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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

VENCER A SI MESMO

Existe um comportamento sintomático do ser humano que o torna suscetível a males dos mais variados tipos. Trata-se do espírito de competição.

A princípio não há nada errado em competir. O problema está quando o espírito competitivo permeia em excesso a mente, permitindo que um assunto, guiado por esse instinto, invada diferentes esferas da vida, atrapalhando o desenvolvimento das mesmas de forma saudável. E também das relações sociais com nosso entorno. Trata-se de dar um peso além do recomendável a algo. Esse excesso de valorização pode ocorrer por diversos motivos. Um deles (talvez o principal) é o medo do indivíduo em se distanciar do rebanho do qual ele faz parte. Mas a questão central é que nos preocupamos mais em vencer o outro – em alguns casos a qualquer custo, mesmo em detrimento de nosso bem-estar – do que vencer a nós mesmos.

Vencer a si mesmo não é se destruir. É se renovar. É se TRANSFORMAR. É evoluir com o tempo. É uma postura de vida que não se interessa em estabelecer comparações com os outros a todo momento. E muito menos se lamentar ou se achar superior a outro baseado nessa comparação.

Vencer a si mesmo é uma meta sem prazo que, para ser atingida um dia, deve fazer uso de meios criativos e buscar estabelecer COOPERAÇÃO com as outras pessoas interessadas em vencerem – a si mesmas.

Desde que surgiu, a humanidade sempre teve suas ações (individuais e coletivas) voltadas para o aspecto competitivo. Se um povo ou um indivíduo não consegue algo a qualquer custo, seus desejos e rezas se voltam para atormentar aquele povo (ou indivíduo) que buscam e tem mais condições de conseguir esse algo. E geralmente, quanto mais próximo (culturalmente, historicamente, linguisticamente), mais chances de ser o primeiro alvo. Passa-se a querer o fracasso do outro mais do que seu próprio sucesso – que geralmente é obtido à custa dos outros. E o mais tragicômico: nos preocupamos muito pouco em buscar as causas de nosso fracasso e nos reorientarmos. E (principalmente) em desejar o sucesso dos outros. Tensão, desentendimento e conflito. Puro desgaste gerado por falta de estudo, pesquisa e amor.

Somos setas afiadas orientadas umas contra as outras. Os possíveis alinhamentos (grupos) se dão em grande parte por motivos egoístas. Tanto é que logo que um objetivo seja atingido por uma, ou um desentendimento se dê, o paralelismo construtivo se torna num cruzamento desacelerador. E assim caminha a humanidade: a passos lentos e árduos. Tendo a necessidade de errar mais do que o necessário.

O dia em que nos conscientizarmos que devemos nos orientar paralelamente, ajudando o outro ao invés de “vencê-lo”, tudo transcorrerá de forma suave e eficiente. Isso não significa perder nossa individualidade. Cada um de nós é uma seta com características e modos de comportamento singular. Apenas a orientação deve ser alinhada. Orientação vem com conscientização. Conscientização vem com reflexão.

Não devemos cooperar conosco no sentido de acreditarmos que todas nossas atitudes e idéias e sentimentos sejam o ideal. Devemos competir com nós mesmos, expondo nossas idéias a uma arena (com mentes que operem predominantemente no plano de idéias).

Logo, o modelo “Vencer os outros – Cooperar consigo”

Deve ser invertido pelo “Vencer a si mesmo – Cooperar com os outros”

Porque estamos todos INTERCONECTADOS.

A seguinte analogia fará o leitor adquirir uma melhor compreensão do que quero dizer.

Não somos detentores de todas verdades. Cada ser possui uma ou algumas. Uns mais do que outros. Mas isso não é fácil identificar nem é passível de julgamentos, uma vez que outros ainda podem estar numa fase de aprendizado que induz a mais erros.

Não sendo detentores de todas verdades – e considerando o somatório das verdades a chave para alcançarmos a salvação – devemos NOS ABRIR para as outras verdades (pessoas, grupos). E para isso se efetivar, muros e armas não terão o efeito desejado. Isso leva a pessoa a adotar a seguinte linha de pensamento: estudar, relacionar, conversar e se conhecer são ferramentas úteis para o crescimento individual. E isso leva a pessoa a buscar teorias formuladas por uns, idéias propagadas por outros, experiências vivenciadas por outros ainda e compartilhar seus próprios sentimentos e idéias nos meios receptivos a isso.

O fluxo cooperativo inter-seres na horizontalidade cria uma REDE. Cada ser deve pôr sua ideia em pauta (nos ambientes adequados!) e explicar o porquê de segui-la e após uma série de rodadas de observações do meio alterá-la, melhorá-la ou reformulá-la. Isso é um processo individual, que requer MATURIDADE e PERSEVERANÇA. É uma atitude que visa vencer os próprios redutos mentais que estão se tornando engessados.

Quem sobe sozinho sobe na ilusão.
Quem sobe com todos sobe na realidade.

A vitória só pode ser de todos quando todos se ajudam.
A derrota só pode ser de todos quando todos vencem isoladamente.

A transformação mental do ser humano há de comprovar essa máxima.



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