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sexta-feira, 3 de abril de 2015

TRANSFORMANDO POLÊMICA EM AUTO-CONHECIMENTO

Polêmica é ruim ou é boa? Ela é desagradável para alguns, prazerosa para outros. Quando aquele assunto delicado começa a pairar no ar muitos se refugiam partindo da conversa ou cortando a fonte. Alguns por não ter suficiente argumento. Outros por julgarem que estão com a verdade absoluta (já falei sobre essa questão em outros textos), e portanto já terem o assunto "resolvido" em suas mentes. Mas não em sua alma...

A polêmica não é um problema em si. Ela é a manifestação da nossa incapacidade em lidar de forma madura com questões fundamentais que a ciência não foi capaz de resolver - até hoje. Mas existem áreas com potencialidade de transformá-la em um conhecimento profundo, que nos aproxime da espiritualidade e consequentemente de uma organização coletiva (um pouco) menos dolorosa e (um pouco) mais fraterna. Áreas que servirão de plataforma para a aplicação de princípios universais, canalizando forças e habilidades latentes no ser humano [1].

Percebam que polêmica se relaciona a discurso democrático e ciências humanas. Quem fez faculdade sabe do que estou falando. Especialmente públicas com campus grandes como USP, Unicamp, Unesp, UFMG, UFRGS, UERJ, UFRJ...

Volta e meia nos deparamos com grupos de ciências humanas ou filosofia envolvidos em debates acalorados. Os estudantes de ciências naturais, de engenharia, de medicina, de odontologia, e áreas que ficam entre os dois "mundos" como psicologia e economia se assustam com tais engajamentos. Sua área tem uma dinâmica diferente.

Cada área do conhecimento opera segundo suas possibilidades, seu histórico e seu meio.
Em engenharia poderíamos definir: 1) o meio como aquilo situado fora do "volume de controle", ou seja, tudo que não seja da vida íntima e faça parte das preocupações de grupo/área; 2) o histórico como o comportamento médio do "sistema" (estudantes de x, y ou z faculdade) ao longo dos anos, com suas "vitórias" e "derrotas" e; 3) as possibilidades como as circunstâncias (internas e externas) que, se bem usadas, podem ajudar a alinhar tudo e todos na busca de uma sociedade mais harmônica.

Outro ponto: uma profissão ou área do conhecimento aparentar eficiência em relação a outra não significa que ela seja mais importante. Como eu já disse e expliquei anteriormente, nosso Universo não é nem estaticamente ordenado nem dinamicamente desordenado, e sim dinamicamente ordenado. Em seu Absoluto, claro.

Da Tese infinita saem as anti-teses finitas.
As anti-teses, ao longo de sua redenção,
formam a sin-tese.
O ser humano é mais complexo do que o ser infra-humano. Porque ele é mais. E organizar o mais é mais difícil do que organizar o menos. A física é mais ordenável do que a metafísica. Mas essa verdade - presente - não afirma que a metafísica não seja compreensível nem organizável. Eis a noção de transformismo!

Um verdadeiro sábio, se chega a realizar altos estudos, não se prende à sua área. Ele utiliza-a para esclarecer, organizar, compreender e ajudar os seus e os outros. Ele é servo de algo maior do que seu nicho e seu ego. Isso o torna formidável.

Um sábio que atingiu a cátedra do meio acadêmico é humilde e considera tudo e todos. Observa além do presente, pressentindo tendências. Ele pode gostar de seu nicho porque considera-o como o melhor canal para manifestar suas habilidades. Transmite a necessidade de unificação e esclarecimento.

Me parece que existem mais ignorantes do que sábios nos meios acadêmicos. Ignorantes e sábios com diplomas e honrarias e títulos e artigos e apresentações em congressos e etc. Isso não é triste nem feliz, e sim uma realidade que só poderia ser assim. Porque o conhecimento torna o ser ego-consciente preconceituoso. Mas o ser pleni-consciente se libertou das necessidades do mundo e faz o melhor da melhor forma, independente de sua posição na escala mental ou material.

A cada dia se torna mais claro porque podem haver pessoas boas e "ignorantes". Todo o panorama se abre diante de meu ser, revelando uma fenomenologia universal tão sábia que ora assombra, ora fascina.

Assombra pela minha ignorância, fascina pela minha vontade de me realizar mais.

É a grande razão-de-ser...

Referências 
[1] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2014/08/e-chegado-o-tempo-das-ciencias-humanas.html

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