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quarta-feira, 25 de abril de 2018

Indivíduo - Coletivo

Sob tormentos intensos a vida consciente caminha neste globo. Sob inúmeros ataques na forma de afazeres inúteis, rituais e obrigações materiais dos mais diversos. Sob opiniões que expressam o dualismo e se negam às possibilidades da unidade do monismo. Exposto ao escárnio daqueles que não percebem quais são os caminhos para construir uma vida melhor (para todos), aquele que vê sente o drama da incompreensão. Sentindo se desola profundamente. 

É muito difícil imprimir ideias quando estas visam superar as perspectivas presentes, consolidadas através de séculos de experiências. Quando se tem a oportunidade de passar um conceito, se é incompreendido - em larga medida. Essa realidade é melhor sentida em sala de aula, quando se vê que o corpo coletivo dos alunos se atentam muito mais à forma do que à substância do discurso. As exceções existem, mas são raríssimas, e só a são devido a momentos temporários pelos quais passam. Parece que apenas a miséria e o desespero fazem o ser acordar para as reais necessidades da vida. Quase sempre as interpretações de desviam do real significado do conceito. Melhora-se o discurso, com palavras mais adaptadas. Mas por maior que seja o esforço (titânico!), a difusão ocorre às custas da saúde mental, física e emocional. O esgotamento leva à exaustão da paciência. E aí percebe-se que ascender é um crime gravíssimo neste mundo, punido com o escárnio, a indiferença e (mais desesperador) o esmagamento de possibilidades. 

A Queda da Bastilha (1789). Início da construção de um
Estado mais progressista. Devemos retomar os valores
e fazer uma transformação que envolva o corpo coletivo
e o indivíduo. 
Quando se tenta inserir um novo método de avaliação, há resistências. Estas chegam ao extremo quando se vincula o desempenho individual (alto, médio ou baixo) ao desempenho coletivo (geralmente baixo). Em larga medida há revolta. Atribui-se ao método a caraterística de injusto, pois aquele prejudicado não vê o porquê de ser punido por uma situação da qual ele não contribui para construir. Mas será essa a verdade? (Hannah Arendt explica).

A neutralidade inidividual de cada um, seja ele mais ou menos comportando, permite a qualquer impulso negativo, por menor que seja, conduzir o processo que leva ao caos coletivo, gerando ineficiência e subsequentes dores. É nas massas inertes, onde cada ser que a compõe não é conduzido pela própria consciência, mas pelo comportamento médio da maioria, que o mal encontra terreno fértil para se impor e manifestar. Consolida-se com base na preguiça da maioria em operar engrenagens interiores que poderiam levar a uma libertação de muitas das mazelas que estes mesmos creem vir deles próprios. Mas não. O que mina as possibilidades do sujeito bom são as condições sistêmicas às quais ele está ferreamente amarrado. Percebe-se isso no mundo, percebe-se isso na sala - microcosmo do mundo em termos sociais, apesar de menos complexidades. 

Enquanto a pessoa não sentir os efeitos da ineficiência coletiva - causada pela inércia dos bons - as ações serão frouxas e localizadas, fugindo das reais causas da desarmonia. Dizem que uma sala bagunçada é normal. Quem vê de longe tende a se sensibilizar nada ou pouquíssimo. Quem vê de perto mas tem pouca consciência da fenomenologia humana, aceita a situação e cria métodos coercitivos pouco eficientes, incapazes de atingir a substância dos seres que vagam incertamente pelo mar da vida. Apenas quem está perto e possui uma sensibilização nervosa aguda, percebendo a essência das coisas, pode dar um belo grito de desespero transbordante de significado. Sem essa percepção não se vislumbra novos caminhos. As possibilidades são inúmeras para quem ousa sair da normalidade. Ao mesmo tempo os ataques são ferozes, criando uma barreira homérica que deixa o progredir do ser mais sofrido, com suor e sangue depositados pelo longo caminho da transformação. 

A manhã é o melhor momento do dia para fazer
as atividades que exigem mais concentração. Leitura,
exercícios, pesquisa, estudos, escrita, música, diálogo.
Atribuir a cada indivíduo uma parte do baixo comportamento coletivo pode (ou não) fazê-lo despertar e começar a agir coletivamente, se expondo. Isso pode levar o corpo coletivo a se re-organizar, com elementos que estejam alinhados com a atuação do mestre, que conduz o rebanho, tornando a força daquele eficaz e o rendimento deste maior. Essa é a expectativa. Os resultados só virão à médio e longo prazo. Caso o corpo coletivo não desperte para isso, buscando culpabilizar aquele que aplica o método (um "ladrão de nota"), o desempenho continuará baixo e o todo permanecerá desorientado, causando mais choques àquele que busca obter o melhor dele. 

O objetivo da escola é preparar as almas para o mundo real. Isso significa construir modelos em pequena escala que reproduzam, com alguma fidelidade, como a vida é em grande escala, com todas suas complexidades. Se o mundo é "injusto", que assim seja reproduzido em sala. Pois há um motivo para essa "injustiça", e reproduzi-la em ambiente de classe não significa pura e simplesmente castigar, mas inserir um elemento desagradável que dê as condições para vibração de cordas interiores daqueles que mais estejam insatisfeitos com a situação. "Mas isso não vai ocorrer! Ninguém vai mudar!". Se tal for o caso de muitos, perde-se sempre uma parte da nota em detrimento desse comportamento totalmente pautado na descrença de transformação. O desgaste do mestre é repassado para cada elemento da classe. Dessa forma a dor do outro passa a ser sentida. Não se tem mais algo em sentido unidirecional (professor se atordoa com a bagunça coletiva), mas bidirecional (professor se atordoa e classe é atordoada pela sua própria atitude). Trata-se no fundo de adquirir a característica de um espelho que reflete tudo que lhe é enviado. Uma parcela (digamos 15% da média individual de cada um) da nota final é reflexo da percepção do professor e de seu bem-estar durante as aulas. Insere-se um elemento que pode ser eficaz - se os melhores, que percebem o fenômeno do comportamento, tomarem uma atitude firme e ajam em prol de si, não apenas individualmente, mas como agentes públicos, dialogando com os colegas, mudando sua atitude, pedindo mais respeito.

O que torna a humanidade miserável é sua natureza pouco desperta. O coletivo involuído influencia muito mais o indivíduo do que este imprime características positivas no coletivo. Não basta ser bom. Deve-se ser bom e atuar publicamente. Reforma íntima é o primeiro passo. Mas ela sem atuação social se torna um cadáver incapaz de alterar o entorno. O fluxo deve ganhar força na direção indivíduo consciente -> massa inconsciente. Alguém deve começar este trabalho, caso contrário ele nunca será feito. Quanto maior a consciência, maior a responsabilidade. Ingrata tarefa daqueles que muito enxergam! É o preço a se pagar pela consciência. Triste mas glorioso preço, cujas recompensas estão no próprio ganho interior, intangível mas eterno. Fé é indispensável nesse momentos de solidão terrena, em que nenhuma ajuda humana será consoladora ou suficiente, uma vez que dificilmente uma alma compreenda do que se trata. O drama de quem vê é cruz que se sofre cotidianamente. 

Contemplar a natureza é o que nos permitirá potenciar nosso
trabalho oficial, formal, necessário. Será que damos valor
àqueles que contemplam? Como julgamos um ser que se
maravilha perante a diversidade da natureza e a elegância
dos fenômenos?
No íntimo, a grande maioria deseja mudar os sistemas aos quais está submetida. Mas isso não é revelado porque nos tornamos descrentes da mudança. Buscam-se alternativas que não abalam as estruturas lógicas interiores. Que não causam mudanças efetivas. O caminho é muito laborioso e no meio de tantos afazeres (a maioria desnecessários numa civilização pautada pela eficiência) é natural se optar pelo lugar comum. Vive-se a vida seguindo os roteiros pré-estabelecidos, consolidados através dos séculos. O velho moribundo predomina sobre o novo que quer nascer. Não se trata de organismo, mas de pensamento, ideia, ideal...Na verdade são coisas inversamente proporcionais: enquanto o organismo se desgasta, a ideia se manifesta. Lei que a humanidade do futuro irá descobrir, por bem ou por mal.

O organismo das grandes almas se desgastam até o extremo para conseguir exprimir o que elas são de fato. Pagam o preço da manifestação divina pela dilaceração da saúde, do sossego emocional, da inércia mental, da energia. Se exaurem na busca de uma diferença real, que abra as portas para uma humanidade mais harmônica, capaz de lidar com as contradições que brotam e explodem. Não se satisfazem com as receitas de sempre, por mais segurança e pequenos gozos essas possam lhe dar. Ardem pelas ideias, vivem pela meta final, sacrificam-se para transmitir o ideal. 

Apenas morrendo se renasce. Morrendo o velho renasce o novo. Nova ideia, novas qualidades, sentimentos mais refinados. Um novo que englobe as características úteis do velho, superando-o. Apresentando novas formas de ver, de sentir, de agir. É uma busca alucinante pela libertação. Para uma vida mais plena, longe das misérias ditadas pela nossa inércia espiritual. 

Nessa batalha por vezes sinto me sozinho. Tangenciam meu mundo os mais próximos, que sabem ouvir e sentir as ressonâncias interiores de minha alma triste e desolada. Recupero forças para entrar na arena de sangue da cegueira humana. Pouquíssimos compreendem, não vendo que o meu drama explícito é o drama implícito de todas as vidas, mergulhadas na restrição de possibilidades, de discursos, de métodos e (especialmente) de liberdade. Trata-se não de um drama, mas do drama universal que cedo ou tarde irá arranhar as consciências. 

Nós estamos fundidos no universo social humano, pequeno apêndice da biosfera. Logo, não há separação total entre coletivo e indivíduo. Essa fusão entre o todo e nós deve ser feita o quanto antes. Sem essa ligação os problemas continuarão presentes e insistentes. E nós combatendo um ao outro. 

O dualismo deverá ser superado pelo monismo, consciência mais ampla que mudará por completo a humanidade.  

O trabalho tem um fim, mas do ponto de vista desse plano ele é infinito...

Vídeos de referência:








terça-feira, 24 de abril de 2018

Fusão, Ensaio e Implementação

De nada servem estes escritos se o autor (ou leitor(a)) não compreender o significado de cada sentença. Uma leitura prazerosa não nos garante a evolução interior. Cultura e intelecto são matéria inerte se não houver uma ardente intuição que os conduza. Assim expele-se apenas letra morta, ordenadamente, elegantemente e precisamente. Mas apenas letra morta, incapaz de acender uma chama de consciência capaz de despertar sentidos além dos conhecidos. Quem lê apenas por distração e erudição deve esquecer esse blog - para o próprio bem. Estudar e ler altos conceitos não irão transformar a pessoa para melhor. Muitas vezes travam o processo evolutivo. Deve-se viver, nem que em grau mínimo, as ideias supremas. Assim pode-se dizer: "sim, eu vivi e sofri e tentei e senti o ideal, e agora posso transmitir o que isso realmente significa. as minhas orquestrações verbais virão da alma, única capaz de fazer os outros iniciarem seu caminhar, não por temerosa coerção, mas por livre convicção!"

Baghavad Gita: a obra contém conceitos de profundidade
inimagináveis. Pouco ainda sei - porque pouco vivi.
Me dirijo a todos mas especialmente a mim. Aprendi que a difusão de altos conceitos se dá no silêncio absoluto. O contrário pode ser usado de forma equivocada, através de interpretações errôneas. Não basta ser bondoso se se é incapaz de compreender como manejar as forças da astúcia, ignorantes mas eficientes em obter à curto prazo as coisas do mundo - e esmagar qualquer tentativa de imprimir um ideal, tornando-o uma prática cotidiana. É uma tarefa solitária, incompreendida e aparentemente sem sentido. No entanto a força que a sustenta tem persistido ao longo dos anos, renascendo de tempos em tempos sob uma veste nova, mais íntegra, conhecedora dos meandros do mundo e dos pontos sensíveis da mente e das emoções humanas. 

O momento atual é grave. O mundo tentas ignorá-lo com distrações. Ao mesmo tempo lamenta a vida - sabendo inconscientemente que muitas das lamentações são reforçadas pelas práticas cotidianas de rituais repetitivos. Gestos, falas, pensamentos, comportamentos. O terreno da inércia é confortável, quente e seguro, cheio de confortos. Ao se tentar erguer uma vertical numa tentativa de ascensão, estranha-se. O trabalho de compreender o porquê de estarmos aqui; do porquê dos gestos; de como se diz o não falado; do porquê da degradação do corpo; da fascinação e subsequente fastio por ilusões; das intermitentes falas agradáveis mas que não levam a lugar algum; do que nos leva a escolher z e não y; da dificuldade em superarmos tendências...Tudo isso foge ao consciente médio, que opta por aceitar os mistérios da vida e viver no modo normal. No entanto - e cada vez mais - sente-se um estacionar. A espécie, em larga medida, patina num paradigma incapaz de resolver a questão humana. Trata-se de paradigma exterior, que busca soluções em qualquer meio - exceto dentro do ser.

Aquele que trouxe a Síntese, servindo de canal de Sua Voz.
É dificílimo buscar soluções a partir do próprio ser. O estudo da personalidade irá se defrontar com a necessidade imperiosa de autocrítica. Expor os defeitos e reduzir o discurso. Submeter suas ideias à arena dos questionamentos, de onde virão golpes dos mais variados. Isso é contraproducente (loucura) do ponto de vista da razão, que se desenvolveu para satisfazer nossa vontade, seja ela individual, seja ela de pessoa, de família, de grupo, de nação, de religião, de partido, de ideologia. Dois cientistas franceses já apontam para isso [1], validando os conceitos de Sua Voz - trazidos pela pena de Ubaldi.

Venho optando pelo caminho mais árduo e ingrato. Não faço-o por vaidosa meta de bela ocupação, ou por vestir-me de santidade. Faço-o por exaustão de todas outras possibilidades que o mundo me apresentou. Possibilidades das mais diversas. Encantadoras sob vários aspectos. Mas sempre com um fim vazio, incapaz de dar significado às ações intermediárias do processo, seja ele longo ou curto. Já percebi que a fama é face de dois gumes; que a riqueza atrai moscas, falsidade e interesses ocultos (muito bem disfarçados); que a beleza exterior serve apenas para agradar aos olhos daqueles que mais necessitam do estímulo dos sentidos; que o falar agradável é aceito apenas pela insuportabilidade do mundo em lidar com sua própria substância; que o caminho seguro das convenções, apesar de importante e a ser respeitado, possui uma limitação, cada ano mais visível; que a coletividade humana é, em larga medida neutra, e que essa neutralidade (aparentemente inocente) é ferramenta que os maus elementos usam para criar um corpo coletivo caótico, cego às reais questões da vida, da interconexão e do telefinalismo. 

Vida é evolução - em sentido lato.
Uma escalada íngreme que clama
por transformação interior. Como meios:
saúde, conhecimento, experiencia,
estudos, leitura, conversas, aquisições e
perdas.
Ao longo de vinte anos realizo esse trabalho de constatação, registrando em meu subconsciente as sensações - especialmente as ruins. Assim compreendo as limitações e não me lanço às aventuras tão comuns que podem parecer a "solução definitiva que trará a libertação e a felicidade". As dores são mais recentes. São sete anos de golpes que, se num momento pareceram trazer a obliteração completa da vida, por outro foram o estímulo para olhar para o lado e perceber que os grandes estavam próximos, bastando apenas estender a mão e absorver os conceitos do Alto, trazidos e vividos por almas de grandeza incomensurável. 

No momento releio História de um Homem [2]. Cada centelha de alto pensamento de traduz em grandiloquentes orações. Palavreado que possui muito mais do que bela erudição - revela profunda mistificação. Aqueles que sofreram e atingiram a maturidade espiritual poderão compreender a obra. Para aqueles que jamais tentaram, à seu modo, viver o grande ideal, fazendo ensaios de implementação, os escritos de Ubaldi irão parecer palavras chiques, elegantes e vazias, sem aplicação prática. Esses terão de receber o grande batismo da dor para despertarem os sentidos sobre-humanos. Me dirijo, aqui neste espaço, àqueles(as) já preparados a colocar os dedos nas fendas do mistério, prontos a viverem a vertigem da razão e a explosão do sentimento sem sofrerem quedas fatais. Pouquíssimos compreendem, alguns sentem e muitos olham, perplexos, sentindo uma miríade de sensações que vão desde os julgamentos de loucura até a admiração. 

Essa trajetória é gloriosamente ignorada, belamente sofrida e fatalmente vencedora - à longo prazo, nem que esse esteja além da existência corpórea. 

Para crermos precisamos ver. Isso constitui numa falta de fé enorme. Isso eu sinto através das aulas. 

Há pouco tempo me dei conta de que se não imprimo intensidade e forma chamativa ao meu discurso em sala de aula, muitos creem que meu interesse em que o outro aprenda é nulo. Julga-se pela forma. As mensagem sérias, precisas e orientadas dadas desde o início são vistas com um olhar superficial. Repara-se mais na forma do professor falar, nos seus gestos, nas suas particularidades e altas intensidades do que no conceito sendo repassado. E aí, quando brotam dificuldades imensas, culminando na ruína das notas das provas, chora-se o desespero de quem está perdido e culpa-se quem está mais acessível. Culpa-se o outro, mas nunca a si mesmo. Pode até haver culpa além de si, mas que o diagnóstico, julgamento e implementação sejam conduzidos de modo mais imparcial e universal possível - o que é raríssimo. 

Para quem desejar embarcar, essa será a estrada.
Gélida e solitária. Incompreendida. Mas o íntimo
grita por ela. Por que? (isso eu deixo para vocês)
Dessa forma percebe-se que o mundo quer forma, aparência, sensações. Esse é o único modo que permitirá o aprendizado. Diluí-se a seriedade em doses de brincadeiras, distrações. Não se trata de dificuldade de conteúdo, mas em impossibilidade de envolvimento. É muito mais questão de sintonização do que de aprendizado. Esta virá com a sintonização, naturalmente, à seu tempo. Pode demorar um pouco, mas virá. E com firmeza. Alguns já pressentem essas verdades. Mas a massa dos alunos (e da humanidade) escuta, leva a sério num primeiro momento - apenas para mostrar que é séria - e logo a seguir, na vida pessoal, esquece por completo a mensagem, julgando-a muito difícil, irrealista, bela mas utópica. Não se busca investigar o porquê disso. Não se busca perceber que, se se trata de algo realmente impossível, qual seria a solução para as questões cada vez mais dolorosas, que estão nos levando a uma fragmentação sem precedentes? 

Portanto irei buscar fazer aqui a fusão das coisas mais díspares, trazendo a Obra de P. Ubaldi, H. Rohden, T. de Chardin, B. Pascal, G. Freire, L. Boff, entre outros iluminados dos tempos modernos, para mostrar, pelo caminho da razão e dos valores modernos, que estamos muito longe de atingir o ponto final - mas que todos os segredos já nos foram revelados, restando apenas assimilá-los, trabalhando-os cada vez mais, fundindo Razão e Fé, para que haja a gênese da Intuição, nova inteligência, a ser dominada de forma sistemática por nós, seres humanos. Irei me basear na obra A Grande Síntese, tão bem explicada por Pedro Orlando, parte por parte, relacionando-a com outros aspectos da vida [3]. Será um trabalho monumental, mas necessário - se eu quiser realmente difundir, subsequentemente, a grande visão ubaldiana, de forma oficial. Assim eu, pequeno e insignificante, limitado e impotente, me lanço loucamente nesse abismo de mistério, em meio a um mar de obrigações cotidianas.

Sem isso a vida não tem sentido.

Irei demolir os conceitos e valores mais queridos de muitos, mas apenas para construí-los em plano mais elevado, único capaz de superar o atual impasse humano. Assim, e somente assim, a questão econômica, social, política, da justiça, afetiva, psicológica, religiosa e científica, poderá ser resolvida de forma efetiva.

Farei aqui uma fusão de conceitos, para a seguir realizar um ensaio de práticas, e finalmente uma implementação formal, sustentada pela força da vivência.

Referências:

[1]https://www.google.com.br/search?q=cientistas+franceses+contradizem+descartes&source=lnms&sa=X&ved=0ahUKEwiI-6Lk-9LaAhVGhpAKHfx7BDMQ_AUICSgA&biw=1280&bih=829&dpr=1

[2] http://www2.uefs.br/filosofia-bv/pdfs/ubaldi_05.pdf

[3] http://monismo.net/indice1.html

Vídeo para iniciação no tema:
                                                                                   

domingo, 22 de abril de 2018

A Solidão do Consciente

O grau de consciência fatalmente aponta para a quantidade e intensidade das conexões sociais de um ser. Quanto maior estas, menor aquele - e vice-versa. A admiração também se dá assim. As pessoas tendem a admirar aquelas que estão num nível de consciência próximo. Elas gostam, interagem, buscam, cumprimentam, enxergam, se lembram e aceitam como alguém 'humano' o outro que está numa faixa vibracional próxima, o que permite sintonização.

Ser feliz consigo mesmo para atrair outras consciências.
Vivemos numa era de sociabilidade-solidão. Devemos entrar
num nível de sensibilidade social - plenitude.
Frequência vibratória é uma métrica de maturação interior. Quanto maior a frequência emanada, mais involuído, relativo, de curto prazo, os pensamentos. Á medida que a mente se torna mais compenetrada, se atendo às grandes questões da vida, as ações e atitudes do dia a dia passam a ser conduzidas de modo mais ponderado. Há mais pensamento antes de cada ato, que colima em movimentos mais precisos, com menor desperdício de forças.

Quem não esta preparado para incorporar no seu sistema de crenças e valores uma realidade mais vasta será refratário a qualquer tipo de mensagem, seja na forma de atitude, símbolos ou fala, que aponte para uma perspectiva mais vasta da vida. A tendência é ou reduzir o novo conceito a piada ou ignorá-lo, de forma a não lidar com a questão. Isso sempre será feito enquanto a força do número predominar, fazendo suas fileiras horizontais barulhentas que muito falam (e pouco dizem) predominar sobre os picos verticais do silêncio que pouco falam (mas muito dizem). Esse é o motivo central que explica o porquê de muitos (dos poucos) seres com grau de consciência maior serem frequentemente ridicularizado assim que começam a esboçar sua natureza, repleta de pensamentos que lançam faíscas de luz nas regiões intocadas e temidas pelo imaginário comum. O isolamento começa.

Já escrevi alhures a respeito da questão do isolamento [1] ressaltando que existe uma brecha na qual ele não só pode mas deveria ser respeitado. Caso se trate da exceção, a atitude de (quase) nulificação da interação tem um significado profundo, elevado e nobre, cujos produtos são preciosos do ponto de vista da catarse mística. O mundo percebe, pasmo e indignado, relegando o ser a um esquecimento gradativo. Muitos não compreendem o porquê desse comportamento. Os mais imaturos, geralmente mais jovens, veem um inerme, incapaz de trazer algo 'interessante', digno de piadas e escárnios. O ser sente isso a todo momento. Não reage. Usa os golpes como possibilidade de maior compreensão da natureza humana presente, procurando extrair verdades mais profundas a partir dela. E assim nascem novas conexões, ideias e concretizações. Avança-se sofrendo. Avança-se em silencio. Avança-se pouco, mas em direções diversas, tidas como inúteis por não conduzirem a uma meta tangível, visível, de riquezas, fama e gozos.

A região do ego é o campo concentrado, onde a frequência
é alta. As fronteiras estão no imponderável. Aí reside a paz
e a plenitude, a serem conquistadas por maturação evolutiva.
Quanto menor a frequência maior a expressão da consciência. Quanto maior a frequência menor a expressão da consciência [2]. É possível perceber que matéria e energia se intensificam com o aumento de frequência vibratória, uma vez que energia é igual à constante de Planck vezes frequência; e a matéria é igual à constante k (=h/c^2) vezes a frequência, ou seja:

e = h*f
m = k*f

A dimensão característica da matéria é o espaço, ao passo que a da energia é o tempo. Sem matéria o espaço se torna indefinível, pois passa a ser inexistente - e tudo que não-existe está fora do campo das definições mentais. Sem energia não existe propagação sequenciada, não há movimento, de forma que o tempo de torna indefinível porque inexistente - também fora das definições conceptuais. Logo, a ausência de vibração colima na nulificação do espaço-tempo. Mas o indivíduo não deixa de existir, pois ele não é a matéria nem o movimento que a anima. Estas são apenas manifestações de um princípio no nosso universo.

Gilson Freire, baseado nas últimas descobertas da física moderna, apresenta uma formulação matemática da consciência [2].

C = (h/c^2)/f = k/f

Ou seja, a intensificação do espírito (consciência) se dá com a degradação da frequência. Menor intensidade na manifestação aponta para maior intensidade no pensamento profundo, isto é, a reflexão, a síntese, única capaz de orientar a vida de um indivíduo. Dessa forma a incompreensão do mundo começa a ser compreendida pelo indivíduo que passa pelo processo. A questão é que a estrutura da civilização não estimula o avanço nesse campo. Frequentemente nos sentimos constrangidos ao esboçar pensamentos que andem desalinhados com a média humana, seja ela de qualquer classe social, orientação política, religião, grau de instrução, formação acadêmica, cultura, nacionalidade, etnia ou gosto. Se ocorre afastamento da média substancial da humanidade, fica se só.

É preciso estar forte interiormente, convicto da meta suprema
da vida, para conseguir lidar com as más-interpretações,
os escárnios e incompreensões. 
As médias variam na forma mas na essência o grosso da humanidade se acolhe numa nuvem de comportamento na qual ninguém consegue se diferenciar. Nessa nuvem a direita se identifica com a esquerda; o rico se iguala ao pobre;  a mulher se assemelha ao homem; o pouco estudado se identifica com o culto instruído; o cientista se vê no teólogo; o filósofo se enxerga no artista; e assim toda a humanidade se identifica em seu grau evolutivo.

O ser consciente enxerga essa igualdade na substância, e o modo como conduz sua vida tende a desnudar os mais diversos tipos e grupos, fazendo-os se sentirem diante de um espelho nítido, que dá todas as verdades interiores através de um olhar...uma atitude, simples e despretensiosa. É natural. Mas isso o mundo teme e não aceita. Logo, o convívio é minimizado. No fundo sabe-se que o medo do tipo único é no fundo o medo de si próprio, ou melhor, de sua natureza. Assim ignora-se enquanto pode. Condena-se quando as alternativas de fuga diminuem. E elimina-se quando a ameaça de mudança interior é iminente. Basta observar a História com essa potentíssima lente e logo seremos tomados por um sentimento ardente. Causará choque nas mentes e abalo nos corações. Abrir-se-á o horizonte de trabalho árduo - a ser feito, cedo ou tarde - e o senso de dever tomará conta do espírito do ser.

A importância dada às aparências iniciará a diminuir. O mundo perceberá, estranhando. Perguntando-se o que está  ocorrendo. Não encontrando explicação dentro de seu arcabouço mental, recorrerá ao esquecimento. Mas sempre presente, ora ou outra, fará esse esquecimento se tornar de difícil convívio. Passa-se ao nível da ridicularização, que a depender do grau evolutivo de cada um, pode ser de um simples pensamento pejorativo até o de uma agressão verbal, física ou esmagamento. A gradação é grande, assim como a faixa de consciência. Começa-se assim a serem formuladas as hipóteses. A constatação é contínua e serve para comprovar a realidade da Lei de Deus, que nas misérias do relativo domina cada movimento, bastando estarmos atentos às sutilezas, usando as nossas dores e indignações para benefício de superação própria.

Logo a frase "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" passa a ser uma realidade científica, cada vez mais concreta para fortalecer os que sentem e percebem. E menos conto de fadas para acalmar os fracos.

A solidão é um pré-estágio para a verdadeira socialização, em que cria-se um núcleo de consciência que só aceita a sinceridade dos julgamentos, a retidão da ações e o mesmo fim supremo - único modo de convergir os egocentrismos humanos.

Referências:
[1] http://leonardoleiteoliva.blogspot.com.br/2017/07/as-tres-perguntas.html
[2] https://www.youtube.com/watch?v=ENr5PrN90Bs

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Evolução por Comunhão

O AS possui uma quantidade infindável de restrições àqueles que desejam ascender rumo ao S*. Todas as forças do mundo convergem impiedosamente para aquele que lança as sementes de uma nova civilização, especialmente se esse semeio for feito de forma pacífica. 

Aqueles que são crucificados hoje tendem a se tornar heróis do futuro, e consequentemente da eternidade. Sua atuação parte do íntimo e visa melhorar a vida das pessoas, culminando no início de um processo de mudança interior. Isso pode ser feito do ponto de vista político, científico, artístico, filosófico ou místico. Todos possuem um fio diretor comum, que acabará por criar um corrente que transformará todos agentes para melhor, tornando a relação entre eles mais resiliente. 

Há aqueles que não desejam a transformação do mundo, e portanto farão tudo ao seu alcance para impedir a manifestação de uma ideia, a propagação de um símbolo, a correta interpretação de uma série de acontecimentos, que formam uma narrativa. Assim o poder age criando narrativas falsas, com verdades relativas, pulverizadas num oceano de informações, repetidas conforme a psicologia de cada grupo, de forma a torná-los obedientes a um modo de vida, cada qual a seu modo, dando uma falsa impressão de diversidade. No fundo o nosso mundo possui apenas uma diversidade de superfície, de aparências, que dá uma falsa sensação de que somos livres. Mas na substância o que domina é um pensamento aprisionador, que massifica o que pior existe em cada um de nós. Nosso consciente é dominado pelas piores tendências de nosso subconsciente. O que é bom não é estimulado. O que é egoísta é. Fecham-se as portas para a intuição e as possibilidades de sínteses. Praticamente todas as instituições, em larga medida, não tocam nas questões centrais da vida e perpetuam modelos inadequados aos desafios hodiernos.

O amor evolui. Do carnal ao afetivo. Deste ao espiritual.
Um sentimento que parte da forma exterior, egoísta, até
atingir uma interior, altruísta, percorrendo o caminho.
Aprendendo a compreender. 
Pensar o longo prazo e globalmente pode influenciar a vida cotidiana. Quem consegue oscilar entre síntese e análise é capaz de manter uma orientação universal, o que significa equilíbrio diante das absurdidades que ocorrem a todo momento. Essa combinação dinâmica permite ao indivíduo potenciar suas ações, dar significado à sua vida, aumentar sua concentração e relacionar conceitos de forma natural, sem mais necessitar usar as muletas dos métodos externos. Não mais. Agora o sujeito é neo-sujeito. Renasceu na visão da realidade. Consegue (re-)rescobrir os caminhos, parcialmente ou por completo, dos gênios e místicos e heróis que lançaram pontos de clarão intenso à linha ascensional da História, abrindo fendas no céu do insondável. Clarões num mundo de obscuridade de sentimentos, sem orientação, preso ao imediato das sensações e das repetições. Preso à segurança enfastiante. Ao engessamento dos conceitos e ao desrespeito à consciência. Mundo de grandes batalhas. 

Nesse mundo e nesse país reina a completa falta de bom-senso. Fala-se de forma a reproduzir discursos de ódio, conceitos velhos, e invocar emoções baixas, de barulho e impacto imediato - e só. Enquanto pessoas comentam e se digladiam furiosamente sobre fatos orquestrados por uma elite ao longo de anos, os alicerces de uma vida civilizada erodem, com um desmonte generalizado das poucas coisas boas presentes nas instituições. A grande maioria, inerte, neutra, acaba fazendo o jogo que o poder deseja. Hannah Arendt explica.

Poucas são as oportunidades de imprimir algo útil. A maior parte do tempo é perdido. As circunstâncias são apresentadas secas, superficiais, avessas a qualquer investigação da natureza humana. Avessas a tudo que possa libertar o indivíduo das amarras das convenções angustiantes, que na sua neutralidade astuta escondem a íntima preguiça de ascender. Escondem o medo abissal em se aproximar do outro. Em dialogar. Em aceitar o diferente. Em compreender que evoluir significa submeter o velho a um novo superior, mais hábil em coordenar as (aparentes) contradições. Esse não nega o antigo, mas supera-o, mostrando que domina o passado, vive no presente, mas diferente de todos aqueles que se arrastam na repetição mórbida dos costumes atávicos, antecipa o futuro, lançando-se por inteiro em regiões ignotas. É uma ousadia louca, mas transbordante de paixão! É um salto que se projeta ao longo de anos, décadas e vidas, de forma inconsciente, baseado numa sintonização ainda incompreendida que de alguma forma consegue dar lógica suprema a um trajeto sofrido, tortuoso e solitário, por vezes árido demais - sempre incompreendido, até pelos próximos. Nessa etapa só se pode contar com uma força: Deus.

A verdadeira comunhão é uma fusão de almas num momento singular que não pode durar mais do que o mundo suporta. Quando se percebe algo grande sendo construído: uma construção conceptual apoiada pela paixão; um projeto de vida que se forja sem interesses. Que persiste apesar do número reduzidíssimo de seguidores, do imenso mar de gozadores que ridicularizam às escondidas e dos que não auxiliam, não orientam e olham com escárnio, se refestelando com suas dores. Quando essa vertical se ergue em meio a tiroteios contínuos e ainda assim se faz mais visível e edifica aqueles que a erguem - com sangue e suor - o mundo se impressiona. O que ocorre? Que loucura é esta? Brota o interesse dos incrédulos. Nasce a esperança dos pessimistas. Explode a coragem dos bons. Aciona-se a raiva do mal, que se desespera em julgar, prender e humilhar todos canais que possibilitem transformação. E nessa empreitada desesperada começam a ficar claras as intenções. E essa clareza começa a mexer com algumas almas, antes afogadas no inconsciente e misérias da existência material. Agora cientes de sua miséria, buscando meios de sair desse labirinto sem fim.

Combinar os dois aspectos do AS para equilibrar a subida
rumo ao S. Esse dois se identificarão cada vez mais, se
aproximando da unidade, apesar de sempre manter uma
parcela única, característica.
Os acontecimentos da vida só possuem sentido quando construídos com sinceridade e vontade. Um mar incontável de destinos são feitos inconscientemente. Produto do acaso para muitos. Não há bom ou mal destino. Há apenas destino feito, consciente ou inconscientemente, pelo indivíduo e pela humanidade. Somente quem possuiu estofo espiritual, personalidade dinâmica, capaz de nunca cessar e atuar nos mais diversos campos, morrendo em um plano para depois renascer em outro, superior, mais livre e menos preso às misérias das necessidades dos sentidos e da mente, conquistará paz interior. Nada é mais admirável do que um destino construído conscientemente.

Quando a mecânica do milagre é sentida, passa-se a usar os benefícios que brotam para uma finalidade muito mais nobre. Não se goza os ganhos. Usa-se cada um deles. Para continuar a jornada - antes sentida agora percebida. Percebida com clareza progressivamente maior. Essa noção dá um ímpeto formidável ao ser, que começa a estabelecer conexões fora do comum com diversos sentimentos. Ímpetos incompreendidos que ganham sentido com o passar das décadas. Paciência é a palavra de ordem. Amor a conquista suprema. Evolução o mecanismo.

Quando estivermos prontos para falar, diremos. Quando estivermos aptos a elaborar, forjaremos. Quando nossa natureza psíquica estiver preparada, ciente das armadilhas, malhadas pelos golpes lancinantes, capaz de antecipações fantásticas, aí entraremos em campo. Aí será revelado o que se maturou ao longo de tanto tempo. Mostrar-se-à de uma vez por todas a potência da terceira lei, lei da evolução, lei que permite o consumo da vida corporal, dos títulos e das posições de respeito para alçar novas visões de mundo. Uma sensibilidade hiper-sintonizada com aspectos íntimos das criaturas irmãs, capaz de estabelecer um novo tipo de comunicação, através do silêncio. E assim a eficiência cresce e o abuso se torna uso; a recusa se torna uso; e o amor humano carnal se plasma em amor divino espiritual. 

A partir de um patamar minimo de conforto e estabilidade, é possível seguir seu caminho de forma mística, tornando todas ações plenificadas de valor. A substância se manifesta de várias formas, desde o espírito até a matéria em nosso universo. Logo, é possível falar de Deus a todo momento, seja nas atitudes, nos olhares, nos gestos, nos toques, no carinho da compreensão e na intensidade do discurso. Na força da determinação e na febre da criação.

Em suma, você quieto, temeroso, cauteloso, despertará quando for o momento certo. Construa o seu despertar desde já, não se importando com a escala de tempo ou a dificuldade. Não estabeleça grandes planos mas tenha no coração o sentimento da meta suprema e a convicção do vosso caminho! Quando chegar a hora, você se erguerá. E esse despertar será glorioso para ti e todos sedentos pela água da vida eterna à sua volta. Será um despertar sem volta, para uma forma de vida superior. Sofrida mas com sentido. E nada melhor para a consciência do que uma vida com sentido.

Força e Fé !

* S: Sistema. AS: Anti-Sistema. Para mais detalhes ler Queda e Salvação.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Estado de Fluxo

Criar algo além de suas possibilidades presentes implica em atingir um grau de desprendimento de diversas distrações do mundo. Envolve um mergulho conceptual e de paixão em regiões bloqueadas pelo mundo. Regiões com pouquíssimos desbravadores - e nenhum apoio ou compreensão do mundo. 

Nosso presente deixou de sê-lo devido a uma miríade de preocupações com o futuro próximo. E um aprisionamento aos acontecimentos passados, que ecoam variadas vezes e de variadas formas em nossa mente, sem aparente prazo de validade. De modo que nossas ações e atitudes do momento sempre sofrem distúrbios desse futuro preocupante e passado amargo. 

Momentos de reflexão são preciosíssimos. Deveríamos vê-los
como normal. A construção de uma verdadeira civilização
depende disto.
Pensar em características externas nos prende ao externo, que passa a dominar como conduzimos nossa vida. Por ânsia de sintonização exterior nos esvaziamos da substância interior, capaz de encorajar nossos planos mais elevados de ascensão. Há automatismos diversos que conduzem nossa mente racional, que por mais desenvolvida que seja, em seu plano sempre estará refém dessa inteligência inferior, mais forte porque mais consolidada. Dezenas, centenas, milhares de existências na quais certos vícios se consolidaram, algumas virtudes de firmaram, alguns pensamentos foram superados, e sentimentos floresceram. Combater esse eu interior (subconsciente) no único campo em que podemos atuar com livre-arbítrio (consciente) é uma luta desigual e desesperadora. Combate-se um inimigo oculto, difícil de ser destacado de todas suas atitudes e ações. O filtramento do eu para identificação das causas de seus mais profundos sentimentos e reações às dores da vida é tarefa que por vezes demanda períodos longos, de anos ou decênios - para muitos uma vida inteira. Há ainda aqueles que nada descobrem de seu eu interior, vivendo e reagindo conforme lhe foi impresso pela sua história individual - e pelas normas e convenções do meio. Estamos diante de desafio titânico, que levam os mais fortes no mundo ao desespero completo, e justamente por causa disso estruturam o mundo de modo a ninguém ser capaz de eduzir esse eu interior, colocando-o à tona para saber o que fazer.

Estado de fluxo (minfulness) é um período no qual o tempo (psíquico) interior se desalinha do tempo exterior, gerando uma libertação capaz de potenciar criações inesperadas para o indivíduo. A libertação de um paradigma, de uma convenção estabelecida, a superação de um atavismo, acaba permitindo que se opere com outros tipos de estruturas mentais (arquétipos), de tal modo que começamos a criar novas. Essas irão alterar nosso comportamento, que consequentemente trarão novos resultados (eventos) em nossas vidas. Quem observa exteriormente, na superfície dos acontecimentos momentâneos que iludem e revoltam, vê nos efeitos algo miraculoso. Miraculoso porque sem explicação fácil, aparente. Porque não se vê de fato.

Perceber o quadro geral dá uma sensação
de paz interior ao viver o dia a dia. 
Existem preços a se pagar para a conquista desse estado em sua vida. No entanto quem percebe o telefinalismo da evolução não se abala pelas tempestades na superfície do oceano. Este, em sua abissal profundidade, contém riquezas incontáveis e belezas inigualáveis, que somente os mergulhadores destemidos do espírito poderão acessar - e conquistar. Para esse mergulho nenhuma erudição, intelecto ou aquisição material serão suficientes. Deve-se partir de um plano superior, em que a síntese é esboçada através da intuição. 

Ser menos lembrado em momentos específicos pode ser desanimador. Por outro lado ser menos incomodado quando conflitos se armam é garantia de paz. Paz esta que permite um trabalho contínuo de criação e vivência ímpar. Quanto mais se vê, mais se percebe que esse "negócio" é lucro, pois a perda do mundo é pequeníssima comparada ao ganho interior. E assim possibilitam-se novas construções. 

Pouquíssimos seres param para refletir o porquê de um indivíduo agir de certo modo. As conclusões se baseiam na forma - de falar, de mover, de gesticular, de observar - e no quão intenso e dinâmico este é para certos assuntos (raros), e ao mesmo tempo indiferente para muitos outros. Nunca se para para pensar que pode haver um porquê desse abrupto pico de intensidade e dinamismo ao tratar de certos temas, que podem ser variados, mas levantam, cada qual a seu modo, por vezes, um aspecto essencial da vida, que encanta e agrada a todos, no fundo. Esse ser acaba distorcendo a personalidade já em maturação intermediária para que sejam evitados certos conflitos e interpretações equivocadas de sua pessoa. Á medida que o tempo passa o ser acaba adquirindo maestria nisso, e acaba se tornando um mestre do mapeamento de personalidades. Acaba por identificar em poucos instantes quais são os ritmos, o que estimula cada um e os grupos, até que ponto se pode caminhar na íngreme escada do sentimento e do conceito. Assim ele consegue, de certa forma, evitar se revelar. Pois o que lhe interessa só irá chamar atenção se servir de algo prazeroso para os outros. Algo que possa até fazer o outro melhorar, mas sem jamais incomodar. Há certas estruturas do subconsciente que não podem ser incomodadas, pois não querem e farão de tudo para prevalecer. Seria a destruição do indivíduo, que pouco preparado para a grande batalha (interior, Lúcifer versus Lógos), sabiamente recusa ir além de certo ponto. E está corretíssimo! Inconscientemente percebe a natureza que no momento atual é insuperável. Aquele, tendo passado por isso, percebe e respeita, trabalhando silenciosamente.

Chorar ao ver a manifestação da vida. Isso ocorre não por
loucura ou fraqueza, mas por capacidade de sensibilização.
Quem souber controlar essa faculdade será mestre de sua
vida. 
Assim, de uma forma ou de outra, vivemos num mundo de atuação, na qual deve-se mascarar, em maior ou menor grau, quem se é, para que o bem possa trabalhar eficientemente e o mal possa julgar estar no controle. Mas quem manda em mim, em você, em todos nós são as forças da vida que clamam: "Evolução ou perdição!" E quando passamos a operar em prol das leis da vida, integrando o aspecto econômico ao humano, e este ao ecológico, a eficiência aumenta. Conseguimos mais concentração e o nosso tempo livre, de solidão, é respeitado pelo próximo, que inconscientemente vê nele não um isolamento egoísta, mas uma construção altruísta, buscada para gerar conceitos, sentir o distante não-distante, se alegrar com o mais simples, de incrível complexidade para nossas mentes. Assim brotam apresentações, textos, falas, ideias, conceitos, energias latentes, disposição, projetos e novos comportamentos. Trabalha-se na estrutura da personalidade. Isso só é possível quando se percebe que há mais do que a inteligência humana. Nesse ponto Sua Voz, captada por P. Ubaldi, esclarece:

"Deixareis de lado, para uso da vida prática, vossa psique exterior e de superfície, a razão, pois só com a psique interior, que está na profundeza de vosso ser, podereis compreender a realidade mais verdadeira, que se encontra na profundeza das coisas. Esta é a única estrada que conduz ao conhecimento do Absoluto. Só entre semelhantes é possível a comunicação; para compreender o mistério que existe nas coisas, deveis saber descer no mistério que está em vós."

"Purificai-vos moralmente e refinai a sensibilidade do instrumento de pesquisa que sois vós, e só então podereis ver."

A.G.S. Cap. II - Intuição
(grifos meus)

"Se vossa consciência já não vos faz mais admirar qualquer nova possibilidade, como podeis negar a priori uma forma de existência diferente daquela do vosso corpo físico? Deveis pelo menos alimentar a dúvida a respeito da sobrevivência que vosso eu interno vos sugere a cada momento e que inconscientemente, por instinto, sonhais em todas as vossas aspirações e obras. Como podeis acreditar que vossa pequenina Terra, a qual vedes navegar pelo espaço como um grãozinho de areia no infinito, contenha a única forma possível de vida no universo? Como podeis acreditar que vossa vida de dores e alegrias fictícias e contraditórias possa representar toda a vida de um ser?"

A.G.S. Cap. III - As Provas
(grifos meus)

Na metamorfose da borboleta vemos a emergência.
Eduzir: ser eduzido; ser trazido à luz; se revelar.
A ciência da complexidade percebe isso. Cristo o
afirmou em palavras simples e vivência suprema. 
Crer numa inteligência superior implica no vislumbre de outros planos de inteligência, acima da razão, capazes de realizar sínteses supremas e resolver problemas que todo intelecto do mundo é incapaz. Significa perceber que existe uma interconexão profunda entre não apenas os ramos do saber, os grupos de indivíduos, as nações, as religiões e as filosofias, mas sobretudo entre os acontecimentos de nossas vidas, por mais caóticos que possam aparentar. Há lógica por trás de tudo, especialmente o sentimento do amor. 

"O coração tem razões que a própria razão desconhece."

Blaise Pascal, matemático, físico, inventor, filósofo e teólogo francês. Santo e Gênio.

Conseguir atingir cada vez mais frequentemente, por maiores períodos de tempo, o estado de fluxo, garantirá ao indivíduo a conquista definitiva de si mesmo, que possibilitará criações inimagináveis. A construção de um destino se dá com a fidelidade à sua natureza íntima, que no fundo se irmana com a natureza íntima de todas as criaturas do universo, sempre dispostas a darem algo para sua jornada ascensional, seja na forma do belo canto de um passarinho, no sorriso de uma criança, na melodia inesquecível de um músico, na criação cinematográfica de um cineasta, no conceitos e paixões de um místico. 



O presente só serve se nos desprendemos das barreiras do tempo, obliterando as preocupações com o futuro e as lamentações do passado com a paixão pela descoberta, pela pesquisa, pelo aprendizado e pela vivência. Cristo coroa esse ensinamento quando afirma categoricamente que a morte é apenas condição para renascer de forma mais plena, elevada. A borboleta, inconscientemente, sabe disso, pois passa por esse processo de morte antes de reviver plenamente, com toda liberdade. Nós humanos, temos de aprendê-lo também - só que conscientemente.

Essa será a maior conquista da civilização depois do Estado e da Ciência.

A conquista da Consciência.

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Músicas recomendadas (para despertar o pensamento e a paixão):

1. The Imitation Game Suite (FSO)
















2. Tchaikovsky's Violin Concerto - Janine Jansen
















3. Rachmaninov Piano Concerto - Helène Grimaud 
















4. Chocolat (FSO, 2016) 



quarta-feira, 11 de abril de 2018

O Cumprimento de um Destino

Começo este ensaio de modo abstrato. E assim permanecerei, até o seu fechamento - que nada mais é do que a constatação das leis da vida, operantes na profundidade, para vencer na e pela eternidade. Falo para aqueles com senso íntimo apurado. Minha voz se dirige a todos que buscam ver a realidade de forma um pouco mais profunda, despidos de preconceitos e narrativas prontas. Minha voz não visa impor ou expelir mágoas, magoar ou causar distorções. Para tanto ela será um registro para o porvir, para as décadas, séculos e milênios. E portanto deve ser hoje, em tempos de fúria irrefletida e neutralidades perversas, uma harmônia abstrata e de sentimento profundo, unicamente capturável pelos corações sensibilizados e pelas mentes amadurecidas. Mentes que começam a se submeter a uma inteligência universal, superior, atuante além do espaço-tempo. Uma inteligência capaz de elaborar sínteses fantásticas. Uma mente em contato com os sentimentos mais elevados, que intui a verdade sem exatamente saber explicá-la pelos métodos do mundo - e portanto permanecem quietas.

Há momentos em que o destino de um indivíduo se funde com o destino coletivo íntimo da humanidade. Esses momentos são vistos por muitos como um evento comum. Para outros como necessário. Para outros como banal. Para outros ainda como trágico. Para outros como um triunfo. Mas essas visões são superficiais, que apenas tangenciam a superfície de um bloco de ideias vasto, permeado de significado e conceitos. 

Esses momentos únicos, singulares, raros na História, não brotam do nada. Eles são construídos, inconscientemente, pelos povos e pelo indivíduo. Este, em menor ou maior grau, sentindo sua ascensão no mundo em prol de uma realização coletiva superior, se vê diante do desafio titânico de contrabalancear os métodos do mundo (tradições humanas) com o desígnios do Alto (consciência). A combinação é explosiva. O controle desse binômio exige uma personalidade ágil e astuta, mas ao mesmo tempo sincera e visionária. Pouquíssimos são os personagens capazes de orquestrar essa dança binomial dinâmica, suportando todos os ataques das forças do mundo, que fazem uso da neutralidade "inocente" das massas para desferir os golpes mais duros - e criar os piores contextos.

Somente quem foi martelado pelo mundo, tendo vícios amputados e virtudes cuidadas, podem compreender o significado de determinados eventos. É na reação à dor que vemos o íntimo das almas. Que conhecemos sua natureza. Sua verdadeira face. É daí que saem as explosões conceptuais dos gênios, os atos de bravura dos heróis, a vivência super-humana dos santos. É somente com a destruição do humano que revela-se a potência do divino. 

O ideal, para descer e se consolidar,
deve pactuar com o mundo - feliz
ou infelizmente. É lei inexorável
no Anti-Sistema (AS). Para um dia
chegarmos ao Sistema (S).
Um homem. Um destino. Marcado desde sua infância. Uma trajetória que possuía um plano pré-determinado, que se ajustava conforme às condições históricas se desenvolviam. Um homem como todos nós. Nascido na miséria. Filho de um povo, com todas suas características. Destino aparentemente traçado, pela análise do mundo. Mas eis que o desenvolvimento dessa trajetória se deu de maneira realmente conforme prevista e permitida pelo mundo, com seus poderes podres dominando quem sobe e quem desce. Ao mesmo tempo, esse desenrolar de destino se deu de forma completamente diferente daquele desejado pelas mesmas forças que julgavam manipulá-la. Enquanto esse pobre indivíduo, com poderes grandes mas temporários, com influência imensa das massas, e obediente ao sistema hodierno - mas ciente disso - fazia o seu trabalho, combinando espírito e matéria, céu e terra, ideal e realidade, os poderes assistiam no detalhe, prontos para, no momento certo, capturar um aspecto humano desse personagem, e mostrar que ele era não apenas igual, mas pior do que todos. Golpeou mas não eliminou.

Depois desse golpe nosso personagem cumpre os maiores feitos no campo da diplomacia internacional, da inclusão social, da democratização do ensino, sem no entanto deixar a desejar os indicadores econômicos. Sabia ele que essas alterações (pobres, poucas e deficientes) estavam muito aquém daquelas que poderiam - e deveriam - ser feitas -  para vivermos num mundo minimamente justo e livre. No entanto, os poderes estabelecidos possuíam um sistema tão rígido, com punições férreas a quem o transcendesse, que nosso personagem viu que nada poderia fazer. Tudo que fosse além dos seus pequenos planos poriam em risco vidas de pessoas. O mundo, e especialmente o nosso país, não está pronto para um sistema minimamente humano - não enquanto a falta de informação predominar, e a capacidade de reflexão for obliterada pelo ego, cheio de certezas e vazio de interconexões com o seu meio. E assim seguiu-se a trajetória. 

Compactuar com o mundo no nível do estritamente necessário para realizar um quid a mais deixa de ser pecado para se tornar dolorosa missão. Isso poucos compreendem, seja por estarem fascinados pelas novidades do momento ou pela urgência do alívio das tensões do cotidiano - tão miserável em todos aspectos. 

O mundo não permite saltos grandes. Natura non facit saltus. Logo, não podemos mudar nada substancialmente numa escala de tempo satisfatório às nossas ânsias mais sinceras, honestas e profundas. E nosso personagem sabia muito bem disso - tão bem que jamais deve ter falado a isso com alguém, exceto nos momentos em que realizava, a seu modo, solilóquios com o Criador, no íntimo de sua alma, nos poucos momentos de solidão com o mundo. Porque ficar plenamente com Deus implica em se desconectar temporariamente com todo aspecto humano. 

Estudar e compreender a Obra de Ubaldi lhe
dá os meios de compreender o ensaio.
Talvez nosso homem tenha sido ingênuo. Acreditou que os poderes iriam mudar um pouco. Compreender que o que estava sendo feito era bom para todos. Compreender que, mesmo tendo saqueado por séculos uma nação e um povo, com maior ou menor intensidade a depender das classes sociais, etnia, cultura, ele não desejava restituir nada à força - isso, sabia ele, cabia à Lei de Deus. E tendo essa firme convicção e essa ágil atuação ele conseguiu o que ninguém conseguira - por mais pequeno que fosse à nível de ideal. 

Eis que num momento de recessão econômica o mundo se vê diante de uma limitação de crescimento (insano) econômico. E aqueles que vivem de privilégios, naturalizando-os através de narrativas fantásticas, assimiláveis apenas a quem pouco reflete e sente, acionaram as engrenagens para garantir seu crescimento de "necessidades". Necessidades supérfluas. Superfluidades grotescas, construídas através do saque do trabalho daqueles que pouco ou pouquíssimo tem. Para acioná-las plenamente seria necessário alterar profundamente. Isso significava anular a história recente do país, remodelando-a conforme as suas necessidades. 

O primeiro passo era desmontar as leis que garantiam o mínimo de civilização numa sociedade. Trabalho, previdência, saúde, educação, direitos humanos, recursos naturais, entre outros. 

Segundo: confundir as pessoas, colocando no subconsciente uma concepção pobre e distorcida do papel do Estado, da relação público e privado e de ideias. 

Terceiro: destruir o símbolo que representou a abertura de uma fenda para um mundo pleno de possibilidades. Um símbolo que atuou como ferramenta, pobre ferramenta, para que quem soubesse perceber à fundo o fenômeno das forças da vida, usasse essa oportunidade pequena - mas infinita perante o nada que lhe havia sido dado nos último séculos - para iniciar um novo ciclo. Ciclo mais elevado e astuto, mais integrado e profundo. Isso é o que pode estar em formação nesse momento.

Nosso personagem sabia que toda posição de poder implica em uma responsabilidade perante o alto. Seu dever era com a eternidade e a história - não com sua imagem momentânea ou com seu conforto final. Ele, em seu íntimo, serve à vida da forma mais nobre, sabendo que quem deseja transformar deve sofrer. Quem quer servir ao Alto, qualquer que seja o grau, deve estar preparado para os ataques (gananciosos) dos poderes, apoiados em larga medida por setores inconscientes, neutros, "de bem", cheios de certezas, das massas. A neutralidade da maioria serve à perversidade daqueles que melhor manipulam a ciência do neutro. 

O indivíduo foi condenado pelo sistema do mundo. Mas sua alma está tranquila. Sabe no íntimo o que fez e para quê. Muitos choram e lamentam, se prendendo mais ao humano personagem do que à missão universal que lhe coube - e executou. Outros cantam e comemoram, na crença firme de que "agora vai pra frente", como títeres de um esquema maquiavélico. Poucos percebem o cumprimento de um destino. Que essa derrota humana é um triunfo divino a ser chancelado nos livros de história - e uma herança a ser desenvolvida por nós, revolucionários evolutivos do futuro, que tivemos nossas almas ligeiramente despertas. 

Trata-se de um aspecto temporário que revela o desespero do mal em encarcerar e destruir um símbolo. Mas se este permanece fiel e calmo, o mal começa a perder adeptos e assim seus métodos se tornam cada vez mais astutos e ferozes, cerceando liberdades, naturalizando barbaridades, destruindo os conceitos mais altos que as pessoas de bom senso tem de ciência, estado e arte. Pois o mal tem pressa, pois está preso ao espaço-tempo, que um dia irá terminar, e portanto age com pressa, atropelando todos os procedimentos legais  (que ele mesmo estabeleceu); ao passo que o bem age pacientemente, aceitando todos os golpes, pois sabe que a eternidade lhe pertence, bastando para isso manter fé inabalável.

Compreenda-o quem o puder, pois esses ditos são para poucos - e assim devem permanecer.

Esse é um texto para os arqueólogos do futuro, que viverão num mundo diverso, com mais possibilidades.

Até lá pouquíssimo posso fazer - como nosso personagem.