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segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Agir sincero e intenso

O problema fundamental da humanidade atual é a falta de consciência. Mas isso não diz muita coisa quando o desejo de despertá-la (em si e, depois, nos outros) nasce. É preciso saber o que ocorre num nível mais profundo. Isso implica numa busca. Busca por experiências e por conhecimento. Geralmente há uma combinação de ambos: ao vivenciarmos uma situação (geralmente desagradável) temos a possibilidade de adquirir um conhecimento. Construímos pontes entre aquilo dito em livros ou aprendido na escola e a emoção que nos domina quando passamos por alguma experiência.É uma relação dinâmica.

Estar passando por algo tenso e manter o nível de consciência desperto é desafiador, mas possível. Em momentos críticos de minha vida pude aplicar esse (digamos) método. Como resultado sempre tive de retorno algo que vejo como miraculoso - ou quase. 

A fonte e o fluxo da vida. Foto de Nathan Anderson (Unsplash).
No momento em que você sente ter agido de forma completamente sincera, responsável e com dedicação completa no passado, fica mais fácil depositar a confiança nas edificações já concretizadas no campo da causa. E com isso surge uma segurança inabalável. De tal forma que, mesmo em momentos de alto risco, cheios de ameaças, inseguranças e caos, nada disso causa abalo ao Ser e as turbulências acabam perdendo a força que esperavam ter. Nenhum poder do mundo pode abalar aquilo que foi construído de forma transparente, dedicada e ardorosamente criativa. O autor vivenciou esse fenômeno pela última vez há mais de um ano [1], momento em que estava para concluir uma fase importante de sua vida.

Quando temos plena consciência de ter realizado um trabalho verdadeiramente independente, criativo, conduzido de forma honesta, não há nada a temer. Nenhum poder será capaz de desmontar uma obra edificada com intenção tão pura e dedicação tão fervorosa. Não se trata de valores mensuráveis, mas sim de qualidades intangíveis, que o imponderável defende nos momentos em que percebe os riscos. Vê que a criatura tem uma missão e garante que ela terá o necessário para o cumprimento da mesma. E o mais incrível, que venho constatando: é possível que benesses exteriores estejam alinhadas com progressos interiores. Ou seja, seremos beneficiados do ponto de vista do mundo SE o Alto percebe que a criatura que as recebe não as usará para se glorificar, mas para ser GRATO e dar cabo de seu DEVER. Nesse caso os ganhos se tornam combustível a ser usado até a exaustão para o Ser alcançar novos patamares - de consciência e conhecimento e sensibilização. Para que possa melhor se comunicar com o mundo e auxiliá-lo a seu modo. Tudo é uma preparação para atingir um estágio subsequente que pode ser inimaginável no momento presente.

A receita pode assumir várias formas. Mas em linhas gerais, o ponto central é sempre o mesmo: precisamos nos doar 100% aquilo que estamos construindo. Há prazos. Há dificuldades (inúmeras!). Devemos encará-las e não cessar a atividade. Nosso mundo passa a ser aquilo por um período. É preciso estar imerso naquela questão. Diminuir seu nível de energia para outras coisas para que uma tarefa seja cumprida. Ganha-se experiência até em construções muito pequenas. Experiência em coisas do mundo e em vivência. Mas a mais importante delas será a maturação interior.

Esse fenômeno vem sendo observado pelo autor desde o momento em que deu uma guinada em sua jornada - revelando assim que o destino pode ser melhorado com uma atuação fervorosa. Mas isso apenas é possível porque o Alto percebeu que colocar o Ser numa outra posição (ou dar a ele algo mundano) irá fazê-lo resplandecer de modo mais intenso a substância divina. Há sempre uma função associada a um ganho concreto. Se conscientizar disso é garantir que não sejamos vítimas das forças do Universo, jogando fora aquilo que nos foi dado.

Alguns são agraciados com várias coisas neste mundo. Podemos dizer que muitos são (agraciados), se considerarmos que existem muitas situações - por mais simples que sejam - que dão a possibilidade do indivíduo esculpir a sua personalidade de modo a libertar o espírito. Mas em geral as pessoas se tornam vítimas de suas bênçãos: focam no objeto em si, se esquecendo de que ele deve cumprir uma função mais elevada. Usamos nossa saúde, nosso corpo saudável, nossa genética vantajosa, nossa posição social, nossos títulos, nosso conhecimento, nossa cultura em prol de objetivos baixos, de curto prazo, do mundo. Alimentamos essas vantagens concebidas, visando mantê-las ou fortalecê-las com o tempo. O Ser cai numa armadilha que garantirá sua posição até o momento em que as forças se exaurem. Rompe-se o contato com o Alto. Ingratidão. Não há mais aliança. O Ser é abandonado e deve contar apenas com as próprias forças - já que não buscou trabalhar em prol da construção da eternidade e do infinito. 

Nesses momentos brota a possibilidade. Fonte: Leio McLaren
"Orai e vigiai" já dizia uma criatura há dois mil anos. Vigiai é estar atento às suas atitudes. Sendo positivas ou negativas, o importante é estar ciente de seu corpo físico, mental e emocional, para que sua consciência não se funda neles. A identificação com os corpos perecíveis é o que nos enfraquece.

Tenha sempre consciência disso: todos nosso atributos devem cumprir uma função superior. Podemos ter conforto, claro. Mas que ele seja breve e com a finalidade de nos energizar, despertar potencialidades e sensibilizar nosso Ser. É possível alinhar uma segurança no mundo com um despertar espiritual. Mas para que isso seja possível é necessário que a criatura já tenha adquirido um certo grau de consciência. 

Aquele que sentiu a Lei de Deus agir em sua vida já consegue se sensibilizar para essa questão central.

No ponto em que muitos se cansam, ele persiste. 
No ponto em que muitos gozam a situação, ele a usa para construir seu Ser.
No ponto em que muitos reclamam seus méritos, ele é preenchido por gratidão.

Reconhecer o Alto agindo em nossas vidas é um atestado de gratidão. 

Não somos nós que fazemos as coisas mais incríveis, mas sim forças do imponderável que atuam através de nossas ações. 

Isso deve ficar claro. Caso contrário estaremos presos numa armadilha que impossibilitará a nós, humanidade, sair desse estado atual, cheio de distúrbios, misérias (variadas) e cujo progresso é, no mínimo, arrastado. Ou seja, lentíssimo. Mas há um prazo e devemos considerá-lo.

A espiritualidade (ou conscientização) não é uma busca circunscrita a um horário, local e circunstância. Ela é uma busca integral. Devemos estar despertos em todos momentos. Em cada atividade devemos carregar o espírito de transcendência. Buscar centelhas do infinito nos finitos cotidianos. Ou, em outras palavras, ver significado profundo em tudo. Cada gesto, cada pensamento e atitude deve prestar contas ao Alto. Dessa forma estaremos nos habituando a criar uma nova forma de perceber o mundo.

Nós não devemos esperar o milagre e sim criá-lo! [2] 

Há muitos motivos para sabermos que somos naturalmente criaturas miraculosas [3] - e portanto capazes de efetivar milagres. Mas para isso é imperioso estabelecer uma relação (mesmo que inconsciente) com as forças do Alto - ou a Lei de Deus. Estar vibrando num frequência que se aproxime da Fonte é o que garante o canal entre o S e o AS.

Todo agir deve ser permeado de honestidade, ousadia e inteligência.

Referências:
[1] https://leonardoleiteoliva.blogspot.com/2018/12/um-salto-de-fe.html
[2] https://leonardoleiteoliva.blogspot.com/2018/07/miracolo-non-ci-aspetta-si-crea.html
[3] https://www.transformyourshit.com/9-scientifically-proven-reasons-you-are-a-miraculous-being/

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