"Deus há de ser infinitamente justo e sábio. Procuremos, portanto, em tudo, a Sua justiça e a Sua sabedoria e curvemo-nos diante do que ultrapasse o nosso entendimento."
Gênese, Cap. III. O bem e o mal.
Existem questões que nossa inteligência nem sequer percebe ainda. Isso é perceptível no momento em que começamos a lidar com questões (aparentemente) insolúveis, mesmo dentre pessoas com um grau de instrução acima da média - bem acima.
Tudo parte da concepção. Nos volumes A Grande Síntese, Deus e Universo e O Sistema é feita a explicação dos três momentos da trindade à luz da razão: Pai, Espírito (Santo) e Filho. Observemos esses momentos, que sintetizam o ato de criação.
O Espírito simboliza o pensamento. É a concepção, imaterial e abstrata, mas influente no mais alto grau. Ela influencia a multiplicidade do finito mas está além das dimensões deste. Ela é a gênese da criação absoluta (provinda de Deus) e das pseudo-criações de nossa e de outras humanidades - e formas de vida.
O Pai representa a vontade. É o movimento. O dinamismo que inicia o movimento. É energia que traduz os altos conceitos do pensamento em dinamismo da substância. É o Verbo.
O Filho é a realização no mundo concreto. É a matéria. Tangível, capturável pelos sentidos, presa nas dimensões do espaço e tempo. É a criação, a criatura.
Trata-se nada mais do que um processo decorrente da queda (involução), cujo processo é uma degradação de algo situado num plano superior, imaterial (ideal) que se materializa, se tornando antes vontade (ideia, atitude) e finalmente realização concreta (ação). Espírito-Energia-Matéria. E não poderia ser diferente: algo novo só pode partir do mais - um plano superior. Jamais do menos - plano inferior. Porque este é englobado por aquele, ao passo que o inverso não se aplica. Como se vê, o mais abraça o menos, compreendendo-o, porque além de não negá-lo oferece algo a mais. No entanto o menos é altamente refratário a essa oferta, pois sua concepção é limitada pela sua própria natureza, vendo esse auxílio como um ataque frontal aos seus valores. Eis como se explica o fenômeno de cisão entre Sistema (criação originária, perfeita, no infinito, além das dimensões do espaço-tempo) e Anti-Sistema (emborcamento que gerou o Universo físico, tangível, preso às dimensões espaciais e temporais).
Com esses esclarecimentos podemos começar a compreender o porquê de muitas pessoas não aceitarem - ou terem um grande dificuldade em fazê-lo - visões de mundo situada fora da curva da normalidade (a regra), com suas explicações imperfeitas mas válidas e potentes, que estejam além de suas verdades relativas e progressivas. Estas se tornam exceção. Torna-se difícil à sua natureza momentânea seguir e abraçar um conceito que esteja além de suas faculdades de assimilação. O que ocorre então?
Sempre que um ser se depara com outro que lhe dilata os horizontes, convidando-o a mergulhar em profundidade para perceber que o futuro já está contido em germe no presente, na forma de vontade latente, existe um incômodo, um choque, uma sensação que só pode durar pouco porque a maturação interior ainda não foi suficiente. Ainda não é possível assimilar conceitos mais profundos - e potentes. É como se o menos fosse obrigado a destruir sua personalidade para aceitar tamanho sistema de ideias - que ele mesmo não pode negar. Colocou-se em contato os dois Eus: o exterior e o interior, que, por serem muito distanciados nos seres de grau de consciência média, acabam entrando em choque, gerando uma reação suportável por apenas alguns instantes.
O ser que revela essas visões deve saber que essa comunicação não pode ocorrer nos círculos sociais. Pode-se no máximo, com muita cautela e cálculo, introduzir conceitos, mas com uma certa vestimenta concreta que torne o assunto de maior valor para a média da humanidade.
Nessas observações não se trata de condenar ou descarregar mágoas. Nem de classificar. Trata-se apenas de ser honesto para consigo mesmo e para as pouquíssimas almas que já atingiram um grau de maturação graças às dores intensas e profundas da vida. Trata-se de constatar uma teoria que a cada vivência no cotidiano se revela cada vez mais coerente e sólida. Busquei nos últimos anos de minha vida encontrar alguma corrente de pensamento ou personalidade ou ideia, seja da religião ou da ciência, que revelasse a contradição dessas teorias - visualizadas pela inspiração dos místicos da atitude, dos gênios da sistematização, e dos heróis da ação - ao longo de nossa história. Mas apenas encontrei novas confirmações, o que me levou a aumentar minha segurança e potencializar minhas (poucas) afirmações a respeito dos problemas que afligem toda humanidade, desde as questões de amplitude coletiva até aquelas de nível atômico. Tão grande é a segurança que decidi me lançar numa trajetória a ponto de intensificar essas afirmações através de um curso, oficializando a minha fala, e convidando, através de cada afirmação certa e incisiva, às críticas.
A formalização é um passo inicial. Não se sabe o que virá depois. Eu não fiz questão de divulgar o que estou fazendo. Apenas ofereci de boa vontade, com a intenção clara e honesta de criar um ambiente no qual possamos todos expor as dúvidas e sentimentos mais profundos para chegar a melhores entendimentos de nossa realidade. E dar pistas do porquê de nossas dores, do fenômeno da evolução e da finalidade da vida - no fundo todas essas questões se relacionam.
Com a oferta sem propaganda nem a obrigação de, uma vez matriculado, participar, filtra-se o ambiente: apenas aparece as almas desejosas de assimilar esses conceitos. Almas sem preconceitos e dispostas a mutilarem o exterior para manifestarem aspectos latentes mais potentes e portanto libertadores. No fundo trata-se fazer um mergulho ousado, utilizando ferramentas já disponíveis e um arcabouço teórico rico, para revelar o sentido das coisas. Para relacionar. Para mostrar o transformismo que rege não apenas a cultura (consciente) como a natureza (subconsciente). Para quebrar o dualismo instinto versus razão para apresentar um monismo composto de uma trindade dinâmica que se refaz a todo momento, realizando trocas e progredindo com a evolução - que em nosso Universo se dá com o desenrolar do tempo, dimensão à qual estamos presos por nossa involução; involução adquirida pela nossa revolta, que gerou um embrocamento do princípio da substância*. Um monismo que se afirma com o conceito de sub-consciente, consciente e super-consciente. Instinto -> Razão - > Intuição.
Passa-se de um dualismo cheio de atritos - ao qual Freud achou a "solução" dizendo que somos seres que agem guiados pelos instintos, e só; ou ao qual Maquiavel reduziu a uma forma de governar para manter as aparências com o intuito de obter-se o máximo de vantagem, de tal modo que possamos satisfazer nossa natureza "inalterável" - a um monismo, que traz consigo seu conceito evolutivo, e revela que instinto, razão e intuição estão presentes no homem, simultaneamente, e evoluem com o passar do tempo - maturação. Movimento é a ideia central.
Nada em nosso Universo é absoluto. Logo, tudo é relativo. Mas não apenas relativo, mas progressivo. De tal modo que isso se aplica às verdades: elas são relativas a um grupo, uma cultura, uma pessoa, uma área do saber, uma ideologia, uma época. E progridem no tempo, vindo a se chocar e se refazer em função do choque (circunstâncias). Com isso há fusão e chega-se a conceitos mais vastos e potentes, possibilitando a evolução.
Mas a evolução é um fenômeno universal e vasto. Podemos afirmar que descobrimos uma evolução orgânica, exterior, preso à ciência do paradigma racional-analítico, que mensura e é objetiva. Mas ainda, em larga medida, desconhecemos a evolução interior, que é guiada pelo espírito, que plasma a matéria, a energia e a vida, elaborando-as melhor a cada nova reencarnação, e com isso possibilitando que os meios de atuação exprimam de forma cada vez mais intensa a luz que explode dos recônditos do coração, forçando as células nervosas e seu órgão diretor - o cérebro - a acompanhar essa febre por crescer. Essa "patologia" atinge tal ponto em algumas personalidades, que o corpo começa a manifestar patologias muito semelhantes àquelas dos simples enfermos. Resultado: o mundo e suas instituições classificam o Ser evoluído como um doente e inepto. Um fraco. Eis a tragédia de nossa espécie, que deverá ser sanada por bem (consciência coletiva despertada) ou mal (aplicação da Lei de Deus através das forças da vida). Eu acredito estar trabalhando em prol da cura pelo bem...despertando e convidando a batalhas titânicas no campo das ideias e dos sentimentos mais sublimes. Tudo guiado pela sinceridade séria e seriedade sincera.
Agora podemos começar a compreender o porquê da mente hodierna rejeitar certas atitudes em prol da melhoria do mundo, classificando-as como autoritárias de antemão. O julgamento é feito do ponto de vista do indivíduo. Colhe-se informações a favor dos próprios argumentos, rejeita-se ou minimiza-se as explicações que derrubem os argumentos. Ou procura-se usá-las para comprovar os próprios. Tudo é um jogo de egos.
Eis que chegamos ao momento histórico atual, que traz à tona manifestações sociais de proporções crescentes num país cujo povo está acostumado a não enfrentar questões públicas através de organização ativa, intensa e efetiva.
Diz-se que a greve é um direito. E portanto as pessoas devem ser livres para aderir a ela ou não. E esse é - aparentemente - um argumento inquestionável, que desmorona qualquer atitude ou explicação de autoridade por parte de um movimento social ou sindicato. Mas eis que a história recente nos revela os seguintes fatos: sempre que é dada essa liberdade, o indivíduo começa a agir como tal, restringindo seus interesses a nível mínimo, se esquecendo que existe uma coletividade cujos interesses estão sendo enfraquecidas com essa atomização. Coletividade da qual ele, querendo ou não, faz parte.
O desdobramento pode ser explicado em parte por alguns ramos da teoria social, que usam modelos de indivíduos com patamares intrínsecos de tolerância-limite que, uma vez atingidos, levam-os a seguirem concretamente um "campo magnético de pensamento". Esse campo, ao que me parece, existe, e é a arma usada pela atual forma mental neoliberal de se propagar e se impor sobre as instituições democráticas e morais humanas. Como isso ocorre? Vejamos mais pormenorizadamente.
Quando existe uma greve - seja local, nacional ou (teoricamente**) global - há a opção aceita pelo grosso da humanidade: dá-se a liberdade de participar ou não. Mas o que ocorre neste caso, na prática? Aqueles que desejam se manifestar, se ausentando em ato de não-concordância com as políticas da corporação, do governo, da lógica econômica, são coagidos a não fazê-lo, pois existem pessoas que tenderão a entrar e não aderir. Inicia-se uma cadeia na qual a heterogeneidade dos elementos vivos e humanos enfraquece a convicção individual: os que possuem uma tolerância-limite baixa sucumbem logo de início, não aderindo em virtude de seus interesses próprios (manutenção do cargo, emprego, imagem social, etc). Logo em seguida, aqueles ligados (socialmente ou por corrente de pensamento) tendem a segui-lo; e na sequência aqueles próximos desses; e assim sucessivamente, de tal modo que apenas restarão elementos sindicais ou engajados integralmente no movimento social participando do protesto/greve/desobediência civil, nulificando a atitude.
A questão começa a ficar cada vez mais clara. Autoridade existe e é basicamente de dois tipos: aquela que vem de cima pra baixo, imposta por leis, emendas constitucionais, ordens de diretores de canais de TV e jornais, compras de parlamentares por banqueiros e empresários; e aquela que é exercida de baixo para cima, na forma de movimentos sociais, ocupações, greves, desobediência civil e críticas. Sabe-se qual das autoridades é mais nociva (porque mais poderosa, ao menos aparentemente). No entanto é justamente essa que não é alvo de questionamentos e críticas abertas. O que ocorre então é que o indivíduo, temeroso de perder suas poucas regalias, se sente carregado de tensão que deve ser descarregada de alguma forma. Se o consumo conspícuo, o sexo desenfreado e o falatório incessante não bastam, recorre-se à crítica dos grupos mais fracos que exercem autoridade - ao invés de combater aqueles mais fortes, que são os maiores responsáveis pelas tragédias humanas e ambientais.
Nos vemos diante de uma problema complexo de difícil solução para a mente atual. Um problema que exige muito mais dilatação de consciência do que criação de tecnologias fantasmagóricas e métodos elegantes.
O fato é que o "campo de pensamento" dominante, análogo ao magnético, gera um força que induz os elementos (indivíduos) a, se livres, serem arrastado por ela, até chegar a um sorvedouro, foco em que os elementos são usados para fins escusos: produzir cada vez mais num mundo finito. Desenvolver em sentido emborcado. Criar exageros que levam a carências. Eliminar partes indesejáveis e injetá-las nos locais mais fáceis, seja o meio ambiente (solo, águas, atmosfera) ou comunidades locais. Egoísmo no grau máximo, potencializado através do poderio econômico e midiático ímpar atingido pela corrente mental que visa transformar o ser humano num gestor-consumidor destituído de sentimentos e senso de discernimento da última realidade da existência.
Como acabar com essa liberdade autoritária? Deve-se recorrer a uma autoridade libertadora, que aparentemente sempre partiu do povo, seja na forma de movimento sindical, seja de movimento social, seja de movimentos religiosos (Teologia da Libertação), que se aliam às comunidades.
Eis que, a partir do momento em que se realiza um cerco, impedindo as atividades laborais, protege-se aqueles muitos insatisfeitos que gostariam de aderir, mas num regime de liberdade autoritária se vêem coagidos por forças intangíveis a furarem o cerco. Ajuda-se muitos, prejudica-se poucos. Pois o ser humano é muito guiado pelo medo e esperança, de tal modo que sem um corpo que ofereça um amparo (sindicato, movimento social, líder forte), ele não irá aderir, temendo sua extinção como indivíduo.
Poderíamos afirmar que a coação dos movimentos é injustificada num mundo em que não existisse um jogo de forças subterrâneo, guiado por interesses particulares. Ou seja, ausência do campo "magnético" de pensamento, que induzisse as pessoas a agirem de modo diverso ao que creem. Esse é o campo criado pelo Neoliberalismo. E como ele é de difícil assimilação pelo indivíduo comum (pouco intuitivo, razoavelmente racional), é considerado inexistente. Uma fantasia de esquerdistas, de vândalos, de autoritários. E assim atua-se em função do que a consciência reconhece - que é o que ela pode assimilar atualmente...insuficiente para causar uma mudança profunda no sistema econômico vigente, com todos seus desdobramentos.
A História nos ensina, revelando que existem momentos em que, pela maturação do ser e imposição das circunstâncias, atinge-se um estado de exceção no qual as leis de desfazem e os paradigmas são abalados a nível radical. A Justiça passa por cima da lei (humana), que se recusa a se adaptar ao transformismo evolutivo que rege a vida, desde o nível físico até o espiritual, passando por todas faixas intermediárias (energética, biológica, psíquica, mental).
O próprio argumento dos "pacifistas" geralmente é que devemos compreender o oposto para crescer. Compreender o porquê dessa autoridade estaria incluso na lição. Deseja-se compreender apenas o que se está disposto a compreender.
Esses conceitos brotaram da alma e se confirmaram com um evento especial no mês de Novembro de 2014. O autor presenciou de modo profundo como o mundo faz uso do que existe de mais instintivo no ser humano para minar qualquer tentativa de colocar em pauta questões encobertas pelas instituições - no caso privadas. Esses fatos comprovam os conceitos aqui elaborados até seu último desdobramento. E não sendo possível conviver num meio com tamanho grau de inconsciência, imposta pela alta cúpula, o ser, por sua própria natureza, se viu expulso (sem justificativa) do meio de forma rápida, para não influenciar outros. Fora eliminado. Dadas as condições do momento, seria dificílimo encontrar um reposicionamento na vida. Fora destruído pelas forças que se diziam a favor "da livre adesão", que pregavam liberdade de discurso e todos derivados. Estava no grau zero na vida profissional e afetiva. Nada mais lhe restava. Suas habilidades em lidar com o mundo eram nulas. Sua sociabilidade (fraca) era inversamente proporcional à sua sensibilidade social (aguçada). E com isso decreta-se o fim.
Mas o autor continuou, no meio do desespero, a escrever neste espaço e a buscar recolocação. Não saiu de eixo e não se arrependeu do seu destino - por mais desesperador que pudesse ser. E essa sintonização lhe trouxe uma certa paz.
Com o desenrolar dos meses a ajuda do Alto começou a se revelar. Na verdade esta sabe de tudo e age muito antes, pois se vê livre da prisão espaço-temporal de nosso mundo corrompido - inclusive por aqueles que se dizem absolutamente contra a corrupção. Os furos começaram a se alinhar de modo ímpar. Circunstâncias sem explicação foram se formando à medida que o ser demonstrava estar em paz com sua consciência. Estava se operando o que as religiões denominam MILAGRE.
Fora aberto um edital para um concurso público, em sua cidade, para sua área de formação. E com um salário que, se admitido, superaria aquele salário anterior. Maior coincidência era quase inconcebível. Mais: fora-lhe dado as condições para o estudo pleno (tempo livre). E a vontade aliada à calma lhe permitiu estudar sem problemas. Seguindo calmamente um roteiro interior, o resultado apareceu, exatamente um ano após a expulsão de um reino de pseudo-liberdade. A partir desse momento a vida do autor começou uma ascensão indescritível, que é um segundo ciclo em sua vida particular. Ciclo afetivo-profissional. A Salvação se realizara.
Com isso o autor, ao contrário do que se esperava, se sentiu em dívida com o Alto. Seu desejo de cumprir sua função é mais intenso do que nunca. Ele tem a responsabilidade de explicar os conceitos mais profundos que viveu neste espaço, sem rodeios e com o mínimo de concretizações possíveis - para evitar possíveis divergências dos leitores e estudiosos.
Temos muito ainda avançar nos conceitos de liberdade e autoridade.
O caminho é multimilenar e exige disposição. Somente quem possui o estofo necessário pode seguir esse caminho sem cair nas tentações (ilusões) que o mundo oferece.
Essa foi uma primeira aproximação de um conceito a ser melhor compreendido por uma humanidade vindoura. As afirmações são fortes e abrangentes. O intuito é causar abalos internos que estimulem o ser a repensar sua vida e conceitos - e apontar dúvidas e questionamentos ao autor.
Assim se dá a evolução. Com Trabalho interior - que sempre será uma greve ao trabalho exterior, dependente do interior.
Queda e Salvação.
Vídeo que revela o que ocorre à nível social-trabalhista na nação.
OBS: Trata-se de resultados de constatações e estudos sérios. Não de opinião.
* O Sistema: Gênese e Estrutura do Universo. UBALDI, Pietro.
Estamos longe de compreender plenamente o conceito de liberdade. Nossas abordagens tendem a torná-la autoritária. Devíamos tentar compreender melhor as autoridades libertadoras |
Passa-se de um dualismo cheio de atritos - ao qual Freud achou a "solução" dizendo que somos seres que agem guiados pelos instintos, e só; ou ao qual Maquiavel reduziu a uma forma de governar para manter as aparências com o intuito de obter-se o máximo de vantagem, de tal modo que possamos satisfazer nossa natureza "inalterável" - a um monismo, que traz consigo seu conceito evolutivo, e revela que instinto, razão e intuição estão presentes no homem, simultaneamente, e evoluem com o passar do tempo - maturação. Movimento é a ideia central.
Nada em nosso Universo é absoluto. Logo, tudo é relativo. Mas não apenas relativo, mas progressivo. De tal modo que isso se aplica às verdades: elas são relativas a um grupo, uma cultura, uma pessoa, uma área do saber, uma ideologia, uma época. E progridem no tempo, vindo a se chocar e se refazer em função do choque (circunstâncias). Com isso há fusão e chega-se a conceitos mais vastos e potentes, possibilitando a evolução.
Mas a evolução é um fenômeno universal e vasto. Podemos afirmar que descobrimos uma evolução orgânica, exterior, preso à ciência do paradigma racional-analítico, que mensura e é objetiva. Mas ainda, em larga medida, desconhecemos a evolução interior, que é guiada pelo espírito, que plasma a matéria, a energia e a vida, elaborando-as melhor a cada nova reencarnação, e com isso possibilitando que os meios de atuação exprimam de forma cada vez mais intensa a luz que explode dos recônditos do coração, forçando as células nervosas e seu órgão diretor - o cérebro - a acompanhar essa febre por crescer. Essa "patologia" atinge tal ponto em algumas personalidades, que o corpo começa a manifestar patologias muito semelhantes àquelas dos simples enfermos. Resultado: o mundo e suas instituições classificam o Ser evoluído como um doente e inepto. Um fraco. Eis a tragédia de nossa espécie, que deverá ser sanada por bem (consciência coletiva despertada) ou mal (aplicação da Lei de Deus através das forças da vida). Eu acredito estar trabalhando em prol da cura pelo bem...despertando e convidando a batalhas titânicas no campo das ideias e dos sentimentos mais sublimes. Tudo guiado pela sinceridade séria e seriedade sincera.
Agora podemos começar a compreender o porquê da mente hodierna rejeitar certas atitudes em prol da melhoria do mundo, classificando-as como autoritárias de antemão. O julgamento é feito do ponto de vista do indivíduo. Colhe-se informações a favor dos próprios argumentos, rejeita-se ou minimiza-se as explicações que derrubem os argumentos. Ou procura-se usá-las para comprovar os próprios. Tudo é um jogo de egos.
Eis que chegamos ao momento histórico atual, que traz à tona manifestações sociais de proporções crescentes num país cujo povo está acostumado a não enfrentar questões públicas através de organização ativa, intensa e efetiva.
Diz-se que a greve é um direito. E portanto as pessoas devem ser livres para aderir a ela ou não. E esse é - aparentemente - um argumento inquestionável, que desmorona qualquer atitude ou explicação de autoridade por parte de um movimento social ou sindicato. Mas eis que a história recente nos revela os seguintes fatos: sempre que é dada essa liberdade, o indivíduo começa a agir como tal, restringindo seus interesses a nível mínimo, se esquecendo que existe uma coletividade cujos interesses estão sendo enfraquecidas com essa atomização. Coletividade da qual ele, querendo ou não, faz parte.
O desdobramento pode ser explicado em parte por alguns ramos da teoria social, que usam modelos de indivíduos com patamares intrínsecos de tolerância-limite que, uma vez atingidos, levam-os a seguirem concretamente um "campo magnético de pensamento". Esse campo, ao que me parece, existe, e é a arma usada pela atual forma mental neoliberal de se propagar e se impor sobre as instituições democráticas e morais humanas. Como isso ocorre? Vejamos mais pormenorizadamente.
Quando existe uma greve - seja local, nacional ou (teoricamente**) global - há a opção aceita pelo grosso da humanidade: dá-se a liberdade de participar ou não. Mas o que ocorre neste caso, na prática? Aqueles que desejam se manifestar, se ausentando em ato de não-concordância com as políticas da corporação, do governo, da lógica econômica, são coagidos a não fazê-lo, pois existem pessoas que tenderão a entrar e não aderir. Inicia-se uma cadeia na qual a heterogeneidade dos elementos vivos e humanos enfraquece a convicção individual: os que possuem uma tolerância-limite baixa sucumbem logo de início, não aderindo em virtude de seus interesses próprios (manutenção do cargo, emprego, imagem social, etc). Logo em seguida, aqueles ligados (socialmente ou por corrente de pensamento) tendem a segui-lo; e na sequência aqueles próximos desses; e assim sucessivamente, de tal modo que apenas restarão elementos sindicais ou engajados integralmente no movimento social participando do protesto/greve/desobediência civil, nulificando a atitude.
A questão começa a ficar cada vez mais clara. Autoridade existe e é basicamente de dois tipos: aquela que vem de cima pra baixo, imposta por leis, emendas constitucionais, ordens de diretores de canais de TV e jornais, compras de parlamentares por banqueiros e empresários; e aquela que é exercida de baixo para cima, na forma de movimentos sociais, ocupações, greves, desobediência civil e críticas. Sabe-se qual das autoridades é mais nociva (porque mais poderosa, ao menos aparentemente). No entanto é justamente essa que não é alvo de questionamentos e críticas abertas. O que ocorre então é que o indivíduo, temeroso de perder suas poucas regalias, se sente carregado de tensão que deve ser descarregada de alguma forma. Se o consumo conspícuo, o sexo desenfreado e o falatório incessante não bastam, recorre-se à crítica dos grupos mais fracos que exercem autoridade - ao invés de combater aqueles mais fortes, que são os maiores responsáveis pelas tragédias humanas e ambientais.
Nos vemos diante de uma problema complexo de difícil solução para a mente atual. Um problema que exige muito mais dilatação de consciência do que criação de tecnologias fantasmagóricas e métodos elegantes.
O fato é que o "campo de pensamento" dominante, análogo ao magnético, gera um força que induz os elementos (indivíduos) a, se livres, serem arrastado por ela, até chegar a um sorvedouro, foco em que os elementos são usados para fins escusos: produzir cada vez mais num mundo finito. Desenvolver em sentido emborcado. Criar exageros que levam a carências. Eliminar partes indesejáveis e injetá-las nos locais mais fáceis, seja o meio ambiente (solo, águas, atmosfera) ou comunidades locais. Egoísmo no grau máximo, potencializado através do poderio econômico e midiático ímpar atingido pela corrente mental que visa transformar o ser humano num gestor-consumidor destituído de sentimentos e senso de discernimento da última realidade da existência.
Como acabar com essa liberdade autoritária? Deve-se recorrer a uma autoridade libertadora, que aparentemente sempre partiu do povo, seja na forma de movimento sindical, seja de movimento social, seja de movimentos religiosos (Teologia da Libertação), que se aliam às comunidades.
Eis que, a partir do momento em que se realiza um cerco, impedindo as atividades laborais, protege-se aqueles muitos insatisfeitos que gostariam de aderir, mas num regime de liberdade autoritária se vêem coagidos por forças intangíveis a furarem o cerco. Ajuda-se muitos, prejudica-se poucos. Pois o ser humano é muito guiado pelo medo e esperança, de tal modo que sem um corpo que ofereça um amparo (sindicato, movimento social, líder forte), ele não irá aderir, temendo sua extinção como indivíduo.
Poderíamos afirmar que a coação dos movimentos é injustificada num mundo em que não existisse um jogo de forças subterrâneo, guiado por interesses particulares. Ou seja, ausência do campo "magnético" de pensamento, que induzisse as pessoas a agirem de modo diverso ao que creem. Esse é o campo criado pelo Neoliberalismo. E como ele é de difícil assimilação pelo indivíduo comum (pouco intuitivo, razoavelmente racional), é considerado inexistente. Uma fantasia de esquerdistas, de vândalos, de autoritários. E assim atua-se em função do que a consciência reconhece - que é o que ela pode assimilar atualmente...insuficiente para causar uma mudança profunda no sistema econômico vigente, com todos seus desdobramentos.
A História nos ensina, revelando que existem momentos em que, pela maturação do ser e imposição das circunstâncias, atinge-se um estado de exceção no qual as leis de desfazem e os paradigmas são abalados a nível radical. A Justiça passa por cima da lei (humana), que se recusa a se adaptar ao transformismo evolutivo que rege a vida, desde o nível físico até o espiritual, passando por todas faixas intermediárias (energética, biológica, psíquica, mental).
O próprio argumento dos "pacifistas" geralmente é que devemos compreender o oposto para crescer. Compreender o porquê dessa autoridade estaria incluso na lição. Deseja-se compreender apenas o que se está disposto a compreender.
Esses conceitos brotaram da alma e se confirmaram com um evento especial no mês de Novembro de 2014. O autor presenciou de modo profundo como o mundo faz uso do que existe de mais instintivo no ser humano para minar qualquer tentativa de colocar em pauta questões encobertas pelas instituições - no caso privadas. Esses fatos comprovam os conceitos aqui elaborados até seu último desdobramento. E não sendo possível conviver num meio com tamanho grau de inconsciência, imposta pela alta cúpula, o ser, por sua própria natureza, se viu expulso (sem justificativa) do meio de forma rápida, para não influenciar outros. Fora eliminado. Dadas as condições do momento, seria dificílimo encontrar um reposicionamento na vida. Fora destruído pelas forças que se diziam a favor "da livre adesão", que pregavam liberdade de discurso e todos derivados. Estava no grau zero na vida profissional e afetiva. Nada mais lhe restava. Suas habilidades em lidar com o mundo eram nulas. Sua sociabilidade (fraca) era inversamente proporcional à sua sensibilidade social (aguçada). E com isso decreta-se o fim.
Mas o autor continuou, no meio do desespero, a escrever neste espaço e a buscar recolocação. Não saiu de eixo e não se arrependeu do seu destino - por mais desesperador que pudesse ser. E essa sintonização lhe trouxe uma certa paz.
Fora aberto um edital para um concurso público, em sua cidade, para sua área de formação. E com um salário que, se admitido, superaria aquele salário anterior. Maior coincidência era quase inconcebível. Mais: fora-lhe dado as condições para o estudo pleno (tempo livre). E a vontade aliada à calma lhe permitiu estudar sem problemas. Seguindo calmamente um roteiro interior, o resultado apareceu, exatamente um ano após a expulsão de um reino de pseudo-liberdade. A partir desse momento a vida do autor começou uma ascensão indescritível, que é um segundo ciclo em sua vida particular. Ciclo afetivo-profissional. A Salvação se realizara.
Com isso o autor, ao contrário do que se esperava, se sentiu em dívida com o Alto. Seu desejo de cumprir sua função é mais intenso do que nunca. Ele tem a responsabilidade de explicar os conceitos mais profundos que viveu neste espaço, sem rodeios e com o mínimo de concretizações possíveis - para evitar possíveis divergências dos leitores e estudiosos.
Temos muito ainda avançar nos conceitos de liberdade e autoridade.
O caminho é multimilenar e exige disposição. Somente quem possui o estofo necessário pode seguir esse caminho sem cair nas tentações (ilusões) que o mundo oferece.
Essa foi uma primeira aproximação de um conceito a ser melhor compreendido por uma humanidade vindoura. As afirmações são fortes e abrangentes. O intuito é causar abalos internos que estimulem o ser a repensar sua vida e conceitos - e apontar dúvidas e questionamentos ao autor.
Assim se dá a evolução. Com Trabalho interior - que sempre será uma greve ao trabalho exterior, dependente do interior.
Queda e Salvação.
Vídeo que revela o que ocorre à nível social-trabalhista na nação.
OBS: Trata-se de resultados de constatações e estudos sérios. Não de opinião.
* O Sistema: Gênese e Estrutura do Universo. UBALDI, Pietro.
** a mente hodierna ainda não foi capaz de atingir um nível de organização efetivo a nível global, que aponta que a máxima marxiana de "trabalhadores do mundo uni-vos", nunca foi implementada de fato.