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quarta-feira, 19 de março de 2014

MONISMO ou DUALISMO ?

Antes de começar, as definições:

MONISMO: vem do grego “mónos” (sozinho, único). É o nome dado a todas teorias filosóficas que acreditam na unidade da realidade. Para quem segue essa linha de pensamento, existe uma única substância fundamental (matéria, ideias,...) que podem assumir vários modos. Por exemplo, o bem e o mal teriam a mesma essência, porém assumiram modos completamente diferentes de – digamos assim – perceber e atuar no mundo. Ou seja, o mal é o avesso do bem.

DUALISMO: baseia-se na presença de dois princípios (ou substâncias) OPOSTAS – Deus-Diabo; bondade-maldade; belo-feio; forte-fraco; etc – irredutíveis entre si e INCAPAZES de uma síntese final.

O meu objetivo aqui é justificar a minha crença no monismo. Farei isso baseado no pouco que estudei e vivenciei até hoje.

Segundo Humberto Rohden [1] o CRER é precursor do SABER. E o IGNORAR é precursor do CRER. De forma que temos a seguinte gradação evolutiva num ser:

IGNORAR → CRER → SABER

Muitas pessoas já sabem diversas verdades (ainda que superficiais) a respeito do mundo material. E sabem operar razoavelmente bem nele – e do ponto de vista dele. Mas antes que essa sapiência fosse assimilada foi necessário um extenso trabalho de mentes que ignoraram por muitos anos verdades que hoje são tidas como irrefutáveis. Essas mentes, cansadas de ignorar – e já sentindo algo a mais – passaram a crer na existência de Leis. Logo abaixo de seus pés. Dos pés de todos nós (estou sendo metafórico). E apoiados em verdades consolidadas e em vias de consolidação, atingiram o saber. E o passar dos séculos permitiram a propagação desse saber para milhões – como por exemplo as leis da física, da biologia, etc.

Humberto Rohden: filósofo, educador
e teólogo. Precursor do espiritualismo
universalista.
No entanto, – e infelizmente – isso não significou sabedoria plena. Porque a verdadeira sapiência envolve um campo ainda pouco sondado: a espiritualidade.

No campo espiritual (mais profundo, mais desconhecido), a maioria das pessoas está no primeiro estágio (ignorância). Mas muitos já creem em Leis ainda desconhecidas. Intuem que existem assuntos “vazios” que valem a pena ser discutidos; caminhos estranhos a ser percorridos; ideias a serem revistas; e loucuras do tipo.

Quem compreende e vivencia a espiritualidade já sabe sobre o que muitos creem. Esses comprovaram por experiência de vida Leis desconhecidas pelas massas. E tem plena segurança sobre suas concepções de mundo. Pietro Ubaldi [2] e Humberto Rohden são pessoas que chegaram nesse estágio.

Bom...tudo isso pra falar que eu, na posição intermediária – como milhões e milhões – não posso atestar certeza sobre o que vou dizer. Mas é minha ideia sobre o assunto.

Um dualista pode facilmente derrubar os argumentos de um monista afirmando (por exemplo) que o Bem e o Mal são independentes e portanto irredutíveis a um ponto comum. De fato. Mas o que é o Bem e o Mal?

Não existe pessoa 100% má ou 100% boa. Porém percebemos atitudes com intenções integralmente boas ou más. Nesse caso não podemos afirmar que o Bem (ou o Mal) é característico de uma ou outra pessoa. E sim que ele (bem / mal) é uma ATITUDE.

A atitude que leva uma pessoa a praticar uma atitude boa ou má depende de sua história de vida (a), o meio em que está inserida (b) e (principalmente) no que ela crê (c). Crer no sentido de acreditar em algo (amor, felicidade, paz, sistema político, modo de vida,...) para melhorar ela mesma e o seu entorno.

Muito bem. Mesmo sendo uma atitude, até aqui Bem e Mal continuam sendo coisas distintas.

Existe uma palavra chamada “intenção” que serve para descrever os desejos mais profundos de nossa alma quando agimos no mundo. Existem inteções boas e más. Mas se você investigar a fundo o que levou uma pessoa a agir de uma forma – boa ou má – tenderá a descobrir que todos querem o melhor para si – mesmo que muitos (bilhões...) não saibam o que é o melhor para si mesmo.

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Agora, vejam bem:
Quando alguém quer o melhor para si (todos queremos) mas julga que afetar negativamente o entorno para obter esse melhor não é errado, essa pessoa é classificada de má. Será?

Quando alguém quer o melhor para si (todos queremos) mas julga que afetar negativamente o entorno para obter esse melhor é errado, essa pessoa é classificada de boa. Será?
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(se alguém chegou até aqui peço calma. não quero defender o terror.)


Pra começar: sabemos de fato o que é melhor para nós mesmos? Ou buscamos satisfazer nossos sentidos a curto prazo? Não sei...Mas se agimos de modo aparentemente prazeroso a curto prazo e sofremos (por causa do mesmo ato) a longo prazo, mesmo sem nos dar conta disso, acredito que não saibamos o que estamos buscando.

Um outro ponto é: pode-se afetar o entorno negativamente E positivamente, (sim, ao mesmo tempo) dependendo do ponto de vista de cada pessoa sobre a atitude. E então? Como avaliar?

Pietro Ubaldi: espiritualista e universalista.
Escreveu diversas obras sobre filosofia e
religião, sem no entanto se desconectar com
o mundo. Suas obras tangenciam tópicos de
ciências naturais, humanas, lógica, linguagística,
revelando a interconexão entre fenômenos e seres.
O fato da pessoa tomar uma atitude “esperta” num momento provavelmente trará muito arrependimento e prejuízo ao longo dos anos – a reação é lenta mas vem. Essa pessoa “esperta” é classificada de má se usar de violência física para atingir os fins; ou de sagaz se usa de meios comunicativos para atingi-los. Na verdade os dois tipos são iguais em essência (querem ganhar à custa do outro). A diferença é: o primeiro ainda não chegou ao tipo de inteligência do segundo, e este já passou pela experiência do primeiro tipo (em existências anteriores). De um ponto de vista superficial, os dois são mais. De um ponto de vista universal, pode-se dizer que os dois ainda estão na ignorância – apesar do segundo tipo ser valorizado atualmente, justamente porque a grande maioria das pessoas só compreende as leis da sagacidade e crê que estas sejam o máximo do estágio evolutivo humano.

Dessa forma, percebe-se que o bem e o mal são diferentes, porém a substância de ambos é a mesma. A diferença é que um é o avesso da outro.


Essa ideia é difícil de digerir. Ainda mais para quem não dispõe de tempo e energia para pensar nos assunto – e ainda precisa viver outras experiências. Mas vivenciando e constatando os pormenores da vida minha inclinação ao monismo é cada vez maior. 


Referências:

[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Huberto_Rohden
[2] http://pt.wikipedia.org/wiki/Pietro_Ubaldi

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