Páginas de meu interesse

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Para compreender é preciso viver

A teoria da queda que Ubaldi apresentou ao mundo é um marco sem igual. Através da elevação do conceito de queda - que passou de espacial para dimensional - é possível resolver vários dos mistérios de nosso universo macro e microscópico, e de nossa vida pessoal. 

Não é possível à mente moderna aceitar uma teoria que não mais se adapte às últimas descobertas e orientações da ciência, deixando de lado a moderna cosmogonia, a física subatômica (quântica) e a biologia. É preciso dar algo que satisfaça mente e coração - simultaneamente e definitivamente. Algo que a racionalidade seja capaz de sistematizar e compreender - e que o coração sinta que seja sincero e aponte para o bem. 

O repouso possibilita um estado de inspiração sem igual.
Ele é base das verdadeiras criações. Por que o mundo
moderno tanto fala do mesmo mas estrutura tudo de forma
a impossibilitá-lo? 
O ser humano tem sede do imponderável e para isso é preciso dar lhe uma nova visão de Deus e do Universo. Isso o apóstolo da Umbria fez - e muito bem. Hoje já vemos movimentos de assimilação por parte de seus discípulos [1], homens guiados pela fé, iluminados pela sensibilidade e imbuídos de capacidades intelectivas acima da média. Assim a humanidade progride. E é em nossa terra que está havendo a assimilação mais pronunciada da Obra. O Brasil assim cumpre uma missão cósmica. Uma missão de difusão de um novo tipo de visão de mundo. Uma doutrina que sempre embalou as religiões e crenças; que acompanhou as grandes mentes nas descobertas mais substanciais; que inspirou poetas e músicos; cineastas e dramaturgos; que levou seres ordinários a fazerem coisas extraordinárias em tempos extraordinários. 

O autor se entristece a cada dia que deve sair do recôndito de seus pensamentos e contemplações para lidar com o mundo. Pouquíssimo pode falar sobre suas sensações. Seus esquemas e ideias não são compreendidos. A intensidade com que sente o semelhante é indescritível, o que o força a se reconstituir permanentemente com o alimento e o sono. Sempre que pode caminha no parque e fica a olhar a paisagem de sua varanda. Quer entrar em contato com coisas que, para o mundo, está no reino do imaginário. Mas trata-se de coisas reais, regido por leis morais que se situam no imponderável e não são percebidas pela sociedade atual. A sensibilidade é baixa. A intuição é esporádica e incompreendida. O pensamento sequencial e linear é visto como o ápice evolutivo da psique humana. A objetividade é sinônimo de realidade - enquanto o subjetivismo é irreal e perigoso. 

O Duomo de Brunelleschi revela genialidade artística
e técnica, obtida através da inspiração.
Para mais, ver [4].
A física quântica se consolidou a e nasceu há cem anos. Ela surge num momento ímpar, composto por impulsos sem igual em nossa história, em que máquinas, eficiência e interesse tomaram proporções assombrosas. Evoluímos no campo da sistematização e do bem-estar; da abundância de informações e das múltiplas possibilidades; da atuação eficaz. Mas deixamos para trás a orientação e a reflexão; a individualidade e a sensibilidade. Eis o que o divórcio completo entre pares nos trouxe. É imperioso surgir uma teoria e uma personalidade capaz de viver os grandes e elevados ensinamentos das escrituras sagradas para comprovar a existência de leis superiores, que sempre nos regeram e ficam cada vez mais evidentes. Em suma: é hora de olharmos para cima, dando um salto de fé para o maravilhoso desconhecido, cheio de possibilidades. Uma região não-espacial que pode ser acessada a qualquer momento, por qualquer um. Uma "região" que se encontra nos recônditos do nosso universo e transmite informações de modo instantâneo, desafiando as leis físicas [2].

A imperfeição de nosso universo se explica pela nossa desobediência à Lei de Deus. Ou colocamos a culpa no Criador - ou colocamos a culpa em nós mesmos. Se responsabilizarmos o Pai pelas nossas misérias, estaremos dizendo que de fato que Ele não É, não existe. Assim, não há justiça e o mal pode sair impune - contanto que você tenha sorte e seja suficientemente esperto. Isso é inadmissível para o autor, que chora só de pensar num universo sem a presença imanente de Deus. A vida seria um caos sem sentido e nada se explicaria. A constante oscilação entre as forças do bem (ascensão, Sistema) e do mal (involução, Anti-Sistema) revela a característica do nosso Universo: dualismo. Mas é preciso compreender que esse dualismo está contido no monismo de Deus, que abrange tudo, todos e além, abraçando o imperfeito e apontando para o perfeito - ainda inconcebível para nosso grau evolutivo. Assim, resta admitir que a culpa é nossa. Essa é a grande contribuição da Teoria da Queda.

Deus e os seres evoluídos compreendem que esse monismo divino contém esse dualismo caótico, e por isso não se limitam às circunstâncias. Fazer rápido com interesses particulares é morte - ser paciente, construindo amorosamente e de forma orientada, é sabedoria e potência. Potência oculta que pode se manifestar em conceitos fantásticos que servem para plantar as bases de um novo mundo. São Francisco de Assis sabia perfeitamente disso - e vivia integralmente.


No Tao Te Ching fala-se sobre a criação original e a queda (ou criação secundária, ou Big-Bang). 

De Tao veio o Um.
Do Um veio o Dois.
Do Dois veio o Três.
E o Três gerou os Muitos.
Toda a vida surgiu da Treva
E demanda a Luz.
A essência da vida engendra
A harmonia das duas forças.
Nenhum homem quer ser solitário
Abandonado e insignificante.
Reis e príncipes se dizem ser assim
Porque sabem do mistério:
Que o inconspícuo será exaltado
E o importante decairá.
Por isto, ensino também eu
O que outros ensinavam:
Quem age egoicamente
Está morto
Antes de morrer.

É este o ponto de partida da minha filosofia.

Tao Te Ching - Huberto Rohden (Ed. Martin Claret) [3]

Do Tao veio o Um 
a partir de Deus foram feitas infinitas individuações, num mundo perfeito. O todo homogêneo se tornou um sistema orgânico. as criaturas (espíritos puros) foram criados ! Universo puramente monista.

Do Um veio o Dois 
a criatura, com seu livre arbítrio, tinha a possibilidade de optar: ou seguir a Lei ou criar a sua própria. a parcela que optou por colocar tudo para orbitar em torno de si sofreu um emborcamento dimensional junto com todas demais. o princípio material se manifesta - o espírito fica "preso" na matéria, enterrado nos recônditos de um mundo brutal de caos. surge  nosso universo, surge o dualismo de elementos, forças, de seres, de ideologias, de sexo, de visões,...

Do Dois veio o Três 
o universo é físico-dinâmico-psíquico. sua estrutura é ternária, assim como nosso corpo é constituído de parte física, orgânica e psíquica. tudo é ternário em nosso mundo: os deuses das diversas religiões, a trindade dos cristãos, os três momentos da criação (pensamento - vontade - realização), as gunas vêm em três (sattva, rajas e tamas), etc. existe um contínuo processo, simultâneo, no qual esses três aspectos interagem e evoluem. mas todos são a mesma coisa (substância), com manifestações distintas (formas).

E o Três gerou o Muitos 
a partir do momento em que surge o momento (o eterno se manifesta em forma de tempo, o infinito se manifesta em forma de espaço, o absoluto se manifesta em relativo), as possibilidades passam a ser incontáveis. variações de todos tipos. a estequiogênese e a gênese das quatro forças fundamentais abrem espaço para desenvolvimentos subsequentes. a vida surge como um produto refinado de associações específicas de tipos de elementos com condições atmosféricas especiais e a presença de energia elétrica (eletricidade globular). o dualismo abre a possibilidade para combinações diversas, gerando uma diversidade enorme em todos níveis, desde os tipos de elementos minerais, formas de energia e transformações, vida orgânica, tipos humanos, pensamentos e sentimentos, ideias e pontos de vista, sistemas, religiões, etc. 

Tudo possui um significado profundo. Apenas quem experimentou a vida e compreendeu a essência das banalidades do cotidiano é capaz de saborear os versos de Lao Tsé. Ele apenas transcreveu em papel fragmentos do Grande Livro da vida, que é indescritível. Nossos modelos mentais não chegam aos pés da Realidade. Somos limitados em nosso relativo - mas ilimitados em nossa conexão com o absoluto. 

Uma versão multilíngua do desenho "Let it Go" revela uma pensamento unitário manifestado através da diversidade cultural/linguística. Isso é Uni-verso. Unidade orientadora e unificadora das diversidades - diversidade da manifestação da unidade.


O processo de queda e ascensão tem uma dinâmica. Para evoluirmos precisamos compreender as relações e o porquê das mesmas:

Pela experiência se compreende o erro.
Pelo conhecimento se supera a ignorância.
Pela ascensão se vence a queda.
Pela obediência se domina a revolta.

O ciclo involução-evolução é o produto da queda. Estamos na fase evolutiva, na qual a dor deve se traduzir em experiência, que deve gerar conhecimento, que leva à subida, realizada através da obediência (à Lei de Deus), culminando na (verdadeira) felicidade.

A Grande Síntese é o volume que trata desse processo de subida, partindo do átomo até se chegar às mais altas concepções de Justiça, Estado e Arte. Uma viagem pelos elementos do universo, suas forças, pelas formas de vida, pelo pensamento humano e seu desenvolvimento coletivo. Temos uma síntese filosófico-científica.

Deus e Universo dá a grande visão da criação e o porquê da queda (involução). É uma síntese teológica. Um poema ao Criador. Obra mais importante do século XX, que não tardará ser reconhecida como a prosa mais poética e a poesia mais prosada dentre todos os tratados da História, revelando em sua própria estrutura o monismo subjacente a toda forma de vida. 

O Sistema dá continuidade ao volume anterior, entrando em pormenores de nossa criação. Nele percebemos o ato de amor de Deus e a Sua grandeza. Compreende-se que o fato de termos caído não implica de forma alguma num defeito da Obra de Deus, mas sim em sua força e sabedoria. Aquele que deseja saber o porquê disso, leia, estuda e contemple. Compreenda quem o puder...

Os momentos mais felizes da vida do autor são os momentos que o mundo dá menos prioridade - mas muito anseia e fala sobre. Porque não se vê como coisas reais, práticas, existentes...

Em meio à natureza se sente a sua natureza.
Para atingir a perfeição humana, deve-se
observar a perfeição infra-humana.
Para muitos o Evangelho é (no máximo) um belo conto de fadas agradável para ler de vez em quando. Ou um livro para se estudar e realizar debates. Ou algo para se caçoar, vendo que (na superfície) os dizeres de Cristo não se casam com a realidade dos fatos. Apenas quem olha em profundidade (inteligência volumétrica) percebe a Lei de Deus atuando da profundidade, a partir do caos. Usando elementos do mundo para se realizar. O autor pode afirmar que percebeu isso. E agora não pode mais parar de expor essa realidade e continuar a vivê-la em cada momento de sua vida. 

O intelecto (inteligência de superfície) somente enxerga o que lhe impressiona os sentidos. Sua mentalidade linear e presa na objetividade (seguir as correntes das massas, sejam povo ou elites) limita seu campo de atuação. Essa mentalidade reflete todas as possibilidades de um plano. Esse plano não é capaz de solucionar efetivamente os problemas que gerou. 

Quatrocentos anos de despertar pleno do intelecto nos levaram a um beco sem saída. É imperioso admitir um outro plano. Um novo início - não uma continuação do mesmo em forma distinta. Morrer para renascer num plano mais elevado. Isso é ressurreição. Por isso Ubaldi tão sabiamente nos diz que na morte está a vida. Podemos complementar dizendo que (nesta) vida está a (definitiva) morte. Porque vemos tudo de forma emborcada. 

Acreditamos que a morte orgânica é o fim de tudo. Que a verdadeira felicidade é satisfazer as necessidades do corpo e do ego. De se manter pelo máximo tempo possível. De aparecer mais - em detrimento de ser menos...E assim temos pavor desse "fim". 

Somente quem realmente compreende e vive a vida em seu aspecto mais vasto pode chegar às portas da morte e dizer "finalmente! irei me libertar e ascender!".

Morrer e renascer aqui no mundo também é possível. Uma guinada na vida. Nos relacionamentos. Na atitude. Paulo de Tarso nos mostra justamente isso. Personalidades "mornas" dificilmente chegam a um estado de tensão que lhes permite dar um salto quântico na vida. É preciso ser intenso e sincero, mesmo que na ignorância, para dar um salto para o alto, convertendo esse ímpeto de descida num empuxo de ascensão sem igual. 

Isso é o que a vida me vem revelando.

Porque quando perdermos nossas posses, nossos títulos, nossa saúde, nosso corpo, nosso salário e tudo mais, teremos a única coisa imortal, que jamais perece e sempre evoluiu: nossa individualidade - nosso espírito!

Investiremos no que tem prazo de validade ou no que é imortal?

Referências:
[1] FREIRE, Gilson T.; CRISPIM, Maurício N.; RIBEIRO, Pedro O.; etc.
[2] Quem Somos Nós? Dispoível em:  https://www.youtube.com/watch?v=93b3UwHCxGM

Nenhum comentário:

Postar um comentário