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segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Espaço, tempo e consciência

Não há praticamente nada sendo escrito sobre Física Clássica. No sentido de pesquisa, descobertas, quero dizer. Porque tudo nesse campo, pautado num paradigma (racional, indutivo, analítico), já foi desvendado, equacionado, sistematizado. Em suma, esse é um nicho do conhecimento que já está consolidado. 

Já chegamos à Lua baseado na Lei da Gravitação Universal e nas Leis do Movimento. Já construímos máquinas incríveis baseado nas Leis da Conservação (de massa, de energia, da entropia, da quantidade de movimento, do momento angular, da difusão,...). Já construímos tecnologias baseados nas Leis de Maxwell. Já fizemos muitas coisas baseado naquilo que compreendemos, definimos, sistematizamos e equacionamos. 

Compreender leva a definir, que leva a sistematizar, que por fim leva a equacionar e aplicar.

Mas e aquilo que nem sequer compreendemos, como consciência?

Há muita coisa sendo dita a respeito da consciência. Diversas obras são publicadas todo ano, alegando novas descobertas, novas definições e perspectivas a respeito do que significa esse termo. É algo muito falado e muito buscado - porque não se sabe muito.

Talvez seja interessante, para que haja um amadurecimento conjunto (eu e você), possamos recorrer a uma frase do livro O Sistema, de Pietro Ubaldi.

Fig.1: A matéria se auto-elabora. Nela reside o princípio - mas ela não é a essência da realidade, apenas manifestação bruta.
O espírito está matéria - a matéria será espiritualizada. Mas ambos possuem um denominador comum: a substância. 

Leia uma, duas, três, vinte vezes. Pense a respeito. O que está sendo dito? O que significa essa idea? É assim que começamos a adentrar no reino da consciência: observando o fenômeno evolutivo.

Diz-nos Sua Voz em A Grande Síntese, que a dimensão característica do infinito é a evolução.

"A dimensão infinita, que compreende todas as menores, é precisamente a evolução. Assim como cada fase tem sua dimensão, o infinito também tem a sua, e a dimensão do infinito é a evolução." 
AGS, Cap. 36: Gênese do Espaço e do Tempo  

A dimensão do infinito é a evolução significa que nós podemos 'medir' o infinito através do fenômeno conhecido como evolução. É nesse transformismo incessante das formas que se encontra o mistério do Absoluto. E a consciência é o fator que coordena esse processo no universo. 

Precisamos compreender antes que a evolução é algo que perpassa todas dimensões que conhecemos. Como um fio-mestre que atravessa todos os tecidos conhecidos - e ainda desconhecidos - por nós, dando ritmo a cada dimensão. 

"Aparece uma nova manifestação dimensional; algo se acrescenta ao espaço; uma superelevação dimensional (a quarta dimensão que procurais), mas num sistema diferente: a trindade seguinte. Esta nova dimensão, a primeira da série sucessiva, é o tempo. A unidade máxima dimensional precedente é tomada, na passagem à seguinte, por um novo e mais intenso movimento, mas sempre em direções novas e diferentes, cada uma própria de seu sistema (espacial, conceptual etc.), numa aceleração de ritmo que é exatamente o processo no qual consiste a evolução." 
AGS, Idem (grifos meus)

Nesse trecho está sendo descrita a passagem do espaço - uma tríade dimensional completa, composta de linha, superfície e volume - para o tempo, primeira dimensão de um novo sistema ternário. Então podemos dizer que o espaço é a dimensão pontual (germe) de uma nova tríade dimensional: a tríade conceptual.

Assim como o ponto sintetiza o todo do sistema trino anterior ao espacial, o espaço sintetiza o todo das três dimensões características da matéria, e é germe (ponto) do novo sistema trino, cuja primeira dimensão é o tempo.

Percebe? O tempo é a primeira dimensão da trindade conceptual. O tempo já é uma forma de consciência (que em AGS é denominada consciência linear). Já o que denominamos consciência seria a consciência de superfície

Linear em analogia à linha (1D) do sistema espacial.
Superfície em analogia à superfície (2D) do sistema espacial.

Não é à toa que os estudiosos (formais e informais) estão descobrindo que o tempo está intimamente relacionado à consciência. 

É muito importante ter essa informação clara na sua mente.

Agora vou lançar uma outra referência, distinta, que provavelmente jamais ouviu falar em Ubaldi:

"Space. Time. We readily understand the three dimensions of a cube, say, front-to-back, side-to-side, top-to-bottom. We look out and we see shapes and colors and signs everywhere. We see things to horizons in all directions, but time?

Time is something completely different. We really only have NOW; but we also remember and we plan. So we say that time has a duration, past memories, present moment towards an uncertain future. But that’s different from the solidity we assign to spatial objects.

Yet with all their profound differences, we know that space and time interact, and noticeably so as velocity approaches light speed."

Fonte: [1] (grifos meus)

O tempo é algo completamente diferente (do espaço), segundo o autor. Ele não possui a mesma solidez com que associamos aos objetos materiais. Apesar disso, eles (espaço e tempo) interagem - como Einstein tão bem formulou e demonstrou em sua Teoria da Relatividade Geral. Vejamos o que Sua Voz diz a respeito disso:

"Não se tem α→β→γ de um lado e, depois, γ→β→α de outro; mas, em todos os lugares e a cada momento, o todo existe concomitante numa fase dessa transformação, de modo que o absoluto não se divide, mas se encontra sempre todo a si mesmo no relativo."
AGS, Cap. 11: XI. Unidade de Princípio no Funcionamento do Universo (grifos meus)

Matéria, energia e espírito estão em todos lugares e interagem em todos momentos. No micro e no macro. O mesmo podemos dizer de suas dimensões características, espaço, energia e consciência. Se trata de uma unidade trina. 

"O princípio da trindade da substância, que vos expus, é universal e único; poderá pulverizar-se numa série infinita de efeitos e de casos particulares, mas ele permanece, e o encontrareis em toda parte, em sua forma estática de individuação α, β e γ ou em sua forma dinâmica de transformismo, que segue o caminho ...γ→β→α..." 
AGS, Idem (grifos meus)

Sendo universal, podemos encontrá-lo em todos os cantos da ci ência, da religião, da filosofia e da vida social. Não à toa muitos estão percebendo essa realidade. 
Fig.2: A matéria é a substância expressa em sua forma mais involuída, grosseira, de nosso universo.
A consciência está presente nela, mas sua expressão é menos vívida, porque se apresenta embatumada nas 
baixas formas, sensórias, concretas. 

Vamos falar agora um pouco de Mecânica Quântica.

At subatomic scales, the 3-dimensional matter we encounter as solid and extensive demonstrates strict probabilistic behavior, and the manifestation of the energy as particle or wave depends on factors outside the realm of the internal reactions—the presence of an observer, say, or at least some intentional factor.

Once a decision is made about the nature of the experiment and a measurement is taken, only then does the so-called probability function collapse into particle-of-some-sort or continue on to display as wavelike.

Though it caused initial dread among physicalist scientific establishment, probability and uncertainty are now grudgingly accepted as fundamental, at least at submicroscopic magnitudes.


Fonte: [1] (grifos meus)

A manifestação depende de fatores além do fenômeno observado (1º grifo). Isso foi constatado. Então podemos dizer que isso reforça a tese de que observador e observado, sujeito e objeto, estão intimamente relacionados - apesar de não sabermos exatamente como. Logo, tudo que existe está ligado a tudo, de várias formas. 

A decisão do sujeito que determina o comportamento do fenômeno observado (2º grifo).

O âmago de nosso universo (Anti-Sistema) não é regido por ordem, ou melhor, é 'regido' pela probabilidade e incerteza. A essência de nosso universo físico é quântica (3º grifo).

No final do século XIX eletricidade e magnetismo foram fundidas numa única teoria pelo físico e matemático escocês James Clerk Maxwell. Com sua teoria, surge a ideia de campo magnético. De lá para cá os cientistas conseguiram demonstrar que - a níveis altos de energia - a força eletromagnética se funde com a força (nuclear) fraca e, em níveis energéticos ainda maiores, com a força (nuclear) forte. Ou seja, as três forças - eletromagnética, fraca e forte - podem ser descritas pelo mesmo conjunto de equações. Apenas a força gravitacional (energia gravífica) ficou de fora. 

Os cientistas indicam que seriam necessárias seis dimensões adicionais para unir gravidade com o eletromagnetismo - numa escala menor do que a de quarks e elétrons. Sua Voz parte de outro ponto, assinalando que devemos ver a energia gravífica (força gravitacional) como base de todas outras.

"Assim como o hidrogênio é o tipo do protozoário monocelular da química inorgânica e o carbono é o da química orgânica, também a gravitação é a protoforça típica do universo dinâmico." 
AGS, Cap. 38: Gênese da Gravitação (grifos meus) 

Talvez esses caminhos diferentes se devam devido à forma com que seja definido 'gravitação':

"Entendo aqui, como gravitação, não a pequena gravitação de Newton – caso particular ao vosso planeta – mas sim uma gravitação de sentido mais amplo, que resulta do equilíbrio das forças inversas de atração e repulsão, opostas e complementares (lei de dualidade, que veremos a seguir); uma gravitação filha direta do movimento, isto é, energia gravífica, filha da energia cinética."
AGS, Idem (grifos meus) 

Vê-se gravitação como equilíbrio de forças inversas. Que forças seriam essas? Sua Voz fala que essa força (gravitacional) seria filha da energia cinética. Logo, do movimento, que podemos ler como velocidade.

Então seria a velocidade que forma o tipo de energia mais fundamental?

Mas a velocidade de quê? Certamente não estamos falando de velocidade de uma partícula...Seria uma velocidade intrínseca...da substância provavelmente.

Não estamos aqui para afirmar coisas, mas para desequilibrar o leitor em suas certezas - ainda mais se for uma pessoa da ciência. Para fazer ver que deve haver um fenômeno mais profundo por trás disso tudo. 

Prossigamos.

Segundo a Teoria das Cordas seriam necessárias seis dimensões adicionais - que em nada se assemelham às dimensões espaciais e de tempo. 

Com as quatro dimensões do espaço-tempo (na verdade, a dimensão espaço, ou seja, volume, completa a tríade espacial, composta de linha, superfície e volume; mais a dimensão tempo, que é a primeira manifestação da tríade conceptual) nós somos capazes de conceber todo o universo físico. Mas quando chegamos na biologia, surgem problemas.

O que é vida? O que é consciência? Há experiência extra-sensoriais que vão além da capacidade da física e da química. Sensações, pensamentos, emoções...chegando até experiências transcendentes. Tudo isso é inexplicável do ponto de vista da física que se apoia no espaço-tempo (gama e beta) e da química, sua filha direta.

Então os físicos colocam seis dimensões adicionais para descrever esse aspecto da realidade (muito importante, aliás). Sua Voz coloca simplesmente que essa 5ª dimensão (na verdade a 2ª do sistema trino) é o que denominamos consciência.

"Com efeito, apenas as forças, por terem como característica dominante a dinâmica, tomam a iniciativa do movimento e dominam γ, a terceira dimensão espacial, característica da matéria, que não inicia esse movimento, mas apenas o sofre. Nas fases inferiores, o tempo só existe em sentido mais amplo, entendido como ritmo do devenir, propriedade de todos os fenômenos, e não como consciência do transformismo, propriedade das forças. Facilmente compreendeis a revolução que trazem esses conceitos em vossa ordem habitual de ideias."
AGS, Cap. 37: Consciência e Superconsciência - sucessão dos sistemas tridimensionais  (grifos meus) 

No vídeo abaixo do canal Eu Superior, logo no início, a narradora fala sobre uma teoria recente que sugere que "o ser humano consiste de um corpo físico feito de matéria estendida no espaço físico, e além disso, de uma consciência estendida em um 'espaço' diferente, fora do espaço físico."


O tempo, segundo a Mecânica Quântica, não é contínuo, mas discreto. Ou seja, podemos dizer que ele está fraccionado. Podemos dizer que o que era uno passou a ser seccionado em incontáveis pedaços - assumindo que esse estado (discretizado) seja algo anômalo.

Segundo o físico Julian Barbour, o que percebemos como 'passagem do tempo' é o nosso movimento através de uma sucessão de 'agoras'. Então, segundo ele, nos movemos através de algo (um eterno presente), adquirindo a percepção do tempo. Mas, à luz de Ubaldi, esse movimento seria então a base dessa percepção. E sabendo que no Sistema não há tempo, podemos afirmar que esse movimento que perfazemos não é natural do universo Divino - apenas do nosso.

Segundo Barbour, 

o tempo se move porque os seres humanos são biologicamente, neurologicamente e filosoficamente programados para experimentá-lo dessa maneira. (grifos meus)

Vamos pensar:
  • Se somos programados (para experimentar dessa maneira), então há uma lei responsável por isso. 
  • Se essa lei, inviolável e certa, atua a todo momento e em todos os lugares do espaço-tempo, há uma causa para isso.
  • Se há uma causa, então ela deve advir de algo que foi feito antes de tudo que conhecemos. 
  • Como 'antes' não havia tempo, estamos falando de um não-local, fora dos parâmetros físicos.
Pense nisso.

Segundo o conceito biocêntrico postulado pelo médico e cientista Robert Lanza

O tempo não existe independentemente da mente que o percebe. (grifos meus) 

Vamos pensar isso sob o prisma ubaldiano para ver se as coisas batem (revelação e raciocínio): 

O cientista afirma que o tempo está subordinado à mente - ou seja, não pode existir sem ela. A mente, sendo um aspecto do espírito (alfa), teria então o tempo, dimensão da energia (beta), como um derivado - um desdobramento, um apêndice, um des-envolvimento - dela. Então todos os fenômenos em nosso universo (que é dinâmico) seriam um desdobramento da mente. 

Pense nisso.

O conceito do biocentrismo ainda afirma que, 

"como o tempo, o espaço não é nem físico nem fundamentalmente real. Pelo contrário, ele é um modo de interpretação e compreensão e é uma parte de um tipo de software mental que molda as sensações e percepções em objetos multidimensionais." (grifos meus)

O espaço não é físico nem real (fundamentalmente...em termos essenciais). Traduzindo: tudo que percebemos e consideramos real é de fato uma ilusão. É apenas o modo pelo qual podemos interpretar as coisas.

Eu não sei quanto a você, meu amigo, mas para mim parece que o que essa visão de mundo está querendo nos dizer é que essas dimensões que conhecemos e valorizamos são na verdade desdobramentos de dimensões superiores...E esse desdobramento deve ter tido uma causa - porque quanto mais primária, mais trivial a dimensão, mais grosseira o mundo que ela mede. 

Parece que há uma escala de dimensões. E que para algo profundo ficar evidente (dimensão superior), esse algo deve se desdobrar em dimensões inferiores. Em outras palavras: deve haver uma queda de dimensões.

Quem estiver com a cabeça rodopiando sobre esse assunto de dimensões, recomendo a série de vídeos de Phil Braham [2]. E sobre a questão de consciência e vida, um texto muito bom de Sylvester Amponsah [3] e um outro do médico Deepak Chopra [4]. Sobre este último, ele responde dez questões a respeito do assunto 'consciência'. 

Dentre as afirmações, as cinco primeiras são as mais interessantes. Segundo elas, a consciência:

1. Cria a realidade (manifesta);
2. É causa do nosso universo - este é uma experiência 'dentro' da consciência;
3. É sem causa - ou seja, está além do tempo;
4. Tem como utilidade nos acompanhar nessa jornada evolutiva;
5. Se manifesta através do cérebro - mas não é este, que serve apenas como uma ferramenta de expressão.

Então ela é criadora, além do espaço-tempo, está sempre conosco e no nível humano se manifesta melhor através do cérebro. 

Lendo e estudando a obra de Ubaldi você perceberá que tudo isso bate com sua teoria.

Para pessoas mais práticas, voltadas para a melhoria pessoal - a vivência da dimensão do espírito - encontrei um site interessante aqui [5].

Para reforçar a necessidade de adotarmos uma perspectiva mais intuitiva, espiritual, sintética, recomendo a leitura deste texto [6]. Ele revela o porquê da ciência não ser capaz de avançar nesse campo. Em suma, a maioria dos cientistas que querem desvendar o mistério da consciência são incapazes de abandonar o paradigma materialista, objetivo, analítico. 

A ciência dominante considera a hipótese de que o cérebro é uma secreção da consciência como irreal. Resultado: décadas de estudos sem avançar um passo. 

Falta aos cientistas 'sérios' da atualidade uma pitada de percepção da dinâmica evolutiva. Eles admiram os gênios do passado que ousaram estar à frente do tempo - mas são impotentes em identificar e reconhecer as visões e ideias de gênios da atualidade, também à frente do tempo.

Somente iremos avançar no estudo da consciência se estivermos dispostos a abraçar algo inteiramente novo. Algo que reconheça o velho, mas ofereça um diferencial - que será um pontapé inicial num novo caminho. Um caminho com saída. Nesse sentido seria interessante nos tornarmos uma sociedade que comece a perceber seus gênios e heróis e santos. Sobre isso encontrei um artigo muito interessante aqui  [7]. 

Na Grande Equação da Substância o espírito (alfa) é o princípio e o fim do ciclo que vivenciamos neste universo. A energia (beta) é o dinamismo que expressa a queda (rápida) e a evolução (lenta). A matéria (gama) é a expressão basilar de nosso cosmo - a parte mais baixa, mais involuída. A forma mais grosseira de manifestação da substância (ômega).
Fig.3: A Grande Equação da Substância em sua forma de ciclo. 

Os dois movimentos, α→β→γ e γ→β→α, coexistem, portanto, continuamente no universo, em um constante equilíbrio de compensação. Evolução e involução. 
AGS, Cap. 9: A Grande Equação da Substância (grifos meus)

Se há uma coexistência, então jamais podemos isolar uma fase (psiquismo, dinamismo ou físico). Então a consciência estaria fortemente jungida ao aspecto físico de nossa realidade - apesar de não ser derivado dele. Podemos dizer que a evolução da matéria possibilita a expressão mais cristalina da consciência. 

A consciência é uma dimensão extrafísica - e portanto não pode ser mensurada por nossos instrumentos. Ela é o princípio e o fim dos fenômenos neste universo. 

Uma das fontes pesquisadas pelo autor lança a hipótese de que "a matéria escura é efeito gravitacional da consciência no espaço", e que "a energia escura é o efeito propulsivo da consciência através do tempo". Do original:

Dark Matter can be imagined to be the gravitational effect of Consciousness on Space; and Dark Energy, the propulsive force of Consciousness through Time, causing the Physical Universe to expand.  
Fonte: [1]

Então alfa transformando-se em beta torna-se energia escura, gerando expansão do cosmos. E alfa, continuando o trajeto, transformando-se em gama, torna-se matéria escura, gerando atração no cosmos - e também matéria visível.

Não se sabe o porquê desse processo de queda (alfa - beta - gama) gerar esses três tipos de entidades. O fato é que apenas 5% da matéria-energia de nosso universo está na forma tangível. O resto parece existir para gerar o efeito de atração e expansão - que dá a característica rítmica de tudo, baseada no dualismo.
Fig.4: Proporções de energia escura, matéria escura e matéria visível em nosso universo.
Fonte: [1]

A consciência deve estar presente nesse processo de geração dessas entidades. Se houvesse uma ausência de alguma delas, ou uma desproporção entre elas, nada funcionaria, nada seria possível - inclusive a vida! 

Yes, at the deepest level, All is One — Space and Time and Consciousness — a singular energy swirling, rippling, swelling. Failing to acknowledge this, the species seems headed down the road to extinction. Powerful economic interests are served in the short term by denying our commonality: stir up dissension and hatred, divide and conquer. This is the ultimate naiveté. 
Fonte: [1] 

Atribuir esse caminhar cíclico, oscilante e ascendente de tudo que existe a um mero acaso parece uma maneira de fugir das evidências. Estas apontam que caminhamos para algum "lugar". E esse caminhar não é reto, ou seja, direto, certeiro. É curso. É feito em trajetória espiralóide. Como se houvesse a influência de duas forças: uma que nos impulsiona para frente (ascensão, evolução); e outra que nos  mantém (até certo ponto) num estado de inércia, tentando fazer a gente retornar ao mesmo ponto nessa jornada através do espaço-tempo-consciência. Mas não retornamos, pois a ascensão se dá e o ciclo se abre lentamente (daí a espiral). Então vemos os movimentos fenomênicos, com sua trajetória típica. 

Esse ensaio pretende apenas servir como uma iniciação. Há muito a ser descoberto. Não sabemos muitas coisas. A única certeza é que existe uma unidade entre espaço, tempo e consciência. Todas as pesquisas científicas estão descobrindo isso. 

O tempo irá nos revelar aspectos dessa unicidade.

Aguardemos.

Referências:

AMPONSAH, Sylvester. Why No One Understands Consciousness. 02 Dez., 2018. Disponível em: <https://medium.com/@sylvesteramponsah?p=ec248a6a2144>

BRAHAM, Phil. Matter Time and Consciousness 1. Link: <https://www.youtube.com/watch?v=rBXGfKQxyKc&list=PLUjdOmNtVGJqnP1rQhlPfl9YcU27GioTZ>

CHOPRA, Deepak. Consciousness: Ten Questions, One Answer. 26 Jul., 2021. Disponível em: <https://deepakchopra.medium.com/consciousness-ten-questions-one-answer-2a284d600ea1>

MENEZES, Gabriel. 12 Sinais de que Você está Despertando para uma Nova Consciência. 27 Mai., 2018. Disponível em: < https://blog.spartancast.com.br/12-sinais-do-despertar-da-consciencia/>

PEMBERTON, Graham. The Hard Problem of Consciousness and the Stubbornness of Neuroscientists. 25 Ago., 2021. Disponível em: < https://graham-pemberton.medium.com/the-hard-problem-of-consciousness-and-the-stubbornness-of-neuroscientists-2c7d2ca27360>

SHAHINIAN, Stephen. The Genius Right Manifesto. Link: <https://stephan-shahinian.medium.com/the-genius-rights-manifesto-9334647fedb4>

The Science of Compassion. Link: <https://stevesharpcompassion.com/the-science-of-compassion/>

UBALDI, Pietro. A Grande Síntese - síntese e soluções dos problemas da ciência e do espírito. Ed. FUNDAPU. 23ª Ed. 2017.

UBALDI, Pietro. O Sistema. FUNDAPU. 

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Estamos na trilha errada

Quando o autor empolga, nada o segura. Nem o calor e seus efeitos, nem o cansaço, nem a doença, nem qualquer outra coisa que se apresente diante dele. Ele prioriza o que sente como missão - ao mesmo tempo que se realiza cumprindo-a. Eis que logo após apresentar um estudo sobre a sustentabilidade planetária, mostrando tendências da civilização, vem a ideia de deixar o tópico ainda mais claro para o público, tornando mais vivo o que foi apresentado anteriormente.

As pessoas não enxergam com clareza certas coisas porque não lhes é conveniente. Seu modo de vida seria tremendamente abalado se tivessem de aceitar em seu imo certas observações. Certos preceitos. Seria necessário reformular tudo que julgavam saber com certeza. Seria necessário reestruturar sua vida. Radicalmente. E isso demandaria um esforço que muitos receiam. Esforço titânico. E um estofo fora do comum. 

Vamos começar aos poucos para construirmos a ideia de forma ordenada, sem dar aparências de imposição de opinião. Vou passar a visão que já tenho intuitivamente, desde minha adolescência, da forma mais racional, lógica, concreta, científica, imparcial e universal. Porque não adianta apelar para o sentimento sincero (que exige uma consciência mais intuitiva, de síntese, do que racional, de análise) das pessoas: elas exigem evidências, argumentações, lógica, provas e etc. Estamos num mundo de resistência ao transformismo íntimo da substância. De um ceticismo escravo de um comodismo de gozos. E por isso é mister fazer-se claro (claríssimo).

Vamos lá...

Todo o sistema econômico se apoia no substrato material, energético e vivo do planeta. Esses três elementos são a base de qualquer tipo de economia. Não existe economia sem recursos, sem energia, sem transformações, sem deslocamentos e sem trabalho humano. Então, além desses elementos-base (matéria viva e não-viva + energia), há o ser humano que, através de sua mente e habilidades, cria ferramentas e máquinas e algoritmos e inteligências artificiais e construções e saberes que geram um corpo de conhecimento - que se atualiza incessantemente, acompanhando o grau de consciência da média de um povo, nação ou humanidade. Pode observar qualquer coisa que ocorre neste planeta: não tem como existir uma economia imaterial. 

Sim: podemos ter uma economia intangível, imaterial, em que 90 ou 95 ou 98% do PIB seja oriundo de serviços e bens virtuais. Isso no entanto nunca será 100%. Porque nós temos corpos e comemos e fazemos necessidades e nos limpamos e queremos certo prazer e temos doenças e ficamos gripados e precisamos de experiências sensoriais e nos movermos e muito mais. E esses 10% ou 5% ou 2% que restam do PIB de uma economia dessas, apesar de representarem pouco no balanço econômico, são fundamentais para que os outros 95 ou 98% existam. Isso é muito claro para você e eu, meu amigo. Porque somos pessoas pensantes, razoáveis, em busca de uma verdade (e vivência) mais profunda. Mas para muitos economistas, que estudam e atuam e são responsáveis por influenciar o destino de muita gente com seu trabalho e pesquisa e decisões pontuais, o que eu acabei de lhe mostrar é irreal. Não deve ser considerado nos modelos. Porque sempre existe uma solução mágica (para eles) para contornar os problemas. 

Vejamos o diagrama abaixo, da economista Kate Raworth - que não tem a mentalidade do grosso dos economistas.

Fig.1: Diagrama sintético do sistema Terra-Biosfera-Sociedade.

Ele é auto-explicativo. Percebam que sem as entradas externas (do Sol e da Terra) não temos economia e consequentemente desenvolvimento e criações humanas. Sem estrela e planeta, sem civilização. E sempre será gerado resíduos e calor. Sempre. 

Tem economista que modela e simula e planeja e prevê tendo por base que nosso mundo é de fantasia. "Plim!", e aparece uma maneira de eliminar resíduos sem nenhum esforço, sem nenhum custo, sem nenhum sacrifício. Um livro muito bom que mostra como todo o sistema econômico foi estruturado a partir de premissas errôneas é este aqui [1]. Segundo alguns que leram, é um verdadeiro tour de force do autor para demonstrar o porquê de termos crises constantes desde o século XVIII - a despeito de todos esforços em mitigá-las e tentar evitá-las.

Por quê não conseguimos eliminar os problemas?

Simples: porque não existe solução possível e definitiva dentro de um paradigma cujo conjunto de premissas estão equivocadas a respeito da natureza (infra-humana e humana).

Para o economista padrão de nossos dias é tudo uma questão de troca de mercadorias. Oferta e demanda. Basicamente. Resíduos, degradação da energia (=entropia), perda de biodiversidade, aquecimento global e coisas do tipo são problemas inexistentes para esses seres. Porque podem ser resolvidos com tecnologias novas, com ajustes financeiros. Tal qual o mundo das religiões ocidentais monoteístas-criacionistas, o mundo dos economistas é bem simples. As soluções são diretas e efetivas. E muitos creem nesse mundo porque lhes é cômodo. 

Pensar (de verdade) dá muito trabalho.

Quando eu crio valor, preciso converter uma forma de energia em outra - e nesse processo há perda de qualidade da energia, o que chamamos de aumento de entropia. Levo caixas de um lugar para outro, gastando minha energia, e em troca ganho uma quantidade de dinheiro. Esse dinheiro posso usar para comprar alimentos (e repor a energia perdida no serviço e naturalmente, pelo simples funcionamento do corpo), que servirão para mim e minha família, por exemplo. Se eu tiver sido bem pago, posso usar o adicional para comprar um produto pela internet (ex.: um livro), cuja produção exige energia e material, e cujo transporte exige energia e material também - além do trabalho de um ser humano, que está dando parcela do seu tempo para satisfazer uma necessidade que considero importante. Tudo isso envolve energia. 

Até o século XVIII a produção de bens era escassa. Não havia conforto para muitos. Materiais especiais não existiam. Transportes de grandes volumes era inviável. Até mesmo a revolução da internet, da comunicação, digital, das redes, não poderia ter ocorrido - mesmo tendo o conhecimento de hoje - porque era necessário possuir os materiais e as fontes de energia. Pare para pensar nisso um pouco.

Eu me dedico de corpo e alma para divulgar a visão monista de mundo (em especial através da obra de Ubaldi) porque ela se encaixa perfeitamente em todos assuntos que trato aqui (e muito mais). 

Vejamos a Grande Equação da Substância:

Fig.2: Equação da Substância em seu aspecto de irradiação tríplice.

Veja bem a ilustração: ela nos diz que a substância (ômega) equivale às três formas de manifestação em nosso universo decaído (AS). Essas formas são matéria (gama), energia (beta) e espírito (alfa). Suas dimensões características são, respectivamente, espaço, tempo e consciência. Isso diz que aqui (em nosso universo), no nível manifesto ou superficial, tudo é local, sequencial e relativo

A Mecânica Quântica já aponta para uma realidade mais profunda. David Bohm fala sobre variáveis implícitas. O que isso significa é que a realidade, em sua essência, é constituída de um substrato que nossos instrumentos são incapazes de detectar e nossa mente é impotente para conceber. Logo, ignoramos esse aspecto (ainda). Mas cedo ou tarde, seremos forçados a levar a sério o que foi apresentado pela revelação de Ubaldi e pelo pensamento de grandes mentes e corações.

Essas três formas que a substância assume em nosso universo interagem entre si a todo momento. Elas surgem "juntas" e são intimamente jungidas em sua estrutura, em sua dinâmica e possuem uma finalidade. Falo sobre tudo isso porque quero ressaltar que a informação (que podemos ver, grosso modo, como um aspecto inicial de alfa, ou espírito) depende do substrato físico (matéria e energia), para se manifestar e fazer valer o seu conteúdo. Em suma: nosso mundo tecnológico, digital, de comunicação, de redes, não existe sem uma alimentação contínua de energia e renovação material. É como se estivéssemos construindo uma pirâmide e quiséssemos chegar ao topo (estilo Torre de Babel). Quanto mais alto, maior a sofisticação. Mas tudo depende da base. Sempre, até o fim dos tempos - mesmo que cheguemos mais e mais alto.

Poderia ficar escrevendo páginas desse aspecto, trazendo as três gunas do hinduísmo, ou as ideias do taoísmo. Mas foge do escopo deste ensaio. O importante é ter consolidado essa ideia de hierarquia, interdependência e contiguidade entre esses elementos. 

Quando começa a Rev. Industrial (econômica) a questão material começa a mudar radicalmente. Aliada ao Iluminismo (valorização do pensamento e conhecimento racional) e a Rev. Francesa (política), nosso mundo sofre uma transformação sem igual. Apesar de se dar aos trancos e barrancos, no geral as condições de vida melhoram. Ganhamos mais opções, vivemos mais e melhor, temos acesso a informação como nunca antes, crescemos em muitos aspectos. Até mesmo se torna possível, para alguns, adquirirem uma sensibilização para a realidade interior. São duzentos anos de transformação vertiginosa. Mas a questão é que tudo isso era (e é) sustentado por uma base limitada, que ainda por cima traz abalos profundos na biosfera e na geosfera. 

Toda energia que obtemos de uma empreitada deve ter descontada o quanto de energia foi gasto para obter essa "nova" energia. Essa é a energia líquida. E quanto mais isolado, inacessível, o recurso, mais energia é requerida. A tal ponto de todo método ficar inviável e nos aproximamos de um retorno próximo a 1:1. Na verdade muito antes disso a coisa já se torna economicamente desvantajosa. 

Nossa civilização depende de fontes fósseis. As civilizações antigas não tinham esse problema. Elas tinham outros que a nossa contornou - às custas de gerar um outro problema. Resolvemos problemas mais psíquicos sem no entanto nos atentar que estamos ancorados numa armadilha física. Isso é bom. Progredimos. Mas não podemos ficar nesse degrau por muito tempo. É preciso agora resolver o problema físico para que o psíquico (espírito) possa desabrochar. Isso passa por resolver a questão energética e ambiental (fortemente jungidas) - e depois a de justiça social.

Fig.3: O desgaste que tanto fizemos ao planeta e a nós mesmos deverá servir para expandirmos nossa consciência. 
Assim estamos cumprindo o semi-ciclo de beta para alfa, ou seja, da energia para a vida para o espírito.
Gerando qualidade intangível com a deterioração da quantidade tangível.

A tese de sempre ser possível substituir um recurso por outro dos economistas está furada porque se isso é feito, o substituto é geralmente de menor qualidade e mais caro. Um beco sem saída. 

A tese de que a escassez de um produto básico o torna caro, e que para resolver isso basta produzir mais dele para barateá-lo novamente, é furada. Porque demanda energia e material, que se tornam cada vez mais caros à medida que se avança na esteira do tempo. O planeta é finito - logo, os recursos também. Quem estudou Ubaldi sabe: vivemos no Anti-Sistema, que é finito...

O problema dos homens de finanças é que eles não enxergam a realidade integral (não querem). E com isso ofendem a essência da vida e os princípios evolutivos. É uma pena, pois poderiam aplicar seus conhecimentos de modo a ajudar essa transição - e não mais dolorosa. 

A Arábia Saudita precisa manter o preço do petróleo alto para sustentar seu modo de vida insustentável - que entre outras coisas exige importar alimentos e dessalinizar água a altíssimo custo energético. Dá para perceber que eles vivem na ilusão-mor. Uma fantasia que irá acabar logo. 

Os preços da energia elétrica já começam a subir na Europa [2, 3]. E com isso, apagões. E com apagões, revoltas. Caos crescente. Que demanda controle crescente em nosso paradigma político. Que demanda desgaste de todos os tipos - e menos tempo ainda para pensar no que causa tudo isso...Parece uma armadilha que nos impede de pensar: quanto pior fica (e pior vai ficar), menos condições para ver à fundo o que realmente acontece. É triste. Mas chegará um momento em que as pessoas verão que não resta nada a fazer a não ser ir à fundo nessas questões. Até aí muito será perdido - mas o importante não é continuarmos sendo involuídos que gozam, mas sermos evoluídos, nem que sofredores. 

Dada a realidade presente, as fontes renováveis não são a salvação da humanidade. Nem sequer um amortecedor bom. Elas seriam se começássemos a reduzir a economia desde 1970. Mas, ainda assim, apenas um amortecedor. Os motivos eu apresentei aqui [4] e aqui [5].

Percebe, meu amigo? A questão exige algo muito mais interior do que exterior. É gostoso acreditar que uma coisa externa (tecnologia nova, novos processos, novos materiais, até mesmo novos rearranjos) irão resolver nosso problema definitivamente. Mas não. Porque um mal psíquico só pode ser resolvido no campo psíquico. É preciso mudar a forma mental. 

Além de tudo isso, é preciso lembrar que a extração cada vez mais desesperada só piora a situação e nos força a nos prepararmos para um declínio (iminente) de um ponto mais alto: a água doce fica inutilizada com a extração de minérios como o cobre, por exemplo - essencial para nosso sistema. Os motivos podem ser encontrados na fonte principal, logo aqui [6]. Obs.: veja os cinco pontos dessa dinâmica para compreender o porquê disso.

É uma realimentação positiva. Ou seja, quanto mais intenso num sentido, mais no outro, fazendo a amplitude dos preços de itens fundamentais (commodities) aumentar cada vez mais.

Fig.4: Super-ciclos dos produtos básicos da economia. Fonte: [7]

Vamos entender esse gráfico (Fig.4).

Ele mostra a variação percentual em relação a um valor-base de quatro variáveis fundamentais de nosso sistema econômico: petróleo, metais essenciais, matéria-viva e produtos agrícolas. Eu, como engenheiro e professor de engenharia, vejo quatro variáveis cujos preços oscilam periodicamente. E a amplitude cresce a cada ciclo. Isso é um sistema com realimentação positiva (instável). Como as variáveis são finitas (e nossos bolsos, limitados), a expansão da amplitude dos preços não pode se perpetuar para sempre. 

Mas o gráfico está um pouco confuso. Há quatro variáveis - cada uma com uma cor. E três delas parecem nem oscilar tanto. No entanto, não se esqueça meu amigo: elas estão profundamente relacionadas. O comportamento da mais proeminente tende a ditar a marcha geral do quatrilho. Então pode ser observada a mesma realidade num novo gráfico.

Fig.5: Super-ciclos dos produtos básicos da economia. Fonte: [7]

O gráfico acima (Fig.5) soma os ciclos das quatro variáveis (quatro em um). Ele dá uma curva, que revela a tendência geral. A soma faz sentido, pois as variáveis estão acopladas (= relacionadas entre si). 

O que vemos agora são os super-ciclos de nossa economia global. Já tivemos três e estamos vivenciando o quarto. Nosso sistema econômico não possui amortecimento algum. E além disso, ele se auto-excita, fazendo as oscilações crescerem de amplitude. Essa auto-excitação é inerente à lógica econômica por motivos que não cabem neste ensaio. Ela tem a ver com atrasos (delays) - algo que sempre existe no mundo físico.  

Um conjunto de variáveis finitas não pode crescer oscilando para sempre. Os preços não podem oscilar sem controle. Num dado momento, algo vai romper. Não se sabe exatamente quando, nem de que forma. Mas tudo indica que em algum momento desse século, o tensionamento da estrutura sistêmica irá fazer com que as fibras basilares de nossa sociedade sejam rompidas, com consequências psicológicas que nem sequer podem ser imaginadas. 

Meu trabalho na vida e aqui (que é um dos muitos aspectos de minha vida) é relacionar essa realidade com os princípios gerais do universo. 

Espero estar cumprindo essa missão. 

Referências:

B. This cannot possibly end wellLink: <https://thehonestsorcerer.medium.com/this-cannot-possibly-end-well-9d3ae48a488e>

BEINHOCKER, Eric D. The Origin of Wealth: The Radical Remaking of Economics and What it Means for Business and Society Paperback – September 14, 2007. Link: <https://www.amazon.com/Origin-Wealth-Remaking-Economics-Business/dp/1422121038>


Sustentabilidade - parte 2

No ensaio anterior sobre o tema foi dado um panorama geral da matriz energética global. Relacionamos desenvolvimento, finalidade da vida humana, condições ideais para esse desenvolvimento e finalidade, e alguns detalhes pouco percebidos pelo público em geral. Assim foi dado um significado mais exato do que entende-se por sustentabilidade. O ponto mais importante é perceber que a criação de facetas do novo (que sustenta novo modo de vida) depende do velho (que polui e degrada). E que energia é a base do desenvolvimento humano, mesmo quando atinge-se um estado como o nosso, de bens e serviços menos físicos e mais digitais.

Fig. 1: "Ninguém pode te fazer mal sem sua permissão. A sua felicidade depende de uma pessoa - de você mesmo."
O mesmo se aplica no campo coletivo. A humanidade não é vítima das forças do planeta - ela não soube compreender sua dinâmica e com isso abalou equilíbrios vitais. É preciso compreender...

Agora é momento de, dadas as circunstâncias em que nos colocamos, vislumbrar alternativas para realizar essa transição - como indivíduo e como espécie. Tarefa titância a ser feita por todos muito em breve. 

Como se sabe, a crise política e econômica é efeito da questão energética. E esta é um problema causado pela forma mental humana, que forjou uma lógica sistêmica inadequada a longo prazo. Uma lógica insustentável, que deve ser abandonada o quanto antes para não sermos varridos da face do planeta. A afirmação é grave porque a forma mental dominante é tão teimosa quanto ignorante. 

Questões como essa deveriam ser pensadas e discutidas em grupos com afinco e responsabilidade. Isso geraria atitudes e ações coordenadas da sociedade. Com uma pitada de visão espiritual, o medo de coerções não seria capaz de abalar um povo que toma rumo de seu destino. Porque as pessoas saberiam que o que interessa não são as aparências nem o domínio das coisas, mas a essência e o controle de si mesmo. Um projeto comum nasce e as fileiras se avolumam (quantidade) e adensam (intensidade) naturalmente, criando assim uma massa crítica - e não amorfa. 

É preciso matar o passado para fazer nascer o futuro. Por mais doloroso que seja. É assim que a natureza infra-humana opera. Ela destrói coisas magníficas sem piedade, porém reconstrói ainda mais belo e melhor, num ímpeto de criatividade e vitalidade incessante. 

Nos habituamos a um modo de pensar que não dá resultados realmente úteis. Mas por ser a única maneira de concebermos as coisas, persistimos, variando os modos - mas jamais conseguindo alterar os princípios. Exemplo 1: o trabalho. Acreditamos que mais tempo num local específico, associado a um cansaço, sofrimento, é o que é trabalhar, gerar riqueza. No entanto, estudiosos e pessoas vêm percebendo de forma mais clara que isso não tem sentido. A riqueza é cada vez mais imaterial, sem vínculo ao seu "criador", e tanto mais beneficiará a todos quanto mais difundida for. Mas não apenas isso, mas também filtrada, assimilada, trabalhada e expandida. 

Fig. 2: Nós somos pequenos em termos físicos. Mas é no reconhecimento dessa pequenez que mergulhamos em 
aspectos que demonstram nossa grandeza. Assim parte-se da valorização da matéria para a contemplação das ideias.
Ideias que apontam para uma vivência do espírito para recuperar uma perfeição perdida. 
Fonte: Michael L. Hiraeth Pixabay

Para o evoluído, muitas coisas que ocorrem hoje em dia não tem sentido. Exemplo 2: alimentação. Tem sentido privar pessoas de alimentação saudável porque elas não tem dinheiro e/ou estão desempregadas? Qual o ganho econômico disso? Ter de sustentar massas de miseráveis, que podem difundir doenças, que podem se revoltar, que não conseguem contribuir para o coletivo porque precisam apenas sobreviver em meio à barbárie de uma vida de perseguição, exclusão, humilhação...As condições econômicas não gerariam empobrecimento real de ninguém para dar dignidade aos desabrigados, aos refugiados, aos famintos, aos doentes, aos privados de um mínimo de instrução.

Uma sociedade incapaz de recompensar trabalho de verdade e ainda não gerar empregos em quantidade suficiente não tem o direito de associar aquisição de bens básicos com emprego ou posses. Devemos redefinir o significado de trabalho e aprofundar o significado de riqueza. Devemos saber consumir para não poluir - a alma e o ambiente. Devemos nos desgastar fisicamente pelas coisas que constroem valores eternos. Nada mais, nada menos. 

A energia é uma questão fundamental para o desenvolvimento da humanidade, como percebemos. E dada a nossa situação, seremos forçados pelas circunstâncias da história (que nós mesmos buscamos nos colocar) a realizar feitos inimagináveis. Faremos milagres. Ou melhor, o que antes era encarado como inviável e inaceitável, será colocado como meta e buscado com disciplina e criatividade. É uma questão de sobrevivência não apenas da pessoa, mas de espírito. O despertar de uma consciência latente, de profundidade (intuição), que é sábia e guia a consciência de superfície (razão), que executa. A execução será tanto mais efetiva quanto mais for permitido à intuição coordenar o processo. 

Vamos voltar às bases concretas.

Um artigo muito bom explica em linhas gerais os porquês de não podermos depositar nossas esperanças no que as propagandas falam [1]. Ele começa enumerando os diversos materiais que são a base de nosso modo de vida, e desnuda a situação de cada um deles. De forma resumida:

1. Concreto. Usado para construir casas, estradas, pontes, represas, etc. Para obtê-lo, precisamos fazer mineração de giz, calcário e argila. Depois, aquecê-los a 1450 °C, que é feito usando gás natural ou carvão (muita energia!). Com renováveis não conseguimos atingir essas temperaturas. Esse é o vínculo forte que dá primazia aos combustíveis fósseis. Eles são essenciais ao modo de vida atual. 

A areia - que é base do concreto - também é um recurso não-renovável. E cada vez mais escasso. Inclusive sua extração desmedida e desesperada vêm causando problemas sérios de erosão do solo por todo mundo. Há documentários que tratam especificamente o tema (busquem e encontrarão, agora não me recordo). 

E o concreto não é um material durável. Observe o quão caducáveis são nossas construções. Ou seja, o ritmo de extração, produção e construção deve ser muito intenso, piorando ainda mais a situação energética da humanidade.

2. Ferro e aço. Outro elemento basilar. Todo maquinário de produção, veículos e prédios grandes. Painéis solares e baterias também dependem de aço (a quantidade de aço nelas é relativamente grande). Vincula-se assim fontes renováveis com aço, que por sua vez demanda alta quantidade de calor (=energia) para ser produzido, o que significa alguma fonte fóssil. São 1538 °C para derreter e formar a liga.

A produção de hidrogênio (H2) é muito ineficiente em termos energéticos. Resistência elétrica? Poderia ser gerada essa temperatura por ela, sim. Mas seriam necessários muitos (muitos, muitos) painéis solares ou espelhos solares. Além disso, eles fornecem energia de modo intermitente. E o carvão, apesar de aquecer, libera impurezas. Esse processo poderia ser melhorado, mas sempre à custa de mais energia - o que é cada vez mais difícil num futuro próximo. 

3. Outros materiais. Problemas semelhantes surgem quando observamos vidro, cerâmica e fertilizantes agrícolas. A metalurgia e a química também dependem de altas temperaturas para seus produtos. Calor de uma fonte estável. Porque se a fonte for intermitente (baseada em renováveis), o fluxo de energia para e volta, para e volta, em ciclos, e com isso o material sendo produzido (viga, barra, produto químico, etc.) irá entupir as tubulações ou solidificar nas chaminés, estragando toda infraestrutura. Seria necessária reprojetar e reconstruir toda infraestrutura industrial do planeta.

"Meu Deus!", você pode estar pensando. "Vamos morrer!?". Não, meu amigo. Apenas teremos de nos adaptar gradativamente a um novo modo de vida. Será preciso matar seu eu consumidor, acumulador, de aparências, centrado numa vida de propaganda de margarina. Você mata seu eu inferior e desperta aos poucos seu Eu superior. Você consegue. Eu consigo. Nós conseguimos. Basta aceitar a realidade.

4. Produtos derivados do petróleo. Esse produto é uma fonte de energia mas também um material. Se tornou a base de muitas roupas e equipamentos e coisas que armazenam alimentos e bebidas e etc. Polímeros que permeiam muitas das maravilhas modernas também estão no rol dos recursos finitos. 

Nesse ponto você e eu ganhamos uma certa maturidade acerca do tema. É claro que devemos nos informar melhor sobre certos detalhes. Mas a visão geral está aí, dada, baseada em vozes sérias e competentes que se preocupam com a vida nesse planeta. 

Fig. 3: Não precisa ser assim - mas pode ser assim também. O importante é sentir que as
suas condições são propícias para a sua evolução (interior) e não ofendem de nenhum modo o meio.
Inclusive seu corpo, sua mente, sua família.

Precisamos nos relacionar com os objetos de maneira distinta. E igualmente com as pessoas. É preciso conceber novas formas de trocas. É preciso compartilhar aquilo que não tem sentido exibir ou armazenar. É preciso usar muito bem cada item, dando valor além de sua materialidade limitada. É preciso ganhar estofo psicológico para viver uma rotina menos dependente de coisas que não estarão aí por muito tempo - isso inclusive vale para pessoas.

Temos muito a aprender com esse decréscimo energético e material. É a oportunidade de começarmos a pensar numa nova civilização, cujo foco será muito mais o progresso da espiritualidade do que do bem-estar. 

Segundo a fonte consultada (ver referência), estamos no pico da civilização humana como um todo: jamais houve uma oferta tão grande de recursos, energia, produtos, comodidades e possibilidades. E jamais haverá. Antes era escasso - depois também será. Mas entre o antes medieval e o depois futurista, há a possibilidade de um despertar presente. Um despertar que extraia o melhor das condições, usando tudo possível para melhorar o espírito. Ganhar experiência de vida, saberes, intuições, habilidades, aprendizado, para sedimentar na consciência de profundidade. 

Agora é momento de semear uma visão monista do todo. O que não será destruído é aquilo que tem valor substancial. Aquilo que pode ser "levado" consigo nas inúmeras idas e vindas. É preciso construir algo que vá sobreviver a essa transição. Algo que não dependa de cadeias de produção, grandes quantidades de energia, de tecnologia hiper-sofisticada. Essa é a única construção que vale a pena nos dias atuais. 

Agora vamos aos termos concretos: o que você e eu podemos fazer?

Primeiro, é preciso ter plena consciência do que tudo isso significa. Qual será nossa orientação de vida daqui para a frente? Quais as prioridades? Qual os planos de longo prazo? (10, 20, 30, 40 anos) Em que habilidades investir? Como mudar a forma mental para viver de modo menos dependente de eletrônicos, com menos acesso a transportes, com menor variedade de serviços e bens?

Segundo, é precisamos usar nossos empregos bem. Como assim? Devemos poupar o que for possível e comprar o que é útil. Investir em novas habilidades, adquirir conhecimentos, desenvolver uma percepção mais apurada sobre a realidade - em todas suas dimensões. E, claro, aproveitar de modo equilibrado as benesses de nossos dias (para quem as tem). 

Fig. 4: Seres diferenciados transmitem vibrações diferentes. Se harmonizam com o simples e perfeito.
Seu olhar é mais profundo. Suas atitudes, mais seguras. Seus atos, mais pontuais. Seus efeitos, mais duradouros.
Fonte da imagem: Unsplash [2].

Poucas são as pessoas que possuem uma vida privilegiada, com tempo e recursos. Não me refiro a super-ricos, mas a pessoas cujas vidas possuem uma configuração que lhes dê tempo para pensar, para pesquisar, para o lazer, para planejar coisas de seu interesse, para caminhar, para fazer compras, para meditar, para orar, para se exercitar, para consultar seu médico, para cuidar de sua higiene adequadamente, para cultivar amizades, para realizar estudos, para ler, para ouvir música, para fazer amor, para viajar, para conversar, par debater, para ousar. São poucos, mas existem. Em larga medida essas condições são resultado de uma construção que perpassa vidas. Vem como uma recompensa por um esforço de planejamento e execução, que forja um microcosmo dentro do meio (uma bolha boa) cheia de possibilidades. Isso deve ser aproveitado ao máximo. Deve-se descobrir como aproveitar essas condições. 

As pessoas que construíram seu meio são seres relativamente isolados. Num mar de criaturas que se deixam levar pela força do número (quantidade), das opiniões e das aparências, elas se destacam por sua singularidade. Pela sua graça e coragem. Pela sua inteligência distinta - mais intuitiva do que racional, porém também esta. Suas rotinas são mais flexíveis e livres. Seus gastos, mais orientados. Seu vigor, maior. Sua criatividade, crescente. Suas experiências, diversificadas apesar de simples: elas não requerem grandes barulhos, muitas pessoas, locais distantes para conseguirem ter uma nova percepção do cosmos. São, a meu ver, núcleos embrionários de indivíduos que deverão compor uma nova civilização. São de muitos tipos (extremamente diferenciados, mesmo entre si), porém apresentam características em comuns. Características essas que devem ser os pilares de uma nova civilização.

Como seria uma civilização ecológica? Uma fonte pode nos dar algumas pistas de seus princípios [3]. Vamos mostrar como eles coincidem com as diretrizes apontadas por Sua Voz na Grande Síntese.

1. DIVERSIFICADA= "A system’s health depends on differentiation and integration."

2. EQUILIBRADA = "Every part of a system is in a harmonious relationship with the entire system."

3. HIERARQUIZADA = "The small reflects the large, and the health of the whole system requires the flourishing of each part."

4. RETROALIMENTADA ="Regenerative and sustainable flourishing into the long-term future."

5. SUBSIDIARIZADA = "Issues at the lowest level affect health at the top."

6. SIMBIÓTICA = "Relationships that work for mutual benefit."

O princípio da diferenciação (1º momento) para posterior reorganização, com integração (2º momento) está muito claro em AGS. De fato, o pensamento sistêmico nos revela que a resiliência está intimamente relacionada com a diversidade. 

O equilíbrio é outra Lei universal, bem destacada em AGS. Não há nada (nada) isolado no Universo. Nem indivíduo, nem fenômeno, nem coisa, nem ideia, nem coletividade. Tudo possui uma relação com o todo. Uma relação dinâmica que aponta para uma progressividade, rumo a uma meta (destino). Um regresso a um não-local, atemporal, no Absoluto. Tem relação com o aspecto dualista do cosmo, que aponta para polaridades que interagem continuamente, em todos os níveis, de todas as formas, a todo momento, co-evoluindo.

A hierarquia é natural e uma característica sistêmica. O que está em cima é como o que está em baixo, e vice-versa, já dizia um dos sete princípios herméticos. Sua Voz deixa isso cristalino, e explica cientificamente, com a linguagem moderna seu significado: trata-se de uma organização fractal, em que o pequeno reflete e depende do todo - e o todo expressa os pequenos e depende deles também. Logo, todos seres devem ter o necessário para cumprir sua função.

A realimentação implica que há uma comunicação saudável entre as partes. Isso requer compreensão e interação (profunda) contínua. Ela viabiliza o caráter cíclico de uma civilização, que assim passa a seguir o fluxo dos movimentos fenomênicos. Esses movimentos são constituídos de: ciclos, oscilação e progressão. É a trajetória evolutiva em nosso Universo. É geral, e portanto uma civilização só se beneficiaria ao se alinhar a esse princípio.

Subsidiarização é uma aspecto de solidariedade. Pois num sistema verdadeiro, tudo é orgânico e portanto há necessidade de auxílio constante. Assim que a parte mais saudável percebe que outra parte está com algum problema, ela se apressa em socorrê-la. Algo bem diferente da lógica do mundo presente. Mas no entanto não há saída para nossos problemas se não adotarmos essa filosofia de vida.

A simbiose ocorre quando ambas as partes são beneficiadas com uma interação. Não precisa ser na mesma moeda, quantidade ou imediata. Mas deve ser uma retribuição de mesma qualidade. Isso aponta para substância. Construindo relações simbióticas estaremos reproduzindo um dos aspectos da Lei de Deus. Reproduzindo esse aspecto, estaremos nos alinhando. Nos alinhando, evitaremos contratempos - a Lei não precisara atuar para nos corrigir, e a dor diminuirá. Simples, certo? A implementação é que é (ainda) difícil, penosa.

Por quê? Porque ainda não percebemos a vantagem que isso nos trará.

No livro The Limits of Growth (1972) foram simulados vários cenários possíveis para nosso século. Trago aqui um deles em forma gráfica.

Fig. 5: Previsão obtida pelo Clube de Roma, revelando o progredir das variáveis de nossa civilização.
Fonte: [4]

Perceba que estamos chegando num ponto de máximo, com consequente queda. As dinâmicas se interrelacionam - as variáveis se afetam. A disponibilidade de alimento (per capita) diminui, assim como a produção industrial. Isso afetará o modo de vida de todos. Uma configuração social mais avançada precisará ser implementada se quisermos construir algo melhor nos futuros séculos e milênios. E pode ter certeza, meu amigo, que para isso se dar será necessário abraçar o aspecto mais abstrato, mais espiritual, mais singelo, da existência. Porque na verdade, o que é visto pelo involuído como abstrato é a realidade mais concreta que existe - e a concretude de hoje é apenas um efeito final de uma forma mental situada no plano hiperpsíquico. 

Perceba que a poluição também irá diminuir -forçosamente, pois sem recursos naturais não há produtos industrializados (ao menos não na quantidade que muitos fantasiam). E sem essa saída industrial a poluição cai. É aprender por força das circunstâncias (via dor, como Ubaldi nos mostrou).

Uma outra figura nos dá ideia de como reduzir a pegada ecológica está abaixo.

Fig. 6: O que fazer para reduzir seu impacto no planeta. Fonte: [4].

Sim, meu amigo, é sobretudo uma questão demográfica: se quisermos manter um nível de vida aceitável para tudo e todos, é imperativo ter uma mentalidade de que devemos ser naturalmente mais controlados em termos de natalidade. 

Qual é o maior impacto para o clima no planeta Terra? São os carros? São os aviões? As indústrias? As termelétricas? As centrais nucleares? A dieta da carne? Na verdade o que gera cada mal em cada campo é o ser humano - dado seu atual nível de consciência. Por isso ter um filho a menos é o que causará maior impacto para melhorar as condições climáticas em nosso planeta. Nossa inconsciência nos torna a gênese de nossos males, que se manifestam em várias facetas (todos itens abaixo do primeiro).

Calma, meu amigo. Não estou pedindo para você se suicidar ou rezar pela guerra ou uma catástrofe sanitária ou qualquer coisa do tipo. Estou apenas apontando que devemos adquirir uma mentalidade mais madura da realidade. Não significa não ter filhos, mas tê-los dentro de suas capacidades de criá-los (e da sociedade albergá-los); significa ter filhos pensando que vocês deverão trabalhá-los, passando valores eternos e substanciais, que os tornem cidadãos do Universo; significa perceber que a finalidade última da vida não é se reproduzir o máximo possível (mesmo que as condições permitam) nem comer o máximo e conquistar posses, mas evoluir - coisa que eu já expliquei o que é no ensaio anterior. 

O colapso é algo iminente, porém é um processo. Sendo um processo, temos um certo tempo para irmos nos adequando à nova realidade. Ao longo de nossas vidas - e da vida de nossos filhos - muitas mudanças deverão ocorrer. São tendências, não certezas. Porém, muito prováveis. 

Um erro que NÃO deve ser repetido nos próximos séculos e milênios e além é vincular o sistema financeiro à economia real. Quando recompensamos com riqueza uma atividade que não gera riqueza, estamos distorcendo coisas. Comprar e vender ações não é algo produtivo e não deveria enriquecer. 

Você pode dizer que a pessoa está tendo um trabalho imenso ao estudar, gastar tempo e recursos para saber quando vender e quando comprar; que ações comprar e vender; em que quantidade e etc. De fato, dá muito trabalho fazer day trade de forma a viver dele. Mas isso não significa que a atividade seja socialmente útil. É apenas individualmente útil - às custas de uma dívida que se coletiviza e será paga no futuro pela sociedade como um todo. Sendo assim, até mesmo o indivíduo está se endividando - uma vez que terá uma parcela do débito coletivo.

Não entrarei em detalhes porque o ensaio se alongaria demais. No entanto, convido você, meu amigo, a estudar as relações e a dinâmica disso que foi dito mais à fundo. Chegarás à conclusão de que se trata de uma atividade insustentável. 

Essa cisão entre economia real e finanças virtuais ocasionará uma ruptura do sistema econômico. O preço do alimento será maior, e o desemprego irá explodir para níveis ainda maiores do que os atuais. Com isso a população irá diminuir - é o que digo, ou fazemos o certo por bem, ou por mal...

Com os recursos minguando rapidamente (minérios e fontes de energia), o que temos de infraestrutura (pontes, túneis, fábricas, casas, apartamentos, praças, pontes, rede elétrica, etc.) irá deixar de ser substituída. Uma lenta deterioração de nossas construções ocorrerá. A manutenção será cada vez mais cara até o ponto em que ficará inviável qualquer reparo. Mais apagões ocorrerão devido à não-manutenção (sim, meu amigo, a rede elétrica, para transmitir, precisa de materiais, que para serem colocados e produzidos dependem de energia...).

A partir de 2030 ou 2040 teremos de buscar independência da rede de energia. Será cada vez mais comum pessoas esquematizarem pequenos aerogeradores domésticos, baterias. Quem puder irá aproveitar água das chuvas e pequenas quedas d'água. Não terá muito mais sentido consumir muito de internet - as pessoas não terão tempo para navegar nas redes sociais. Os eletrônicos deverão ser parte cada vez menor em nossas vidas (por realidade social e condições materiais). Um futuro pouco tecnológico. Para alguns é a morte. Para outros, a oportunidade de despertar mais...

Noah Yuval Harari irá se decepcionar ao perceber que a humanidade não encontrou uma fonte milagrosa para continuar se perpetuando nos moldes hodiernos. Em seu livro Sapiens, ele destacou que provavelmente a humanidade encontrará alguma maneira de obter mais energia e recursos. Afirmava assim, tranquilamente, baseado nos saltos históricos dos últimos século e milênios. Viu as coisas como lineares. 

Guerras grandes serão inviáveis por falta de materiais e recursos. Sem energia não há destruição via guerra. Sem manutenção não há ataques grandes, coordenados e vigorosos. Ponto para a Lei.

A biodiversidade irá minguar em latitudes equatoriais. Em outras também, mas o maior impacto será sentido na região do equador. 

A natalidade minguará por opção de não ter filhos (ou ter menos) mais do que por mortes - quem irá querer se reproduzir sem renda fixa ou condições adequadas? Haverá muito trabalho a ser feito para manter a vida. 

Deverão surgir comunidades que se baseiam em energia dos ventos e solar. Tudo deve ser local e orgânico. Agricultura de larga escala, impossível. Poucos eletrônicos. Pouca internet. Será um tempo mais natureba. As pessoas deverão saber ocupar o corpo e a mente e o espírito de forma criativa. Ponto para a Lei. 

As pessoas serão forçadas a se distraírem com coisas que outrora ignoravam. Quem sabe nos poucos momentos de acesso que tenham encontrem uma série de ensaios que apontem para diretrizes de uma nova civilização. Um espaço virtual que já estava colocando os alertas, as diretrizes, os princípios gerais do ser e do cosmos. Quem sabe...

Após a metade desse século é difícil saber exatamente o que acontecerá. Convido o leitor a ler a referência principal, que faz uma previsão para os próximos milênios, em linhas gerais. 

De tudo isso o que mais me interessa é extrair os aprendizados que possam nos levar a uma nova civilização. Centrada no espírito. Isto é, com uma consciência mais profunda dos fenômenos. Que saiba da fenomenologia universal e que se importe em compreendê-la cada vez mais à fundo. Que aplique em seu quotidiano os grandes princípios diretivos da vida. Que seja moral sem aparentar. Que seja amorosa sem forçar. Que seja eficiente na raíz. Que seja evoluída nas atitudes e nos atos. Que seja criativa nas combinações e superações. Que seja verdadeiramente nova.

Quem sabe...

Luiz Marques deu uma aula que mostra o que ocorrerá e o que podemos fazer para a transição ser mais suave.

Referências:

B. True sustainability - part 2. Link:<https://thehonestsorcerer.medium.com/true-sustainability-part-2-d275e7c9be6b>

JEREMY, Lent. Whats doe's an Ecologycal CIvilization Looks Like? 16 Fev, 2021. Link: <https://www.yesmagazine.org/issue/ecological-civilization/2021/02/16/what-does-ecological-civilization-look-like>

MARQUES, Luiz. CONSTRUINDO O SOCIALISMO AUTOGESTIONÁRIO | AULA 2 - SOBREVIVER AO CAPITALOCENO. Link: <https://www.youtube.com/watch?v=UPg5zRjbXbI>