terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

DIVERSIDADE E MUDANÇA: ALICERCES DA ESTABILIDADE ESPIRITUAL

Existem momentos em nossas vidas que são muito difíceis de serem aceitos e/ou vividos de modo estável. A tendência de nos inclinarmos para um extremo é fácil quando nos impõem um outro extremo, de mesma intensidade e sentido oposto. Um caso clássico seria a quantidade de horas nas quais um indivíduo é obrigado a ficar preso num ambiente institucionalizado para satisfazer necessidades mercadológicas e (infelizmente) de subsistência. Como reação, a grande maioria das pessoas tende, quando chegam as férias, feriados – ou mesmo fins de semana – a cometer abusos para “compensar” o excesso de estresse acumulado – inutilmente – ao longo das semanas. Mas o sistema só ganha com essa reação. E assim realimentamos um ciclo de destruição interior cujo inimigo está pulverizado nas mentes e sonhos de muitos e muitas. No entanto, existem alternativas para fugir pela tangente dessa (e de inúmeras outras) loucura, e consequentemente se libertar – mesmo que por algum tempo – do campo de gravidade mercadológico-materialista.

Eu gostaria de falar brevemente sobre duas características INTRÍNSECAS de toda sociedade e ser humano que podem ser usadas como ponto de apoio para qualquer pessoa sair desse grande oceano de areia movediça que nos sufoca intermitentemente. Essas características se aplicam a todo tipo de gente, independente de sua crença ou etnia ou classe social ou profissão ou saúde ou ideologia ou etc, de forma que se tratam de dois aliados importantes, intangíveis (mas poderosos!), sempre presentes, sempre aplicáveis. Trata-se da DIVERSIDADE e da MUDANÇA.

Uma das características mais impressionantes do ser humano é sua capacidade de fazer uso da diversidade, ou melhor, reconhecê-la, para buscar construir novas relações, descobrir novos lugares, desenvolver habilidades latentes e encontrar paz interior.

Mas o que significa isso exatamente?

Imagine-se que você está numa escola, e o grupo de pessoas mais próximas a você não permitem que sua pessoa desenvolva suas capacidades plenamente. Isso pode se dar por falta de AFINIDADE em assuntos, modos de se expressar, modo de perceber os acontecimentos do mundo. Etc. Então, para se manter recolhido e com a mente sã simultaneamente, é necessário perceber que as pessoas e grupos no mundo são muito diversos, e com certeza existem pessoas com mesmas inclinações fundamentais que você. E os modos de escutar e falar se encaixam de forma muito mais harmoniosa. Portanto, sabendo disso, é recomendável que a pessoa procure em seu tempo livre se inserir em outros ambientes, de forma que a PROBABILIDADE de encontrar pessoas DIFERENTES seja mais alta.


O ato de frequentar ambientes diferentes – ou um mesmo ambiente que tenha uma circulação de pessoas com diferentes modos de vida – é saudável para qualquer indivíduo. Abre sua mente. Tranquiliza sua mente. Corrói preconceitos. Derruba muros e leva a novas formas de manifestação. É possível encontrar liberdade para falar de várias ideias que em certos lugares são malvistas. E essa diversidade sempre irá existir em nossa sociedade. Ou melhor, a individualidade de cada ser sempre será própria apenas dele. E nada melhor do que aproveitar esse mundo multifacetado para SE ENCONTRAR encontrando outros.

Outra particularidade intrínseca de nosso mundo é a dinamicidade dos seres humanos. Ela é a mudança constante de nós mesmos e das sociedades. Mudança de conceitos e costumes e hábitos.

Nós humanos, diferentemente das outras espécies desse planeta, não fomos programados para agir de determinada forma sempre. Estamos em constante processo de metamorfose – mesmo que nossos costumes ainda sejam muito primitivos em termos morais.

Se voltarmos três séculos, a sociedade humana tinha costumes absolutamente diferentes dos atuais. As famílias, a criação dos filhos, o modo de obtenção de alimentos, as relações, etc. Mas os animais continuam a agir do mesmo modo.

Se voltarmos mil, dois mil, dez mil anos, observaremos na espécie humana sociedades completamente diferente em cada época, com modos de produção diferente, ocupações privadas diferentes e valores diferentes (entre ouras coisas). Isso não se dá com as formigas, os cães, os bovinos, os peixes, as aves, os gatos, os pernilongos,...Eles sempre agiram da mesma forma. Se relacionam, interagem, buscam alimento, se comportam como sempre fizeram. Não existe uma diferenciação histórica. Não existe uma construção. São seres que aparentemente já vem “programados” para executar suas tarefas. E não nego que muitos fazem de forma impecável e perfeita. De um modo que um ser humano jamais será capaz de reproduzir com todo seu conhecimento. Mas é estático.

Agora – e mais fascinante em nossa espécie – é essa capacidade de nos metamorfosearmos continuamente ao longo das eras, nos moldando. Tudo em busca de uma maior liberdade. Da felicidade. Do auto-conhecimento. E isso ocorre em nível individual. Uma pessoa pode (deve!) se metamorfosear durante sua vida terrena. E com isso ocorre o milagre de encontrarmos uma outra pessoa na mesma pessoa (!). Basta darmos alguns anos preenchidos de experiências (boas e ruins).

Saber que as pessoas mudam é reconfortante porque isso permite uma renovação da esperança. Aquele que jamais seria seu amigo agora pode se tornar. Porque ele mudou. Porque você mudou. Porque ambos mudaram de modo que estabeleceu-se uma proximidade de ideias e sentimentos com tamanha afinidade que a amizade se inicia naturalmente.

Se uma pessoa tiver consciência da DIVERSIDADE e da MUDANÇA em sua vida e na vida das pessoas ao seu redor, e souber fazer uso da sua liberdade sabiamente, há boas chances dessa pessoa se encontrar e – quem sabe – um dia poder arranjar uma ocupação que a permita fazer as coisas NO SEU RITMO, DO SEU JEITO, EM PROL DAQUELES QUE MAIS PRECISAM, sem precisar passar por privações materiais. E também encontrar alguém especial para caminhar ao longo dessa longa e árdua estrada rumo à perfeição espiritual.

Eis os dois fenômenos apresentados.

Resta reconhecê-los e fazer uso sábio dos mesmos.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

POR QUE TER UMA VISÃO CÓSMICA DA VIDA É IMPORTANTE PARA EVOLUÇÃO

É difícil encontrar uma pessoa cuja vida seja um mar de rosas. Se houver alguém que aparente ter uma vida assim, posso assegurar que se trata de uma sensação temporária ou ilusória. Porque mesmo que se trata de alguém bem humorado e otimista, sempre haverão sensações de angústia inexplicáveis e inesperadas que permeiam momentos nos quais essas mesmas sensações são aparentemente inexplicáveis.

Tendo que conviver a maior parte de nossa existência num mar de espinhos – e, com sorte, com pequenas ilhas de verdadeira felicidade – é de grande utilidade saber como atuar de forma que possamos suportar períodos econômicos, sociais (e afetivos) áridos.

Somos infinitamente pequenos perante o Todo.
Materialmente, energeticamente, espacialmente e temporalmente.
Mas somos infinitamente grandes em nossa imaginação.
E esse infinito é o que importa.
É ele que deve ser explorado, descoberto, compreendido e vivenciado.
A individualidade é poderosa para quem a descobre.
Para o sábio a pequenez material acalma e anima.
Para o tolo a pequenez material deprime e enerva.
É tudo uma questão de SENTIR.
A espécie humana tem a particularidade de reconhecer sua insignificância diante do Universo. Ou melhor, ela pode não ser a única (espécie) a reconhecer isso – intuitivamente. Mas aparentemente é a única que consegue perceber isso através da racionalidade – no entanto isso não significa que muita gente seja humilde e se julgue o centro dos cosmos. E essa característica de perceber sua pequenez diante do todo lá fora (e do outro todo aqui dentro de nossas almas), ao contrário do que possa parecer, talvez seja o melhor remédio para a superação dos maiores males que aflijem a s pessoas diariamente – sem dó ou hora marcada. Males que incomodam todos no campo social, laboral, educacional, afeitvo e econômico. Males que levam as pessoas a depressões, sucídios, consumo desenfreado, homicídios e coisas do tipo.

A linha de vida de uma pessoa demonstra de forma bem clara como é difícil visualizar momentos bons ou ruins que estejam prestes a ocorrer.

Imagine que no momento sua vida esteja relativamente tranquila (relativamente). Agora, retroceda no tempo e escolha, ou melhor, se lembre, de um período ou situação breve que lhe pareceu uma eternidade devido ao incômodo ou raiva ou tudo isso causado por essa situação – acho difícil uma pessoa honesta consigo mesma não se lembrar de algo do tipo. No momento parece que o tempo passava muito devagar, certo? E às vezes, num período (podem ser dias, meses ou anos), dia após dia, uma realidade que lhe desagrade muito pode perdurar tempo suficiente para que você acredite que as coisas sempre foram e sempre serão desse jeito. E independetemente de seu desespero ou esforço, nada mudará. Mas esse momento acabou um dia, certo? (não se preocupe, se ainda você passa por um momento assim, te garanto que ele vai findar). Isso é fácil de perceber quando observamos os acontecimentos do passado. Mas é difícil – quase impossível – de perceber quando passamos por algo ruim no presente.

Muito bem. Minha receita é tão simples quanto exigente de perseverança (na verdade outros caras já diziam a mesma coisa). Trata-se de, sempre que alguém passar por um período ruim de sua vida, observar ele como um instante de perturbação certa num oceano de possibilidades incertas – e que portanto podem ser boas. Expanda as fronteiras cronológicas e pense nas milhões de criaturas que com certeza devem estar passando ou passaram ou passarão por algo semelhante ou pior. E como viver o presente só é saudável se o ser estiver orientado para o futuro e consciente do passado (eu disse orientado, não afficionado. e consciente, não melancólico), pode-se deduzir que quanto maior a amplitude sensorial de alguém, maiores as energias para suportar as dores do presente e encará-las como um breve sofirmento.

Tem dias que eu me deparo com as estrelas do céu e fico observando os detalhes. Bolas de gás quentes (quentíssimas) explodindo a bilhões de anos-luz, com mundos orbitando esse imenso corpo celeste. E são milhões e bilhões de estrelas, cada uma com alguns mundos. Cada mundo podendo ser maior que o nosso. E por mais difícil que seja agregar condições necessárias para a vida da forma que conhecemos, o número suplanta a dificuldade. E nessas horas eu penso: “Pode ser que em algum desses mundos tenha uma pessoa olhando para o infinito e filosofando da mesma forma.” “E que nesse mundo essa pessoa pode ser eu daqui a milhões de anos. E que essa pessoa daqui a milhões de anos tenha uma vida feliz (em relação a nossos padrões). E que o Universo é tão grande e diverso que nunca iremos nos deixar de nos encantar com a sua capacidade de mexer com nossa imaginação.”

Quando começamos a pensar de forma restrita e departamentalizada, entristecemos.
Quando começamos a pensar de forma abrangente e interdisciplinar, nos tranquilizamos.

Nossos ânimos se renovam sempre que nos abrimos para sentir a vastidão do todo.

É possível que muitos acontecimentos ruins do passado tenham sido a principal causa de nossos momentos felizes agora ou futuramente. “Há males que vem para o bem.” diz o ditado. É preciso passar por desvios dolorosos para chegarmos a destinos mais elevados. É a Lei da vida que devemos aceitar (religião), para não nos desgastarmos; estudar (ciência), para não ignorarmos os segredos que permitam nossa melhoria; questionar (filosofia), para sabermos qual a finalidade dela; e sentir (arte), para sempre nos divertir durante essa eterna jornada.

Isso é o que tenho a dizer por hoje.


O PODER DA GRAVIDADE

É incrível como fenômenos aparentemente desconexos de nossa realidade são ignorados por muitos durante a vida inteira. Mais incrível ainda é termos pessoas tituladas em áreas específicas que jamais se encantaram pelas coisas que estudaram, vendo-as apenas como um obstáculo para atingir fins materiais.

Claro, não devemos culpar essas pessoas. Afinal de contas, poucos são suficientemente loucos para deixarem de lado a realidade onipresente, onipotente e impiedosa, e lançarem todas suas energias em estudos aparentemente sem finalidade prática. Apenas pelo simples prazer (ou dever) de compreender a fundo um fenômeno, e assim começar a estabelecer relações com outros (fenômenos). E até com sua própria vida! Porque é fato: o modo como a economia, as cidades e – consequentemente – as relações sociais estão estruturadas desencoraja qualquer busca pela verdade. E pela ciência. E pela arte. E pela filosofia. E pela espiritualidade.

Eu estudei engenharia e portanto tive uma pequena necessidade de estudar mais a fundo temas correlatos. Muita matemática. Muita lógica. Muitas ciências naturais. E nesse emaranhado de conceitos e teorias e experimentos e equacionamentos e simplificações existem fenômenos tão fundamentais, tão elementares, que nem nos damos conta que graças a eles muitas outras coisas existem. Um exemplo disso é a (força da) gravidade.

Antes de explicar a importância dessa tal de gravidade, vou começar contextualizando a dita cuja.


A gravidade é uma das quatro forças fundamentais da natureza* (além dela temos a força forte, a força fraca e o eletromagnetismo). Ela define uma relação de atração entre objetos que possuem massa. Ou seja, trata-se de uma força do mundo material, ditada por Leis materiais.

A força gravitacional foi compreendida e documentada matematicamente pela primeira vez por Isaac Newton, no século XVII. A partir dessa época veio o Iluminismo (séc. XVIII), a Revolução Industrial (séc. XVIII – XIX) e a aplicação maçica da tecnologia para diversos fins (séc. XX e adiante). E todos esses acontecimentos posteriores fizeram uso dessa documentação (entre outras) para criar diversos aparatos tecnológicos, dentre os quais os foguetes, responsáveis por colocar satélites em órbita, que dão uma visão global dos fenômenos climáticos terrestres e espaciais, permitindo estudos abrangentes sobre os mais diversos fenômenos naturais, sociais e (por que não) filosóficos e espirituais.

Mas o simples fato de passarmos a conhecer essa força, e projetarmos milhares de aparatos com finalidades diversas (benéficas e maléficas) baseada nela, não é nada comparado a cadeia de fenômenos desencadeados pela gravidade.

Vamos lá...

O fato de nosso planeta possuir massa numa quantidade adequada permite que os objetos – tudo...inclusive pessoas como eu e você – caiam no chão quando sejam soltos. A uma aceleração aproximadamente constante. E isso permite que fiquemos no chão, caminhando ou correndo, e que possamos consequentemente construir edifícios e casas.

Se a massa da Terra fosse muito maior, a aceleração da gravidade seria muito maior, e nosso organismo seria presnsado contra o chão, ou as cargas seriam tão altas que nossa fisologia seria seriamente afetada em poucos anos. Provavelmente uma forma de vida diferente – se houvesse – deveria estar em nosso lugar. Mais robusta fisicamente. Ou menos suscetível às leis da matéria.

Por outro lado, se a massa da Terra fosse muito pequena, uma série de consequências impossibilitariam a nossa existência.

Primeiro: um planeta pequeno e leve não teria força gravitacional suficiente para reter as moléculas que constituem nossa atmosfera. Como somos seres dependentes de ar para sobreviver, não haveria uma forma de vida semelhante à nossa;

Segundo: a pequena aceleração impossibilitaria a fixação no solo, e (mesmo sem ar) uma pessoa teria sua estrutura óssea seriamente debilitada;

E outras vantagens dessa força podem ser sentidas ao longo do ano.

Terceiro: nosso próprio planeta, e o Sol e todos outros corpos só foram formados graças a força de atração, que permitiu uma aglutinação de elementos em diversas medidas;

Quarto: graças a gravidade nosso planeta (todos planetas) mantêm uma órbita que permite a existência das estações do ano e dos dias e noites. Na medida adequada. Porque, sem essa medida – compatível com nossa fisologia – a vida como conhecemos seria insustentável (dias seguidos de sol torrencial sobreaqueceriam os oceanos e o solo, enquanto um frio glacial congelaria outra parte do globo...pura constância).

Enfim, o que quero dizer com tudo isso é que aquele gezinho (g) que muitos estudam e não compreendem e não querem compreender e até mesmo tem raiva de quem compreende (ou quer compreender)....aquele gezinho tem um significado Homérico por trás. Um significado que, a meu ver, deveria ser revelado nas escolas. Porque essa é sem dúvida uma das causas da vida material nesse mundo. Que desencadeou milhares de consequências, numa cadeia infindável que ainda está longe de chegar ao fim. E enquanto esse fim não chega, creio que vale a pena passar um pouco de tempo filosofando sobre os caminhos da existência.

Uma introdução adequada num assunto tido como chato ou difícil pode ser o pontapé inicial para o ser humano encontrar o seu caminho e desenvolver suas habilidades, sejam elas artísticas, filosóficas, sociais, religiosas ou científicas.

Pode ser o início da busca pela Felicidade. E a sala de aula é o campo de batalha no qual essa verdadeira revolução deve ocorrer.





* Nesse caso deve-se considerar apenas a natureza exterior ao ser humano. Porque nós possuimos forças imensuráveis por qualquer instrumento, como a Esperança e o Desespero, por exemplo.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

LIBERDADE COM COMPROMISSO. COMPROMISSO COM LIBERDADE.

O século XXI já teve quase 14 anos consumidos. Muitas foram as mudanças tecnológicas. Verdadeiras revoluções se deram no campo virtual. O acesso aos meios de comunicação cresceu exponencialmente. E a informação corre solta. Qualquer pessoa – mesmo sem desejar ou pedir – pode ter acesso a informações prontas, pré-formatadas, prontas para ser utilizada, com apenas alguns aparatos tecnológicos e cliques. As redes sociais tornaram os contatos mais rápidos e práticos. Podemos entrar em contato com amigos de infância que nem sequer sabíamos onde estavam e o que faziam; podemos entrar em grupos de caronas, de trilhas, de filmes e etc; podemos nos manter a par do que está acontecendo em nosso bairro, em nossa cidade, em nosso país e no mundo. No entanto (e paradoxalmente), parece que sabemos cada vez menos sobre o que acontece DENTRO DE NÓS.

Sempre admirei a liberdade. Acredito que a humanidade está num processo de mutação muito interessante. E que o eixo central de mutação se dá justamente nesse campo: a ampliação da liberdade (de escolher diversificar as ocupações, de estudar a fundo coisas diferentes, de tentar viver seguindo outros princípios, de buscar o espiritual mais do que o material, e etc). Essa humanidade nova, encabeçada por pessoas jovens, – em sua maioria – já diz em voz alta e clara, sem vergonha ou medo, que o modelo vigente não é capaz de satisfazer suas necessidades e desejos. Trata-se de um modelo cujo eixo central era o compromisso, caracterizado por um emprego fixo e único, especialização, horários fixos, e modos de comportamentos predeterminados. No entanto, essa mudança natural deve ser dirigida com muito cuidado. 

Liberdade consciente.
Não posso afirmar que o compromisso predominante de ontem é ruim e a liberdade predominante de hoje é boa ou vice-versa. Porque o EQUILÍBRIO deve nortear nosso modo de vida. Sempre. Em todas as frentes. E por diversos motivos. Motivos estes que não posso deixar de citar e explicar.

Como dito anteriormente, as redes sociais – símbolo-mor das mutações atuais – são um dos marcos de liberdade individual contemporânea. Mas o uso que fazemos dessa ferramenta deve ser norteado por objetivos sustentáveis, de longo prazo, que considerem a INTERCONEXÃO entre tudo e todos.

Estou vendo e constatando ao longo dos últimos anos que existe uma sede e energia por mudança sim. Mas paralelamente, – e que mais me preocupa – uma falta de ORIENTAÇÃO domina mentes que se julgam no controle de suas vidas. Ou seja, busca-se a liberdade por maior comodidade ou puro prazer (apesar de muitos afirmarem que não é bem assim, apesar de suas atitudes, na maioria dos casos, contradizerem essa tentativa de defesa), sem pensar nas consequências que algumas atitudes podem ter a longo prazo. “Viver o momento” é a expressão do momento. “Carpe Diem” (Aproveite a Vida). É certo e sensato. No entanto, que esse “viver” não afete, direta ou indiretamente, contatos adjacentes ou estruturas úteis , que podem ser antigas. Porque muitas ideias, inventos, teorias, conceitos antigos são boas e melhores do que outras novas.

Há posturas do passado que devem ser perpetuadas ao invés de apagadas – a sustentabilidade das relações, só para citar um exemplo...das relações que valem a pena, claro. E posturas nascentes que devem ser repensadas – como a incorporação de “amigos” em sua lista de contatos.

Me parece que a busca pela liberdade contemporânea está sendo influenciada pela cultura do consumismo. Não de forma consciente, mas inconsciente. Estamos adotando uma postura que nos leva a aproveitar todos momentos (e pessoas) o máximo possível. Só desejamos o melhor para nós. E qualquer sinal de algo ou alguém que não satisfaça nossos prazeres ou valores nos induzirá a eliminar esse algo ou alguém prontamente, bastando um clique ou apenas um período ignorando esse algo (um sentimento profundo ou ideia) ou alguém. Eis a funcionalidade mais sedutora – embora muitos não admitam – introduzida pelas redes sociais.

Agir de acordo com o que acreditamos não é ruim em essência. O que me preocupa é não refletirmos profundamente antes de tomarmos decisões. Isto é, excluímos algo ou alguém (elegantemente, como a etiqueta atual requer...ou seja, quase imperceptivelmente para os outros) que no fundo, com um pouco mais de observação e vivência, poderia nos enriquecer culturalmente e espiritualmente. E assim exercemos uma pseudo-liberdade. Uma liberdade inconsciente, que não mede consequências a longo prazo e atropela princípios que nós mesmos julgamos essenciais.

A nossa liberdade não é infinita. Ela termina quando se encontra com a liberdade do outro. Caso contrário, a nossa liberdade seria a escravidão do outro (e vice-versa). Não sei se estou certo, mas me parece lógico e sensata essa ideia.

Mas afinal, como estabelecer as fronteiras de liberdade? Para mim um caminho fácil seria avaliar se tomar um espaço que já pertence a outro traz uma real vantagem para você. Ou se estamos usufruindo nossa liberdade de forma útil.

Numa relação afetiva, ou mesmo numa amizade, ambas partes devem ter liberdade. Dificilmente veremos almas tão semelhantes em sentimentos e tendências que possam andar na mesma direção e sentido sempre, no mesmo ritmo. Logo, a título de aumentar a probabilidade de colher frutos futuramente, ambas partes devem assumir um compromisso – com o outro e com ela mesma. Esse compromisso pode parecer ruim à primeira vista, mas não se deve esquecer que o seu compromisso é a liberdade do outro e o compromisso deste a sua liberdade. É, de certa forma, uma maneira de maximizar os benefícios – uma vez que somos diferentes.

A facilidade de “deletar” é cômodo. A miríade de pessoas diferentes e possibilidades nos estimula a descartar movimentos, teorias e pessoas facilmente. A QUANTIDADE oferecida diminui a importância do PENSAR. Trata-se, a meu ver, de uma armadilha. Uma 'arapuca' que só é sentida ao longo dos anos em forma de arrependimentos.

O meu medo é o seguinte: o arrependimento de ontem foi causado pela falta de liberdade das pessoas, e o de amanhã – sendo construído hoje – será a falta de compromisso assumida por todos e todas.

As mutações são comuns, mas respeitam uma dinâmica. Um ciclo de mutações-relâmpago não traz a mudança que julgamos conquistar. Justamente porque a pouca vivência de uma situação (amizade, namoro, estudo, escutar,...) não permite uma avaliação adequada da mesma.

Estaremos sofrendo desnecessariamente?

Aos conservadores digo:
A liberdade é necessária para não engessarmos no caminho da evolução.

Aos libertários digo:
O compromisso é necessário para vivenciarmos as experiências profundas e engrandecedoras da alma, sem as quais não poderemos evoluir.

Em algum ponto todos devemos nos encontrar.


Texto que inspirou este artigo: 
http://www.cartanaescola.com.br/single/show/250/a-ilusao-das-redes-sociais

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

MODERNOS, SIM. EVOLUÍDOS, NÃO.

É difícil – para quem viu – não se lembrar das cenas iniciais de “Tempos Modernos”. Vemos um Chaplin operário na linha de produção de uma fábrica, apertando porcas fervorosamente, regularmente e continuamente. Não por vontade própria, e sim pela necessidade de subsistência. E com todas suas atitudes podemos não apenas observar, mas sentir a vida de uma pessoa desse tipo.

E muitos detalhes contribuem para isso.

Tomemos como exemplo a cena na qual um grupo de inventores apresentam ao diretor da fábrica um novo aparato que permite ao operário se alimentar na própria linha de produção, de forma que este continue produzindo no mesmo ritmo. “Que ótimo!”, diz o dono, através de sua expressão facial (ótimo para quem? e...de que ponto de vista?). E lá vai o grupo para testar o novo e maravilhoso aparato num novo funcionário.

Nos tornamos inconscientemente engrenagens.
Conscientemente devemos resgatar nossa humanidade,
Para daí alçarmos a espiritualidade.
Vê-se que o experimento dá errado, a máquina não funciona, e quem paga o mico é – para variar – o operário. A máquina não funciona conforme planejado. E nesse ponto eu me pergunto se é apenas a máquina que não funciona conforme planejado. Me parece que a mente de algumas pessoas também não opera de forma racional. Pessoas que tem muito poder econômico sobre outras e que julgam que estão na sua posição graças ao seu esforço e mérito. (sim...pode ser verdade que a pessoa tenha conseguido por mérito próprio. mas só de um ponto de vista materialista, que leve em consideração variáveis econômicas e produtivas. em suma: ser bem sucedido num mundo que glorifica prazeres mundanos não significa que a pessoa seja sábia e, muito menos, evoluída) .Claro, também existem pessoas que tem esses pensamentos insensatos e não possuem poder algum – ou muito pouco. Mas o fato é que aqueles que possuem grande poder e pensam dessa forma tendem a causar muito mais estragos que aqueles. A médio e longo prazo.

De qualquer forma, “Tempos Modernos” é impressionante e atual. E continuará sendo, por muitos anos.

Chaplin conseguiu retratar de forma cômica as mais profundas maquinações dos homens de negócio. E a miopia das autoridades. E os mais elevados sonhos daqueles que se veem presos num sistema que inibe qualquer tentativa de busca por algo diferente. Ele conseguiu isso com uma história simples, mostrando acontecimentos típicos na vida de qualquer um, permeados com música e reflexões e reviravoltas.

Simplicidade é se aprofundar na espiritualidade.
O sonho (a obsessão) de algumas pessoas produzir mais é algo presente hoje em dia. Mas para que esse pensamento seja visto como algo positivo para aqueles que devem se submeter a ele fervorosamente, há necessidade de uma boa dose de propaganda (ou, num linguajar mais específico, lavagem cerebral). E com a democratização da informação e o ligeiro aumento do conhecimento – e coragem – de alguns, essa propaganda deve se tornar a cada dia mais sofisticada. Assumir novas formas. Parecer arte, ciência, filosofia de vida. E até mesmo religião! Ela (propaganda), para manter as mentes sedadas, deve se metamorfosear constantemente para que uns poucos possam impor sua vontade a muitos. De forma tão discreta que só mentes muito sensíveis e cientes dos mecanismos humanos podem perceber a grande distorção sendo edificada. Eis o dilema dos tempos atuais. Tão modernos maquinalmente, e tão atrasados moralmente.

Antes das descobertas científicas e da democratização (relativa) de recursos e conhecimento havia uma certa justificativa para que o ser humano agisse estupidamente. Mas não há razão para que daqui pra frente continuemos a agir de forma tão insensata.

Descobrimos muitas das Leis da matéria e soubemos usá-las a nosso favor. No entanto, distribuímos mal esse usar e comumente aplicamos os conhecimentos sem saber a finalidade. Inexiste um horizonte. Alguns dizem que é o lucro. No entanto, quando ele chega, deseja-se mais lucro. E depois mais. E assim sucessivamente. E nesse processo todo, milhões de pessoas abdicam de sua saúde e estudos e viagens e sociabilidade para satisfazer essa “necessidade” mercadológica. Não me parece sensato.

Abrindo os jornais observam-se problemas relacionados à criminalidade, ao trânsito, ao enriquecimento de grandes grupos com crises, aos desentendimentos, às doenças, etc. Ao mesmo tempo, nunca se viu uma sociedade tão orientada para a matéria e (ao mesmo tempo) uma minoria – crescente – de seres cada vez mais determinados a se orientarem para o espiritual.

O trabalho já não é mais o que deveria ser. O trabalho que é imposto à maioria é aquele do século XIX. Institucionalizado, focado para o crescimento de um grupo específico (a qualquer custo, desde que não viole uma Lei....ou a viole de forma que o Estado não identifique essa violação), com controle de tempo e restrições às necessidades fisiológicas e da mente. Hoje em dia isso é feito de forma a parecer que não é imposto, e sim uma escolha da pessoa. A pressão psicológica se pulveriza nas mentes, de forma que cada um se auto-controla em prol do grupo no qual está inserido. Isso evita custos em monitoramento, e consequente aumento de lucro (do grupo, não da pessoa). Além de uma obediência cega. O SER se torna uma FERRAMENTA. A EXECUÇÃO predomina sobre a CRIAÇÃO. Não há espaço para questionamentos, sempre taxados como algo subversivo pela maioria. Algo com o intuito de desestabilizar a “boa situação” do momento (que boa situação é essa? Para quem? Sob que ponto de vista é boa? Para a minha saúde? Para o meu crescimento nos estudos? Para as minhas relações sociais?...) Porque este é motor da evolução.

Sabe-se cada vez mais que os sistemas que adotamos devem se adaptar às nossas necessidades. Jamais o contrário.

O SER evoluiu de um modo geral. Os sistemas antigos aplicados ainda hoje já não se aplicam às necessidades e potencialidades das gerações do século XXI, XXII e além. Eis a causa de tantas doenças, revoltas, rupturas e desejo de escapar da loucura. No entanto, a enorme inércia às mudanças permite apenas a resolução do problema na sua forma individual. São poucas pessoas, cuja condição de vida e evolução permite a elas se colocarem numa situação de relativa invulnerabilidade – à loucura que permeia a maioria dos seres desse planeta. E assim podem contribuir para elas mesmas e para o seu entorno. No entanto, ainda não constituem ameaça para o sistema (que parece até estar criando vida própria). Um sistema ansioso em manter as pessoas operando em prol de objetivos vazios.

A meu ver o problema coletivo só poderá ser resolvido com a persistência dos seres que resolveram seus problemas individuais. O número crescente de pessoas numa condição saudável, com objetivos que visam o bem-estar de tudo e de todos, deve formar uma frente de resistência contra a banalidade que impera neste planeta. E essa resistência deve ser proporcional à sua determinação – em promover o PROGRESSO humano.

O sociólogo Domenico De Masi sintetizou muito bem o nosso mundo. Ele disse algo mais ou menos que segue essa linha:

Este não é o melhor dos mundos. Mas é o melhor dos mundos entre todos que já existiram.”

Continuemos nossa jornada evolutiva, nos despindo dos sistemas arcaicos que já não são capazes de nos conduzir ao Progresso.



domingo, 2 de fevereiro de 2014

SENSIBILIDADE SOCIAL versus SOCIABILIDADE

Há alguns meses escrevi um artigo intitulado “Sensibilidade versus Atuação”. Nele, esbocei as duas formas fundamentais (e distintas) que alguém pode adotar para conduzir sua vida. E destaquei igualmente que essas duas formas estão presentes em todo ser humano, mas uma acaba se apresentando com maior intensidade num indivíduo – ou seja, a característica dominante acaba sendo a locomotiva que conduz a vida da pessoa, enquanto a outra, relegada a cumprir um mero papel de preenchimento, tem pouco peso no destino desse ser.

Neste ensaio pretendo – a partir do conceito fundamental de Sensibilidade e de Atuação já descritos anteriormente – fazer um estudo de um caso particular a título de ilustrar a importância de valorizarmos um novo modo, ainda pouco valorizado (me refiro à sensibilidade), de conduzirmos nossa vida.

Desde minha adolescência, quando tinha 15 ou 16 anos, a questão da sensibilidade vem ocupando um espaço cada vez maior em minha mente e gerando um interesse natural em estudar assuntos que possam me levar a descobrir mais sobre meus semelhantes, os fenômenos, e minha própria pessoa. Isto é, o tema vem crescendo em importância, de modo que quanto mais os anos passam, e consequentemente mais experiências – boas ou ruins – tenham de ser lidadas por minha pessoa, mais importância dou para esse tema.


Sensibilidade social
A causa fundamental desse interesse intenso provavelmente esteja relacionado à falta – ou melhor, dificuldade – de SOCIABILIDADE e, ao mesmo tempo, uma grande dose de SENSIBILIDADE SOCIAL, que venho apresentando desde que adentrei naquela fase conhecida como adolescência.

A única diferença entre o modo como eu percebia as coisas aos 16 anos e como eu as percebo hoje reside unicamente no fato de que atualmente eu disponho de uma série de experiências – obtidas através da observação dos outros, de mim, e de uma reflexão profunda constante ao longo dos anos – e uma visão mais global dos fenômenos, além de um conhecimento (e vocabulário) mais refinado para expor e destrinchar esse tema tão inquietante e importante – para todos, queiram admitir isso ou não.

É comum ouvirmos pessoas falarem ou fazerem apresentações sobre comunicação ou sociabilidade. E destacarem a importância de sermos sociáveis para conseguirmos ter sucesso na vida em todas (ou quase) vertentes da mesma: relacionamentos, família, emprego (busca ou na manutenção), oportunidades, expansão do leque de conhecidos, reconhecimentos nos meios sociais e laborais, entre outros. Isso de fato é verdade. No entanto, trata-se de uma verdade RELATIVA, que se aplica a este mundo nesse instante – ou seja, no grau evolutivo presente, que não está muito longe da animalidade...Com isso quero dizer que existe uma outra verdade, maior, que consequentemente torna essa primeira “verdade” uma mera maquiagem. Ela é mais profunda e eficaz. E portanto mais de acordo com a Lei universal que rege tudo e todos. Explicarei o porquê dessa afirmativa aparentemente (aparentemente) feroz.

Ao longo de minhas observações extensas (na amplitude de casos) e intensas (na busca da intimidade dos significados) fui me apercebendo o que de fato significa ser sociável. E comecei a ter uma visão mais aprofundada – e portanto menos simplória, direta e certa – sobre o tema.


Sociabilidade
Ser sociável com os outros sempre envolve uma certa dose de atuação. E quando digo 'atuação' me refiro aos dois sentidos que essa palavra pode assumir: o de interpretar, agir, de forma não-natural, tendo em vista manter as aparências e evitar qualquer tipo de debate que adentre no campo da polêmica, evitando conflitos físicos ou verbais (mas mantendo as garras prontas para praticar o terrorismo econômico, discreto e lento no “inimigo” ou “diferente”); e no modo de AGIR ao invés de SENTIR para conseguir ganhar algum destaque na ocasião social. Em suma, se trata fundamentalmente de um modo levar a pessoa a obter um sucesso muito mais de FORMA (aparência) do que de CONTEÚDO. Porque o foco da sociabilidade deste mundo não envolve SINCERIDADE.

Explico melhor.

Quando observamos pessoas bem sucedidas (sob o prisma deste mundo) – ou seja, cheias de contatos e oportunidades e bem vistas – um ser inteligente percebe rapidamente que esse tipo de gente comumente não se revela sincera em suas conversas. Até mesmo com familiares e esposa/esposo ou amigos considerados íntimos e de longa data isso é verdade. O que significa que sempre, para obter a vantagem que lhe possibilite ter esse “sucesso”, a pessoa “bem sucedida” [nesse ponto as aspas já tem sua justificativa] deve se encobrir de SEGUNDAS INTENÇÕES. E assim as afirmativas nunca podem ser tomadas literalmente. Mesmo quando se trate de assuntos sérios que envolvam sentimentos ou interesses gerais – o que é muito egoísta do ponto de vista espiritual. Tem-se estabelecido a partir daí um jogo SINUOSO no qual a pessoa inclinada a ele sempre (nesse mundo, nessa vida, pelo menos) pode escapar de reparar o mal que tenha feito para seus semelhantes. Esse escapar, esse ato de fuga, é realizado graças ao jogo de palavras dúbias, que podem assumir uma miríade de significados, o que é muito útil para aqueles que desejam se isentar da responsabilidade*.

Por outro lado existem seres dotados de grande SENSIBILIDADE SOCIAL que possuem dificuldades em expressar seus sentimentos e ideias. E esse tipo biológico tem uma inclinação mais forte para trabalhar – se preocupar – sobre o CONTEÚDO. É alguém que se incomoda com o desconforto dos outros. É alguém que sente o mal estar do semelhante como seu. Ou seja, compartilha, inconscientemente, as sensações de dificuldade material (e às vezes até espiritual) dos outros.

Quem tem sensibilidade para questões sociais geralmente (nem sempre) é alguém que, por dar pouca importância à forma, não consegue se fazer compreendido pela maioria das pessoas, e acaba sendo taxada erroneamente – geralmente por pessoas “bem-sucedidas”, “comunicativas” e populares...neste mundo pelo menos... – de arrogante ou louca ou chata ou uma combinação desses vocábulos, o que é uma tragédia do ponto de vista do Progresso.

Portanto (e para concluir) estamos diante de um GRANDE DESAFIO que só poderá ser resolvido gradativamente e com muito suor.

Devemos deixar de buscar essa pseudo-sociabilidade que busca, a partir dela mesma, passar a imagem (falsa) de que somos seres com sensibilidade social – e que só serve para nos elevarmos à custa dos sentimentos e posses de terceiros, e passarmos a..

Desenvolvermos nossa sensibilidade social arduamente, pouco a pouco, e a partir de nossa indignação com o modo como as (pseudo) relações se edificam e se corroem, nos apoiarmos em nossa VONTADE de construir relações SINCERAS e SÓLIDAS para ganharmos habilidades comunicativas.

Em suma, a SENSIBILIDADE deve servir de ALICERCE para desenvolvermos a SOCIABILIDADE. A verdadeira e única sociabilidade. A sociabilidade sincera, sem jogo de palavras. Sem sinuosidades. Sem segundas e terceiras intenções. Sem equívocos.

Clara, reta e bem intencionada. 


*Gostaria de destacar que existem casos particulares na História – sendo o mais famoso Jesus de Nazaré – no qual a linguagem figurada assume um PAPEL NECESSÁRIO devido à falta de sensibilidade da população deste planeta na época (e mesmo hoje em dia) em assimilar conceitos de vida elevados que visavam o bem-estar de tudo e de todos. No entanto trata-se de casos particulares, no qual a INTENÇÃO era a mais pura e elevado possível.

Um vídeo que ilustra o contraste entre alguém sociável e outro com sensibilidade social.

http://www.youtube.com/watch?v=kbvyzU0Ab-o








DETERMINISMO versus ACASO

Eu e meu pai, em nosso estado de seres apartados (mas felizes e abertos à vivência), geralmente temos debates filosóficos informais aqui em casa. Debates esses que não chegam a ser aprofundados como aqueles conduzidos por gente formada e atuante na área, mas que são suficientemente intrigantes. Um dos assuntos que surgem ocasionalmente em nossas conversas é a aleatoriedade.

Existem pessoas que ignoram a aleatoriedade – também conhecido por processos estocásticos, ou seja, acontecimentos que tem origem em processos não-determinísticos. Para elas o estudo de probabilidades é uma “acochambração” de algo que desconhecemos. Por exemplo, se formos jogar na loteria, não somos capazes de obter uma expressão matemática que defina qual será a sequência de números sorteados. Mesmo com várias entradas (condições climáticas, geometria das bolas, pessoas presentes, dados passados, etc), não há pessoa capaz de levantar uma Lei que pode estar regendo esse tipo de fenômeno. Logo, a única coisa que podemos fazer é calcular as probabilidades de tal evento ocorrer. Damos uma nuvem de pontos possíveis. Não um ponto. Isso caracteriza desconhecimento do fenômeno. Imprecisão. 



Não somos fantoches. Apesar de frequentemente nos
deixarmos conduzir por forças estranhas.
Se considerássemos um mundo perfeito, ou seja, um mundo onde todos os fenômenos pudessem ser descritos sem erros, seria possível criar um modelo para qualquer acontecimento. Inclusive uma equação para saber que sequência de números será sorteada no próximo jogo de loteria. E talvez um dia – daqui a milhares e milhares de anos – cheguemos a esse mundo perfeito (ou quase). E esse mundo perfeito não depende exatamente da transformação exterior do dito cujo, e sim de nossa PERCEPÇÃO dos fenômenos, que passará a ser cada vez mais apurada. Mas não se animem! Porque ao mesmo tempo que atingirmos um conhecimento de tal ordem, esse conhecimento tenderá a se democratizar (conforme sempre se dá ao longo dos séculos), e seria tão insustentável quanto insensato mantermos casas de jogos de qualquer tipo. Por que? Simplesmente porque quando for do conhecimento de muitos as (digamos) técnicas de ganho, seria impossível pagar quantias para preencher a quantidade total de prêmios. Em suma, os jogos tendem a desaparecer por completo à medida que o conhecimento e a sabedoria humana progridem. E essa tendência vai de acordo com os ensinamentos morais de um ser que passou por este planeta há 2 mil anos.

Bom...quanto a outros aspectos, se voltarmos alguns séculos na História, iremos nos deparar com fenômenos que eram atribuidos ao sobrenatural. A transformação dos elementos, por exemplo – uma área da alquimia, que mais tarde se tornou a nossa química. Ou as eclipses. Desconhecíamos os movimentos dos corpos e os fluxos de energia. E com isso o que hoje é considerado determinístico antes era domínio do sobrenatural ou do acaso. Mais do primeiro, pois o estudo da Probabilidade começou a se sistematizar com o progresso das ciências determinísticas como a Física, a Química e a Matemática.

Com base no desenrolar da História, observa-se um fenômeno interessante: aquilo que pertencia ao desconhecido passa para o campo do conhecido (pelo menos em termos macros). O acaso vira determinismo. Mas ao mesmo tempo, por mais que hajam estudos sendo conduzidos em várias áreas, o acaso permeia nossa existência. E muitas instituições tiram proveito da ignorância das pessoas, que em sua maioria desconhecem detalhes de Probabilidade e Estatística. As pessoas são alimentadas – via propaganda – pelo famoso sonho de que a sorte pode chegar. Mera ilusão. Pois observa-se que se isso fosse verdade, os cassinos, os governos e as casas de jogos “undergrounds” iriam à falência (isso pode ocorrer apenas em casos nos quais os donos cometem algum deslize nas leis jurídicas ou de probabilidade ou de bom senso). 



Somos livres, mas sevemos sê-lo com consciência.
No final das contas não se trata de ser pró um ou pró-outro. Se trata simplesmente de uma PERCEPÇÃO do mundo à nossa volta. Esse constante aprimoramento do nosso ponto de vista sobre as relações e fenômenos é o que confere uma dinamicidade ímpar e maravilhosa entre determinismo e acaso.

A Natureza é muito mais fácil de ter suas Leis sistematizadas. E de fato a História demonstrou isso (Galileu, Kepler, Newton, Kelvin, Einstein, Eddington,...). Por isso a matemática é tão permeável nas ciências naturais. Por outro lado, as relações sociais e afetivas são muito refratárias à matemática (ou melhor, vestir as ciências sociais com a matemática é muito mais difícil). Porque somos incapazes de descrever com precisão como devem se desenrolar as relações humanas. Não é à toa que estudos avançados – ainda engatinhando – no campo social fazem uso de uma matemática baseada nas teorias de probabilidade e estatística. São faixas, e não pontos, as repostas a perguntas que envolvem variáveis sociais. Por mais precisas que elas (perguntas) sejam, não é possível afirmar com certeza qual será a resposta. Isso, a meu ver, derruba a tese de que as Ciências Humanas são uma área fácil – me refiro ao que essa área pode ser em sua máximas possibilidades e não em como ela é encarada por muitos que aspiram uma formação mais “light”.

Eu diria o seguinte: quanto mais aleatório algo, mais profundo o fenômeno; quanto mais determinístico, mais desvendável. É claro que essa suposição é superficial e tem boas chances de estar equivocada. Mas eu creio nela porque parece haver uma sequência de descobertas que deve obedecer uma ordem universal. Essa sequência começa pelo exterior (fenômenos mais grosseiros e perceptíveis, físicos), e segue infinitamente até o interior (fenômenos sublimes que envolvem sentimentos espirituais).

Mas independentemente do tipo de CONHECIMENTO com que nos afinizamos, devemos sempre aplicá-lo em prol do bem de tudo e de todos. Isso é SABEDORIA.

No início tudo é acaso e obra do sobrenatural.
No infinito tudo será determinístico e percebido como uma Lei divina.