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terça-feira, 18 de novembro de 2014

VALIDAR A TEORIA

Nada é acaso. Tudo é justo.
A personalidade forma o destino.

Todo efeito tem uma causa.
Cada uma dessas causas tem outra mais fundamental.
E assim sucessivamente, até a origem de tudo que conhecemos.
E assim vamos do mais sublime e complexo ao mais elementar e simples.
Descobrindo e relacionando.
Convivendo e comunicando.
Nos divertindo e gerando novas perspectivas.
É a essência da vida.

Para vivermos na medida de nosso potencial devemos estar preparados para qualquer eventualidade. O ditado diz: “quem fala o que quer escuta o que não quer”. Ao mesmo tempo, um lampejo em minha mente mergulha a fundo nessa verdade que se revela incompleta. Me questiono: “então não devemos NUNCA falar o que pensamos (e sentimos)?”. Vejo o mundo, os relacionamentos, os amigos e familiares e digo a mim mesmo “não é verdade!”. Depois, penso no oposto e percebo as contantes tensões que imperam em nosso mundo. E concluo: Essa verdade constata mas não revela os porquês.


Deus é semelhante ao Sol.
Para nós, nesse mundo aparente, nasce e morre.
Mas está sempre lá, provendo energia e nos mantendo
numa trajetória. 
A nossa existência é composta de uma série de ciclos. Cada um deles se inicia com um impulso que nós – e unicamente nós – imprimimos. É análogo ao movimento de uma partícula: damos o impulso e ela segue sua trajetória em função das leis físicas. Esse movimento se extingue quando os efeitos chegam à exaustão. É claro: na vida - especialmente a humana – esse movimento é mais complexo. Não é determinístico. Entram as leis do mundo orgânico e do psiquismo. Biologia, moral, sociedade, economia, ciência, política, amor,...Livre-arbítrio. Liberdade. Pensamento...

Essa conclusão eu já sentia inconscientemente desde minha adolescência. E foi se intensificando cada vez mais no decorrer doas anos. Colegial, faculdade,...Mas nada fazia muito sentido. Eu me considerava louco. As incompreensões e rejeições do mundo, aliadas aos constantes ataques de tensão interiores atestavam isso. Eu estava diante de minha natureza e tentando compreender o mundo. Enquanto isso as pessoas vivam suas vidas tranquilamente, sem grandes problemas. Jovens e velhos. Ricos e pobres. Homens e mulheres. Nativos e estrangeiros. Estudados ou não. Tinham sucesso e se alegravam. E quando isso ocorria parecia que seria pra sempre. Mas logo depois o que era declarado eterno e abosluto caía nos porões do esquecimento. Era apenas uma etapa. Às vezes desnecessária. E quando fracassavam não entendiam o porquê. Ou melhor, viam nos efeitos as causas e declaravam mudança repentina. Mas ela só se sustentava na forma.

Eu comecei a vida que esperavam (a sociedade, as moças, o mundo de sucesso) que eu começasse. Iniciei-a já sabendo os meandros do mundo. Em sua profundidade. Iniciei-a ciente de minha inabilidade em me expressar na língua do mundo. Iniciei-a consciente de que resolveria o problema econômico. E de fato resolvi. No entanto, minha busca sempre foi em sentido oposto: a mim me interessava resolver o problema do conhecimento.

A declaração é pretensiosa à primeira vista. Mas é nela que resolvi a questão do querer-falar / ter-de-ouvir: Se as palavras partirem do íntimo e forem bem intencionadas, não há nada a temer. Sua defesa está feita. Qualquer crítica será absorvida e trabalhada. Coneitos reformulados. Treina-se a capacidade de lidar com as diferenças e compreende-se o mundo (seu e externo).

Diziam que no mundo do sucesso econômico poderia-se resolver esse problema. Não senti isso. Pelo menos em sua profundiade. Mas ninguém declarava nada a respeito. Estaria eu definitivamente louco?

Mas olho o passado recente e vejo um moço feliz nos momentos de maior atividade mental.
Momentos de criação, busca incessante, paixão e estudo. Pura emoção. Isso era vida. Isso era crescer. Isso era saúde. Atividade intensa em momentos inesperados. Atividade concretizada a partir de um ímpeto interior irrefreável. O mundo não poderia parar minha atividade frenética. Nem as moças, nem o dinheiro, nem as baladas, nem as festas, nem o mundo do sucesso (que sucesso? para quem? para onde? para quê?). Era produção por livre convicção. Ímpeto interno. Amor. Curiosidade. Distração. Diversão.

O diagrama que sintetiza a evolução.
Queda e Salvação.
Mas existe a Lei do Equilíbrio. E ela diz: se o espírito está contente e produzindo (para ele e para o mundo concreto), o mundo da matéria, forte, imponente cruel diz: “sem submissão, sem ganhos!”. Mas tudo bem. Por um tempo viver essa utopia foi possível.

Não foi nada além do concebível. Nada revolucionário para o mundo do conhecimento. Mas foi o momento em que o máximo de mim se expressou em forma de ciência e tecnologia.

Muito aquém daquilo que ultimamente vi muitos fazerem.
Mas muito além do que eu jamais acreditei que conseguiria tirar de minha mente e corpo.

Era o ambiente ideal.
Era a época das possibilidades.
O mundo parecia ser o paraíso. Mas o tempo passa e a felicidade que se apresenta é temporária. Mesmo as melhores...

Na vida caminhamos por muitas superfícies e devemos mergulhar em profundidades desconhecidas. Mesmo que saibamos por antecipações biológicas que essas – profundidades – comprimam nossa alma (inconscientemente, claro).

E assim iniciou-se um novo ciclo.

Na busca pela estabilidade no mundo renunciei à alegria do saber. Renunciei à liberdade (ou muitas delas). Renunciei ao tempo e à energia. Conhecia as leis férreas que governam a vida, e portanto fiz uma escolha consciente. Mas já pressentia como seria o fim do novo ciclo...

O tempo passou e o idealista recuou. Ele descobriu que a sinceridade é algo muito perigoso. O mundo não acredita nela – em sua essência. Os que querem acreditar, exigem mil demonstrações de persistência da parte de quem parece portá-la. Logo, o esforço para dar um passo exige cem vezes mais do que o normal. Neste mundo. Novo mundo. Mundo real. Mundo que paga. Mundo de paz e liberdade na superfície. E com isso dificulta-se a produção. 

Tentativas de persistir no ideal. Inúmeras. Teimosia, ingenuidade. Esforço incessante em manter a atividade cerebral no ritmo anterior. Estudos e amor ao saber. Nem o melhor, nem o pior. Apenas (talvez) o mais interessado. Vontade infinita. Essa era (e é e será) minha natureza. E – acredito – a de todos. E manter conexões. Mas o esforço para pertencer ao meio custava muito. Havia algo de errado. Era contraproducente.

O golpe máximo veio em momento crítico. Retração seguida de rejeição. Reagir fora dos padrões custou caro. Mas era o comportamento natural. Foi a centelha que culminou em esgotamento nervoso.

E veio o que acreditava ser o amor, que nada mais se revelou como desespero (ela) aliado à desorientação (eu). As perdições são tão boas em unir quanto em cindir. E eis que assim aconteceu.

Nada mais seria feito. Nada seria criado. Nenhum perspectiva, eu pensava. Depressão sem horizontes. Negativo dentro, negativo fora. Causa e efeito.

O tempo passa, o ambiente muda.

Cheio de temor caí num novo ambiente. Mais um passo na profundidade do mundo. E – para mim – mais um passo distante de um mundo que sinto ser o meu. Nem melhor, nem pior, mas apenas adaptado à minha natureza. Um mundo que vivi por um breve período e que me deu uma visão.

Agora teria outra visão. Dias, semanas, meses,...O tempo escorria pelas mãos. Mas ainda havia energia. E vontade. E dores do passado. Decidi começar a escrever. Loucamente, honestamente e profundamente. Não queria aparecer. Desejava apenas me salvar. Colocar pra fora. E quanto mais experiências difíceis, mais matéria-prima. Usei os golpes do mundo para criar um mapa construtivo de minha personalidade. E com isso orientar minha vida.

Se lançar no desconhecido se apoiando no sentimento.
Sentimento sincero, profundo e testado.
Sentimento validado que gerou teorias.
Teorias a serem validadas...
O conhecimento que fui adquirindo cresceu exponencialmente. Conseguia prever passos e perceber o que as pessoas queriam dizer. Imaginava as consequências. Depois, descobrindo novos autores, pude encaixar teorias que nunca ensinaram na escola nem no mundo prático nos meios em que frequentava. E elas explicavam magistralmente a humanidade. Claro, de início parecia que havia um furo aqui ou ali. Mas era apenas falta de sensibilidade aos detalhes. Sensibilidade que fui ganhando com o acúmulo de marteladas.

Me afastava do mundo mas não desejava. Queria segui-lo. Queria compreender as pessoas. E tentava e tentava. Mas simplesmente não sabia. Pareceia que qualquer gesto de sinceridade seria a ruína. Fiz pequenas tentativas, sem muito sucesso. E me contentei em cumprir meu dever.

Com o tempo comecei a me manifestar. Cheio de energia (muita energia), mas respeitando o mundo à volta e o poder. Mas sempre era uma visão destoante da média. Busquei minha loucura mas não a encontrei – devia estar muito bem escondida...

Expus minhas idéias na arena, esperando as críticas. Dessa vez, elas vieram fortes e construtivas, mas bem intencionadas. Diferente da primeira fase desse novo ciclo, tive a oportunidade de me manifestar sem sofrer represálias. Era o que queria: voz. E ela tinha preço.

George Bailey diante da áspera realidade do mundo.
Quando expomos uma visão quase inconcebível devemos saber o que estamos fazendo. No meu caso era necessidade de manifestação. Era a via que encontrei de fazer parte do mundo. De aliviar os outros mostrando que eu falava – mesmo que de coisas longínquas. Era não intencional na gênese e planejamento mas consciente na condução. Eis a energia vital de que necessitava para atuar bem no mundo visível. Antes não ocorreu, porque era livre e podia exercer minha individualidade – me conhecer. Nenhuma tensão interior.

Realizei a maior descoberta da minha vida: Pietro Ubaldi. Uma visão dos últimos problemas. Palavras que tocam o fundo da alma, com uma força de natureza inominável. Apenas quem viveu apocalípticas maturações interiores é capaz de se encantar com as afirmações. E com isso calma e conforto. Passei a depender menos de pessoas, e compreendê-las mais. Falei menos, ouvi mais. A vontade de ser visto diminuiu ao passo que a de compreender aumentou. Eis o equilíbrio agindo na vida!

Ao mesmo tempo o meu destino parecia cada vez mais claro. Não podia deixar de seguir a força interior que se revelava a cada dia mais forte. Era um tambor batendo em minha cabeça. Intensamente. E cada livro trazia uma visão de um fenômeno. Do micro ao macro. Ciência e Fé. Filosofia e Arte. Sentimento e Razão. Tudo explicado através de uma orquestração de palavras ímpar. Foi o acontecimento mais fantástico da minha vida. Um evento que deu força para resistir aos mais duros golpes e me sentir seguro diante dos abismos mais escuros e temerosos.

Na vida tudo é equilíbrio. Quem defende uma teoria até às últimas consequências deve estar preparado para vivê-la. É justo. É uma oportunidade que Deus nos dá para provarmos nosso valor. A vivência deve ser proporcional às palavras. É ela que dará credibilidade a elas. E me conscientizando cada vez mais disso comecei a sentir que a minha vida estava em outro lugar. Não eram as pessoas, não era a essência do que se fazia. Era o enorme manto que englobava a todos e me sufocoava e exigia coisas que até hoje ninguém conseguiu me dar uma razão de existir. Apenas: “o mundo é assim”. Mas o mundo, se apoiando em suas teorias e sistemas cai em constantes crises. Econômicas, políticas, sociais, religiosas, científicas. No fundo são diversas facetas de uma só: a crise moral.

Vejo os rostos das pessoas nos momentos de maior regozijo material e sinto almas desejosas de algo a mais. Olhos que desviam da sinceridade por julgarem-na algo de fracassados e fracos. Olhos que desejam a bela utopia mas rejeitam tranformação. Mas é compreensível. A vida deve satisfazer as necessidades da fome e do amor antes de se lançar nas sendas da evolução. Não se trata de títulos ou posses ou conquistas amorosas ou propriedades. Se trata de percepção do mundo. É claro que a mudança desta pode trazer as outras. De forma mais estável e durável. Porque ela é causa fundamental. Percebendo isso o mundo se transforma. Eu aposto nisso até às últimas consequências.

A Lei de Deus é perfeita.
Um ciclo não termina sem que outro esteja em maturação.
A morte de uma vida traz uma nova. Mais livre, mais orientada ao espírito.

Estamos numa caminhada ascensional rumo à perfeição perdida.
Alguns chegaram num nível tão elevado a ponto de se tornarem santos.

Eu busco (muito) menos. Procuro uma realização no campo do saber.
Procuro compreender o mundo e a mim mesmo.
Procuro questionar e melhorar.

Para isso preciso me libertar...

Uma série de acontecimentos se concatenaram de tal forma que não posso jamais ignorar a existência de uma Lei diretora que prima pelo nosso bem. Mesmo que em alguns momentos isso pareça a perdição definitiva.

Mas nesses momentos me lembro de Geogre Bailey* e me sinto calmo. Esse é o poder da arte. Da sinceridade. Do trabalho orientado para as ascensões humanas.

As dores vem em sequência. No momento certo e na medida suportável. Elas são os impulsos que nos permitem ascensão.

Espírito versus matéria.
Conhecimento versus dinheiro.
Liberdade versus escravidão.

Viver mais em função de um lado do que do outro exige conhecer o que se vivencia. Minimamente. E – principalmente – saber para onde se quer ir.

Queda e Salvação.



* http://pt.wikipedia.org/wiki/It's_a_Wonderful_Life

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