como um mero acúmulo de bens e/ou sensações, de títulos, de 'papers' publicados e coisas do tipo empobrece o campo das possibilidades. 

Negar o Além, A Utopia, baseado em experiências passadas, nos imobiliza a tal grau que nos assumimos como impotentes diante de uma Era que exige tudo menos impotência. Uma Era que demanda criatividade no campo das Humanidades; uma Era que aponta para uma necessidade de reconhecimento à Terra; uma Era que exige integração entre saberes, pessoas e instituições; uma Era que demanda o desmoronamento do que não serve mais, a começar pela dissolução da forma mental que sustenta um sistema fechado em si mesmo. Um sistema que exclui o planeta, a vida vegetal e animal - e mesmo humana! - e reduz ao monetarismo tudo que pode, mercantilizando terrenos aceitos no íntimo humano como os Direitos Universais. Me refiro à Saúde, Educação, Moradia, Previdência, Cultura, Segurança, Saneamento, Transporte, Água, Alimento e Informação (de verdade!). Já falei sobre isso anteriormente [3], e sempre o repito, de outra forma, pois trata-se de tema não-abandonável.

Para aqueles que ainda vêem os ideais de Justiça Social como algo a ser combatido por terem "matado milhões de pessoas" (de onde vieram esses dados?), mostro-lhes uma realidade que é evidente, está diagnosticada, e causa sérios impactos na vida das pessoas e do planeta: a máfia imobiliária. Aponto para o caso de São Paulo [4], capital próxima da minha cidade que vêm se tornando referência em exclusão.

É bom lembrar que a História da Humanidade sempre teve assassinatos em massa. Sob várias formas. O problema é vermos apenas os mortos por fuzil de um regime ou outro, enquanto esquecemos de buscar as causas que levaram a consolidação desses regimes - sejam elas internas ou externas. E também por não vermos como brutalidade os milhões mortos por fome (num planeta que ainda produz abundância), doenças (que poderiam ser facilmente erradicadas), depressão, conflitos étnicos (advindos por pressões econômicas), entre outros. São 500 milhões de pessoas sofrendo tortura diária por falta do necessário, segundo Jean Ziegler:

"A maioria dos seres humanos que não têm o suficiente para comer,segundo o autor, localiza-se nas comunidades rurais pobres dos países do hemisfério sul. É histórica a condição de miséria e fome dos camponeses e, atualmente, eles correspondem a aproximadamente 500 milhões vivendo em condição de extrema pobreza." [5]

O capitalismo, em seu desenvolvimento, apresentou possibilidades de elevar a humanidade a novos patamares. Me refiro à Era de Ouro (1945-1973), do Estado de Bem-Estar Social. Após a Crise do Petróleo poderíamos ter iniciado uma translação para um Modelo de Desenvolvimento que, além de garantir as estruturas de Assistência Social, de Proteção ao trabalhador e de Serviços Públicos, ampliasse-as para os países de capitalismo periférico (América Latina, África e Ásia), além de reformulá-las, de modo a preparar a humanidade para novos tempos. Isso implicaria em integrar o modelo político-social com a questão Ambiental-energética. E igualmente em iniciar a criar uma cultura que aponte para a elaboração de novos planos de vida, pautados por horizontes mais vastos que demandam menos recursos - porque capazes de ativar riquezas interiores, não-tangíveis no espectro presente. Isso não ocorreu. Na contramão do desenvolvimento humano, iniciou-se um movimento conhecido como Neoliberalismo, cujos resultados estão se tornando mais claros a cada ano - em todas esferas da vida.

Outra questão crucial é "trabalho", "lazer" e "estudo".

O desacoplamento entre "trabalho" e "emprego" é essencial para iniciarmos um debate sério e honesto a respeito de legislação trabalhista, redução de jornada, saúde, informação e cultura. Apesar de estarem relacionados, eles não são a mesma coisa.

"A maioria das pessoas associa as palavras trabalho e emprego como se fossem a mesma coisa, não são. Apesar de estarem ligadas, essas palavras possuem significados diferentes. O trabalho é mais antigo que o emprego, o trabalho existe desde o momento que o homem começou a transformar a natureza e o ambiente ao seu redor, desde o momento que o homem começou a fazer utensílios e ferramentas. Por outro lado, o emprego é algo recente na história da humanidade. O emprego é um conceito que surgiu por volta da Revolução Industrial, é uma relação entre homens que vendem sua força de trabalho por algum valor, alguma remuneração, e homens que compram essa força de trabalho pagando algo em troca, algo como um salário." [6] 

De fato, estudando História (alguém ainda faz isso?) pode-se perceber a inexistência do conceito "emprego" antes do século XVIII. A partir da Revolução Industrial passou-se a acoplar-se Trabalho e Emprego, de tal forma que, se a atividade que você exercesse não estivesse inserida no circuito econômico (que cada vez menos se identifica com o circuito humano), ela não seria remunerada, e portanto nada restaria a não ser morrer de fome, virando um farrapo humano. Não quero por isso dizer que não tenha havido grandes progressos científicos, tecnológicos e mesmo sociais. Mas estes últimos tiveram de vir por pressão dos trabalhadores, que culminou no Estado de Bem-Estar (para pequena parcela da população do globo!) durante as 3 décadas que se seguiram à 2a Guerra. Quanto à ciência e tecnologia, acredito que sua importância é enorme, mas deveria ser mais corretamente orientada.

Trabalho é qualquer atividade que engrandeça o espírito, despertando a consciência e exercitando habilidades. E que - de preferência - sirva a interesses sociais. Uma vez que à medida que a humanidade progride em sua jornada, mais se reconhece a necessidade de colaboração. A grande questão é: essa "colaboração" vem sendo fartamente abusada por determinados grupos (em especial), que fazem uso de conceitos belos para colocar seus subordinados à serviço de seus interesses. A lógica ocorre em todas grandes esferas: religiosa, estatal e corporativa.


Mas o que eu realmente gostaria apontar é para o último Café Filosófico apresentado pelo professor Vladimir Safatle, da USP.



Para aqueles que tem tempo e cuja consciência já começa a aflorar, recomendo fortemente assistir ao vídeo. Nele o professor revela características que apontam para o monismo**. A metade inicial da palestra pouco revela, com esboços teóricos difíceis de serem captados pelo grande público. No entanto, a partir de um ponto, começa-se a descer às consequências práticas daquilo exposto. A filosofia e a natureza humana atual se tornam molas propulsoras (ou congeladoras) dos movimentos e organizações (ou não) políticos e sociais.

Uma ideia precisa fracassar várias vezes para que ela possa produzir o que ela realmente é capaz de oferecer ao mundo. 


Ubaldi descreve em A Descida dos Ideais o que Safatle já sente intensamente. Este começa a compreender tudo. Aquele já vislumbrou o Infinito - e viveu-o no mundo.


O Ideal vem e volta ao mundo, sob a forma de ideias adaptadas ao atual estágio evolutivo deste. Essas ideias geram em correntes de pensamento, que culminam em movimentos concretos - inicialmente tímidos, futuramente vigorosos. A partir daí abre-se uma série de possibilidades antes inexistentes que apontam para alternativas à lógica atual. A questão é: a forma mental dominante, que sustenta, conscientemente ou não (geralmente não) o sistema dominante, com suas instituições controladas e limitadas, se incomoda com distúrbios profundos. Trata-se do egoísmo. Este, presente em todos nós, faz de tudo para satisfazer sua vontade, que é extrair o máximo - em todos termos - para satisfazer-se em projetos sem utilidades benéficas a longo prazo - inclusive para o próprio.

O Ideal é o Real Absoluto. O real relativo é o mundo como o grosso da humanidade o concebe. Dessa forma, aqueles reconhecidos como realistas podem ser os maiores utópicos, enquanto os utópicos sinceros podem ser os maiores realistas [7]. Isso é lógico e se explica por vivermos num universo emborcado.

Acreditar que seguir as normas estabelecidas indefinidamente, num sistema incompleto e contraditório em seu desenvolvimento final, possa levar ao bem-estar geral, é perigoso justamente por ser puramente racional. 

O afeto também é um tipo de razão. Só que uma razão mais elaborada, de difícil parametrização, de difícil descrição, de difícil compreensão. É uma razão superior à própria razão. Porque ela parte do interior do ser. Ela é, por excelência, o que se conhece por intuição. Você SENTE a Verdade. A partir daí começa o Verdadeiro Trabalho: traduzir esse sentimento para algo que o mundo possa assimilar. Degradar a visão para que a humanidade comece a caminhar em direção à mesma. Degradar da forma mais potente possível, minimizando a possibilidade de distorções por agentes mal-intencionados.

"Não existe verdade só pra você". É exatamente o universalismo que preenche as obras dos grandes iluminados de todos os tempos: Rohden, Ubaldi, Pascal, Spinoza, Hermes Trimegisto,Sócrates, Buda, Cristo,...todos apontavam...apontam, para a mesma REALIDADE.

A Verdade é uma só. Caso contrário ela seria fragmentada e inútil para a Vida. A questão é: temos de absorver os contrapontos - jamais eliminá-los. Caso haja um embate entre A e B, ambos devem ter seus egos luciféricos destruídos para que seus Eus Crísticos sejam realizados e integrados.

Se às vezes eu "ataco" algum pensamento, ou alguma pessoa (que o incorpora) no campo das ideias (jamais no plano físico, econômico, financeiro ou afetivo), não estou atacando sua substância , e sim a incapacidade de sua forma em descrever a realidade e viver em harmonia com ela. E ao mesmo tempo me abro, convidando-a a apontar, sinceramente e logicamente, as possíveis contradições de minha concepção da vida.

Existe uma diferença muito sutil, que devemos reconhecer urgentemente. Assim seremos capazes de nos observar melhor, e atuar de modo muito mais eficaz na vida. É a sensibilidade predominando sobre a atuação. É a sensibilidade profunda orientando a ação, potenciando-a, tornando-a mais completa e portanto harmônica. Assim passamos de seres sociáveis para seres com sensibilidade social [8].

A Antiguidade teve seus Profetas. O mundo contemporâneo também tem os seus. Esses profetas dos dias atuais - como os antigos - apontam para uma necessidade urgente que temos mas não sabemos: a necessidade de um choque de Realidade. Podemos chegar a esse choque por conta própria, iniciando projetos que jamais sonharíamos em implementar. Projetos visando arriscar nosso eu humano para propagar nosso Eu Divino, e assim plasmar uma base de unificação sob a qual todos os seres humanos bem-intencionados, sinceros, lógicos e coerentes até o último grau em sua busca, possam se apoiar e fazer a mesma coisa.

Iremos todos convergir para o mesmo ponto, mantendo nossas individualidades, mas desenvolvendo-as ao máximo, tornando-as tudo que ela podem ser. E assim operaremos em prol da Unidade.

Do Politeísmo ao Monoteísmo.

E deste ao Monismo**.


Referências
[1] DOWBOR, Ladislau. http://dowbor.org/
[2] http://outraspalavras.net/destaques/cronica-em-meio-a-grande-crise-global/
[3] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2016/04/declaracao-universal-dos-direitos.html
[4] http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/sao-paulo-nas-maos-de-uma-oligarquia-imobiliaria/
[5] http://www.scielo.br/pdf/sssoc/n122/0101-6628-sssoc-122-0381.pdf
[6] https://www.ime.usp.br/~is/ddt/mac333/projetos/fim-dos-empregos/empregoEtrabalho.htm
[7] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2014/08/dois-tipos-de-utopia.html
[8] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2014/02/sensibilidade-social-versus.html

Notas
* explicarei logo em seguida o porquê das aspas
** http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2015/06/monismo.html

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Mergulhando na Substância. Tocando o Infinito. Amando o Fenômeno.

Analogia é uma identificação que podemos fazer entre fenômenos. Identificação substancial. Coisas podem ser incrivelmente diferentes em sua forma, mas revelam uma identidade perfeita se abstrairmos um tipo de lógica que leva a um comportamento.

Na aerodinâmica existe um tópico em que estudam-se os regimes de vôo - velocidades - relativas ao som. Basicamente temos três zonas: sub-sônica, trans-sônica, e super-sônica. A primeira expressa o comportamento para velocidades baixas, inferiores à do som numa dada condição, onde existe estabilidade. A segunda, ainda inferior ao som, expressa um comportamento muito diferente: vibrações começam a surgir, de modo crescente, evidenciando perturbações crescentes.

"O escoamento transônico não pode ser modelado por equações diferenciais parciais lineares, devido à presença de ondas de choque relativamente fortes sobre a superfície do corpo, constituindo-se em não-linearidades importantes." [1]

Não-linearidade indica um comportamento no qual é muito difícil estabelecer uma relação analítica entre entrada e saída (causa-efeito) de um corpo ou sistema. Isso significa que não é possível sistematizar - diagramas, leis, equações, lógicas - universais, de confiança, a ponto de prever o comportamento do mesmo dada uma condição inicial.

"Não linear refere-se a todas as estruturas que não apresentam um único sentido. Estrutura que apresenta múltiplos caminhos e destinos, desencadeando em múltiplos finais. Em Teoria Geral dos Sistemas diz-se que a não-linearidade é pressuposto de Sistemas Complexos e sua intricada rede leva a caminhos distintos e inimagináveis até mesmo para os criadores do sistema. " [2]

Multiplicidade indica imprevisibilidade. Para a razão humana ao menos. Esta se torna incapaz diante de um mundo sem linearidade. O máximo que nossa mente analítica consegue gerar é uma lógica que gerencie as incertezas em certas faixas. Modelos que pouco modelam. Análises pobres, com acertos limitados no tempo, no espaço e nas condições.

"Um sistema dinâmico não-linear é um sistema não pré-determinista, em que as implicações dos seus integrantes individualmente são aleatórias e não previsíveis. Estes sistemas evoluem no domínio do tempo com um comportamento desequilibrado e aperiódico, onde o seu estado futuro é extremamente dependente de seu estado atual, e pode ser mudado radicalmente a partir de pequenas mudanças no presente." [3]

"Pequenas mudanças no presente" são atos que aparentemente tem pouco impacto por serem de pequena magnitude. Uma certa informação, vazada num dado momento histórico, contida num certo contexto, de certa forma, pode alterar significativamente o curso dos acontecimentos, gerando uma onda global dificilmente prevista (pelos especialistas) ou mesmo vislumbrada (pelos intuitivos), cujas repercussões podem sair do controle das instituições mais poderosas. Isso já ocorreu antes. Provavelmente continuará a ocorrer. De outras formas. Mas parece que continuará, pois trata-se de fenômeno universal.

O único meio de atingir-se o Infinito é o Amor.
Amor humano. Amor místico.  Mas sempre o Amor.
Ao atingir Mach 1 [4], o corpo / sistema sofre um choque. Mas essa mudança não é sentida por aquele que transcende, apesar de tudo à sua volta ser inundado por um som altíssimo.

"Quando finalmente o avião alcança a velocidade sônica, segue-se um forte estrondo sonoro quando o avião excede Mach 1; a maior diferença de pressão passa para a frente da aeronave. Esta abrupta diferença de pressão é a chamada onda de choque, que estende-se da traseira à dianteira com uma forma de cone (chamado cone de Mach). Esta onda de choque causa o “boom sônico” que se ouve logo após a passagem do avião. O piloto da aeronave não consegue ouvir esse ruído. " [5]

A partir de então volta-se a um regime suave - porém diferente do anterior. Uma suavidade diferente, na qual o seu novo patamar (velocidade) é superior ao anterior. Mesma tranquilidade, diferente atuação. Já esmiucei esse tema em outro momento [6], com outro tipo de linguagem, mais poética. Agora abordo sob outro ponto de vista, mais formal, mais técnico.

Observando a mesma coisa sob vários ângulos, nos tornamos mais íntimos dos fenômenos, sentindo-nos tocados por eles no íntimo - e não apenas tocando-os intelectualmente. Isso é algo muito importante, que poderia ampliar nosso conhecimento (e aplicações), revelando uma realidade ainda desconhecida, que influencia a presente. Esse enfoque ainda não foi assimilado pela Ciência hodierna - porque não o reconhece. Nem sequer admite qualquer pesquisa que comece a apontar nesse campo. No entanto, o desenvolvimento do racionalismo culmina na extrapolação do materialismo, beirando fenômenos energéticos. Isso levou à descoberta da energia atômica no século XX. Estes, esmiuçados, levam-nos à fronteira do saber. Percebe-se que a energia é manifestação de um pensamento - poderíamos dizer, uma informação...algo imaterial. Nos aprofundando no estudo do mundo microscópico chegamos à fronteira material.imaterial:o átomo não é algo sólido, imutável. Sua "solidez" é construída pelo movimento dos elétrons a altíssimas velocidades, fornecendo a impenetrabilidade. A partir da energia cria-se uma realidade material. Indo mais à fundo vêem-se mundos ainda mais sutis. E com isso chega-se à Mecânica Quântica.

Em A Grande Síntese sentimos essa relação:

"Esses três modos de ser estão coligados por relações de derivação recíproca. Para tornar mais simples a exposição, reduziremos esses conceitos a símbolos. A idéia pura, o primeiro modo de ser do universo, a que chamaremos espírito, pensamento, Lei, que representaremos com a letra a (alfa); condensa-se e se materializa, revestindo-se com a forma de vontade, concentrando-se em energia, exteriorizando-se no movimento, segundo modo de ser que representaremos com a letra b (beta); num terceiro tempo, passamos (em virtude de mais profunda materialização ou condensação, ou exteriorização), ao modo de ser que denominamos matéria, ação, forma, isto é, o mundo de vossa realidade exterior, representaremos com a letra g (gama)." [7]

Pensamento -> Vontade -> Exteriorização

Princípio -> Movimento -> Estrutura

Espírito -> Energia -> Matéria

No momento atual ainda planejamos nossas vidas baseados na exteriorização ou forma. A vontade é uma força presente, mas que ainda não encontrou seu meio de potencialização. Temos-a em pouca quantidade, de tal forma que qualquer empecilho do mundo é capaz de barra-lá facilmente. E encontrar seres guiados pelo princípio (portanto conscientes disso) é raro, pois sua manifestação é de longo prazo. Isso implica em paciência, sem a qual é possível manter-se orientado.

É na catarse mística que se dá a sublimação do conhecimento. O verdadeiro místico unifica-se com a Realidade a tal grau que atinge um êxtase, glorificando tudo que existe no mundo em seu aspecto Real. Isto é, vibra-se de acordo com a unificação das múltiplas dualidades, sejam elas nas questões afetivas, sociais, políticas, científicas, orgânicas, artísticas, de comunicação, etc. Anula-se a si mesmo, integrando-se à Ordem do Universo. Huberto Rohden sintetiza:

"A erótica, que é a mística da carne, perpetua a imortalidade racial da humanidade - A mística, que é a erótica do espírito, realiza a imortalidade individual do homem." [8] 

Ubaldi revela tratar-se de uma nova forma de investigação, que excede os limites do intelecto, fundindo sujeito com objeto:

"É a evolução do espírito que traça e supera os limites do conhecimento, que diversamente o situa no seu progredir, até o ponto em que a unificação com a fonte de emanação, que encontramos no vértice do fenômeno místico, se torna também unificação dos divergentes aspectos, sob que se contempla o relativo, numa única verdade humanamente absoluta." [9]

"Evolução do espírito" é conscientização. É engrandecer sua individualidade com as dores da vida, do mundo, das ilusões que desvanecem e não deixam nada mais que o terreno árido e infértil das decepções, das dívidas, das mortes, das demissões, das explorações, das mutilações. Essa evolução se dá por meios de aproximações fantásticas, sem necessariamente basear-se nos estudos, nas análises. No entanto, ela pode fornecer combustível (vontade anormal) e preparo (afloramento da sensibilidade) para realização das mesmas. Da síntese (boas intenções) desce-se ao mundo da análise (explicações convincentes e práticas).

Ubaldi desenvolve a trajetória do ser humano em seus diversos graus. Inicia-se com o selvagem, que baseia suas ações naquilo que agrada seus sentidos - e que os mesmos captam. E à medida que caminha nas vastidões do tempo, desenvolve a racionalidade:

"Em mais avançado momento, a consciência, mais amadurecida, qual tem acontecido até hoje, no seio da civilização, quer dar-se conta do valor das próprias reações, procura e exige uma verdade menos aparente e mais substancial e vai ao encontro dos fenômenos, não mais exclusivamente com a fantasia do primitivo, mas com o olhar objetivo do observador. Tem, assim, aprendido a catalogar fatos, coordena-los segundo planos hipotéticos, e tenta compenetrar-se da lógica e fixar a lei de progressão dos fenômenos, para chegar a estabelecer gradualmente os princípios, cada vez mais abstratos e gerais, que regem o funcionamento orgânico do universo." [9]

Estamos na fase sequencial de raciocínio. Mas essa não mais é capaz de lidar com as angústias do homem. Angústias geradas por seus próprios inventos, frutos de seu desenvolvimento mental para satisfações materiais-psicológicas.

"Acontece agora, neste momento da evolução humana, uma renovação tal da consciência que
seus efeitos são incalculáveis no campo psicológico e merecem, pois, particular exame. Trata-se
de nova e autêntica técnica de pensamento, de completa reconstrução dos métodos de pesquisa e
de orientação científicas." [9]

À princípio pode-se argumentar sobre a índole subjetivista do autor, anulando todo o desenvolvimento de sua obra. No entanto, percebe-se que o instintivo e o intuitivo são idênticos na forma mas díspares em suas finalidades. Enquanto o primeiro se fixa nas qualidades já adquiridas, o segundo alça vôos para regiões desconhecidas. O primeiro e o segundo são instantâneos, não-pensados, mas pensantes. Mas as ideias advindas via intuição não são do SER, e sim de outras regiões. Trata-se de uma sensibilização nervosa que leva a uma capacidade de recepção de fenômenos sutis.

Detalhação do fenômeno místico vivenciado
pelo autor quando transcreveu A Grande
Síntese.
"Como pode a ciência racional opor-me, como defeito, a arbitrariedade do subjetivismo e suas bases intuitivas, quando ela mesma se funda sobre bases axiomáticas, igualmente intuitivas e arbitrárias, porque ainda passíveis de demonstração?" [9]

Ele transmite em palavras o que já senti intensamente e no entanto não fui capaz de exprimir condignamente:

"Deixada à parte a ciência utilitária, a verdadeira ciência, abstrata, filosófica, matemática, de conteúdo conceptual, volve e revolve, reincide e apoia-se toda sobre rudimentos de intuição. Intuições mínimas, mas seguras, somente porque garantidas pelo estender-se a grande número de pessoas. Ou intuições maiores, de gênios, videntes insulados, posteriormente desenvolvidas, analítica e racionalmente, pela cadeia do raciocínio." [9] 

Para atingir-se o verdadeiro conhecimento é preciso antes de tudo amar o fenômeno. Despreocupando-se com o tempo. Fundindo-se no presente momento com tal intensidade a ponto de anular-se a sequência temporal a qual estamos presos. Tudo se torna simultâneo. Aí reside a explicação lógica pela qual o tempo passa rápido quando fazemos algo que nos agrade, e que se arrasta caso estejamos fazendo algo por obrigação / imposição. Nessa última condição, nos vemos horrorizados com o momento presente, relembrando o passado e ansiando pelo futuro desesperadamente, de tal modo que o presente se torne inferno. E todo inferno é longo, doloroso e improdutivo.

Ubaldi reforça que o Objetivismo não é o ápice - e portanto - nem solução para os problemas do Ser (e da civilização), mas apenas um estágio a ser superado por algo mais potente: o Subjetivismo. Um Subjetivismo orientado, desenvolvido a partir das fronteiras do saber atual. Um Subjetivismo que vá muito além das reticências.

"Enquanto no método intuitivo, a consciência, fazendo-se humilde, mas sensível, logra transportar-se, por vias interiores, do seu íntimo à íntima essência dos fenômenos, com o método objetivo, a consciência, permanecendo autônoma e volitiva, suprime sua sensibilidade e sufoca a voz dos fenômenos, choca-se contra eles, sem neles penetrar, detendo-se à sua superfície, por forma que não toca senão aparências e ilusões." [9]

Em sua fase atual, nada resta à humanidade a não ser iniciar-se nesses caminhos. Já tentou-se isso antes, em pequena escala, por raríssimos indivíduos. Agora devemos absorver essas experiências, sentir a finitude de nossos métodos, e transformar-nos.


Referências
[1] http://breno.freeshell.org/Aer_ts.pdf
[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%A3o_linearidade
[3] https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_din%C3%A2mico_n%C3%A3o_linear
[4] Velocidade do som.
[5] https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%BAmero_de_Mach
[6] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2014/10/rompendo-barreira-do-som-espiritual.html
[7] UBALDI, P. Cap. 8, A Grande Sìntese, 1935
[8] ROHDEN, H. O Misticismo e o Erotismo.
[9] UBALDI, P. Cap. IV - A Catarse Mística e o Problema do Conhecimento. Ascese Mística


Artigo recomendado:
http://www.collective-evolution.com/2016/08/23/we-are-living-in-the-most-important-time-in-the-history-of-our-universe-delores-cannon-discusses-our-current-paradigm/


Vídeos recomendados: 

EDUARDO MARINHO aponta para o Infinito




MUDANÇA (para refletir...)



DISCURSO MONISTA (Chaplin)



UM VÍDEO QUE REVELA
Muito além das religiões e do ateísmo. 



UNIDADE na DIVERSIDADE.