Nada
é acaso. Tudo é justo.
A
personalidade forma o destino.
Todo
efeito tem uma causa.
Cada
uma dessas causas tem outra mais fundamental.
E
assim sucessivamente, até a origem de tudo que conhecemos.
E
assim vamos do mais sublime e complexo ao mais elementar e simples.
Descobrindo e relacionando.
Descobrindo e relacionando.
Convivendo
e comunicando.
Nos
divertindo e gerando novas perspectivas.
É
a essência da vida.
Para
vivermos na medida de nosso potencial devemos estar preparados para
qualquer eventualidade. O ditado diz: “quem fala o que quer escuta
o que não quer”. Ao mesmo tempo, um lampejo em minha mente
mergulha a fundo nessa verdade que se revela incompleta. Me
questiono: “então não devemos NUNCA falar o que pensamos (e
sentimos)?”. Vejo o mundo, os relacionamentos, os amigos e
familiares e digo a mim mesmo “não é verdade!”. Depois, penso
no oposto e percebo as contantes tensões que imperam em nosso mundo.
E concluo: Essa verdade constata mas não revela os
porquês.
Deus é semelhante ao Sol. Para nós, nesse mundo aparente, nasce e morre. Mas está sempre lá, provendo energia e nos mantendo numa trajetória. |
A
nossa existência é composta de uma série de ciclos. Cada um deles
se inicia com um impulso que nós – e unicamente nós –
imprimimos. É análogo ao movimento de uma partícula: damos o
impulso e ela segue sua trajetória em função das leis físicas.
Esse movimento se extingue quando os efeitos chegam à exaustão. É
claro: na vida - especialmente a humana – esse movimento é mais
complexo. Não é determinístico. Entram as leis do mundo orgânico
e do psiquismo. Biologia, moral, sociedade, economia, ciência,
política, amor,...Livre-arbítrio. Liberdade. Pensamento...
Essa
conclusão eu já sentia inconscientemente desde minha adolescência.
E foi se intensificando cada vez mais no decorrer doas anos.
Colegial, faculdade,...Mas nada fazia muito sentido. Eu me
considerava louco. As incompreensões e rejeições do mundo, aliadas
aos constantes ataques de tensão interiores atestavam isso. Eu
estava diante de minha natureza e tentando compreender o mundo.
Enquanto isso as pessoas vivam suas vidas tranquilamente, sem grandes
problemas. Jovens e velhos. Ricos e pobres. Homens e mulheres.
Nativos e estrangeiros. Estudados ou não. Tinham sucesso e se
alegravam. E quando isso ocorria parecia que seria pra sempre. Mas
logo depois o que era declarado eterno e abosluto caía nos porões
do esquecimento. Era apenas uma etapa. Às vezes desnecessária. E
quando fracassavam não entendiam o porquê. Ou melhor, viam nos
efeitos as causas e declaravam mudança repentina. Mas ela só se
sustentava na forma.
Eu
comecei a vida que esperavam (a sociedade, as moças, o mundo de
sucesso) que eu começasse. Iniciei-a já sabendo os meandros do
mundo. Em sua profundidade. Iniciei-a ciente de minha inabilidade em
me expressar na língua do mundo. Iniciei-a consciente de que
resolveria o problema econômico. E de fato resolvi. No entanto,
minha busca sempre foi em sentido oposto: a mim me
interessava resolver o problema do conhecimento.
A declaração é pretensiosa à primeira vista. Mas é nela que
resolvi a questão do querer-falar / ter-de-ouvir: Se as palavras
partirem do íntimo e forem bem intencionadas, não há nada a temer.
Sua defesa está feita. Qualquer crítica será absorvida e
trabalhada. Coneitos reformulados. Treina-se a capacidade de lidar
com as diferenças e compreende-se o mundo (seu e externo).
Diziam que no mundo do sucesso econômico poderia-se resolver esse
problema. Não senti isso. Pelo menos em sua profundiade. Mas ninguém
declarava nada a respeito. Estaria eu definitivamente louco?
Mas olho o passado recente e vejo um moço feliz nos momentos de
maior atividade mental.
Momentos de criação, busca incessante, paixão e estudo. Pura
emoção. Isso era vida. Isso era crescer. Isso era saúde. Atividade
intensa em momentos inesperados. Atividade concretizada a partir de
um ímpeto interior irrefreável. O mundo não poderia parar minha
atividade frenética. Nem as moças, nem o dinheiro, nem as baladas,
nem as festas, nem o mundo do sucesso (que sucesso? para quem? para
onde? para quê?). Era produção por livre convicção. Ímpeto
interno. Amor. Curiosidade. Distração. Diversão.
O diagrama que sintetiza a evolução. Queda e Salvação. |
Não foi nada além do concebível. Nada revolucionário para o mundo
do conhecimento. Mas foi o momento em que o máximo de mim se
expressou em forma de ciência e tecnologia.
Muito
aquém daquilo que ultimamente vi muitos fazerem.
Mas
muito além do que eu jamais acreditei que conseguiria tirar de minha
mente e corpo.
Era
o ambiente ideal.
Era
a época das possibilidades.
O
mundo parecia ser o paraíso. Mas o tempo passa e a felicidade que se
apresenta é temporária. Mesmo as melhores...
Na
vida caminhamos por muitas superfícies e devemos mergulhar em
profundidades desconhecidas. Mesmo que saibamos por antecipações
biológicas que essas – profundidades – comprimam nossa alma
(inconscientemente, claro).
E
assim iniciou-se um novo ciclo.
Na
busca pela estabilidade no mundo renunciei à alegria do saber.
Renunciei à liberdade (ou muitas delas). Renunciei ao tempo e à
energia. Conhecia as leis férreas que governam a vida, e portanto
fiz uma escolha consciente. Mas já pressentia como seria o fim do
novo ciclo...
O
tempo passou e o idealista recuou. Ele descobriu que a sinceridade é
algo muito perigoso. O mundo não acredita nela – em sua essência.
Os que querem acreditar, exigem mil demonstrações de persistência
da parte de quem parece portá-la. Logo, o esforço para dar um passo
exige cem vezes mais do que o normal. Neste mundo. Novo mundo. Mundo
real. Mundo que paga. Mundo de paz e liberdade na superfície. E com isso dificulta-se a produção.
Tentativas
de persistir no ideal. Inúmeras. Teimosia, ingenuidade. Esforço
incessante em manter a atividade cerebral no ritmo anterior. Estudos
e amor ao saber. Nem o melhor, nem o pior. Apenas (talvez) o mais
interessado. Vontade infinita. Essa era (e é e será) minha
natureza. E – acredito – a de todos. E manter conexões. Mas o
esforço para pertencer ao meio custava muito. Havia algo de errado.
Era contraproducente.
O
golpe máximo veio em momento crítico. Retração seguida de
rejeição. Reagir fora dos padrões custou caro. Mas era o
comportamento natural. Foi a centelha que culminou em esgotamento
nervoso.
E
veio o que acreditava ser o amor, que nada mais se revelou como
desespero (ela) aliado à desorientação (eu). As perdições são
tão boas em unir quanto em cindir. E eis que assim aconteceu.
Nada
mais seria feito. Nada seria criado. Nenhum perspectiva, eu pensava.
Depressão sem horizontes. Negativo dentro, negativo fora. Causa e
efeito.
O
tempo passa, o ambiente muda.
Cheio
de temor caí num novo ambiente. Mais um passo na profundidade do
mundo. E – para mim – mais um passo distante de um mundo que
sinto ser o meu. Nem melhor, nem pior, mas apenas adaptado à minha
natureza. Um mundo que vivi por um breve período e que me deu uma
visão.
Agora
teria outra visão. Dias, semanas, meses,...O tempo escorria pelas
mãos. Mas ainda havia energia. E vontade. E dores do passado. Decidi
começar a escrever. Loucamente, honestamente e profundamente. Não
queria aparecer. Desejava apenas me salvar. Colocar pra fora. E
quanto mais experiências difíceis, mais matéria-prima. Usei os
golpes do mundo para criar um mapa construtivo de minha
personalidade. E com isso orientar minha vida.
Se lançar no desconhecido se apoiando no sentimento. Sentimento sincero, profundo e testado. Sentimento validado que gerou teorias. Teorias a serem validadas... |
O
conhecimento que fui adquirindo cresceu exponencialmente. Conseguia
prever passos e perceber o que as pessoas queriam dizer. Imaginava as
consequências. Depois, descobrindo novos autores, pude encaixar
teorias que nunca ensinaram na escola nem no mundo prático nos meios
em que frequentava. E elas explicavam magistralmente a humanidade.
Claro, de início parecia que havia um furo aqui ou ali. Mas era
apenas falta de sensibilidade aos detalhes. Sensibilidade que fui
ganhando com o acúmulo de marteladas.
Me
afastava do mundo mas não desejava. Queria segui-lo. Queria
compreender as pessoas. E tentava e tentava. Mas simplesmente não
sabia. Pareceia que qualquer gesto de sinceridade seria a ruína. Fiz
pequenas tentativas, sem muito sucesso. E me contentei em cumprir meu
dever.
Com
o tempo comecei a me manifestar. Cheio de energia (muita energia),
mas respeitando o mundo à volta e o poder. Mas sempre era uma visão
destoante da média. Busquei minha loucura mas não a encontrei –
devia estar muito bem escondida...
Expus
minhas idéias na arena, esperando as críticas. Dessa vez, elas
vieram fortes e construtivas, mas bem intencionadas. Diferente da
primeira fase desse novo ciclo, tive a oportunidade de me manifestar
sem sofrer represálias. Era o que queria: voz. E ela tinha preço.
George Bailey diante da áspera realidade do mundo. |
Quando
expomos uma visão quase inconcebível devemos saber o que estamos
fazendo. No meu caso era necessidade de manifestação. Era a via que
encontrei de fazer parte do mundo. De aliviar os outros mostrando que
eu falava – mesmo que de coisas longínquas. Era não
intencional na gênese e planejamento mas consciente na condução.
Eis a energia vital de que
necessitava para atuar bem no mundo visível. Antes não ocorreu,
porque era livre e podia exercer minha individualidade – me
conhecer. Nenhuma tensão interior.
Realizei
a maior descoberta da minha vida: Pietro Ubaldi. Uma visão dos
últimos problemas. Palavras que tocam o fundo da alma, com uma força de natureza inominável. Apenas quem
viveu apocalípticas maturações interiores é capaz de se encantar
com as afirmações. E com isso calma e conforto. Passei a depender
menos de pessoas, e compreendê-las mais. Falei menos, ouvi mais. A
vontade de ser visto diminuiu ao passo que a de compreender aumentou.
Eis o equilíbrio agindo na vida!
Ao
mesmo tempo o meu destino parecia cada vez mais claro. Não podia
deixar de seguir a força interior que se revelava a cada dia mais
forte. Era um tambor batendo em minha cabeça. Intensamente. E cada
livro trazia uma visão de um fenômeno. Do micro ao macro. Ciência
e Fé. Filosofia e Arte. Sentimento e Razão. Tudo explicado através
de uma orquestração de palavras ímpar. Foi o
acontecimento mais fantástico da minha vida. Um evento que deu força
para resistir aos mais duros golpes e me sentir seguro diante dos
abismos mais escuros e temerosos.
Na
vida tudo é equilíbrio. Quem
defende uma teoria até às últimas consequências deve estar
preparado para vivê-la. É justo. É uma oportunidade que Deus nos
dá para provarmos nosso valor. A vivência deve ser proporcional às
palavras. É ela que dará credibilidade a elas. E me conscientizando
cada vez mais disso comecei a sentir que a minha vida estava em outro
lugar. Não eram as pessoas, não era a essência do que se
fazia. Era o enorme
manto que englobava a todos e me sufocoava e exigia coisas que até
hoje ninguém conseguiu me dar uma razão de existir.
Apenas: “o mundo é assim”. Mas o mundo, se apoiando em suas
teorias e sistemas cai em constantes crises. Econômicas, políticas,
sociais, religiosas, científicas. No fundo são diversas facetas de
uma só: a crise moral.
Vejo
os rostos das pessoas nos momentos de maior regozijo material e sinto
almas desejosas de algo a mais. Olhos que desviam da sinceridade por
julgarem-na algo de fracassados e fracos. Olhos que desejam a bela
utopia mas rejeitam tranformação. Mas é compreensível. A vida
deve satisfazer as necessidades da fome e do amor antes de se lançar
nas sendas da evolução. Não se trata de títulos ou posses ou
conquistas amorosas ou propriedades. Se trata de percepção
do mundo. É claro que a mudança
desta pode trazer as outras. De forma mais estável e durável.
Porque ela é causa fundamental. Percebendo isso o mundo se
transforma. Eu aposto nisso até às últimas consequências.
A
Lei de Deus é perfeita.
Um
ciclo não termina sem que outro esteja em maturação.
A
morte de uma vida traz uma nova. Mais livre, mais orientada ao
espírito.
Estamos
numa caminhada ascensional rumo à perfeição perdida.
Alguns
chegaram num nível tão elevado a ponto de se tornarem santos.
Eu
busco (muito) menos. Procuro uma realização no campo do saber.
Procuro
compreender o mundo e a mim mesmo.
Procuro
questionar e melhorar.
Para
isso preciso me libertar...
Uma
série de acontecimentos se concatenaram de tal forma que não posso
jamais ignorar a existência de uma Lei diretora que prima pelo nosso
bem. Mesmo que em alguns momentos isso pareça a perdição
definitiva.
Mas
nesses momentos me lembro de Geogre Bailey* e me sinto calmo. Esse é
o poder da arte. Da sinceridade. Do trabalho orientado para as
ascensões humanas.
As
dores vem em sequência. No momento certo e na medida suportável.
Elas são os impulsos que nos permitem ascensão.
Espírito
versus matéria.
Conhecimento
versus dinheiro.
Liberdade
versus escravidão.
Viver
mais em função de um lado do que do outro exige conhecer o que se
vivencia. Minimamente. E – principalmente – saber para onde se
quer ir.
Queda
e Salvação.
*
http://pt.wikipedia.org/wiki/It's_a_Wonderful_Life
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