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quinta-feira, 7 de abril de 2022

Existimos para evoluir

Nós nascemos por algum motivo. Nós surgimos como um salto quântico de uma longa concatenação de uma cadeia contínua da elaboração da forma. Como indivíduos e como unidades coletivas. 

Quando digo 'nascemos' não me refiro ao fato de um espermatozóide ter fecundado com sucesso um óvulo, atingindo seu núcleo e iniciando o processo de elaboração orgânica. Me refiro ao fenômeno do nascimento como um princípio que governa o nosso Universo e está imerso de modo muito profundo no campo daquilo que se denomina vida. 

Por quê nascemos para depois morrermos? Tudo que foi realizado nesse intervalo valerá de alguma coisa se todo nosso ser estiver contido nesse intervalo finito e tremendamente diminuto? Será que o que interessa na vida é reproduzir pensamentos, fugir da dor, gozar o máximo possível e acumular ilimitadamente? Isso é fazer algo? Ou será que (isso) é apenas seguir uma tendência instintiva, que no âmago aponta para uma inércia espiritual - que não deseja expandir a única coisa que, se expandida, jamais retorna ao seu estado anterior (contraído) e subsiste após a morte (física)? Essa 'coisa' seria a consciência.

Então podemos definir 'evolução' como a elaboração da substância própria do ser (Espírito) através de sua manifestação na esteira do espaço-tempo, tanto no plano físico quanto no plano extra-físico - sendo ambos os planos pertencentes ao domínio do AS, e o último composto de matéria muito mais sutil do que aquela capturável pelos nossos instrumentos.

E para realizar de modo fidedigno essa elaboração, é imperativo usar os recursos terrenos (status, habilidades, competências, saberes, energia, emoções, conhecimento, recursos, ocasiões) em prol da expansão da própria consciência - que por efeito irá transbordar numa vivência mais ousada e inteligente, que avança a passos largos sem medo de cair, pois sabe que sempre será capaz de se reerguer, de modo cada vez mais majestoso. Isso é a característica dos sistemas naturais: se destruírem para renascerem de modo cada vez mais belo. Ou seja, na natureza a destruição só ocorre sem 'preocupações' porque ela sabe (inconscientemente, de modo automático) que sempre haverá uma reconstrução. Isso é renascer.

Fig.1: Seja conservador na matéria, porém progressista no Espírito. Isto é, viva de modo simples e frugal; 
não ostente nem aparente ser o que você não é; valorize os singelos momentos da vida; se associe com pessoas 
que querem se melhorar.

Então, a partir dessa definição, que aliada a uma perspectiva vasta que transcende as questões humanas e éticas, podemos afirmar seguramente que existimos para evoluir. Porém, não basta entender isso mentalmente: é preciso viver isso a cada momento da vida. E para isso é imperativo: 

1º) já ter passado por certas experiências (dolorosas) de vida e; 
2º) a partir delas, ter absorvido o seu significado.

Sem essa queda (caracterizada por uma des-ilusão das coisas) inexiste aquele impulso que irá nos levar a um novo patamar de compreensão da realidade suprema. Sem esse golpe da vida dificilmente será possível adquirimos novos poderes - que são percepção, autocontrole, coragem e criatividade. Poderes que ninguém pode tirar de nós. Poderes que são conquistas eternas. Conquistas do Espírito. Frente as outras coisas do mundo como posição social, quantidade de bens, aparência, profissão, fama e dinheiro, não há parâmetros para comparação: o infinito e independente Ser vence o finito e mendicante ter.

Tenho grande afeição por pessoas que atingiram uma visão profunda da vida. Uma dessas pessoas é o famoso ator Russell Brand, comediante, escritor, apresentador de rádio, colunista e ativista britânico. Através de sua privilegiada posição social ele faz um esforço homérico para expressar da forma mais eloquente, dinâmica e viva essa visão espiritual do universo exterior e (especialmente) interior. O vídeo abaixo contem excertos de participações dele em programas televisivos. Recomendo as várias entrevistas feitas a várias personalidades em seu podcast.


Meu amigo...é preciso ter estofo espiritual para conquistar efetivamente uma vida (realmente) plena, de significado. Uma vida que seja digna de ser vivida e consiga extrair o melhor de cada situação que seja apresentada - seja ela boa ou ruim. Porque quem foi infectado pelo vírus da evolução substancial se dá conta de que a Lei de Deus tem pressa em fazer com que a criatura retorne ao Seio do Pai. A pessoa se lança em novos projetos de vida. Há um frêmito advindo das abissais profundezas da alma que aponta para novos caminhos, feitos de atitudes revolucionárias e simples. Simultaneamente. Um comportamento inusitado, ousado, criativo, com quedas e ascensões, dando ritmo à subida evolutiva do ser, que acaba por contagiar lentamente o meio em que ele vive e se expressa. Essa é a evolução (do conceito e prática) da revolução. O resultado: uma revolução evolutiva, ou seja, que aponte para o Alto através do alinhamento completo do ser com a Lei, que através das Forças do Alto irá dar todo auxílio para o cumprimento da missão suprema. 

O íntimo movimento frenético da psique só tem sentido se embalado por um senso de destino supremo. É imperativo um Absoluto que guie os relativos. Que ampare toda a multiplicidade fenômenica. Especialmente as criaturas - que lutam, sofrem, sangram, pensam, sentem e amam. 

A lição que Russell Brand nos passa é salutar. Por um lado (primeiro momento), há a questão dos golpes da vida, das decepções, da depressão, que é sintetizado pela queda. Ele era dependente químico (drogado), teve uma vida sexual muito desordenada, a fama lhe veio de supetão e o dinheiro chegava em fluxos massivos: drogas, sexo, dinheiro e fama. Nada disso lhe trouxe felicidade - como ele mesmo afirmou veementemente numa de suas entrevistas. Num segundo momento, há uma re-orientação da vida. Você percebe o que aconteceu. Através da experiência, foi assimilada a lição de que a forma é apenas ilusória e desviadora do Caminho. O Caminho (The Way, como Garrett John Lo Porto diz). Assim surge uma re-significação de tudo e todos. E isso embala todos os atos da pessoa. Atos preenchidos de Espírito Santo. 

Devemos cuidas das coisas materiais somente para que aprendamos a nos desapegar delas - pois se nos apegarmos demais às coisas terrenas, elas nos trairão. E a traição será amarga. 

Isso é o mais fantástico da Metateoria da Queda: essa visão de mundo consegue fundir, coordenar e dinamizar tudo que existe em nosso universo. Junto a ela, a Grande Equação Monista, que é a base de uma nova civilização, deverá forjar o mais completo modelo de toda realidade.

A fusão ocorre pela sua incrível capacidade em eliminar paradoxos de religiões, correntes filosóficas - e mesmo da ciência, estimulando esta a se tornar uma ciência do espírito, aberta ao campo da metafísica e da subjetividade, apontando para o reino do Espírito: o único que subsistirá a tudo. Eliminar no sentido de resolver (não se esquivar).

A coordenação se dá graças a sua rica base conceitual, capaz de fornecer os princípios gerais de funcionamento de nosso universo (para saber mais à fundo, estudar AGS ou, para iniciar, um artigo interessante sobre os Sete Princípios Herméticos). 

A dinamização é viabilizada pela sua eloquente e cálida linguagem, que inspira aqueles já despertos a se tornarem a melhor versão de si mesmos. É o combustível espiritual

Fig.2: A real necessidade do mundo não é proferida pela boca das pessoas. Ela somente pode ser 
percebida através dos sutis gestos de desespero das pessoas, que anseiam por algo incrível, para além deste mundo
mas fortemente atuante nele. O mundo necessita ser alimentado com a Vivência do Espírito

Esses três elementos são essenciais |às nossas instituições; aos nossos projetos de vida (sejam pessoais ou profissionais); às nossas metodologias; a tudo. À humanidade como um todo. Porque atualmente as pessoas / grupos de trabalho / religiões / narrativas / etc. estão pulverizadas entre si (e em si!), numa separatividade desesperadora. Igualmente, há uma desorientação completa (=descoordenação, ou falta de direção suprema), o que dá portas ao desespero. E finalmente (e talvez mais duro de ouvir), constata-se que há uma ausência de vida nas coisas que as pessoas fazem. É como se todo dia - quem já tem essa visão e vivência íntima - a pessoa devesse interagir com uma massa de mortos-vivos: mortos de Espírito, vivos na carne. 

Pois vida é dinamismo! Dinamismo que transforma. Transformação que cria novas formas, e com isso ascendemos - rumo ao Infinito da vivência, à Eternidade da felicidade e ao Absoluto do amor.

Um comentário:

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