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quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Teologia, Ciência e o Novo Estado

A Grande Síntese é a única obra que li em toda minha vida que não apresenta nenhuma contradição. Essa observação atravessa a mente a atinge o íntimo, que se convence - sem necessidade de provas - de que o livro não foi escrito por Pietro Ubaldi. Apenas transcrito. Isso não rebaixa a ferramenta terrena que captou as correntes de pensamento (noúres), trazendo um tratado da fenomenologia universal sem igual. Inexistem parâmetros de comparação. Pois tudo foi feito à base da intuição, de forma consciente, numa íntima colaboração entre fonte receptora (ferramenta) e fonte transmissora. 

Apenas ler não lhe garantirá compreensão.
Ler e sofrer também não.
Mas se alguém leu, sofreu e reagiu da única forma afirmativa possível à dor - essa pessoa compreendeu a Voz.

Aqueles tremendamente sensíveis ao baixo grau evolutivo da atmosfera terrestre devem focar na construção de núcleos de consciência. Ao invés de perder tempo em debates superficiais dever-se-ia começar a fazer tudo ao alcance, independente de recursos que jamais virão ou serão suficientes. Forjar a personalidade através da dor. Criar novas relações e perceber de forma mais profunda. Ser bom e sagaz, simultaneamente, sem no entanto cair em contradição: o equilíbrio divino! Mera quimera à princípio. Desafiador nos primeiros passos. Aterrorizante no desenvolvimento. E quando esse terror aumenta, chegam as ofertas de gozo ou as ameaças de exclusões. Mas ambos (dor e prazer) são ilusões do mundo (Maya). No entanto, - feliz ou infelizmente - a circunstância mais propícia para despertar o ser é a dor. É ela o pré-requisito que dá chances de surgir elevadas reações. As respostas dos santos, dos gênios e dos heróis. 

Esse mundo está machucado. Está se comunicando com
a espécie dominante (nós). Aponta para um plano mais
elevado. Aconselha de forma gradual. Somos nós que
dependemos da Terra - não ela de nós.
Seremos suicidas ou sábios?
O propósito da vida não é ser feliz. Porque isso conduz o ser a focar numa meta mundana. Uma zona de conforto a ser atingida a todo custo, e protegida assim que se chega nela. Protegida através de um processo de auto-engano intermitente. A felicidade é conforto longe de confronto (consigo mesmo). A felicidade é uma imposição manipulável de acordo com tendências instintivas do ser humano. Portanto relativa. E tudo que é relativo não pode ser meta suprema. Ômega. 

Nós estamos mergulhados num universo físico, decaído: o Anti-Sistema (AS). Um câncer do Sistema (S), o "reino" perfeito, infinito e eterno, cuja descrição não é possível por se "situar" fora das barreiras do espaço-tempo e da consciência. Trata-se de algo transcendente. Mas ao mesmo tempo o Criador está entre nós,no AS - pois nada escapa ao S. Deus, ao contrário de suas criaturas (nós e muitas outras, algumas mais outras menos evoluídas), não cura um câncer agindo diretamente, intervindo ou extirpando. Pois esta última seria a morte espiritual dos seres, enquanto a primeira seria uma negação do Amor Divino - infinito em todos aspectos.  

Gilson Freire tem feito certo avanço na compreensão do monismo ubaldiano. Unindo as últimas teorias da Física quântica aos conhecimentos da Medicina (sua formação), além de um vasto conhecimento da História, faz uma leitura sintética da jornada multimilenar de nosso Universo, destacando o ponto culminante e decisivo (humanidade), primeira forma de vida capaz não apenas de perceber as relações causa-efeito (intelecto) mas de igualmente se alçar vôos em atmosferas rarefeitas, introduzindo assim metas supremas que guiam o desenvolvimento da sociedade e de suas criações - dentre as quais as maiores atém o momento foram o Estado Moderno e a Ciência [1]. Todo esse processo é conduzido tendo como pressupostos os princípios deixados por Pietro Ubaldi. É uma jornada fantástica que desvenda os maiores mistérios daqueles que já sofreram o suficiente e anseiam calorosamente por uma nova afirmação, um novo conceito, uma nova atitude - revolucionária no sentido mais forte do termo. 

É interessante perceber que a própria ciência se aproxima das religiões à medida que avança. E que estas devem reconhecer a realidade do mundo para atuarem de forma construtiva. É o início da fusão dos pares. 

Agora vos convido a alçar vôo no pensamento puro, abstrato...

Estar sozinho é estar com o Deus imanente. Este só pode se
manifestar quando esvaziamos nossa mente. É daí que nasce
tudo que é grande no mundo - mesmo que esse não reconheça
a fonte nem o método de sintonização.
A física já sabe que o Universo teve um início - há aproximadamente 13,7 bilhões de anos - e irá ter um fim, estimado em 24 bilhões de anos [2]. O que causou o início é um mistério do ponto de vista científico. O porquê nem se coloca em pauta, dada a vertiginosidade da questão: ela é demasiadamente profunda para uma mente racional, que opera na superfície dos fenômenos à base dos sentidos convencionais e dos processos sequenciais. Como o Universo se expande à velocidade da luz, e considerando a relação de massa relativística [3], percebe-se claramente a impossibilidade de chegarmos aos confins do Universo. Os cientistas também já afirmam que além da fronteira conhecida existe um outro universo, no qual o espaço, o tempo e a relatividade (relacionada à consciência) não existe. E que o nosso (universo) "nasceu" a partir desse outro, desconhecido [1]. Chegar-se-à a admitir a coerência da visão de Ubaldi, descrita em detalhes em 1956, quando publicado o volume O Sistema: gênese e estrutura do universo.

Estamos encerrados nesse universo, portanto. Reféns do espaço-tempo, relativos entre nós e todos os outros que estão lançados por aí. A única maneira se escapar de um mundo de sofrimento é erguer uma vertical que transcenda as quantidades horizontais. Em termos concretos: a evolução humana não tem mais seu centro de gravidade nos processos de mutação orgânicos. Adentramos na esfera em que a continuação de nossa jornada dar-se-á através da sensibilização psíquica, com a maturação interior. É no campo do psiquismo que as transformação se revela cada vez mais vertiginosas e dinâmicas. Repletas de possibilidades e abundantes fontes de criações. Criações estas que se plasmam em obras concretas, desde as sinfonias até os inventos; desde os sistemas políticos até os atos de fé. 

Há pessoas aqui neste inferno de mundo
(e país) que não estão perdendo tempo com
questões superficiais. Nós deveríamos
começar a nos tocar. Autocrítica é algo
que a espécie deveria fazer.
A mídia nunca fez...Nem os bancos...
Nem as megacorporações...
A plasticidade orgânica atingiu sua assíntota. Ela se transfigura para uma plasticidade psíquica, cada vez mais evidente no ser humano. 

Toda organização coletiva humana deverá se apoiar na natureza da matéria, da energia e da vida se tiver como meta sobreviver em qualquer tempo - independentemente dos ataques que sofra.

O capítulo 97 de A Grande Síntese confirma o sentimento:

"Nenhum sistema político jamais soube justificar-se mediante uma filosofia científica que remontasse à gênese da matéria, da energia e da vida." [4]

E portanto todos faliram ou estão a falir - inclusive o nosso, à beira do colapso.

Já discorri exaustivamente sobre a gênese do Estado moderno, seu significado e sua evolução [5]. Não vou me repetir. Apenas a compreensão desses princípios possibilitará à humanidade uma chance de evitar uma queda evolutiva tremenda [6], cuja recuperação (remediação) ser-lhe-à imensamente mais dolorosa do que a profilaxia (prevenção). No entanto pouquíssimos compreendem. Estes, vendo a brutalidade e diante de uma maioria completamente desorientada, - apesar de muitos desejarem o bem - devem adotar ferramentas do mundo para viabilizar alguma conscientização. Assim nascem certos partidos, movimentos sociais, projetos e religiões. À princípio, puros. Depois acabam adquirindo a sujeira do mundo. A culpa não é tanto dos mesmos que de alguma forma atuam, mas majoritariamente da perversidade daqueles que anseiam um mundo melhor - mas absolutamente nada fazem para forjá-lo, se enclausurando no reino da neutralidade [7]. Estes se eximem completamente da responsabilidade e ficam na expectativa da luta de alguns construírem um mundo melhor. Querem do bom e do melhor mas sem se colocar na zona de risco. São inteligentes, porém sem coragem. 

De nada adianta uma inteligência que serve à garantia individual sempre. Muitas vezes é útil (concordo). Mas há momentos históricos tremendos, em que o embate entre a barbárie e a civilização se realçam de forma muito clara. E aqueles que não fazem o trabalho íntimo de edificarem seu ser em busca da resolução efetiva de sua personalidade correm o risco de entrar em débito tremendo.

"Porquanto quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, encontrará a verdadeira vida.
Jesus, o Cristo

Por isso o propósito da vida não é ser feliz. Felicidade é um estado temporário a ser utilizado para impulsionar o contínuo processo evolutivo do espírito. A questão é evoluir! (seguir a 3ª lei).

Quem se tornou melhor imerso num período de conforto e num meio agradável? 
Não conheço...Se existem casos, garanto que são raríssimos.

Agora posso apontar todas as explosões que geraram santos, místicos, gênios e heróis. São dores que foram usadas para construir um novo ser - renascer do espírito. 

Essa é a última chance. Independentemente dos (des)caminhos
do mundo, quem já sente o porvir deve iniciar uma escalada
de ousadia estarrecedora e inteligência incomum. Essa
escalada é a construção do Verdadeiro Eu. O Eu divino.
Enquanto parcela do país delira com o advento de um "salvador da pátria", a outra, ciente desse delírio coletivo sedutor, se ilude de outra forma: que o simples fato de colocar alguém razoável na cadeira de capataz-mor (do sistema) irá resolver tudo. Não! Deve-se antes de mais nada adquirir a consciência em número crítico. Apenas assim destruir-se-à o monstro criado pela humanidade (neoliberalismo e seus desdobramentos em todas esferas da vida). Somente assim retomaremos o desenvolvimento, apontando para um plano superior.

Se isso ocorrer, será gerado o Novo Estado descrito impecavelmente por Sua Voz.

Na falta de sabedoria própria, deixo que a Voz dê a palavra final - pois ela é o que é: sublime e potente...milênios à nossa frente...

"Detenhamo-nos na concepção do Estado futuro, depois de tê-lo orientado assim, em seu transformismo ascensional ao longo do tempo. Trata-se de uma concepção nova e ousada, que constitui a base, no campo social, da nova civilização do Terceiro Milênio. Falamos aqui de um Estado que, democrático e aristocrático ao mesmo tempo, representará a fusão dos dois princípios: centralização e descentralização, ambos necessários. Em sua função unificadora, ele criará uma coletividade mais compacta, em cujo seio o indivíduo, ao invés de membro inconsciente de um rebanho desordenado, será o soldado de um exército em marcha, que sentirá vibrar em si a alma do chefe. Então, pela primeira vez na história, o Estado fará do povo um organismo, em cujo centro, fundido com ele, dar-se-á a síntese entre vontades e poderes. No Estado futuro, o povo não será mais um rebanho governado, que só deve dar e obedecer, mas sim o corpo do cérebro central (o governo), o organismo da alma diretora, que por toda parte irá permeá-lo e vivificá-lo com seus tentáculos e ramificações nervosas. Em vez de um chefe, uma classe ou uma maioria que comande por si só, haverá uma dedicação no cumprimento de deveres e uma doação na cooperação, objetivando uma fusão completa num trabalho e meta comuns." [4]

Referências:
[1] FREIRE, Gilson. Arquitetura Cósmica. Editora INEDE, 2006. Disponível em: <http://www.gilsonfreire.med.br/index.php/arquitetura-cosmica>.
[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Derradeiro_destino_do_universo
[3] https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/massa-relativistica.htm
[4] UBALDI, Pietro. A Grande Sìntese. FUNDAPU. Disponível em: <http://www2.uefs.br/filosofia-bv/pdfs/ubaldi_02.pdf>
[5] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com/2018/01/a-maior-conquista-da-civilizacao.html
[6] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com/2017/08/emborcamento-do-rumo-natural.html
[7] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com/2016/04/a-perversidade-da-neutralidade_18.html

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