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sexta-feira, 19 de outubro de 2018

As Três Gunas: por que existem?

Chegamos a uma profundidade abissal que somente pode ser tratada com uma linguagem abstrata. Exemplificações acabam facilmente sendo reféns de segregações e interpretações errôneas. Desse modo irei me ater a conceitos.

Por quê existem as gunas? Elas são características da natureza. Fazem parte de tudo - inclusive nós, humanos. Nos prendemos a esse mundo, esse universo, através delas, que estabelecem um concatenamento férreo com a reencarnação. Vimos que até mesmo Sattvaguna é algo do mundo, que nos prende aqui. Ela é um bom ego - mas continua sendo um ego.

É muito legal ser uma pessoa em sattva, que goste de melodias, crie, se alimente de modo balanceado, que tenha emoções balanceadas e gere harmonia ao redor (por ser harmonia em si). Mas gostar do bom e belo ainda é gostar de algo. Ainda é se apegar a algo. Ainda é uma forma de dependência, mesmo que elevada. Apesar disso é o estágio que deve anteceder a libertação (iluminação) final. E que pode durar muitas existências.

O livro que dá uma pista. Se baseia na mais
pura lógica - despida de formalismos mas
difícil de ser negada. O mundo há de
avançar na questão.
Se integrar a Brahma. Entrar no seio do Senhor. Atingir iluminação. Essa libertação exige o desprendimento completo de tudo aquilo que faz parte de Maya (ilusão). Isso é dificílimo.

Helena Blavatsky, fundadora da Teosofia, escreve em seu livro A Voz do Silêncio que, uma vez atingido o despertar (a visão) inicia-se o caminho da libertação. A partir daí devemos atravessar sete portais - cada um referente a uma existência terrena aproximadamente. Cada um deles é um salto quântico e exige dedicação exclusiva. No entanto a preocupação da imensa maioria dos habitantes desse mundo deve ser antes de tudo despertar para a realidade, o que já será uma conquista tremenda. Digo mais: se uma massa crítica de seres humanos conseguir essa iniciação, ter-se-á a terceira grande conquista da civilização - após a Ciência e o Estado - que é a Consciência. Esta será capaz de orientar o saber (Ciência) e introduzir um novo conceito de coletividade (Estado), tornando o corpo governamental um verdadeiro coordenador de seres, adquirindo função central sem centralizar.

À medida que melhoramos ficamos mais sensíveis a alguns temas. Os "porquês" passam a ser objeto de atenção. O "como" é visto de forma mais lenta, refletida. E...afinal...por que existem as gunas?

No volume O Sistema: gênese e estrutura do universo, Pietro Ubaldi revela sua visão da (verdadeira) criação. Esboça de forma invulgar uma teoria que é capaz de vencer muitos paradoxos, que as explicações de outras religiões - e do próprio espiritismo - não conseguem. Onde os outros se prostram de joelhos, O Sistema vai além e cria um conceito orgânico lógico, aberto a melhorias posteriores (dinamicidade). O próprio autor afirmou que haverão outras pessoas que irão além, explicando muito melhor mais coisas da vida - mas que no momento essa obra é o máximo em termos de intuição.

Cada personalidade se relaciona com as gunas. Somos um
misto de características Tamas, Rajas e Sattva. À medida que
evoluímos vamos alterando essa combinação.
A escolha por não seguir a Lei de Deus levou a um emborcamento da criatura, gerando uma queda - não espacial, mas conceptual e além disso. Assim há a involução (2ª criação, material). Após esse movimento de queda se exaurir, inicia-se a evolução: matéria se desintegrando, gerando energia; esta se degradando, deixando várias formas espalhadas; gênese da vida; desenvolvimento do psiquismo, lentamente nos vegetais e animais, aceleradamente no humano. E assim por diante.

É a 2ª criação que gera as gunas. Devemos evoluir com elas e desenvolvê-las a título de reordenarmos o caos do mundo para permitir um salto vertical para a dimensão original. Elas existem por causa nossa. Somos culpados pela nossa natureza desde o princípio. E aí começa a revolta contra a teoria da revolta, fortalecendo-a.

Temos uma dificuldade enorme em admitir nossos erros. Isso é claro observando-se os partidos políticos e as religiões. Na competição mesquinha entre áreas e subáreas da ciência (centenas) e correntes filosóficas (mais de setenta). Nas conversas entre pessoas. Em tudo.

Sair um pouco de nós mesmos no momento da tensão argumentativa e do calor das sensações é dificílimo. Mas podemos praticar essa habilidade de nos colocar fora de nós mesmos (ego) e observar de fato o que pode estar ocorrendo. O que nos leva a agir de determinado modo? Quais as causas (reais, profundas)? Às vezes é um simples acontecimento no início do dia que acaba tendo efeitos de segunda ordem, dificilmente perceptíveis por uma mente focada no sensório.

A culpa é nossa e portanto cabe a nós lidar com elas.

Há de se admitir isso ou caímos num beco sem saída: se Deus é absolutamente perfeito, amor puro, como pode ele ter manifestado as gunas? Ele pode sim ter criado o princípio delas, contido dentro de todas criaturas, como um mecanismo de defesa que se manifesta assim que os espíritos decidem se tornar senhores do Todo - virar Deus, uma impossibilidade. De forma que trata-se de algo manifestado graças a nossa atitude egoísta de nos apartar do Todo-Uno-Deus.

Diversas perguntas sobre o porquê desse árduo caminho surgem. O estudo e reflexão da Obra de Ubaldi pode começar a lançar luz sobre muitas dúvidas. É mais profunda do que complexa. 

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