Uma
personalidade, vários meios, várias situações. Um destino que se
molda a cada ciclo. Um destino forjado à medida que um ideal se
consolida. Esse é o início do despertar da consciência, e com ela,
a sensação de libertação.
Mesmo
vivendo num mundo opressor sem garantias ou explicações coerentes,
a dilatação dos conceitos enriquece qualquer pessoa. É uma
libertação com propósito diverso. Não se trata de fugir de uma
realidade opressora, mas de perceber riquezas despercebidas antes e
com isso construir uma nova vida, com novas ocupações e novas
fontes de inspiração e energia. Passa-se a ignorar o que não lhe
acrescenta. Cada vez mais. O que interessa a muitos não causa
atração ou repulsão a um ser desprendido da "realidade".
O que desinteressa a muitos pode ser campo vastíssimo para evolução.
Inversão de conceitos, inversão de valores. Transformação da
vida. O abstrato passa a ser o campo de trabalho, mais estimulante e
inabalável ao tempo e aos ataques; o concreto, uma ilusão a ser
usada apenas como ferramenta.
Quando
alguém tido como chato por muito tempo ganha a fama de teimoso, está
na hora de uma auto-reflexão. E - cuidado! - não se trata de um
convite unidirecional cujo resultado ,tido como certo, deve ser o
esperado de todos (e da pessoa), e sim uma escolha entre DOIS
CAMINHOS:
A flor que nasce na pedra: intrusa por ser minoria frágil ou prelúdio de uma nova era? |
(1) ou
decide-se adotar métodos diferentes para levar a vida, ou
(2)
continua-se o caminho trilhado (!).
“Mas
como?” alguém pode perguntar. Isso levaria ao fracasso do ser em
todas frentes de sua vida. Social, profissional, saúde,...Mas aí é
que reside o poder da reflexão profunda e da fé férrea.
Muitos
fenômenos físico-químicos, para surtirem o efeito desejado,
necessitam de um tempo incomensurável para a realização plena. Na
biologia pode-se afirmar o mesmo com segurança. No coletivo da
humanidade, idem. Num projeto de vida, igualmente. Do micro ao macro,
do átomo ao santo, do trivial ao complexo, qualquer mudança
profunda (de estrutura, de sistema coletivo, de paradigma) exige uma
reordenação no nível hierárquico em que ela deve operar. A
analogia existe em e entre todos os planos. Quem percebeu isso
tem condição de desvendar os mistérios do universo e ir além do
concebível.
No fundo
o processo (reflexão) nada mais é do que uma sucessão de
micro-reflexões. Cada ciclo que se completa merece uma avaliação.
A decisão de progredir deve se basear mais no sentimento do que
na racionalidade. Mas esta não deve ser ignorada. Apenas deixada
como co-piloto. A avaliação deve ser subjetiva. Do íntimo, e não
na opinião do meio. Porque nosso interior diz mais do que todas
externalidades, que são forma – e idem para todos. Daí a
sabedoria de quem diz que querendo bem a nós estaremos melhorando o
mundo. Não se trata de egoísmo, e sim de uma percepção de
inter-relações e telefinalidade da vida. Porque quando estamos bem
conosco expelimos o bem em todas direções. Da melhor maneira.
Quando se
atinge e se consolida um estado de consciência pleno, não há mais
volta. Toda sua existência será em função de uma ideia. Um
conceito que se torna cada vez mais abstrato, mas se revela cada vez
mais real para quem o percebe.
De
nada adianta pedir por milagres se a todo momento somos incapazes
de perceber os milhões que se apresentam intermitentemente diante de
nossos olhos.
A natureza, um gesto, um olhar, uma palavra, um acontecimento animador, uma notícia, um inesperado gesto de carinho,...
A natureza, um gesto, um olhar, uma palavra, um acontecimento animador, uma notícia, um inesperado gesto de carinho,...
O chato
teimoso do presente deve ver se o seu caminho está lhe libertando
(independente dos julgamentos externos) ou lhe aprisionando. Seu
dever é para com ele mesmo. Se sua concepção estiver certa, o
mundo lhe dará razão. Mesmo que isso demore anos, décadas ou
vidas. No curto prazo apenas as sutis diferenças podem indicar
admiração ou rejeição – gestos tão sutis quanto a
sensibilidade exigida para captá-los. Seu agir será sempre o mesmo
em substância, apesar da forma se plasmar de acordo com as
circunstâncias. Assim o que era tido como chato e teimoso passará
a ser reconhecido como sincero e perseverante. Inversão de
valores do mundo.
Quando o
ser se conecta no mais amplo aspecto aos caminhos da ascensão da
espiritualidade vertical, estabelece-se uma conexão sólida com
outro mundo, inconcebível para muitos. Uma ligação entre Céu e
Terra. Ideal e Real. Futuro e Presente. Um ideal que se torna cada
vez mais real, porque sentido e admitido. E o ser que o sente terá
apoio infinito. Mesmo que sozinho no mundo. Essa perseverança vista
de forma emborcada pelo mundo (teimosia) será o estímulo necessário
para que o mundo se plasme.
O plantio
é longo, doloroso e exige uma alta carga de criatividade. Mas vale a
pena. Quem já sentiu as forças do alto se moverem - mesmo que nos
mais discretos acontecimentos - está seguro e calmo em sua jornada.
Não se
deseja reconhecimento. O prazer de ter ganho tanto sem depender do
mundo é recompensa suficiente. Desse estado novo derivam todas
qualidades práticas exigidas por nosso mundo concreto. A diferença:
chegar a essa praticidade estando de acordo com o seu interior; sendo
guiado com segurança; tendo uma fonte de estímulo infindável.
Inesgotável porque alinhada com o Deus imanente. Tudo é
subterraneamente alimentado. O mistério se faz. O mundo admira mas
não compreende.
Mas não
é fácil. Tudo é equilíbrio. Uma visão intensa gera sentimentos
intensos, que devem ser controlados para evitar patologias mentais
e/ou somáticas. Ver além requer podar sua atuação na superfície
e intensificar a escavação de um universo esquecido.
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