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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

A Maior Conquista da Civilização

O que define civilização? Será sua tecnologia? Sua capacidade de se comunicar (linguagem)? Ou simplesmente sua potência econômico-militar? Essas esferas todas podem dar pistas do que seja propriamente uma civilização, mas não são senão aspectos reveladores de algo mais profundo, que parte da forma de organização da coletividade humana.

A forma de organizar os indivíduos, estabelecendo uma norma de conduta geral, permite certos tipos de avanços que seriam impossíveis de ocorrer com simples associações de clãs, tribos e grupos humanos. Essa organização (a ideia de formar relações e um modo de operar um agregado de elementos, humanos ou não) é natural a partir de um ponto. Assim ocorreu no mundo físico-químico, com seus cristais [1] e no mundo biológico com sua organização celular inicialmente unicelular, em que uma única célula executa todas as funções da vida (nível 1), passando por níveis de organização cada vez mais complexos, formando tecidos (nível 2), órgãos (nível 3), sistemas de órgãos (nível 4) até a formação de organismos (nível 5) [2]. Estes são múltiplos e surgiram no decorrer de milhões de anos, sendo o ser humano um dos últimos organismos a aparecer no planeta - 2 a 7 milhões de anos, a depender da fonte. Mas antes de chegar em nós (humanos, em busca de sua humanidade), falemos sobre o a base sobre a qual todas nossas atividades se tornam concretizáveis: a vida

Cristais: a matéria possui um tipo de inteligência
que permite sua organização. É Deus imanente
se manifestando na matéria.
A vida é um fenômeno que aponta para uma inteligência. Ela surge no espaço-tempo, isto é, num universo em que existe matéria e energia se chocando, transformando e reagindo de formas múltiplas, em escalas de tempo e dimensões variadíssimas, guiadas por um determinismo férreo que apesar de assim o ser, revela uma tarefa providencial que abala toda a "ciência" probabilística. Ela aparece quando o contexto (condições ambientais) são favoráveis. Ela surge, brota, floresce, assim que as condições fundamentais estão estabelecidas em terreno sólido, aparecendo em sua forma mais resistente, porém menos complexa. Porque a evolução vai do simples, seres unicelulares, ao complexo, seres humanos. Este é um ser pluricelular que além possuir todas características dos animais, apresenta um psiquismo que habilita seu cérebro a ser algo além de um mero intérprete de estímulos sensoriais. Desponta a razão.

Qual a principal característica da razão? 

"Razão é a capacidade da mente humana que permite chegar a conclusões a partir de suposições ou premissas. É, entre outros, um dos meios pelo qual os seres racionais propõem razões ou explicações para causa e efeito. A razão é particularmente associada à natureza humana, ao que é único e definidor do ser humano." [3]

Essa é a gênese para o que virá a ser a principal característica que diferencia o homem de todas as outras espécies deste planeta. A palavra "razão" se origina de duas fontes: a palavra latina ratio, e a palavra grega logos [4]. Ela se relaciona com os verbos derivados dos substantivos medição, separação, junção, contagem e cálculo. Para fazer essas atividades, é necessário seguir uma sequência. Logo, pode-se dizer que a razão é sequencial e portanto está vinculada ao tempo, pois qualquer processo racional, seja elaboração de teoria, método, implementação, receita, análise, etc deve seguir um determinado roteiro, mental ou escrito. Daí decorre que a consciência humana do presente (razão), que é a 2ª dimensão conceptual, análoga a de superfície, está presa à dimensão "tempo", 1ª dimensão conceptual, análogo à linear [5]. Traduzindo: não conseguimos raciocinar sem o tempo para apoiar esse raciocínio. Isso comprova que o nível de consciência atual, da razão, está preso à sua dimensão precedente, o tempo. Apesar disso somos capazes de pensar em termos de passado e futuro. Na mente englobamos o tempo, percorrendo-o através de abstrações mentais, projetando (previsões) o futuro e reconstruindo (História) o passado, para que melhor possamos atuar no presente. Mas no geral, considerando o corpo físico, o corpo astral e a alma, como todos os três se vinculam e devem caminhar juntos, de forma organizada, no decorrer de uma vida orgânica na Terra, não é possível ao ser humano superar a barreira do tempo. Ao menos no presente grau evolutivo. Trata-se de uma realidade a ser conquistada através da evolução, que é maturação interior através da experiência de vida, autora de nossas obras. Elas, e apenas elas, são o que realmente importa na vida. Serão nossas obras que irão determinar o quanto avançamos na escalada evolutiva. 

Mas voltemos à evolução humana em termos mais visíveis.

O pensamento permite ao ser humano perceber relações. Dessa forma começa-se a pensar sobre os objetos que nos cercam. As necessidades iniciais da humanidade - e por muito tempo - se assemelhavam às necessidades dos outros animais, em seu nível mais fundamental. São elas:

1) Preservação individual (fome) e;
2) Preservação da espécie (sexo).

No entanto, no homem vemos a emergência de um novo comportamento: um novo modo de lidar com a satisfação das necessidades básicas: a criação de instrumentos

A vida é o brotar da consciência. Nela o espírito começa a
atuar de forma cada vez mais livre. Sentindo na planta,
movimentando no animal, raciocinando no humano, e
intuindo no super-humano (nosso futuro biológico).
Todo organismo vivo necessita capturar energia para sobreviver, seja com a finalidade de manter a temperatura (aquecimento, com vibrações musculares, ou resfriamento, com transpiração), de se alimentar (caça, pesca, coleta) ou se proteger dos elementos (tempestades, enchentes, secas, contaminação, etc) e outros seres. Seres humanos são muito mais frágeis do que muitos mamíferos. Sua robustez é consideravelmente menor que a de um boi; sua rapidez é menor do que a de um cavalo ou onça; sua força muscular e agilidade perdem para os felinos grandes; seus dentes são menos adaptados à triturar carne crua; seus punhos são mais fracos do que os chifres de um alce ou um touro; sua pelagem os deixa vulneráveis ao clima; entre outras particularidades. Somos frágeis por excelência. No entanto dominamos toda a superfície planetária. Como? 

Os mecanismos de captura de energia são os órgãos. Eles podem ser bicos, unhas, braços, chifres, nossas mãos e pés. São parte de nosso organismo. Alfred Lotka deu o nome de instrumentos endossomáticos para esses órgãos [6]. O ser humano foi além. Ele possui "órgãos" que não fazem parte de sua constituição biológica. São exteriores a ele. São portanto exossomáticos. Daí nasce a tecnologia: clava, machado, lança, arco-e-flecha, roda, domesticação animal, arado, escrita, escudos, espadas, armaduras, catapultas, barcos, aquedutos, pontes, muros, mapas, mecanismos,...E assim começamos a contrariar (em sentido positivo e/ou negativo) a tendência natural. Passamos a superar o meio através do uso da razão, nos tornando mais fortes, vendo mais longe, nos alimentando melhor, prevendo, antecipando, armazenando e construindo no campo material e do conhecimento, como nenhuma espécie jamais o fez. 

Com o desenvolvimento da tecnologia, começa-se a se viver de forma mais segura. Associações de grupos humanos, com seus códigos de conduta (leis sociais e religiosas) e deveres respectivos possibilitam outras buscas - também tarefa da razão. Nasce o saber humano. Gênese da Ciência. Civilizações da Antiguidade. O Estado Antigo surge. Impérios nascem, de desenvolvem e morrem. Cada qual com seus deuses e que trouxeram um legado. Medicina, geometria, filosofia, direito, escultura, teatro, literatura,...Todas civilizações politeístas até a última da Antiguidade (Roma), que serviu de canal para a consolidação definitiva do monoteísmo - que levou ao início do fim do politeísmo. A partir de Constantino, com a oficialização do Cristianismo, difunde-se pelo mundo as religiões monoteístas, que passaram a ser dominantes, ao passo que o politeísmo sobreviveria por séculos (até hoje) na forma de adorações. São os resquícios do passado ecoando pelas eras. Mas cada vez menos, para haver espaço na alma para a assimilação de verdades cada vez mais vastas.

Quando começamos a usar ferramentas para obter nossa
subsistência, declaramos um novo início. Surge o "órgão"
exossomático, que a partir de então se desenvolve.
Hoje o domínio sobre a Terra é inquestionável. Resta
dominar nossos instintos...
O homem não apenas faz instrumentos. Ele constrói instrumentos que fazem outros instrumentos (automação). Essa característica nossa deslanchou a partir da segunda metade do século XVIII, início da Revolução Industrial. Mas nesse ponto a humanidade já havia concebido e lançado sua maior conquista. Voltemos um par de séculos.

Entre o século V e XV d.C. predominou uma lógica diversa daquela da Antiguidade. O sistema que imperou no mundo conhecido (estudado nas escolas) foi o Feudalismo. Esse sistema era baseado na servidão, e a Igreja tinha um papel central nesse mundo. Época de maravilhas do Evangelho e horrores da Teologia. Místicos e santos como São Francisco de Assis, Joana D'Arc, Santo Antão, Santo Agostinho, entre muitos outros, exteriorizaram em sua vivência as altas verdades compiladas nos Evangelhos e outros livros sagrados (como a Gita). A Idade Média foi de uma riqueza impressionante em termos de mística - e a ela estamos retornando hoje, de um modo diverso, com interpretação renovada, para conduzirmos nossa razão desgovernada. 

Quando o sistema feudal começou a fragmentar irreversivelmente, surge o Estado Moderno. A História classifica esse novo período como História Moderna. Ele nasce conjuntamente com o capitalismo, em sua primeira forma, mercantil. Portugal, Espanha, França, Inglaterra e algumas cidades italianas encabeçaram as primeiras conquistas ultramarinas. A diferença entre essa nova forma de governar é que passou-se a ter um regime centralizado. Surge da pressão da burguesia, que passou a exigir elementos (contexto) que garantisse sua evolução econômica, política e social. Com força crescente, passam a plasmar à seu modo o poder nascente. Surge assim uma superestrutura que possibilita a estabilidade e a centralização de serviços à população. Mas isso não se deu do dia para a noite. Foram necessários três séculos para essa nova forma coletiva se estabelecer [7]. Quando o absolutismo começou a ruir com a Revolução Francesa nascem as possibilidades de expansão a nível global. Com o campo político-social aberto, restava apenas o elemento que fosse dar o impulso econômico-tecnológico: a Revolução Industrial. Não é de se estranhar a proximidade temporal entre esses dois eventos históricos gigantes, cujas ondas de manifestação se repercutem ao longo dos séculos. 

Todo substrato que possibilitou os saltos nos dois campos (econômico-tecnológico e político-social) foi o Estado Moderno. No século XIX foram feitos avanços na indústria. O século XX viu o predomínio dessa instituição. Graças a sistemas universais de educação a foi possível estender para muitas pessoas o que era privilégio de poucos até então - mesmo que por motivos bélicos. O mesmo se deu para saúde, previdência, um corpo de leis, garantia de direitos básicos, desenvolvimentos industriais-tecnológicos massivos que lançaram a pedra fundamental para diversas tecnologias que melhoraram a qualidade de vida da humanidade (mesmo que apenas uma parcela). 
A Grande Síntese revela de forma única, fora do normal, o
conceito de Estado, sua gênese e seu futuro. A partir
dessa obra pode-se construir uma nova humanidade.
Substancialmente, não apenas na forma...
Pela primeira vez...

Após catástrofes das duas guerras e dos regimes totalitários, novos impulsos dados através desse super-órgão coletivo: o Bem-Estar Social. A população dos EUA, Europa Ocidental e Japão, de 1945 a 1975, pôde se beneficiar de uma qualidade de vida jamais vivenciada em toda história da humanidade, com conforto material crescente e garantia de direitos. É verdade que lutas houveram, mas no plano geral, observando a trajetória de milênios infindáveis do homem, nunca se viveu tão bem e com tamanho acúmulo de conhecimento quanto na segunda metade do século XX.

Contrapondo-se a isso vimos massacres infindáveis em todos locais do mundo. Causados por influências de grandes potências. O embate entre um modo de se produzir (capitalismo) e outro (socialismo); a inércia em findar a colonialismo europeu; e o advento de uma nova força, surgida com a explosão industrial no século XIX, e que passa a ter força cada vez maior ao longo do século XX, operando de modo invisível, influenciando os poderes sem aparecer no palco, entrando na vida dos indivíduos e se mostrando como um grande bem para a humanidade: as corporações e seu sistema financeiro.

Com um lag de três séculos, o universo privado usa como plataforma o eixo econômico-tecnológico. Afirma que o progresso da humanidade se deve a esse grande eixo, e ao longo dos anos se articula e usa de seus meios de comunicação de massa e influência nos poderes para passar essa ideia, inculcando-a nas mentes dos indivíduos. Eis que chegamos aos nossos tempos. Os últimos 40 anos foram de ascensão enorme das finanças e da fragmentação da vida como a conhecemos. Tudo se plasma cada vez mais rápido. Relações são líquidas [8] e não há alternativas a não ser seguir uma lógica que permita lidar (leia-se gerenciar) esses medos e frustrações sem afetar o que está nascendo. Mas para gerenciar deve-se abrir mão de questionar e consequentemente transformar. Mexe-se com o que é imposto e já está pré-formatado. Não se mudam as premissas sob as quais todo o sistema se apoia. Pois isso - segundo a lógica financeira-corporativa - significaria caos, que a ninguém agrada, e portanto a ser evitado a qualquer custo, mesmo que para isso deva-se diminuir gradativamente o poder do Estado, até sua extinção, se for necessária.

O que ocorre então? O Estado Moderno, já completamente permeado de interesses de corporações, que seguem uma lógica financeira que ignora o Sistema-Terra e o Sistema-Vida em seus modelos. Opera com base no gerenciamento da sociedade. Isso é fácil de ser feito, uma vez conhecida a natureza humana e suas limitações. Com isso pode-se jogar com os questionamentos vindos de indivíduos, a se iniciar usando a psicologia de superfície, tornando os questionamentos e reflexões meras reações irracionais que visam satisfação individual às custas da coletividade. A mídia é muito eficaz nesse caso, com suas edições, descontextualização, omissões, seletividade e demais artifícios. O modo de vida, com jornadas de trabalho e preocupações financeiras decorrentes, além de distrações que nada acrescentam, completam o quadro, sugando todo tempo, energia e vontade da grande maioria dos indivíduos que devem abraçar uma ocupação que não lhes possibilite sequer refletir sobre o estado das coisas - a começar pela sua própria vida. Quem quiser saber mais sobre esse verdadeiro poder global pode assistir o documentário "The Corporation" [9]. Onde o Estado Moderno, maior conquista da civilização, entre nessa trama global?

Amor: último bastião da bondade.
Amor: garantia da Salvação.
Amor, base de tudo, sem o qual nada pode
existir e ser feliz.
Seu fim equivale ao fim da civilização como a conhecemos. Por Estado Moderno compreenda-se um organismo que não é 100% centralizador nem possua traços de autoridade que prejudiquem indivíduos, mas sim um super-organismo coletivo capaz de conduzir as almas, provendo a cada um segundo suas necessidades, e extraindo de cada uma, construtivamente, segundo suas possibilidades. Se a tendência mundial persistir, não apenas a civilização pode retroceder séculos (ou desaparecer), mas o meio do qual todo seu bem estar depende (a Terra) pode não fornecer, por muito tempo, possibilidades para uma recuperação a curto prazo. 

Vejamos o que Sua Voz [10] tem a dizer (grifos meus):

"Temos observado a evolução das mais poderosas forças sociais que operam nas massas humanas para a formação de sua alma coletiva. Observemos agora essas forças convergindo nesta alma ainda jovem – verdadeira central psíquica e volitiva – para formarem a sua nova expressão: o Estado. Situado no centro do organismo social, ele concentra o poder dirigente de todas as funções de um povo. Compreendido dessa maneira, como poder, ele é o órgão psíquico promotor e coadjutor das maturações biológicas individuais e sociais, já vistas por nós. Sua função é formar o homem, estimulando as ascensões humanas. Sua meta mais elevada é criar no campo do espírito. Toda a sua multíplice atividade, jurídica, econômica e social, deve ser destilada nessas criações espirituais,..." Cap. 96 - Concepção Biológica do Poder

Segue-se com o Estado propriamente dito, projetando sua evolução (grifos meus):

"Se a Idade Média, em suas condições sociais involuídas, só podia oferecer ao homem um sonho de libertação individual pelos caminhos da renúncia mística, hoje nasceu o Estado, levando a sociedade a desenvolver-se numa forma orgânica, em cujo seio o indivíduo pode atingir sua completa realização. Se a Idade Média atendeu às construções prevalentemente individuais, retoma-se hoje o ciclo das construções e conquistas coletivas. Não é mais concebível o indivíduo isolado, ainda que santo, numa fuga mística da convivência humana, mas somente o indivíduo fundido neste consórcio, em colaboração fecunda. Podemos, então, definir mais exatamente o poder como a central psíquica e volitiva de uma nação, estendendo o conceito de Estado a todo o organismo nacional."
Cap. 97- O Estado e sua Evolução

"Hoje, o Estado não é mais apenas um poder central superposto a um povo. Esse era o Estado embrionário, filho da monarquia. Não mais se admitem tais superposições. Assim o Estado deixou de ser um poder central dominador, para tornar-se o cérebro de seu povo, só podendo ser a expressão de uma consciência nacional, de uma unidade de espíritos, baseada numa unidade."
idem

O último trecho aponta para a Democracia. Um Estado que começa a ser cérebro do povo, manifestando seus interesses mais maduros, é o início da unidade coletiva. O misticismo volta na forma de união coletiva, na qual as almas desejam ascensão efetiva, em maior número, de forma a caminhar rumo a organizações mais pacíficas e em harmonia com seu meio, isto é, todas formas de vida e a mãe Terra. Se algo ou alguém capturou esse corpo (Estado), destroçando sua imagem e emborcando suas funções, é dever do espírito humano discernir as intenções por trás das atitudes e ações daqueles que não mais são capazes de desempenhar sua função. É imperioso não focar no corpo, na ferramenta útil (Estado), e sim na forma mental que está confundindo qual é a meta da vida e o que está ocorrendo por trás do palco. 

Nosso mundo passa por uma turbulência. Nessa travessia vemos o Estado encolher não apenas em sua concretude mas principalmente no campo psíquico: nosso conceito do mesmo é cada vez mais pobre. Vemo-lo como algo cada vez mais dispensável à vida. Como um empecilho. Como a atrocidade em si - e não algo que as viabiliza. Mas essas atrocidades não vem da superestrutura, mas se usam dela para se beneficiar. 

"O novo Estado tem que possuir o monopólio da força, pois, embora ela seja uma necessidade de vossa vida involuída, a privação do seu emprego por parte do indivíduo já constituirá um progresso, porquanto o seu desuso enfraquecerá os instintos antissociais. Esse Estado, que não pode ser agnóstico, deve ter resolvido os maiores problemas do conhecimento, pois precisa ter uma concepção ampla da vida, para fazer o indivíduo compreendê-la e colocá-la em prática; deve saber compreender o homem, seus instintos e seu destino, penetrando o mistério de sua personalidade, a fim de poder colocá-lo em seu lugar e obter dele o máximo rendimento. No princípio, o centro realizará um mero enquadramento de massas, porém no futuro ocorrerá a fusão de almas. Nesse Estado, Deus é imprescindível, assim como o conhecimento de sua ordem divina, cujo funcionamento a ciência deve demonstrar, para que, nessa ordem, o Estado encontre suas bases racionais. Concepção imensa de uma fé social e científica, da qual participarão em paz todas as religiões. Este é o Estado da nova civilização do Terceiro Milênio"
Cap. 98 - O Estado e suas Funções

"Monopólio da força" poderá soar extremamente perigoso para muitos. O século XX viu isso. Mas aqui não se trata de uma força egoísta, e sim de uma força que visa conter excessos. Até o presente momento a humanidade não viu um Estado desse tipo, mas percebe elementos em alguns deles que apontam para esse comportamento. A humanidade, em seu íntimo, anseia por ele, teorizando, imaginando, buscando na Arte e lutando por uma vida melhor, mais justa, em maior união com o outro. Mas podemos ainda acrescentar: de que adianta o Estado não usar da força enquanto corporações fazem isso, de forma violenta (apesar de inteligente) para garantir supremacia sobre tudo que existe? Por mais críticas históricas que haja, há a premissa de que o Estado Moderno deve conduzir o ser humano e evoluir para uma entidade global (globalização dos direitos, das condições de vida, organização dos deveres, justiça, bem-estar, saúde e educação universal, etc). Quais as premissas do mundo privado, que há muito extrapolaram as fronteiras que lhe são devidas? Crescimento econômico infinito, consumismo e domínio sobre povos, formas de vida e biomas? Mercantilização de tudo criado pela humanidade - inclusive as relações afetivas? E o Amor, quando for o único ainda não mercantilizado (porque não-mercantilizável), será combatido por não adequar sua essência aos desígnios insanos de uma lógica gerencial que visa controlar tudo para que o saque projetado se dê indefinidamente? Assim não será, pois o Amor é a base da vida. É o que lhe dá sentido e o que impulsiona o fenômeno evolutivo, no íntimo dos seres. 

Assim sendo e pouco conseguindo fazer, busco orientação me voltando para dentro, sentindo a presença de Deus em meio a todo caos que se manifesta nesse mundo desorientado por excesso de informação, carência de sentido e fragmentação de tempo. 

Deixaremos a maior conquista da civilização desmoronar por termos uma falsa idéia do que ela realmente é - e deve ser no futuro?

Referências

[1] Um cristal é um sólido no qual os constituintes, sejam eles átomosmoléculas ou íons, estão organizados num padrão tridimensional bem definido, que se repete no espaço, formando uma estrutura com uma geometria específica.
[2] http://www.portalsaofrancisco.com.br/biologia/organizacao-celular
[3] https://pt.wikipedia.org/wiki/Raz%C3%A3o
[4] https://razaoouemocao.wordpress.com/2008/08/15/a-origem-da-palavra-razao/
[5] http://monismo.net/coment34.html
[6] Andrei Domingues Cechin: "Georgescu-Roegen e o desenvolvimento sustentável: diálogo ou anátema? " São Paulo, 2008. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Ciência Ambiental.
[7] https://www.todamateria.com.br/estado-moderno/
[8] Zygmunt Baumann desenvolve e ideia de mundo líquido em toda sua obra. 
[9] https://www.youtube.com/watch?v=Zx0f_8FKMrY
[10] A Grande Sìntese.  UBALDI, Pietro. 

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