Páginas de meu interesse

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Lawrence of Arabia

Como um épico de grandes proporções, se fez necessário contratar um elenco que estivesse a altura dos fatos e personagens históricos que seriam exibidos em tela e, além do mais, era mister que a vida de T.E. Lawrence fosse retratada de modo fiel. Para isso foram contratados historiadores afim de orientar as filmagens, e um mega-elenco foi colocado em cena. Nomes como Peter O`Toole, Omar Sharif, Claude Rains, Anthony Quinn, Anthony Quayle, Alec Guiness, Jack Hawkins e Mel Ferrer estavam presentes nesta produção de grande escala. 

"Lawrence of Arabia" (1962) de David Lean
Maurice Jarre, um compositor francês ainda muito jovem mas extremamente talentoso, foi chamado por David Lean para personificar o espírito do deserto em forma de música, e pode se ver claramente que a trilha sonora de “Lawrence da Arábia” virou um marco. É aquela melodia que não se esquece, fica ecoando em nossas mentes. Sim, da mesma forma que a própria personalidade de Lawrence. Isso era essencial.


Início. A tela está preta, não há imagem alguma impressa nela. Aos poucos começa a ser ouvida uma orquestra, a “Overture” do filme, - algo que o cinema atual deletou por se tratar de algo muito demorado e pouco lucrativo – e logo após se inicia a história propriamente dita, com a câmera fixa filmando Peter O’Toole – ou melhor, Lawrence – fazendo seus preparativos para realizar o que seria seu ultimo passeio de motocicleta. A partir do acidente, durante seu funeral, observamos um repórter fazendo pergunta aos que compareceram à cerimônia e num piscar de olhos voltamos para o início de 1916.

Agora, gostaria de comentar algumas coisas que me deixaram intrigado com essa grande obra.

Primeiro. Quando Lawrence e Dreyden estão conversando sobre a missão do deserto em uma sala, e o jovem inglês está todo animado e diz que será divertido tudo aquilo, vemos uma das passagens mais simbólicas da história do cinema quando ele sopra um fósforo e de repente nos é apresentado o deserto, a Arábia, através do horizonte (bela fotografia). É uma das passagens de cena mais belas e suaves já vista na história da Sétima Arte.


Segundo. O fato de que “nada está escrito”, como diria Lawrence ao howeitat (Sharif), ter sido colocado em prova durante a trajetória em direção a Àquaba é uma mensagem do diretor sobre o destino, a meu ver.


Vejamos bem. O garoto se perde durante algum momento da longa peregrinação e ninguém acredita ser possível existir um modo de mudar o que aconteceu, mas mesmo assim “El Aurens” (como diriam os dois irmãos da história) vai em busca deste e de um senhor no meio do Nefud, correndo o risco de se perder ou ser vencido pelo calor insuportável. Para surpresa de todos, principalmente do personagem de Sharif, o oficial inglês volta com ambos para o acampamento e causa um ar de superioridade.

O que parecia ser um milagre se torna apenas um atraso do inevitável: o homem salvo, pouco antes do ataque a cidade, participa de uma briga entre tribos e acaba assassinando um homem. Antes de saber quem é, Lawrence decide que ele deve punir o assassino por ser inglês e não incitar mais briga entre tribos. Ele acaba matando o mesmo homem que salvara. Depois, ao seguir para o Cairo com os dois irmãos, após a conquista de Aquaba, este mesmo garoto more na areia movediça. Ou seja, para mim, Lean quis dizer que aquilo que está escrito não pode ser alterado e a vida deve seguir seu ritmo natural. Achei muito interessante a forma de demonstrar isso. Fascinante!

Terceiro. O modo de abordar o personagem principal revela um cel. Lawrence interessado em lutar pelos árabes, pelo seu povo e sua cultura, o que de fato é muito provável ser de fato, pois o jovem oficial inglês era extremamente culto, tendo estudado história, arqueologia e línguas diversas a fundo, se especializando em cultura árabe (uma das razões por terem chamado o refinado Peter O’Toole para o papel). Mas após tanto lutar por uma causa, este percebe que foi manipulado, e em pouco tempo o novo país acaba caindo na mão das potências imperialistas da época: Inglaterra e França – e logo após, e até hoje, EUA.

Enfim, “Lawrence da Arábia” é mais que um filme. É uma sensação, uma mensagem, um mergulhar profundo numa das personalidades mais enigmáticas e fascinantes da História. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário