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domingo, 28 de dezembro de 2014

O DIA EM QUE A TERRA PAROU

O Dia em que a Terra Parou, de Robert Wise, pode ser considerado um marco do ponto de vista cinematográfico por consagrar o gênero `filme B` no imaginário dos espectadores. E também por tratar um tema de grande popularidade sob uma ótica diferente. A de que os extraterrestres chegam em nosso planeta para evitar a nossa autodestruição.

Filmado em 1951, durante plena Guerra Fria, com a já evidente corrida armamentista espalhando terror e preocupação pelo mundo, o filme de ficção científica pode – e deve – ser encarado como uma crítica às nossas instituições governamentais e modo de vida.

Klaatu (Michael Rennie) tem uma missão: alertar os perigos de um confronto entre as superpotências da Terra, as quais por sua vez podem vir a afetar os vizinhos extraterrestres. E isso seria intolerável para os outros habitantes do sistema solar, cujas civilizações aprenderam a evoluir por um caminho pacífico, sem guerras ou ganância desmedida.

A partir da chegada da nave de Klaatu em Washington toda a sociedade busca se manter informada sobre o evento. Tudo é um grande espetáculo para a população, exceto para o viajante, cujos objetivos são bem claros e honestos. Sua permanência temporária com uma tradicional família norte-americana revela ser muito elucidativa e faz o espectador refletir sobre o seu modo de vida. “Nós não fazemos guerras de onde eu venho” responde o extraterrestre para Bobby enquanto ambos visitam o pai - morto na 2a Guerra - do menino no cemitério. O garoto diz: “Poxa, sem guerras…Essa seria uma boa idéia.”

Inúmeras passagens transmitem a idéia do quão limitada a humanidade é em termos de compaixão e moral e eficiência (administrativa, tecnológica, jurídica,…). Há um assustador desnível entre o mundo que o garoto apreendeu ao longo de seus primeiros anos de vida e um outro mundo, real, possível e distante, sugerido por Klaatu.

Indiferentes à mensagem do extraterrestre, as autoridades se revelam mais preocupadas em encontrá-lo e prendê-lo no hospital do que em trocar conhecimentos. Sua inserção na sociedade é vista como perigosa. Uma atitude um tanto imatura e superficial para quem cuida das relações internacionais, economia, educação, segurança…

O fato de ser um filme de baixo orçamento não limita a qualidade da obra como um todo. Na época o interesse por OVNI’s era crescente, – um tema popular - e a melhor forma de fisgar o espectador era com um filme de forte roteiro usando extraterrestres como pano de fundo. O resultado é algo diferente de otros filmes do gênero produzidos antes. Um marco. E um dos poucos filmes que mostram os habitantes de outros mundos como criaturas pacíficas.

Um filme inteligente. E interessante. 
O que comprova que os filmes B não são necessariamente B em conteúdo.

Trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=51JoEE_znyI

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