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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Tempo não é dinheiro - tempo está dinheiro

O vínculo que estabelecemos numa época é relativo à forma mental predominante no momento histórico. Ela não é uma relação absoluta, mas relativa. Uma relação que revelou ser fundamental para um paradigma. Logo, da mesma forma que ela nasceu um dia, ela deixará de existir - ao menos como máxima. 

O dinheiro surge como meio de troca de mercadorias ou serviços. É uma base comum que pode ser adotada por qualquer um, em qualquer lugar, a qualquer momento. Isso o transforma em algo muito útil, pois estabelece-se uma universalidade em termos de intermédio que podemos fazer para adquirir (comprar) ou nos desfazer (vender) algo, seja serviço ou bem. O deslocamento de objetos pesados e trabalhosos de serem mantidos (basta imaginar a troca de um boi por várias galinhas) deixa de existir, e um objeto substitui um dos lados. Esse objeto é padronizado, fácil de armazenar e só pode ser emitido por um órgão oficial (Casa da Moeda). No entanto, o objeto em si não representa uma verdadeira riqueza. Ele é apenas um intermediário para agilizar as relações de troca entre indivíduos, dando vitalidade à atividade econômica.

O dinheiro não é um mal necessariamente. No entanto, a relação que estabelecemos com esse pedaço de metal, que se plasmou em papel e agora se desmaterializa, adquirindo o atributo de dado (dinheiro eletrônico, antes nos cartões, agora em aplicativos e tecnologias personalizadas), pode ser muito tóxica. De meio de vida e desenvolvimento podemos nos ver diante de uma coisa cada vez mais cultuada. Indiretamente, na maioria dos casos.

Á medida que a marcha neoliberal segue seu curso, a mercantilização de todas formas de existência cresce. Muitas coisas consideradas gratuitas se tornam pagas. Criam-se taxas para serviços - por mais insignificantes e sem custo eles sejam. Aumentam-se as cobranças sobre atividades não-produtivas, que intermedeiam operações financeiras. O capital improdutivo toma conta da economia e com isso o outro setor (produtivo) começa a minguar. São vários ciclos. Sempre que se intenta uma retomada produtiva, ela logo recrudesce, e assim a atividade industrial vai se tornando menos participante na geração de riqueza. Isso é bom, certo? Pois desmaterializa as coisas.

Observando mais à fundo nos damos conta de que não se trata de emitir menos ou produzir menos necessariamente. O que se tem é uma valorização exacerbada sobre o setor virtual da economia (finanças) em detrimento do setor real (produção de bens e serviços). Nesse sentido temos uma diminuição da participação industrial no PIB. Isso vem ocorrendo no Brasil nos últimos 30 anos - desde fins da década de 80. Hoje a uma taxa mais acelerada. As perspectivas não são alentadoras [1].

Deve-se ter em mente que o sistema econômico se apoia numa base biofísica. Sem esta, nada existe em termos de geração de riqueza. Riqueza que - mesmo pessimamente distribuída - se plasma em desenvolvimento humano e pesquisa. A questão é que existe uma relação entre desigualdade social e potencial de desenvolvimento humano e inovação. Isso é comprovado por diversos estudos de órgãos renomados [2].

Essa imposição do sistema financeiro, com duas diretrizes divorciadas da realidade, começa a desordenar severamente o mundo produtivo, cujas diretrizes passam a ser cada vez mais voláteis. Isso significa que seguir um projeto de longo prazo, que exige tempo, dedicação, planejamento e recursos, passa a ser cada vez mais difícil. As nações que exercem um certo controle sobre suas economias sabem disso, e impedem que suas principais agências sejam subjugadas à essa lógica. A NASA, a ESA e a DLR [3], por exemplo, são entidades governamentais que recebem recursos polpudos de seus governos - pelo menos em relação à média mundial. Elas não são desestruturadas para se fazer um determinado ajuste fiscal. Porque trata-se de um setor estratégico, que encampa uma multiplicidade de conhecimentos, tecnologias de ponta e portanto de produtos cujo desenvolvimento reflete em diversos setores da economia - mesmo que no longo prazo.

Pesquisa publicada na Folha de S. Paulo. Ela revela que os entrevistados,
à medida que aumentava sua renda, tinham mais propensão a se declararem
felizes. No entanto, a partir de um ganho, a renda não influenciava. 
A questão não é cumprir ou não os imperativos da economia formal, mas sim como eles devem ser cumpridos e (principalmente) se é legítimo o tipo de débito a ser quitado.

Sabe-se muito bem que a dívida pública é uma hidra que drena recursos numa taxa cada vez mais voraz [4], e com justificativas cada vez mais descabidas, uma vez que, para os governos marionetes, "ser responsável" é cortar a maior quantidade possível de despesa (ou 'gastos'): saúde, educação, previdência, bolsas de fomento à pesquisa, segurança pública, projetos de infra-estrutura e pesquisa, bolsas de auxílio social, entre tantos outros. Esquece-se que se lida com setores cujo potencial de capacitação (do povo) é enorme, tornando-o menos custosa à medida que este (povo) adquire conhecimento, saúde e,  consequentemente, independência - seja esta financeira, intelectual, política ou cultural.

Os economistas ortodoxos parecem não compreender uma questão elementar, que é o horizonte de tempo que adotam para esboçar seus planos. Incorre-se no pecado mortal de levar muitas pessoas à morte e ao desespero, indireta ou diretamente, devido a esse modelo obtuso, simplório, que envolve poucas variáveis e ignora outras - cada vez mais importantes. Variáveis que apontam para a vida, o progresso, a superação do atual modus operandi. Mas falar sobre isso é pouco. As pessoas devem obrigatoriamente adquirir a dolorosa experiência dos caminhos errados para sofrerem as consequências e começarem (começarem...) a perceber a necessidade evolutiva.

Apenas 3 anos corridos da aprovação da EC95, já se fala sobre possível apagão do governo [5]. Assim começa-se a perceber que as palavras ditas alhures [6] não eram mera insatisfação pessoal sem fundamentação conceitual. Ao contrário, a visão obtida do futuro de tal lei se deu através da profunda observação de uma lei natural que estava em curso. Essa lei estava fazendo o progredir de uma variável. Como toda progressão, ela seguia a TTMF*, cuja assíntota seria atingida em duas ou três décadas, e atingiria um valor da ordem de 20% do PIB (referente a gastos sociais). Esse alerta, proferido por muitos especialistas [7], foi abafado pela urgência de fazer a reforma para "evitar que o Brasil virasse um caos". Pois bem. Eis que, a cada mês que passa, esse caos parece se tornar mais provável - e com consequências mais nefastas, beirando o imprevisível...tamanha a quantidade de alterações impensadas a serem feitas.

O aumento de gastos (investimentos) sociais seguia uma
tendência, traçada pela curva pontilhada cinza, que revelava
uma progressão média que tendia a se estabilizar. A EC95
mutila esse desenvolvimento ordenado, vinculando a vida de
pessoas à "saúde" da economia (leia-se crescimento do PIB).
Estamos na era da destruição da forma. Mas quem escolheu esse caminho foi, em larga medida, a população. Me refiro à maioria que dá tom aos processos políticos e econômicos, que compõe o que a estatística chama de 'normal'. Essa maioria inclui aqueles que não estão contentes e percebiam os problemas, mas não ousaram ir além de um ponto para evitar o mal.

Diante do absurdo, a neutralidade equivale a consentir com o mal.  Querendo se garantir, o involuído perde a chance de acelerar seu passo rumo à eternidade e à vastidão libertadora do infinito. E assim perde o bonde da História, se submetendo à onda das maiorias - e alimentando a inércia desta. Tem-se uma simbiose mórbida entre o tipo médio e as massas, que se retroalimentam e garantem assim a paralização e o medo.

O momento histórico clama por seres de visão vasta, percepção profunda e vontade invencível. Mas não apenas! As forças da vida desejam cada vez mais a ascensão de criaturas capazes de vencer as impossibilidades do relativo para a afirmação das possibilidades do absoluto.

Chegou a hora em que a função do dinheiro deve ser revista. Não basta fazer alterações à nível de eventos - ou mesmo mudar comportamentos. É mister alterar a estrutura psíquica, adquirindo capacidade de pensamento sem precedentes aliada a um sentimento de intensidade máxima, puxando o ser ao limite de suas capacidades, para a partir daí tentar (tentar) extrair um diferencial que se espalhe pelo mundo.

Tempo não se identifica com dinheiro. Ele se relaciona com o mesmo. Em nosso paradigma. E ainda: de forma limitada!

O ser humano deseja os recursos. Queremos respirar, ingerir água, nos alimentar, ter conforto térmico, segurança dos elementos, cultura, educação, afeto,...Expandir nossa consciência através da mudança de perspectiva. O dinheiro se interpõe de forma cada vez mais deletéria nessa busca, desordenando a mente das pessoas, que devido à sua fragilidade consciencial, ainda são presas fáceis dos planos de satanás, ponto máximo de depressão do AS. Porém ele (satanás) continua o processo de queda - daí provém sua influência enorme em nós, criaturas já em processo de ascensão rumo ao S.

Descer é fácil e subir é difícil.

Quem ainda cai tem velocidade - obtida no início dos tempos, com a revolta. Puxa aqueles que sobem, que devem criar velocidade para cima com seu próprio esforço. Não à toa é ainda muito difícil ascender individualmente. Quem o dirá coletivamente!**

Faço o possível para acionar engrenagens interiores daqueles espalhados pelo mundo. A tecnosfera dá possibilidade do bem atuar de modo mais amplo. É importante que os seres já prontos para receber o alimento sólido tenham acesso a ele. Porque é muito difícil manter o ânimo num mundo que precipita para o abismo material. É preciso revelar a esses que existe sim um universo superior. Intocável. Que jaz no âmago dos fenômenos sociais e naturais. Em todos os seres, a todo momento, se expressando das mais variadas formas.

A tensão da mente é máxima. Isso estimula a escrita. A febre deve ser convertida em palavras. Palavras que exprimem conceitos. Conceitos que apontam para um futuro inconcebível à mentalidade atual.

Com isso desfaço o laço mortal que foi estabelecido entre tempo e dinheiro, libertando definitivamente aqueles já aptos a compreender a ilusão de nosso tempos.

Referências:
[1] https://www.cartacapital.com.br/economia/soterrada-sob-importados-a-industria-perde-intensidade-tecnologica/
[2] http://www.ebc.com.br/cidadania/2015/06/onu-alerta-para-extrema-desigualdade-social-no-mundo
[3] Agências espaciais norte-americana, europeia e alemã, respectivamente
[4] EntreVistas com Maria Fattorelli. Disponível em :<https://www.youtube.com/watch?v=lVDO9aKHww0>
[5] Risco de 'apagão' do governo provoca debate: teto de gastos deve ser revisto? BBC Brasil. 16/09/2019. Disponível em :<https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49698809>
[6] Emborcamento do Rumo Natural. 25/08/2017. Disponível em: < https://leonardoleiteoliva.blogspot.com/2017/08/emborcamento-do-rumo-natural.html>.
[7] Ver Roberto Requião, Eduardo Moreira e Ladislau Dowbor.

Observações:
* Trajetória Típica dos Movimentos Fenomênicos
** Para compreender melhor essas observações, recomenda-se que seja feito um estudo pormenorizado da Obra de Ubaldi. Em especial Queda e Salvação, Deus e Universo e O Sistema.

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