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sábado, 20 de setembro de 2014

CONSTRUÇÃO DA PERSONALIDADE EM TRÊS FASES

Nós aprendemos constantemente. Nós, seres vivos. Qualquer forma de vida, em qualquer estágio evolutivo orgânico e psíquico. Isso significa que existem inúmeras maneiras de assimilar um conhecimento. E após um processo de estudo que leva à compreensão, uma série de ciclos infindáveis de automatismos se dão. Ciclos responsáveis por internalizar o novo saber e transformá-lo em instintos e faculdades inatas posteriormente.

O processo de aprendizagem é lento. Se o ser já atingiu estágio evolutivo capaz de lhe trazer uma sensibilidade nervosa aguçada, perceberá quão vagaroso e firme é esse processo. Um fenômeno natural, conduzido para uma finalidade superior, com uma Lei universal – que assume várias formas no campo físico, dinâmico e psicológico – servindo como guia. Se a Lei é desobedecida, um alerta é dado em forma de dor. Em seu mais amplo significado.

A Lei é UNA, isto é, redutível a um princípio único. Mas assume uma multiplicidade de formas em nosso Universo. Os seres humanos vão descobrindo cada uma delas, passo-a-passo. Século a século. Tentativa por tentativa. Assimilação por assimilação. Buscam explicação para o que ocorre à sua volta à medida que ganham sensibilidade e exaurem ciclos já saturados. Alguns são pioneiros e trazem novos conceitos, teorias, invenções e sistemas. Artistas, gênios, místicos, santos,...Cada um a seu modo, trabalha para a evolução da humanidade. Seres dispostos a enfrentar tudo e todos em nome de um ideal ou teoria.

Um ciclo não se inicia sem que o precedente esteja em vias de exaurir. Nem poderia ser de outra forma. Antes de fazer faculdade vamos ao colégio, e antes disso ao ensino fundamental. Um casamento surge de um namoro, este de uma amizade, e esta de um coleguismo – me refiro a casos ideais.

Partimos da superfície e rumamos para o íntimo. O modo de criarmos segue o sentido

CAUSA → EFEITO                                                                                                            (1)

Mas descobrimos os fenômenos e as pessoas no sentido inverso, isto é

EFEITO → CAUSA                                                                                                            (2)

Nem poderia ser diferente. Em nosso estágio atual, percebemos pouco. Nossa memória se atém – em sua maior parte e na maioria das pessoas – a eventos de pouca real utilidade. É claro que ainda assim é um fato da vida e (portanto) esse comportamento tem um objetivo maior. Mas os caminhos poderiam ser mais suaves. E o serão, à medida que despertarmos a consciência.

À medida que nos depuramos vamos (re)adquirindo a capacidade de enxergar as causas primárias desde o primeiro momento. Dessa forma torna-se muito mais fácil identificar uma pessoa (relações afetivas, sociais,...) ou um fenômeno (físico, químico, econômico,...). Porque nossa mente já é capaz de captar desde o princípio as potencialidades latentes e em vias de florescer, baseado num potencial de observação ímpar. Eis o mistério dos profetas.

As relações (1) e (2) são apenas uma simplificação. Na verdade uma causa leva a diversos efeitos (tidos como causas para o posterior). Trata-se de uma longa cadeia.

CAUSA 1 → CAUSA 2 → ... → CAUSA N → EFEITO                                                       (3)

Da mesma forma, o mesmo vale em sentido contrário.

EFEITO → CAUSA N → ... → CAUSA 2 → CAUSA 1                                                       (4)

Assimilação. O despertar da curiosidade. 
E as descobertas consolidadas pela ciência seguem uma cadência. Vão sendo feitas em camadas, conforme a relação (4). Essa é a única forma do coletivo da humanidade assimilar racionalmente e poder aplicar em sua vida as novas descobertas. E a partir delas inventar (máquinas, novas teorias, novos conceitos, novos sistemas, etc). O mesmo vale para a relação entre seres humanos, que são como cebolas. Isto é, possuem camadas que vão se revelando para quem possui os sensores adequados.

Finalmente, é possível falar sobre o processo de construção da personalidade divina. Ou, em outras palavras, do florescer do ser espiritual preso dentro de nossa vida orgânica. Trata-se de algo que pode ocorrer simultaneamente e em ciclos sucessivos. Vale para tudo. Trata-se de um processo em três etapas, na qual a predecessora apoia a seguinte.

ASSIMILAÇÃO → REPRODUÇÃO → CRIAÇÃO                                                            (5)

Como exemplo imaginemos a música. Antes de aprendermos a tocar um instrumento musical precisamos ouvi-lo repetidas vezes. E fazemos isso porque gostamos da música. Nos tornamos ouvintes, e passamos a nos regozijar com a harmonia sonora. Essa é a fase de assimilação.

Reprodução. A alegria de experimentar os efeitos da criação.
A seguir, se as condições estiverem alinhadas, a maturidade desenvolvida e a coragem presente, passa-se à fase de reprodução. Nessa fase toda experiência adquirida passivamente, aliada à teorização mental, se lança no terreno da prática. Aí o ser começa a engatinhar no campo experimental, realizando tentativas por conta própria, com (muitos) erros e (poucos) acertos. E isso é muito bom, porque a internalização do erro contém o germen dos futuros acertos. Eis o porquê da máxima “a burrica é a base da inteligência” é pura verdade.

Quando o traquejo reprodutivo estiver consolidado, passa-se à fase da criação. É a coroação de um ciclo. A glória que é tanto maior quando mais elevado for o ciclo. Um estágio em que se encontram os grandes compositores, escritores, cientistas, estadistas e demais gênios, santos e místicos. Nela o ser é capaz de abstrair uma música (por exemplo), passando-a ao papel – sem nunca tê-la tocado, mas sabendo da sua divindade. Na verdade o ser passa a ser uma ferramenta em contato direto com uma entidade elevada, capaz de se elevar para o Alto e receber correntes de pensamentos sobre-humanas, e passá-las ao papel.

A relação (5) é de uma generalidade absoluta. Vejamos o processo em que um garoto conhece uma garota.

Primeiramente (assimilação), há a troca de idéias, conversas, troca de experiências, avaliações baseadas em critérios pessoais e aproximações sucessivas; Depois (reprodução), a vivência conjunta, na qual haverão diversas visões de mundo que se encontrarão pela primeira vez com uma intensidade fora do comum, exigindo paciência e soluções criativas; Finalmente (criação), se a etapa anterior for lidada com habilidade, haverá um intercâmbio de ideias e ideais construtivo, alçando ambas as partes a um novo patamar de existência.

Criação. Inspiração causada por pensamento profundo.
Pura emoção.
Um projeto de engenharia funciona da mesma forma.

Quando desejamos construir uma máquina (ou modelo de simulação), primeiro devemos compreender o que se deseja (requisitos para máquinas / representatividade para modelos). Ou seja, assimilar; A seguir, reproduzimos. Isto é, iniciamos o processo de criação (que ainda não é a dita cuja), utilizando ferramentas e métodos passados. Experimentamos criações antigas para nos (re)familiarizarmos; E finalmente, juntando componentes, sistemas (ou conceitos) diferentes, criamos algo novo.

E assim se dá a evolução do Universo em suas múltiplas facetas. Social, afetiva, sexual, científica, política, filosófica, religiosa, entre outras.

Passo-a-passo. Ciclicamente. Ascensorialmente. Magistralmente. Divinamente.

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