Páginas de meu interesse

domingo, 22 de abril de 2018

A Solidão do Consciente

O grau de consciência fatalmente aponta para a quantidade e intensidade das conexões sociais de um ser. Quanto maior estas, menor aquele - e vice-versa. A admiração também se dá assim. As pessoas tendem a admirar aquelas que estão num nível de consciência próximo. Elas gostam, interagem, buscam, cumprimentam, enxergam, se lembram e aceitam como alguém 'humano' o outro que está numa faixa vibracional próxima, o que permite sintonização.

Ser feliz consigo mesmo para atrair outras consciências.
Vivemos numa era de sociabilidade-solidão. Devemos entrar
num nível de sensibilidade social - plenitude.
Frequência vibratória é uma métrica de maturação interior. Quanto maior a frequência emanada, mais involuído, relativo, de curto prazo, os pensamentos. Á medida que a mente se torna mais compenetrada, se atendo às grandes questões da vida, as ações e atitudes do dia a dia passam a ser conduzidas de modo mais ponderado. Há mais pensamento antes de cada ato, que colima em movimentos mais precisos, com menor desperdício de forças.

Quem não esta preparado para incorporar no seu sistema de crenças e valores uma realidade mais vasta será refratário a qualquer tipo de mensagem, seja na forma de atitude, símbolos ou fala, que aponte para uma perspectiva mais vasta da vida. A tendência é ou reduzir o novo conceito a piada ou ignorá-lo, de forma a não lidar com a questão. Isso sempre será feito enquanto a força do número predominar, fazendo suas fileiras horizontais barulhentas que muito falam (e pouco dizem) predominar sobre os picos verticais do silêncio que pouco falam (mas muito dizem). Esse é o motivo central que explica o porquê de muitos (dos poucos) seres com grau de consciência maior serem frequentemente ridicularizado assim que começam a esboçar sua natureza, repleta de pensamentos que lançam faíscas de luz nas regiões intocadas e temidas pelo imaginário comum. O isolamento começa.

Já escrevi alhures a respeito da questão do isolamento [1] ressaltando que existe uma brecha na qual ele não só pode mas deveria ser respeitado. Caso se trate da exceção, a atitude de (quase) nulificação da interação tem um significado profundo, elevado e nobre, cujos produtos são preciosos do ponto de vista da catarse mística. O mundo percebe, pasmo e indignado, relegando o ser a um esquecimento gradativo. Muitos não compreendem o porquê desse comportamento. Os mais imaturos, geralmente mais jovens, veem um inerme, incapaz de trazer algo 'interessante', digno de piadas e escárnios. O ser sente isso a todo momento. Não reage. Usa os golpes como possibilidade de maior compreensão da natureza humana presente, procurando extrair verdades mais profundas a partir dela. E assim nascem novas conexões, ideias e concretizações. Avança-se sofrendo. Avança-se em silencio. Avança-se pouco, mas em direções diversas, tidas como inúteis por não conduzirem a uma meta tangível, visível, de riquezas, fama e gozos.

A região do ego é o campo concentrado, onde a frequência
é alta. As fronteiras estão no imponderável. Aí reside a paz
e a plenitude, a serem conquistadas por maturação evolutiva.
Quanto menor a frequência maior a expressão da consciência. Quanto maior a frequência menor a expressão da consciência [2]. É possível perceber que matéria e energia se intensificam com o aumento de frequência vibratória, uma vez que energia é igual à constante de Planck vezes frequência; e a matéria é igual à constante k (=h/c^2) vezes a frequência, ou seja:

e = h*f
m = k*f

A dimensão característica da matéria é o espaço, ao passo que a da energia é o tempo. Sem matéria o espaço se torna indefinível, pois passa a ser inexistente - e tudo que não-existe está fora do campo das definições mentais. Sem energia não existe propagação sequenciada, não há movimento, de forma que o tempo de torna indefinível porque inexistente - também fora das definições conceptuais. Logo, a ausência de vibração colima na nulificação do espaço-tempo. Mas o indivíduo não deixa de existir, pois ele não é a matéria nem o movimento que a anima. Estas são apenas manifestações de um princípio no nosso universo.

Gilson Freire, baseado nas últimas descobertas da física moderna, apresenta uma formulação matemática da consciência [2].

C = (h/c^2)/f = k/f

Ou seja, a intensificação do espírito (consciência) se dá com a degradação da frequência. Menor intensidade na manifestação aponta para maior intensidade no pensamento profundo, isto é, a reflexão, a síntese, única capaz de orientar a vida de um indivíduo. Dessa forma a incompreensão do mundo começa a ser compreendida pelo indivíduo que passa pelo processo. A questão é que a estrutura da civilização não estimula o avanço nesse campo. Frequentemente nos sentimos constrangidos ao esboçar pensamentos que andem desalinhados com a média humana, seja ela de qualquer classe social, orientação política, religião, grau de instrução, formação acadêmica, cultura, nacionalidade, etnia ou gosto. Se ocorre afastamento da média substancial da humanidade, fica se só.

É preciso estar forte interiormente, convicto da meta suprema
da vida, para conseguir lidar com as más-interpretações,
os escárnios e incompreensões. 
As médias variam na forma mas na essência o grosso da humanidade se acolhe numa nuvem de comportamento na qual ninguém consegue se diferenciar. Nessa nuvem a direita se identifica com a esquerda; o rico se iguala ao pobre;  a mulher se assemelha ao homem; o pouco estudado se identifica com o culto instruído; o cientista se vê no teólogo; o filósofo se enxerga no artista; e assim toda a humanidade se identifica em seu grau evolutivo.

O ser consciente enxerga essa igualdade na substância, e o modo como conduz sua vida tende a desnudar os mais diversos tipos e grupos, fazendo-os se sentirem diante de um espelho nítido, que dá todas as verdades interiores através de um olhar...uma atitude, simples e despretensiosa. É natural. Mas isso o mundo teme e não aceita. Logo, o convívio é minimizado. No fundo sabe-se que o medo do tipo único é no fundo o medo de si próprio, ou melhor, de sua natureza. Assim ignora-se enquanto pode. Condena-se quando as alternativas de fuga diminuem. E elimina-se quando a ameaça de mudança interior é iminente. Basta observar a História com essa potentíssima lente e logo seremos tomados por um sentimento ardente. Causará choque nas mentes e abalo nos corações. Abrir-se-á o horizonte de trabalho árduo - a ser feito, cedo ou tarde - e o senso de dever tomará conta do espírito do ser.

A importância dada às aparências iniciará a diminuir. O mundo perceberá, estranhando. Perguntando-se o que está  ocorrendo. Não encontrando explicação dentro de seu arcabouço mental, recorrerá ao esquecimento. Mas sempre presente, ora ou outra, fará esse esquecimento se tornar de difícil convívio. Passa-se ao nível da ridicularização, que a depender do grau evolutivo de cada um, pode ser de um simples pensamento pejorativo até o de uma agressão verbal, física ou esmagamento. A gradação é grande, assim como a faixa de consciência. Começa-se assim a serem formuladas as hipóteses. A constatação é contínua e serve para comprovar a realidade da Lei de Deus, que nas misérias do relativo domina cada movimento, bastando estarmos atentos às sutilezas, usando as nossas dores e indignações para benefício de superação própria.

Logo a frase "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" passa a ser uma realidade científica, cada vez mais concreta para fortalecer os que sentem e percebem. E menos conto de fadas para acalmar os fracos.

A solidão é um pré-estágio para a verdadeira socialização, em que cria-se um núcleo de consciência que só aceita a sinceridade dos julgamentos, a retidão da ações e o mesmo fim supremo - único modo de convergir os egocentrismos humanos.

Referências:
[1] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2017/07/as-tres-perguntas.html
[2] https://www.youtube.com/watch?v=ENr5PrN90Bs

Nenhum comentário:

Postar um comentário