quarta-feira, 27 de abril de 2016

Noam Chomsky sobre Pobreza e Desigualdade na América do Norte

O vídeo abaixo é uma das últimas palestras de Noam Chomsky realizadas por vídeo para a Universidade de Concord.



Ele levanta questões pouquíssimo pensadas em nossa sociedade - especialmente nos estratos mais abastados...o que a meu ver constitui uma vergonha. E se nem sequer pensamos a respeito de algo crucial, imagine colocar em pauta nas conversas. Percebe-se assim que mais condições materiais não implica em mais consciência. Que mais instrução não resulta em mais orientação. Que conforto excessivo só traz desconforto à curto e a longo prazo (o primeiro para o povo, o segundo para o próprio). Que o mundo nos oferece várias distrações para manter uma ideologia aceita e um sistema (embasado nela) operando. Cada vez mais incisivo. Passando para o "natural" o que tínhamos como forçado. Gerando riqueza mal distribuída e mal aplicada. Gerando dinheiro fictício, desacoplado do mundo físico, que no entanto drena energias, saúde, tempo e recursos dos povos deste planeta. Um câncer que se difunde eficazmente graças ao seu anonimato. Que opera no nosso subconsciente, se aproveitando de nossos instintos mais basais para conduzir nossas decisões mentais.

O que Chomsky fala sobre os EUA vale para o mundo. A grande questão é: se o povo norte-americano não começar a agir efetivamente para mudar o estado das coisas, pressionando o governo, revendo conceitos inculcados em sua mente, superando suas deficiências seculares, dificilmente o mundo poderá fazer algo para frear essa onda corrosiva chamada neoliberalismo.

Não...não se trata de um joguinho esquerda x direita. Se trata sobretudo de responder às seguintes perguntas: para onde estamos indo? o que vêm acontecendo? por que as coisas não melhoram? por que tantos se esforçam e só vêem a degradação de sua vida? por que a miséria humana se torna cada vez mais visível ? (tanto a interior, espiritual, quanto a exterior, material).

Vou dar um exemplo de questões pouco pensadas: o que era comumente um pensamento ponderado, aceito socialmente e culturalmente, algo compreendido pela mente racional, como instituir um serviço de saúde público, universal e de qualidade, hoje (nos EUA especialmente) é visto como algo demoníaco, um retrocesso, uma coisa de "vagabundo", que é "desperdício" pelos agentes públicos que deveriam representar anseios da população. Esses agentes foram seduzidos e/ou capturados por forças que operam segundo uma lógica de acúmulo ilimitado. Tudo justifica a lógica do comércio ilimitado, dos lucros exponencialmente crescentes e do desmembramento da consciência coletiva.

Eu realmente espero que o mundo, nós, tenhamos discernimento para tomar as rédeas e frear esses instintos interiores e exteriores que vêm causando miséria e desagregação crescente nos últimos 40 anos.

É óbvio: exploração, injustiça e dor sempre fizeram parte da humanidade. O que diferencia o neoliberalismo dos impérios e ideologias anteriores é sua característica de anonimato. E o fato dele ser uma forma mental que facilmente penetra nosso íntimo (nossa psique), sabe operar dentro dela (da mente), excitando instintos de consumo, de ganância e de gozo. Para que assim possamos agir no plano de trabalho, social e de idéias exatamente como ele deseja: sempre nos segregando, buscando explicações superficiais para problemas agudos.

Ideologia é um finito humano. Ela exerce controle. No entanto, apesar de todas mazelas, elas sempre trouxeram um ideal e desenvolveram algo dentro de nós. Elas permitiram a fixação de conceitos como o de Espiritualidade Moral (Igreja) e o de Justiça Social (Comunismo), mesmo que implementados de forma gananciosa e autoritária. Também o conceito de Liberdade individual (Capitalismo) foi um grande progresso. No entanto, do capitalismo de estado que vigorou de 1930 a 1975 (EUA) e 1945 a 1975 (Europa)*, brota o capitalismo voraz que transforma o Estado num agente que representa interesses difusos e particulares: o neoliberalismo. Eis o ponto histórico onde começa a crise que assola o mundo hoje.

O neoliberalismo opera segundo um paradigma. De nada adianta mudarmos governantes, partidos e mesmo formas de governos (ditadura, parlamentarismo, presidencialismo ou mesmo anarquismo) se não alterarmos a forma de concebermos as relações. Relações entre eu e o meio-ambiente; relações entre eu e o outro; relações entre sociedade, estado e economia; relações entre eu e meus familiares; relações entre eu e minha memória (passado) e meus objetivos (futuro).

Precisamos acima de tudo passar a dialogar com questões inquietantes e rever conceitos tidos (impostos) como ultrapassados. Precisamos fazer um esforço titânico em compreender o que Buda quis dizer com O Caminho do Meio. Precisamos (desesperadamente!) encontrar o nosso Equilíbrio, que é Universal, e portanto será o Equilíbrio de tudo e de todos - podendo se dar de variadas formas, mas sempre substancialmente idêntico.

Precisamos compreender que existe um Absoluto que deve guiar os nossos relativos. 
Que este Absoluto admite os relativos, mas está além de nossas finalidades e aquém de nossas premissas.

Mas o relativo impôs o seu império e não admite uma Verdade Absoluta. Uma meta final...Porque na história sempre tivemos casos de abusos desse discurso. No entanto, sem esse Absoluto estamos indo rumo ao abismo...

O que nos resta então?
Resta-nos saber rever o conceito de Absoluto. Perceber um Absoluto humano mais próximo do Absoluto Divino. Algo suficientemente próximo que possamos adotá-lo e criar um glorioso campo magnético que induza milhões a trabalharem pelo ideal de Unificação e Inclusão. Aí iniciará o Reino que Cristo profetiza.

Tudo isso, se formos ver em sua essência, é uma afronta à ideologia neoliberal, que mercantiliza tudo e todos em prol de uma suposta felicidade.

Estamos diante do maior drama a ser enfrentado pela humanidade.

Adquirimos a capacidade de nos autodestruir.
Conseguimos gerar tanta riqueza material e ao mesmo tempo expandimos a miséria de bilhões e o excesso de centenas.
Desenvolvemos tanta ciência e tecnologia, capazes de gerar conforto e compreensão para todos, e no entanto muitos são vítimas dessas criações humanas...

Ou acordamos em número suficiente,
Ou despencamos em número sufocante.


Esse texto não é para o meu bem.
Esse texto é para o bem da humanidade.

Mas como eu vejo o meu bem como o bem da humanidade, e o bem da humanidade como o meu bem, tanto faz se é para mim ou para o conjunto, porque eu me sinto a cada dia mais integrado a essa grande aldeia chamada Humanidade.



* Um pequeno delay talvez tenha se dado na França de François Mitterand, onde de 1981 a 1995, enquanto na Europa e no mundo surgiam governantes subservientes às doutrinas de livre mercado e privatização, manteve-se uma política de Estado visando a garantia de direitos sociais e trabalhistas em meio a um crescimento econômico saudável.





segunda-feira, 25 de abril de 2016

Para compreender o neoliberalismo além dos clichês

Esse artigo expõe o que eu venho colocando em pauta nesse espaço. Novamente digo: trata-se de uma ideologia - que não se auto-intitula como tal - que possivelmente levará a sociedade a uma regressão de proporções globais. Muitos passarão muito mal. Muitos morrerão. Muitos serão privados do mínimo num mundo que produz mais do que o suficiente para tudo e todos.

http://outraspalavras.net/capa/para-compreender-o-neoliberalismo-alem-dos-cliches/#comment-30719

Muitos já levam vidas sem sentido, pautadas por consumo crescente, relações ocas, conversas vazias. Falas que nada dizem; eventos que nada significam (na substância); projetos de vida contraditórios....Mas essas questões íntimas, profundas, vastas...são pouquíssimo tangenciadas. Nem sequer admitidas. E quando a coisa fica feia demais pra um grupo ou classe de certo poder, geralmente recorre-se a medidas desagregadoras sob vestes belas: perseguição de minorias, redução de benefícios, estratificação social, exclusão via psicológica, alienação no trabalho e consumo conspícuo,...Nada resolve, tudo piora. Por dentro e por fora.

Muito cuidado...Mais do que nunca precisamos de discernimento.

Quem vê o transformismo percebe: estamos diante da nova onda de ideologias. A mais recente (neoliberalismo) será a mais difícil de superar - pois ela não tem rosto, age anonimamente, e trabalha no nosso subconsciente, usando de nossos instintos mais basilares para nos ter como servos fiéis.

Descaracterização da política como ferramenta de organização coletiva, simplificação de conceitos, propagação de meias-verdades, exclusão psicológica lenta, firme e discreta,...tudo isso vem envenenando as pessoas.

Percebi que nos últimos 10 ou 15 anos o acesso a filmes alternativos, de qualidade, que dizem algo sobre nós, sobre a vida, sobre o sentido de tudo, vem decaindo. Fica cada vez mais difícil ter acesso a filmes com conteúdo transformador. Temos muitas opções. Mas muitas delas - cada vez mais -pouquíssimo ou nada dizem. No entanto eu percebo que existem cineastas fazendo filmes verdadeiramente belos, cujos personagens e conteúdos são imprescindíveis para nossa formação humana.

É realmente assustador se pararmos para pensar e ver à fundo. Não queremos ver a Realidade mais profunda - imponderável - porque a julgamos desconectada do nosso mundo superficial dos efeitos. Eis onde reside nossa miséria. 

Apostamos todas as fichas de nossa "salvação" numa vida "feliz", de "vencedores", de "consumo"...
E a partir daí estamos dizendo para nosso Deus imanente: "eu te nego! encontrei a solução...a minha solução, do meu ego luciférico!"

Quando iremos acordar em termos coletivos?

Transformismo é a chave. Precisamos vê-lo e senti-lo para que possamos compreender o que ocorre, porque ocorre. Agiremos na substância para alterar o curso nefasto ao qual nos lançamos ingenuamente há 40 anos - início da difusão da ideologia neoliberal.

É realmente momento de acoplar Reforma Íntima com Justiça Social.

Tempos maravilhosos esses! Cheios de possibilidades. Tanto de destruição quanto de salvação.

Que caminho iremos escolher não sei.

Mas pelo menos tem gente por aí tentando fazer o VERDADEIRO TRABALHO da melhor forma possível*.

Compreenda quem o puder.


* Noam Chomsky, Naomi Klein, Annie Leonard, Vladimir Safatle, Domenico De Masi, Vincent de Gaulejac, Leonardo Boff, Eduardo Marinho, Márcia Tiburi, Jean Wyllis, Guilherme Boulos, João Pedro Stédile, Luiza Erundina, Ladislau Dowbor, David Harvey, ...


segunda-feira, 18 de abril de 2016

Robert Happé: dizendo muito falando pouco.

É impressionante mas nos últimos anos tenho encontrado pessoas cujas concepções de mundo são muito semelhantes às minhas, e não se tratam de coincidências, muito menos coincidências entre finitos. Parece haver algo que começa a irmanar os seres à medida que cada um individualmente inicia uma busca interior e quer fazer o verdadeiro trabalho de transformação.



Assistir certas pessoas falarem pode ajudar muitas pessoas a ganharem a força necessária para vencer a si mesmas e iniciar a transformação do seu entorno. É preciso ter coragem e paciência. Coragem porque, quanto mais bem fizermos (efetivamente e substancialmente!), mais seremos usados e/ou perseguidos ou teremos nossos discursos distorcidos por inconscientes armados das técnicas do mundo. Paciência porque quando adquirimos uma visão sobre várias questões, ganhamos o desafio de correr atrás das ferramentas do mundo para repassarmos novos conceitos.

Trata-se de um trabalho belamente sofrido, que sem dúvida é melhor do que as ocupações prestigiadas que trazem uma horrorosa alegria.

Márcia Tiburi explicitando o implícito que deve vir ao mundo.

Entrevista 1: Correio.

Entrevista 2: Como COnversar com um Fascista?

Duas entrevistas muito interessantes, que revelam pensamentos de Márcia Tiburi - e de muitas pessoas reprimidas que tem muito a dizer e muito a construir num mundo que quer nascer...

A humanidade precisa se abrir para questões mais profundas.
Não por erudição, e sim por necessidade - cada vez mais crescente...

Vincent de Gaulejac. Você conhece seu trabalho?

Um problema (muito) mais grave, e portanto (muito) mais difícil de resolver - e portanto menos comentado...e (pior): menos questionado.




Sem mais...

Os antecedentes da tormenta indicam por onde recomeçar

Diagnóstico nem de "esquerda", nem de "direita" - cujas definições me parecem cada vez mais descabidas - e sim de BOM SENSO.

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http://cartamaior.com.br/?/Editorial/Os-antecedentes-da-tormenta-indicam-por-onde-recomecar-/35982
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A Perversidade da Neutralidade

À medida que constato e reflito e questiono e relaciono as antíteses, muitas das grandes verdades multimilenares vão ficando mais claras à minha pobre mente. O coração começa a ser compreendido pela inteligência. Num grau pequeno. Pequeno mas substancial perto da completa escuridão que ele se encontra na maioria dos seres. Eis que Hannah Arendt [1], com sua tese de Banalidade do Mal [2], esclarece as grandes questões da humanidade, que trazem implicações nos mais diversos campos, das mais variadas formas, em todos tempos e lugares.

Hannah Arendt, filósofa que
elevou a compreensão coletiva
da neutralidade, revelando
a perversidade desta - que está
sendo muito usada pela ideologia
neoliberal..
Existem muitos filósofos(as) que pouco ou nada sabem a respeito do objetivo supremo de sua área. É verdade. Meu blog, para quem acompanha à fundo, não trata de ser um espaço filosófico gostoso, aconchegante, no qual as pessoas - na melhor das hipóteses - possam se instruir e se melhorar...sem grandes incômodos. Não, nada disto. Aqui é espaço de tensão, incômodo. É espaço onde a alma deve arder e os indivíduos devem se auto-tensionar, especialmente o autor. Mas esse incômodo não é gratuito. Muito pelo contrário. Trata-se de um incômodo vulcânico advindo de causas profundas, que se geram por meio de uma série de fatores internos combinados com experiências sensórias exteriores como um filme profundo, uma música, um texto, um gesto,...Os verdadeiros filósofos(as) vivem isso e portanto compreendem as coisas. Eles se submetem à Verdade além de sua ferramenta - por mais poderosa e elevada que ela seja.

Tudo do mundo é corrompível. Mesmo as melhores coisas...

Devemos ter despertado dentro de nós o senso do Sagrado para que possamos orientar todos os finitos, apontando-os para o Infinito. Cada um a seu modo, a seu tempo, duma certa forma. Isso é a Arte da Vida, que diz tudo e fala pouco.

Da mesma forma, temos profissionais que nada sabem de fato de sua área. A questão é que, quanto mais próxima em traduzir os mistérios do espírito, do imponderável e de regiões muito aquém e muito além, o cumprimento fiel ao objetivo supremo se torna mais difícil. E nesse meio caminho muitos param em certo degrau da escada - e são criticados...Mas muitos dos que criticam nem sequer tem a coragem de compreender do que se trata; e se compreendem, dificilmente apresentarão a coragem de realizar uma travessia completa que torne a área desejada - mas não arriscada... - uma verdadeira serva do Infinito, ou, melhor dizendo, das Forças Cósmicas...E eis que muitos não se arriscam a iniciar a Grande Jornada por ver e aridez dela.

Mas alguns se preparam muito. E tentam...

Hannah Arendt era filósofa integral. Ela dedicou sua vida a mergulhar fundo no ser humano, a ponto de construir uma plataforma sob a qual outros poderão adentrar no universo da consciência, em que o divino é acessível e reproduzível - mesmo que por pouco tempo...mesmo que sem a possibilidade de controle racional...E esse trabalho é poder a tal grau que a única coisa que nos está fazendo sofrer mais e mais nos últimos anos é nossa incapacidade de compreender o que ela quis dizer com sua idéia de Banalização do MalCompreender à fundo.

Mas vamos ao que interessa.

A mente humana, em seu estágio atual, opera na dualidade. Essa lógica é produto do intelecto luciférico [3], que necessita do inimigo, da competição, da externalização, para se desenvolver - e satisfazer! A grande questão é: na lógica da dualidade temos o que se chama neutralidade. Esta comumente é vista como neutra, por ser algo óbvioMas na prática, se observarmos bem, essa neutralidade teórica é a característica mais perversa do ego luciférico, que permite o movimento livre de forças, em várias direções, sem grandes restrições. Pouco atrito. Pouco sabemos ainda disso, mas uma observação mais atenta e bem intencionada pode dizer muita coisa.

Imagine uma mobilização social ou uma greve. As pessoas podem adotar três posturas: a favorcontra ou neutra (no momento não quero entrar no mérito da legitimidade ou não da mobilização...). Imaginemos que 100 pessoas trabalhem numa fábrica e seu sindicato inicie uma greve geral. Pois bem, o que se passa na mente de cada um dos trabalhadores(as) levará cada um a ter uma postura final: a favor, contra ou neutra. Mesmo aqueles que não emitem opinião dizem algo (dizem muito): pode-se ter em mente de que a melhor coisa é se manter neutro, com o intuito de deixar as circunstâncias de desenvolverem, esperando o melhor para si sem se expor aos riscos. Perante o mundo (com seu biótipo médio), essa é a atitude mais sensata, pois lhe evitará problemas - pelo menos a curto prazo - e não haverá exposição desnecessária. Nos últimos 20 anos venho constatando que muita gente vêm adotando essa lógica de operação.

Blaise Pascal: santo e gênio. Se curvava
apenas para O Infinito e Eterno - ou
para aqueles que serviam o mesmo
imponderável.
Sinto - por gestos, olhares, tons de voz, desenvolvimento de vidas - que as pessoas não querem se "meter em confusão", mas ao mesmo tempo elas desenvolvem uma habilidade em desenvolver sua conformação, procurando os mais diversos meios para se esquivar de certas questões - das quais querem permanecer neutras à todo custo, sem posicionamento. Nessa habilidade de esquivo muitos optam pelo consumo de bens, de serviços ou se distraem com pessoas para se sentirem melhor (o famoso 'fazer o social')Dificilmente busca-se um contraponto forte fora da região de decisão para compreender o porquê de sua neutralidade radical*. Aparentemente isso seria uma forma de resolver os problemas do mundo, delegando problemas "insolúveis" àqueles mais "egoístas". De fato é do ser humano, ao agir coletivamente, ser seduzido pelo poder de sua voz e sua influência. Isso no entanto não significa que: A) nada de bom resulte de sua atuação; B) Todos seres sejam igualmente seduzidos e logo desviados de seus objetivos gerais.

As maiores atrocidades cometidas coletivamente foram viabilizadas por aqueles que absolutamente nada fizeram - apesar de não serem "a favor" - para impedi-lá. Desde sua gênese. Essa frase foi dita por Einstein, por Arendt, e provavelmente por outros grandes iluminados, de várias formas. É um conhecimento multimilenar. Mas no entanto ele tem ficado no Sagrado, divorciado das aplicações cotidianas, e com isso criamos um a sociedade cada vez mais desenvolvida intelectualmente, tecnicamente - e até culturalmente! - mas sem um mínimo de desenvolvimento moral para guiar nossas vidas.

Sempre foi assim, e é assim...
Mas não precisará ser sempre assim !

Projetar o passado integralmente no futuro é um vício do ego humano. Ele nos induz à preguiça. E com ela vem a dor.

Leonardo Boff. Na Teologia da Libertação
encontrou a Síntese  amorosa entre 
Cristianismo e Justiça Social. Entre
reforma íntima e atuação efetiva.
Nos movemos na horizontalidade sem finalidade maior do que acumular e procriar e ganhar títulos e nos sentirmos importantes. É uma horizontalidade profana.

Quando mergulharmos no intimo de nós, tocando os fenômenos, rasgaremos nossa horizontalidade profana com uma verticalidade mística simultânea, gerando dor e desespero.

Se aguentarmos esse corte, percebendo sua função de elevação, começaremos a alimentar nossa horizontalidade do mundo por uma verticalidade mística, de forma a nos tornarmos seres que agem segundo uma horizontalidade ética.

Ou seja, a mística interior gera a ética externalizada. Age-se no equilíbrio, pelo equilíbrio, com equilíbrio. Nada mais, nada menos, porque se trata da Essência que é o Todo.

Dessa forma observa-se que aqueles que se posicionam na neutralidade acabam dando razão para as forças que imperam - e estas geralmente são as mais agressivas, não necessariamente em termos físicos, mas sobretudo em termos econômicos e psicológicos. Isso é muito perigoso, uma vez que o mal tende a arregimentar com muito mais facilidade pessoas a seu favor do que o bem. E não me refiro à superficialidade de eventos globais e/ou recentes, mas à essência dos mesmos, e das decisões e atitudes cotidianas de cada um, seja na vida coletiva, seja no íntimo de sua mente e sentimentos. 

Sem entrar no mérito da questão "quem é o bom e quem é o mau", pois TODOS temos dentro de nós o Ego Luciférico e o Logos Crístico, o que vale é captar aquilo que vem ocorrendo no mundo, em nossas vidas e começar a colocar em pauta - antes individualmente, depois coletivamente - as seguintes questões:

1. quem realmente controla as coisas?
2. quem sustenta esse sistema?
3. o que ele tem de bom?
4. o que ele tem de ruim?
5. ele é o ápice do desenvolvimento?
6. até que ponto eu vejo minhas idéias como imposições?
7. o que eu faria no lugar de certas pessoas?
8. quanto eu preciso para viver bem?
9. porque o necessário de uns é absurdamente maior (ou menor) do que o necessário de outros? 
10. será que uma humanidade só de relativos, sem um Absoluto, pode evitar uma catástrofe?
11. porque muitas pessoas abandonam ideais na primeira experiência malsucedida de implementação?
12. o que é transformismo?
13. porque existe gente que gosta de "perder tempo" e se sente bem em meio ao que eu julgo monótono e pouco?
14. porque alguns insistem em idéias que não deram certo?
15. o que é dar certo? e em que escala de tempo podemos considerar que algo funcionou ou não?

A mim me parece que não devemos buscar a "sociedade da neutralidade" porque será instaurar o relativismo luciférico que ignora o Absolutismo Divino, única estrela-guia que pode nos levar à Salvação. 

Mas antes de assumir uma posição, deve-se passar por uma catarse interior intensa, capaz de gerar um agir exterior capaz de compreender as antíteses, realizando uniões elegantes de complexidades crescentes.

Eis a visão que me veio hoje.


Referências e observações
[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Hannah_Arendt
[2] https://www.youtube.com/watch?v=OkESaqHiX3U
[3] Lembre-se que o intelecto em si não é algo perverso nem deve ser erradicado. No entanto, e especialmente, a partir de um ponto de desenvolvimento, se ele não for comprimido e controlado por uma "inteligência" de outra espécie (intuição), corre-se o risco de autodestruição - individual e coletiva.
* Reitero que a mais perversa das ideologias é aquela que se diz não-ideológica e combate as outras colocando em questão todos vícios das outras - mas jamais fazendo autocrítica de si mesma.

sábado, 16 de abril de 2016

A Grande Batalha

Diagnóstico integral de Eduardo Marinho.
http://observareabsorver.blogspot.com.br/2016/04/amanha-se-arrisca-mais-um-governo.html

O texto abaixo é um complemento meu.

Quem ganha num processo político que envolve toda sociedade é sempre o Poder financeiro-corporativo-midiático...

Muitas pessoas estão brigando apenas pela manutenção de um governo que se tornou um zumbi completo do câncer neoliberal. Acreditam que é possível ampliar e aprofundar mudanças dentro do paradigma da "democracia"-capitalista, subsidiada pelo universo das finanças...

Outras brigam para retirar não uma pessoa ou partido, mas um símbolo, um ideal, uma tarefa, para que possam manter tudo como era antes, com os miseráveis excluídos e explorados; não querem transforar a si mesmos ou o Brasil ou o mundo. Querem apenas descarregar sua incapacidade de lidar com o diferente; não querem competir consigo mesmo.

Devo dizer que o verdadeiro inimigo sempre foi o ego luciférico, que esmaga qualquer possibilidade de florescimento de consciência crística. Ele está em mim, em ti, em todo humano e a batalha que devemos lutar é contra o egoísmo e competição. É claro que todo esse luciferismo se institucionalizou de forma segura e poderosa em grupos que operam subterraneamente e se infiltraram em todas esferas da vida: mega-corporações e bancos - apoiados por um aparato midiático-jurídico corrompido pelo passado, pelo status, prisioneiros de uma forma mental que não assimilou a plasticidade necessária para evoluir.

Assim como Ubaldi, todos passaremos
pela Grande Batalha. Primeiro interior,
depois contra o exterior, que quer
escravizar os muitos interiores que
devem ser despertados pelo interior
despertado...
Devo também acrescentar que se trata de um ódio daquele que é diferente. E de uma incompreensão da dificuldade em se transformar um país para melhor. Dificuldade porque parece não haver jeito de mudar a vida de milhões, para melhor, em prazos de 10, 15, 20 anos, sem usar os métodos do mundo.

E eis que surge a grande charada: o que fazer então? Agir ou não?

Muitos julgam sem saberem que estão servindo de ferramenta para grupos políticos; e estes brigam sem saberem que quem realmente dita as regras do jogo, sustentando um paradigma falido, são o 1%, que determinam o que você vai fazer da vida, como vai fazer, quais as metas, o que deve ser felicidade, etc. É tão perverso quanto difícil de entender. A mente intelectual dificilmente sairá desse labirinto. Devemos despertar a mente intuitiva-sintética antes que seja tarde demais...

Por não desejarmos entrar num mínimo conflito para aprofundar um tema, adiamos nossa evolução e esclarecimento. Temos tanto medo de expor, de agir, de mudar, de refletir sobre o porquê de nossas atitudes e teorias e sentimentos que caímos numa espiral de desespero que só se alivia (momentaneamente) com o consumo de idéias relativas (frouxas), de bens estúpidos, de serviços viciantes e de papos egoístas. Caímos nos jargões. Somos que nem robôs. Queremos nos garantir sempre para podermos ficar na zona de conforto. A esperteza impera. E a melhor delas é a do tipo "vencedor", que rouba, engana e se satisfaz de forma elegante, sutil e planejada. Vale dizer que esse modo de operar causa muito mais mal do que a fera humana que faz tudo isso desmensuradamente, sem planejamento. Porque os efeitos do intelecto são mais destrutivos do que aqueles dos instintos animais.

Estamos diante de uma encruzilhada global: ou despertamos o Logos Crístico, ou iniciamos um longo período de dor e sofrimento - desnecessário, vale dizer.

Tudo isso porque não nos preocupamos com o Verdadeiro Trabalho: desvendar os mistérios do imponderável, das relações humanas e da ascese mística. Usando nosso dia-a-dia. Quando nos vemos diante duma dificuldade recorremos aos artificialismos aliviadores, que nada fazem a não ser nos iludir um pouco, e em seguida chupar nossos recursos, energias e capacidades para manter um sistema completamente falido operando. E assim mais nos afundamos. Crises constantes com pseudo-soluções.

Nunca se mexe no que interessa: o Poder. Por que? Porque temos medo, primeiro. Depois, porque fomos adestrados a assumir como natural priorizar sempre a economia, as aparências, os laços sociais e a posição de conforto (coisas do ego mental-emocional, e não da afinidade espiritual e indivisa). Não queremos evoluir de verdade. Como consequência, não desejamo transformar integralmente e definitivamente a sociedade. Queremos apenas uma solução temporária que satisfaça nosso micro-relativo trinômio história-meio-personalidade. Nosso Ser indiviso sempre é enganado, deixado de lado.

Nós somos preguiçosos. Precisamos tomar vergonha na cara e admitir isso. Depois precisamos começar a praticar o que tanto pregamos: o diálogo. Defender o direito de todos darem sua opinião, mesmo que seja completamente diversa da nossa. Precisamos sentir o transformismo que rege não apenas a matéria e a energia, mas o ser humano e suas instituições. Devemos descobrir o que é Equilíbrio e com isso passar a aplicá-lo integralmente, eliminando os excessos e a escassez simultaneamente. A verdadeira riqueza é o caminho do Meio, porque se ter em escassez inibe a atuação no mundo, ter em excesso vicia e afoga, dispersando o trabalho do espírito em esclarecer e gerar luz. 

Rico é ter o necessário às suas potencialidades e saber usá-lo.
Pobre é cair na ilusão de que precisamos ser famosos, atraentes, muito instruídos e ricos para atingirmos a felicidade.

Sinto que temos muito pouco tempo para despertar. Os escritos desse blog apontam para esse mesmo tema de variadas formas. Não há caminho fácil para conquistas efetivas. E quando me refiro a dificuldade, quero dizer MUITOS obstáculos que podem acabar com tua reputação, "amizades", fluxos ($$$), e até sua própria integridade. Mas quanto mais deixamos de fazer o mínimo que muitos sábios pedem, mais perto chegamos no máximo que obrigatoriamente deveremos fazer para evitar o pior.

Como vocês veem, quanto mais adiamos, mais é exigido pelas forças cósmicas. Por isso eu não canso. Isso não é uma ameaça. É uma visão profundamente sincera e bem intencionada.

O que se dará amanhã pouco interessa qual for o resultado, A ou B. O que realmente importa é que na humanidade e no Brasil iniciou-se uma transformação que está sendo fortemente reprimida globalmente por poderes subterrâneos, que usam o Estado como fantoche para suas ações. São os Bancos, as Corporações e seus capengas da Grande Mídia, que supostamente representam o interesse do povo, mas tem suas diretrizes centrais estabelecidas em reuniões de altíssima cúpula, cujos participantes são as pessoas mais ricas e poderosas do mundo. Compreenda-o quem o puder.

Eu imagino que muita gente caia na forma mental de taxar essas ideias de radicais, comunistas, socialistas e etc. Não posso perder tempo explicando o transformismo humano para quem nem sequer entende o mundo da razão - estão preso nas paixões travestidas de razão... Estes devem assimilar toda obra vertida nesse blog ao longo dos últimos 3 anos. Mas posso dedicar um tempo para aqueles(as) bem intencionados, que sabem da calamidade humana em seu aspecto íntimo e coletivo, e que desejam superar o atual estágio evolutivo. Quem leu os textos, assimilou-os e compreendeu a mensagem subliminar contida nas palavras sabe do que estou falando e tem a oportunidade de inicar uma verdadeira transformação (são poucos, pouquíssimos...mas isso vale muito para as forças do Alto). Monismo é isso. Combinar as antíteses de forma dinâmica.

O meu próprio trabalho aqui, meu incessante esforço em combinar idéias, tentar entender minhas atitudes, ser sincero e estar em constante atividade atesta que se trata muito mais do que mera imposição de um relativo. Trata-se sobretudo de realizar a união que nos torna mais completos, e portanto mais íntegros e sábios. Para a Vida.

Um ideal, quando desce ao mundo, ao ser implementado pela 1a vez, sofrerá inúmeras degradações. Primeiro porque o receptor-aplicador terá de adequá-lo à sua forma mental; segundo porque ao implementá-lo institucionalmente e coletivamente, o mundo tenderá a fazer uso desse ideal para proveito próprio, degradando-o ainda mais, levando a desentendimentos e gerando distorções, de tal forma que num dado ponto muitos acreditarão que o ideal é nefasto (o que é um paradoxo!), e o melhor é viver o mundo real...É justamente aí que começa a degradação humana, com todos seus adiamentos e confortites travestidos de "trabalho útil e sério". Cuidado !

Não escrevo para brincar. Nem por erudição. Muito menos para impor. Minha existência é permeada de dores - e isso não é uma lamentação. Mas elas servem para minha purificação. Seja minha situação afetiva, física ou financeira ótima, boa, média, má ou péssima, percebo que fico cada vez menos refém das circunstâncias, me focando na essência dos fenômenos. Isso garante a concentração e a eficiência. Assim como uma paz interior que só se fortalece com o tempo. Uma série de eventos ocorridos na minha vida parecem atestar algo...São "coincidências" que me removeram dum rumo ao abismo, me guiando serenamente para praias seguras, com recursos certos. Me refiro não apenas ao material, mas ao afetivo e mental. Isso confirma os dizeres do Mestre: quanto mais possuímos, maior nossa responsabilidade. Mas para esses milagres ocorrerem devemos nos auto-tensionar. Infelizmente poucos estão dispostos a "perder seu tempo" nessa jornada interior, loucamente sincera, intimamente intensa, racionalmente controlada, retamente orientada - apesar de muitos anos serem desperdiçados num trabalho alienado que leva a consumo conspícuo.

Esse é o Drama Multimilenar da humanidade...

Compreenda-o quem o puder,

Antes que seja tarde...

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P.S.: O vídeo abaixo é uma entrevista ao Eduardo Marinho. Ele diz tudo falando pouco. Vai ao cerne da questão, que não é pauta dos noticiários nem das rodas de conversas nem dos especialistas.

https://www.youtube.com/watch?v=xU1oRSmllnY
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quinta-feira, 7 de abril de 2016

Polarização: fenômeno natural e humano.

Tem pessoas fazendo um trabalho realmente interessante por aí.

http://politike.cartacapital.com.br/a-grande-midia-alimentou-a-polarizacao-no-brasil/

Esse artigo revela as transformações que vem ocorrendo no Brasil, com foco na sociedade da informação. A visão é sistêmica e transformista.

Os efeitos são fáceis de detectar. As causas não...

Tendemos a simplificar as fontes de nossos males com o intuito de facilitarmos nossas vidas - ou melhor, nos aliviarmos. Mas com o tempo fica evidente que os problemas voltam, sob outras vestes, com outra força, em múltiplos aspectos.

Sair dessa espiral não será possível apenas com nosso intelecto luciférico.
Será preciso algo  mais que o oriente.
Talvez isso seja o Logos crístico - a intuição espiritual.

Tudo que venho observando, constatando e sentindo aponta para isso...

terça-feira, 5 de abril de 2016

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

É engraçado, mas quando paramos para refletir chegamos à conclusão de que brigamos e guerreamos e excluímos por causa de palavras, definições e convenções. Acredito que a essência é o que importa, e devemos nos guiar por ela ao trilharmos nossos caminhos particulares, com sua diversidade cotidiana, permeada por nossa atuação específica. A síntese engloba a análise, e esta retifica as minúcias para que cheguemos a patamares mais elevados, com modos de vida mais compatíveis com nosso espírito, mente e corpo.

O link abaixo nada mais é do que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948.

http://www.dudh.org.br/wp-content/uploads/2014/12/dudh.pdf

Esse acordo foi consenso entre as democracias ocidentais, tendo sido redigido por membros e grupos de países industrialmente desenvolvidos, com sociedades que tinham um Estado de Bem-estar Social atuante. Ele foi ouvido e aceito. No entanto, no decorrer das décadas, parece que sua implementação foi se tornando mais difícil e perigosa...

Criamos leis sublimes, mas não somos capazes de aplicá-las. Se alguma sociedade consegue algo, é próximo aos 10 ou 15%. Um pequeno pedaço. No entanto o que essa declaração "pede" é extremamente simples e pouco custoso - pouco custoso financeiramente, tecnologicamente, energeticamente. No entanto me parece que ela pede demais em termos morais - já que avançamos pouquíssimo nesse campo desde o advento da Revolução Industrial. Como consequência chegamos a um estágio paradoxal: as possibilidades são fantásticas (graças às tecnologias e descobertas) e a miséria é imperante (devido à nossa cegueira espiritual). 

Como sair dessa lama?

Primeiro deveríamos admitir nossos erros; e começarmos a levar a sério o fato de que gastamos muito dinheiro, tempo e energia em besteiras, transformando supérfluo em necessário para satisfazermos nossos instintos animais e nosso intelecto luciférico. 

Segundo, deixando de descarregar frustrações naqueles que nada fizeram para merecer nossos golpes. Isso nada resolve e permite que esse sistema falido continue sua operação destrutiva estagnante. 

O Artigo XXV é particularmente interessante:

Artigo XXV 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe, e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.

Ressaltando que essa Declaração foi iniciativa de um grupo de países que se declaravam justamente inimigos do socialismo, comunismo e outras formas de governo voltado para o povo. 

Talvez o que os bem-intencionados quisessem dizer é que no fundo eles eram apenas inimigos de regimes autoritários que suprimiam a liberdade do indivíduo, mas não inimigos da Justiça Social - especialmente porque o Evangelho de Cristo está permeado desse conceito, do começo ao fim.

Como Ubaldi já disse, se a Igreja tivesse aplicado o Programa Social do Evangelho, abraçando a Verdade, sem se compactuar com o Poder, teríamos o Comunismo pacificamente aplicado. Chegaríamos a um estado de Justiça Social construído por via de livre adesão, na qual os indivíduos não acumulariam coisas supérfluas (inclusive títulos e conquistas amorosas e aparências físicas) e sentiriam as ligações entre humanos e entre natureza e sociedade. Não haveria revoluções sangrentas. As disparidades sociais seriam aceitáveis e saudáveis, estimulando os que tem menos a progredir. Não haveria miséria que permitisse a um grupo se aproveitar da indigência de outros grupos, satisfazendo seus egoísmos. Esse é o verdadeiro sentido da Justiça Social do Evangelho. 

No entanto tivemos dificuldade em conciliar Justiça Social com Liberdade Individual, ambas tão importantes e tão indispensáveis ao ser humano. 

Não podemos continuar ignorando o estado das coisas. Crendo que este sistema político (social-democracia representativa), coadunado e dependente de grandes máfias privadas (bancos, mega-corporações), possa levar os interesses de minorias, maiorias, intelectuais, trabalhadores de todos tipos, ao patamar máximo. Somente garantindo a implementação efetiva, irreversível, dos direitos fundamentais podemos chegar a um estado que nos permita continuar progredindo. Para isso o egoísmo deve ser abandonado, em todos níveis - especialmente naqueles que mais possuem, já que sua responsabilidade em dar o exemplo é maior.

Não podemos continuar crendo que esse sistema econômico, baseado no crescimento e consumo ilimitado, seja a finalidade de nossa espécie. Que o objetivo da vida seja "vencer", esmagando o outro, e consumindo cada vez mais da horizontalidade profana que nos cega para a verticalidade mística.

Quanto mais alguém possui, maior sua obrigação em ajudar os excluídos. As coisas do mundo só servem à medida que as usamos para melhorar os outros e a nós mesmos, e isso significa condenar o excesso que causa a miséria - tanto os nossos excessos quanto o dos outros...mas antes os nossos.

Devemos parar e pensar. 
Depois de pensar, refletir.
Depois de refletir, compreender.
E com isso em curso começaremos a atuar de forma transformadora. 

Não há muito mais a dizer aqui...

Apenas devemos sentir e viver.

Despertar o Infinito dentro de nós...
E apontar todos finitos para a única e suprema meta...

DEUS